quarta-feira, 29 de junho de 2011

O PAU COMEU

O PAU COMEU
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2011.


Quem diria! A velha Grécia de tantos filósofos importantes e memoráveis batalhas militares, numa situação vexatória medonha! O grande combate de Maratona do passado atualiza-se perigosamente nas ruas de Atenas. Penando para pagar suas dívidas e honrar compromissos, o país grego caiu naquela situação antiga do Brasil em que o FMI ditou as mesmas regras de aperto. Sem poder pagar as suas contas (coisa que pode acontecer a qualquer cidadão de bem que deve, quer pagar e não consegue. Profundamente humilhado, é visto com desconfiança pelo credor) a Grécia submete-se ao sacrifício. Para receber dinheiro emprestado e liquidar seus débitos, terá que fazer uma grande maldade com seu povo, notadamente os pequenos. Demitir milhares de pais de família e cortar inúmeras despesas sociais que já eram conquistas dos seus trabalhadores. Lembram quando vivíamos no Brasil do salário congelado, das demissões em massa, das privatizações... Como sofreu o povo brasileiro! O mesmo remédio é imposto pelo FMI, à Grécia de Sócrates e do premiê Georges Papandreau. A Grécia nunca foi rica, porém assim é demais.

“Em meio a um dos dias mais conturbados desde o início da crise, o Parlamento da Grécia aprovou nesta quarta-feira um novo plano de austeridade que prevê uma economia de até € 28 bilhões (R$ 63 bilhões) aos cofres públicos por meio de cortes de gastos e aumento de impostos até 2015. Nas ruas, milhares de jovens atearam fogo a prédios públicos em violentos protestos que levaram quase 200 a hospitais da capital”. Claro que população ficou insatisfeita, estupefata, abobalhada diante da UE da qual a Grécia faz parte como primo pobre. Por isso os manifestantes foram às ruas praticando vandalismo, enfrentando policiais, numa claríssima revolta contra tudo. Impressionantes são as imagens que percorrem o mundo, fazendo até esquecer os ataques à Líbia e o horror escalonado do Iêmen. Mesmo os bombeiros disseram que não poderiam conter fogos espalhados por causa da violência. Pelo que se houve na revolta popular, a marcha da ferocidade procura comprimir o governo de tal forma que uma renúncia parece ser o objetivo da turba perigosa. Enquanto isso, a oposição questiona as medidas do governo e suas consequências.

Quando olhamos de longe, o mar é belo e azul. E em nossa equivocada avaliação caeté, pensamos que no mundo civilizado da Europa tudo é esplendor. Mas a aproximação das lentes sobre as águas mostra quão poluída são as massas que enganam. E na vez do acocho do cinto econômico, vão pulando as mazelas de dentro dos buracos à semelhança de ratos no porão. Está aí na Europa a repetição inglória dos antigos problemas da América Latina espoliada. Vamos seguindo, atenciosos, a mais essa provação do povo grego, os construtores de navios da mais saudável dieta do Mediterrâneo. E sem saber dizer de outra maneira, vem à frase por excelência do Sertão. Foi verdade, sim senhor ─ da Grécia só escapou a “cueca Zorba” ─ o resto O PAU COMEU.



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terça-feira, 28 de junho de 2011

A ESTRELA DE MANÉ GUARDA

A ESTRELA DE MANÉ GUARDA
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2011.

 Não sabemos se algum dirigente do Brasil andou consultando os búzios, cartas, runas ou coisas semelhantes a respeito do futuro pátrio. É sempre bom um trabalho duro, digno, decente, mas com muita esperança no resultado do labor. Nem todos nasceram para chegar à riqueza, até por que os mistérios divinos não permitem ainda que todos estejam nivelados por cima. Mas se não estamos nivelados por cima, também não estamos nivelados por baixo. E como temos um futuro sempre encoberto pelo nevoeiro da eternidade, é de bom alvitre conservar pelo menos uma dose de otimismo para alimentar o dia a dia. Gosto de ser simples nos escritos, mas sempre respeitar a nobreza da linguagem. Os textos imundos, chulos, que sempre chamam a atenção para o rejeito, retiram de nós até a simpatia que temos pelo escrevente. Isso também me faz lembrar certo humorista falecido cuja linha de trabalho era toda baseada nas imundícies do dia a dia. Sempre o evitei, pois náuseas me causavam a sua simples aparição. Conheço no Brasil pessoas talentosas que escrevem sempre para sites, porém, a linguagem constante sobre porcarias, tornam esses escritos penicos de hotel. E quem lida com excrementos todos os dias, não pode cheirar a sândalo. Premido, porém, pelo assunto de hoje, sou obrigado a utilizar esse expediente como arma necessária.
            Em nossa trajetória encontramos pessoas que não param de reclamar da vida. Algumas até com sucessivos “nomes” e palavrões que por isso até se tornaram conhecidas. Entre os inconformados com a existência estava o senhor Mané Guarda, um cidadão pobre de fala grossa, arranhada e devagar, prestador de serviço em Santana do Ipanema. Uma pessoa popular e querida por todos, apesar do seu constante mau humor. Certa feita, quando houve um comentário sobre o sucesso de um artista, Mané Guarda, foi enfático: “Todo mundo nasce com uma estrela na testa; a minha nasceu no c.... No primeiro p... que eu dei, ela voou na casa da peste!”
             “A PETROBRÁS anunciou nesta terça-feira sua ‘principal’ descoberta no pré-sal da Bacia de Campos. Segundo a companhia, foram encontrados ‘dois níveis de petróleo’ de boa qualidade no poço exploratório informalmente conhecido como Gávea”.
             Para os que afirmam que Deus é mesmo brasileiro, a razão parece sorrir a essa afirmativa. Enquanto estávamos pobres, o “mundo” estava rico.  O denodo, o otimismo, o trabalho constante do nosso povo, parecia clamar aos céus a nossa desdita no globo dividido. A descoberta de um oceano de petróleo foi como um prêmio total da loteria para um miserável. E o interessante é que essa dádiva nos foi ofertada no momento em que o nosso país havia se organizado completamente para poder ir ao crescimento. É como se após a higienização vestíssemos a melhor roupa para receber um presente há tempo sonhado. Depois de assombrarmos o mundo com a nova descoberta, eis que a PETROBRÁS continua descobrindo mares periféricos sobre o grande oceano do óleo. Quando Deus quer, modifica tanto o indivíduo, de repente, quanto um país grande ou pequeno, para transformá-lo num grande país. O mundo agora está mais pobre e o brasileiro mais rico. Pelo jeito, tanto sacrifício compensou. A estrela do Brasil, felizmente, não nasceu no lugar da ESTRELA DE MANÉ GUARDA.


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segunda-feira, 27 de junho de 2011

NOSSO AMIGO PEDRINHO

NOSSO AMIGO PEDRINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de junho de 2011.

       Fechando a marcha junina, o dia dedicado a São Pedro parece ser o último dia de Carnaval para os foliões.  O Brasil inteiro comemora as festas dos três santos, mas é na região Nordeste onde o auge dos festejos é atingido, graças à religiosidade, tradição, crenças e muito divertimento durante todo o mês de junho. Cada um dos santos desse chamado calendário junino tem as suas particularidades que os transformaram nos mais populares entre todos. São Pedro sempre foi o mais escolhido para piadas, anedotas, brincadeiras sadias ditadas pelo povo nordestino. Sua condição de chaveiro do céu, seu prestígio diante do Senhor, suas fraquezas antes do calvário e suas firmezas após o Gólgota, aguçam as brincadeiras dos seus seguidores na terra. Até mesmo inúmeros folhetos de cordel descrevem situações vexatórias e humorísticas das almas que procuram entrar sem merecimento no Reino de Deus. A chegada de Lampião no Céu; o embate do demônio com São Pedro; a festa no céu e a sabedoria do macaco estão entre centenas e centenas de escritos, piadas e anedotas que divertem bastante, mas não ofendem ao santo.
        Simão era seu verdadeiro nome e nasceu em Betsaida, província da Galileia. Filho de Jonas era casado e pescador. Certa feita, seu irmão André encontrou com Jesus e depois comentou com Simão. Simão quis conhecer o Messias e daí saiu à amizade que durou para sempre entre os dois. Temperamento impulsivo, mas homem generoso e de grande amor ao Mestre, Simão foi o escolhido para comandar a Igreja de Cristo, o que fez com muita firmeza e competência. Em Cesareia de Filipe, Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares sobre a terra será ligado também no céu, e tudo que desligares na terra será também desligado do céu”.
       Verificando os Atos dos Apóstolos, descobrimos a atuação marcante do apóstolo Pedro, principalmente nos dez primeiros capítulos. Foi ele o grande líder da comunidade cristã após a morte de Jesus. Integrou Matias ao colégio dos apóstolos para substituir Judas; e no dia de Pentecostes estava lá fazendo o seu primeiro discurso e convertendo mais de três mil pessoas. Está escrito também que realizou o seu primeiro milagre curando um homem coxo. Pedro foi preso, convocou o concílio dos apóstolos e ainda foi a Antioquia onde passou sete anos na direção da igreja. Saindo da Antioquia dirigiu-se a Roma onde permaneceu até ser martirizado em 29 de junho de 67 depois de Cristo. Como não se achava digno de morrer da mesma maneira de Jesus, pediu para ser colocado na cruz de cabeça para baixo. Pedro foi sepultado no lugar onde hoje é a Basílica do Vaticano e que leva o seu nome. Respeitado, venerado e admirado pelo povo brasileiro, continua nas brincadeiras folclóricas sendo tratado com muita intimidade pelos seus devotos, entre os quais o cronista que tem o prazer de chamá-lo carinhosamente de NOSSO AMIGO PEDRINHO.

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NOSSO AMIGO PEDRINHO

NOSSO AMIGO PEDRINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de junho de 2011

              Fechando a marcha junina, o dia dedicado a São Pedro parece ser o último dia de Carnaval para os foliões.  O Brasil inteiro comemora as festas dos três santos, mas é na região Nordeste onde o auge dos festejos é atingido, graças à religiosidade, tradição, crenças e muito divertimento durante todo o mês de junho. Cada um dos santos desse chamado calendário junino tem as suas particularidades que os transformaram nos mais populares entre todos. São Pedro sempre foi o mais escolhido para piadas, anedotas, brincadeiras sadias ditadas pelo povo nordestino. Sua condição de chaveiro do céu, seu prestígio diante do Senhor, suas fraquezas antes do calvário e suas firmezas após o Gólgota, aguçam as brincadeiras dos seus seguidores na terra. Até mesmo inúmeros folhetos de cordel descrevem situações vexatórias e humorísticas das almas que procuram entrar sem merecimento no Reino de Deus. A chegada de Lampião no Céu; o embate do demônio com São Pedro; a festa no céu e a sabedoria do macaco estão entre centenas e centenas de escritos, piadas e anedotas que divertem bastante, mas não ofendem ao santo.
             Simão era seu verdadeiro nome e nasceu em Betsaida, província da Galileia. Filho de Jonas era casado e pescador. Certa feita, seu irmão André encontrou com Jesus e depois comentou com Simão. Simão quis conhecer o Messias e daí saiu à amizade que durou para sempre entre os dois. Temperamento impulsivo, mas homem generoso e de grande amor ao Mestre, Simão foi o escolhido para comandar a Igreja de Cristo, o que fez com muita firmeza e competência. Em Cesareia de Filipe, Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares sobre a terra será ligado também no céu, e tudo que desligares na terra será também desligado do céu”.
              Verificando os Atos dos Apóstolos, descobrimos a atuação marcante do apóstolo Pedro, principalmente nos dez primeiros capítulos. Foi ele o grande líder da comunidade cristã após a morte de Jesus. Integrou Matias ao colégio dos apóstolos para substituir Judas; e no dia de Pentecostes estava lá fazendo o seu primeiro discurso e convertendo mais de três mil pessoas. Está escrito também que realizou o seu primeiro milagre curando um homem coxo. Pedro foi preso, convocou o concílio dos apóstolos e ainda foi a Antioquia onde passou sete anos na direção da igreja. Saindo da Antioquia dirigiu-se a Roma onde permaneceu até ser martirizado em 29 de junho de 67 depois de Cristo. Como não se achava digno de morrer da mesma maneira de Jesus, pediu para ser colocado na cruz de cabeça para baixo. Pedro foi sepultado no lugar onde hoje é a Basílica do Vaticano e que leva o seu nome. Respeitado, venerado e admirado pelo povo brasileiro, continua nas brincadeiras folclóricas sendo tratado com muita intimidade pelos seus devotos, entre os quais o cronista que tem o prazer de chamá-lo carinhosamente de NOSSO AMIGO PEDRINHO.

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domingo, 26 de junho de 2011

O BURACO DA BOTIJA

O BURACO DA BOTIJA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2011.

Esse estado alagoano já sofreu tantas agruras que uma simples boa notícia nos deixa desconfiada. E se uma banal mensagem provoca desconfiança, imaginemos notícias de médio e de grande impactos. Somos vítimas há décadas dos ataques desvairados às nossas riquezas, pelos donos do poder, especialmente os poderosos do Executivo e Legislativo. O insano descalabro fez o nosso território ir à falência e a miséria absoluta onde congrega analfabetos e miseráveis tipos exportação. Enquanto a elite canavieira não pagava impostos, fábricas importantes e tradicionais iam fechando e migrando para outros estados. PRODUBAN, EMATER e tantos outros órgãos foram caindo como castelos de cartas. De um estado rico e progressista, passamos para uma situação comparativa a outras unidades da federação, qualidade ainda menos que província. As páginas do cotidiano vão sendo montadas nas folhinhas de parede com um índice social vergonhoso de descida ao fundo da cisterna. E o pior é ver o progresso célere de estados irmãos, ao lado da cabeça baixa do povo alagoano.
Quando o atual governo diz que organizou o estado desestruturado, falido, moribundo, esperamos que seja verdade. Quando o atual governo diz que se instalaram mais de quarenta indústrias em Alagoas, esperamos que seja verdade. Quando o atual governo diz que será implantado um estaleiro em Coruripe, esperamos que seja verdade. Ninguém suporta mais ser reboque de Pernambuco, Bahia e mesmo Sergipe. É um olho na verdade, outro no engodo. Um pé adiante, um pé atrás; orelhas erguidas numa desconfiança que nos impuseram e estar difícil de sair. Os acomodados dormem em berços esplêndidos, deixando pouquíssimas, raríssimas, quase nenhuma voz gritar a sua “alagoanidade”.
Dizem que estar chegando a Mineração Vale Verde para extração de ferro e ouro na região de Craíbas e Igaci. Falam em 165 milhões de toneladas de minérios que, de primeira, poderiam render um trabalho contínuo de quinze anos para a citada mineradora. As previsões falam que as obras do parque industrial devem ser iniciadas em 2012 e que estudos da empresa prosseguem o que pode levar a novas descobertas de jazidas. Bem, vamos ver se é verdade que essa faina estar impulsionando o desenvolvimento social através de trabalho e educação.
         Ainda hoje no Nordeste se fala em botija (aquele dinheiro e joias que as pessoas enterravam, pela ausência de bancos). Quando o camarada sonhava com uma delas, levava tudo que encontrava, deixando somente o buraco, para a frustração de quem descobria o rombo. É por isso que ainda ficamos desconfiados quando falam em tantas bondades juntas uma das outras. Esperamos que essa extração de ferro e ouro em território do nosso Agreste seja positiva; um fato provado e comprovado como honesto e digno propulsor de desenvolvimento; ou será mais uma sabedoria titã em levar o doce do garoto? Ai, ai, Dona Maria! Reza e vigilância, mulher, para não nos deixarem apenas com O BURACO DA BOTIJA.

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

FILHO DA TRADIÇÃO

FILHO DA TRADIÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2011.

            Filho legítimo da tradição junina, noite de São João fora de casa, nem pensar. Disponível o ano inteiro para viagens, menos nas noites sagradas do São João e Natal, vamos mantendo a vontade de está em casa. Enquanto puder acender a fogueira do santo na rua pavimentada com pedras, vamos mantendo o ritual bendito das raízes, dentro do mais puro segmento interiorano nordestino. Faz parte da festa à peleja para acender a madeira misturada componente da fogueira. Os tufos insistentes da fumaça, o molejo da palha no abano comprado na feira, o esvaziamento da caixa de fósforos sem consistência, vão permitindo o recado do Criador que você ainda vive. Como o poder aquisitivo deu direito ao som para todos, o abuso musical acontece pela vizinhança, no padrão “ninguém pode conversar”. O milho chega ao momento certo e vira consumo nas mais variadas formas. As bebidas estão aí, para quem bebe e quem não bebe diante do churrasco tentador que tempera a conversa dos compadres. Não, não adianta telefonar me chamando que eu não vou, meu amigo. Já disse que noite de São João não saio de casa. Estão ali na mesinha, o quente e o frio se você me visitar, mas ir para lá, vou não. Não tem quem me faça, é assim que se diz por essas bandas.
          Quando os legítimos forrós do Rei do Baião vão desfilando, trazem a saudade danada de cada São João, de cada momento vivido, de cada item familiar que acompanha o tempo. Os olhos não resistem e, devagar, empurram duas lágrimas rebeldes que bem traduzem a dormência da alma. Ninguém percebe. Ninguém deve perceber o que é só meu. Deixe meu mundo interno escorrer até o copo tinto de vinho suave. As chamas do atilho queimam o angico, a aroeira e vai temperando uma nostalgia que maltrata. Uns olhos verdes e tentadores que chamam por cima do fogaréu. O Sol ardente do Sertão que tange um amor para os juazeiros, baraúnas, quixabeiras. Uma sequidão terrena que se mistura à seca de beijos, de nexos, de sexo. Suaves carícias no pipiri das caatingas. Arrulho de pombas rolas nos galhos retorcidos. Coaxar nas lagoas de inverno. Invasões temporárias de sentimentos viajados. Lençóis cheirosos sobre corpos sensuais. Despertar de um passado diante da fogueira. A fogueira de São João.

   "O fole roncou
          Lá no alto da serra
                   Cabroeira da minha terra
 Subiu a serra
E foi brincar

       Eu sei que morro
            De faca, de carabina
                   Mas o amor de Joventina
                   Me dá força pra brigar...”

          A chama da fogueira continua passando filme. Permanece, entra ano sai ano, reforçando um FILHO DA TRADIÇÃO.




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DEU UM BRANCO

DEU UM BRANCO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2011.

          Para comemorar forte antes e no dia da fogueira, os Santos se reuniram e sob o comando de São João, vestiram branco, para o combate que se desenhava. O céu do Pacaembu produziu seu enfeite supra com a multidão santista lotando todos os lugares a que tinha direito. Gritos, urros, berros de alegria, davam a certeza de uma vitória que chegaria através do gramado poderoso da capital paulista. O povo do Peixe pressagiava com sua artilharia pesada, uma batalha dirigida contra um grande adversário. E sob o comando da turba ensandecida, os clarões de fogos de artifício mostravam os caminhos iluminados por onde trilharia o esquadrão da vila Belmiro. Os marcadores das arquibancadas vieram depois confirmando a beleza do quadro dessa noite memorável quando uma névoa decorativa tomou conta da paisagem esplendorosa. O Rei Pelé estava ali contemplando a cena, dando a força da sua presença, remoendo o passado de glórias santistas que impressionaram o mundo. Outras personalidades lotavam os camarotes juntos com a multidão contemporânea que iria coroar mais um rei no aguerrido time da vila.
          E sob o comando do velho feiticeiro do futebol, Murici Ramalho, o Santos não vacilou, não tremeu nem temeu diante da força e fama do seu rival. As cores do DETRAN do time uruguaio em nenhum momento foram terríveis como vinham sendo na campanha massacrante da América do Sul. Encolheu-se, perdeu força, sumiu com sua formosa garra massacrante. Sob o comando de Arouca que estava um furacão, Ganso, cuja simples presença levanta o moral da tropa e, Neymar que, mesmo não estando nos cem por cento das inspiradas atuações, é o novo rei, o Santos inteiro produzia. “A diferença técnica entre os times era gritante. O Santos, agora, tinha espaços para matar o jogo. O Peñarol tinha dificuldades para sair jogando. Não parecia possível o título escapar. Absolutamente”. O Santos não dava oportunidades, muito melhor, trocava passes e deixava na roda seu antes temido adversário. Enquanto isso, nas arquibancadas, a multidão enlouquecia ainda mais. Arouca apareceu em desabalada carreira. Tabelando com o companheiro Ganso e Neymar brinda a torcida com o primeiro gol, fazendo o delírio dos presentes no estádio. A porteira do tricampeonato estava aberta. Na vez de Danilo este disparou pela direita deixando o marcador e por dentro entrou para a história. Pé esquerdo na bola, canto direito do goleiro e novamente explosão da fiel torcida.
          Nem o gol contra, nem o juiz argentino, nem o ensaio de violência dos uruguaios, impediram a vitória do Santos. Abraços, beijos e vibrações que pareciam colar o torcedor nas arquibancadas, o desabafo de Pelé, a quebra da timidez de Ramalho, a entrega do prêmio aos jogadores e mais a estupenda vitória, foram coisas grandes em relação a troca de socos e pontapés entre alguns jogadores. Brasil cala o jornal inglês que disse que o futebol do Brasil estava morto. Pois o morto irá em breve ao título mundial. Enquanto isso entristece o Peñarol na noite dos Santos, no dia de Corpus Christi e na noite de São João. Com esse tão divino patrocínio assim, mais o alvor do terno santista, para o time de Montevidéu, não poderia ter sido de outra forma, simplesmente DEU UM BRANCO.



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terça-feira, 21 de junho de 2011

O CHOCALHO DA ONÇA

O CHOCALHO DA ONÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2011.

            A lenga-lenga da OTAN continua rodando como dança de peru. Assanhada pelos Estados Unidos que empurraram os parceiros na briga e negaram o corpo no embate, a Organização não sabe o que fazer em relação à Líbia. Todos sabem que o caminho correto através das armas, é uma invasão terrestre para pegar a muque o dirigente Líbio. Entretanto, ela ainda teme uma desmoralização ao adentrar esse território ou os gastos excessivos que terá que dispor numa invasão por terra. Com a Europa parcialmente quebrada, entra-se num baile sem roupa, com arrependimento durante e posteriormente. Ataques aéreos da OTAN na madrugada dessa segunda-feira (20), segundo a agência oficial Jana, mataram oito crianças e onze adultos. Parece que a cada momento e delongas da Organização, o homem da Líbia vai ficando mais resistente como carcaça de jabuti. A população aterrorizada vai pagando os pecados, tanto de um lado quanto do outro. O ditador e família não têm pena de sua gente, conduzindo-a ao sacrifício, formando escudos humanos para aumentar a carnificina. Quanto mais vítimas inocentes dos ataques aéreos, melhor o grito da matança para o mundo todo ouvir. O governo da Líbia vai costurando como pode suas estratégias mesquinhas para não deixar o poder. Do lado dos atacantes, os cabras vão fazendo como já dizia os mais antigos nordestinos: “Quem tem pólvora pouca não atira em anum”, pássaro preto ou branco do Sertão, bem difícil de ser atingido.
            Assim o tempo vai passando sem uma definição da guerra, cujo alvo diz que anteriormente os atacantes mataram cinco crianças entre seis meses e oito anos de idade, além de dez adultos, entre eles, marroquinos e um sudanês. Quando se anuncia a morte de pessoas de outras nacionalidades, também se usa uma estratégia de comoção dos países citados, como forma de atrair nações em favor dos supostos oprimidos. As bombas continuam caindo, destruindo prédios, mas pelo visto, reforçando a intransigência de Muammar. Então vem a conhecida história da onça que comia os bezerros das fazendas. Reunidos, os fazendeiros descobriram um jeito de alertar a todos quando a onça estivesse por perto. Seria colocar no felino um bom chocalho pernambucano. Sim, a ideia era ótima, mas quem iria colocar o chocalho na onça?
           E como dizem que “em tempos de guerra, notícias são como terra”, correm também as verdades, os boatos, às mentiras pelas rochas, pelos areais, pelos ares, enganando ouvidos cansados de vítimas sem nexo e sem rumo. O regime de Trípoli acusa a OTAN de ter matado 40 pessoas em seus ataques últimos na Líbia. Os atacantes tentam destruir depósitos de armas e terminam atingindo aglomerados civis. Às vezes a OTAN emite notas lamentando os erros, mas adianta alguma coisa? Os mortos voltarão à vida com essas desculpas friorentas?
          Ninguém sabe como esses sopapos da OTAN vão terminar. Eles criaram o monstro e agora querem eliminá-lo. Já sabiam desde muito cedo a história do guizo no felídeo. Até agora, entretanto, ficam somente por cima; ainda morrem de medo quando ouvem o CHOCALHO DA ONÇA.



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segunda-feira, 20 de junho de 2011

SERÁ O BENEDITO!

SERÁ O BENEDITO!
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2011.

          Esse negócio de Brasil no Conselho Permanente da ONU vai apertando cada vez mais, cingindo o pescoço dos donos da Organização das Nações Unidas. Isso é como aqui mesmo em Alagoas, Santana do Ipanema e Nordeste brasileiro. O sujeito passa um tempo em certo estabelecimento público ou misto, vai se acostumando ali e daqui a pouco é o mandachuva, o reizinho, o dono do prédio, das coisas, das pessoas que ali trabalham. Pensando sempre que o povo é besta, ali se arrancha a semelhança de ninho de casaca-de-couro; dali enrica vertiginosamente, acha pouco e aprecia ser homenageado, saindo-se como herói. Ai de quem falar! Contar o segredo é ser marginalizado socialmente, por que esse tipo de mafioso também é tremendamente nocivo à sociedade média lutadora.
          Pois são assim os que, após a segunda guerra, desenharam a ONU a seu modo. Ela é de todos, mas não é. Quem manda mesmo na Organização, pasmem, são aquelas mesmas potências cheias de interesses egoístas e suas geopolíticas de interesses dominantes, assim como moça bonita não suporta outra mais bela em seu espaço. Banco Mundial, FMI, são procedentes em todas as saliências onde mãos poderosas podem alcançar. Mas como nada é eterno nesse mundo e, a roda grande começa a passar por dentro da pequena, vai se avolumando a pressão sobre a carcomida ONU, por falta de oxigenação. O simples toque no assunto vai deixando arrepiada os eternos protetores do clube fechado assim como era com o tal G-8 que vive de roupa esfarrapada. Quem perde o crédito perde tudo. E o G-8 levado ao canto da parede de concreto pelas novas forças do mundo, abriu a porta de bronze pelo menos para o G-20, o que ainda é pouco.
          À medida que o assunto tabu vai rompendo o dique da resistência, frases a respeito vão surgindo, pipocando aqui e ali, a ponto de ser iniciativa de conversas mais públicas dos seus mandões. Como seu antecessor que veio ao Brasil, foi assim que chegou o Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, nessa segunda (20) para reunião com a presidenta Dilma. Reconhece o senhor Deiss que a ONU não representa mais a realidade de hoje. É preciso preencher vazios que contemplem a América Latina, África e Ásia. Sobre as Américas, os Estados Unidos não querem outro galo em seu terreiro. Pelo continente africano, é a própria UE que recusa a pobreza no poder. E especulando pela parte asiática, a China fecha a cara para a concorrência.
          Os problemas do mundo são as questões locais ampliadas. Os donos daqui são como os donos de lá; os “manés” daqui são como os “manés” de lá, escritos assim mesmo como letra de samba carioca. E se o mandão diz que “faz dezoito anos que se discute isso”, achamos que a discussão já atingiu a maioridade. Já pode ser presa e processada, ora bananas! Pois abram alas, velharias, que o Brasil pede passagem com Lampião, padre Cícero, Zumbi, Dilma Rousseff ou Chico Xavier. Índio quer assento na ONU, Já! SERÁ O BENEDITO!


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domingo, 19 de junho de 2011

ZABUMBA FAZ BUM-BUM-BUM

 ZABUMBA FAZ BUM-BUM-BUM
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2011.
(Para João Tertuliano, Sérgio Campos, Afonso Gaia e Lucas).

          Nesse sábado que passou, tive a honra de receber um dos ilustres valores da terra, filho do comerciante, intelectual e ex-professor Alberto Nepomuceno Agra. João Tertuliano Nepomuceno Agra, engenheiro eletricista, mestre em Ensino de Física, doutor em Física e professor universitário, diz bem da inteligência caracterizada do povo resistente da “Rainha do Sertão”. Além da visita a terrinha, veio o insigne cientista lá de Campina Grande, Paraíba, enlaçado pela causa da cultura santanense. Defensor ferrenho do Calendário Cultural de Santana ─ lançado pelo jornalista José Marques de Melo e Rossana Gaia no livro “Sertão Glocal” ─ João Tertuliano procura incentivar a concretização desse calendário. Entre os objetos presenteados por Tertuliano tanto da sua lavra quanto a de companheiros, deparei-me com o cordel sobre “Marinês, a Imortal Rainha do Forró”, da autoria de Manoel Monteiro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Logo na primeira página minha atenção voltou-se para a belíssima sétima que aparece como segunda estrofe do folheto. Os cantadores repentistas têm hoje como preferência a sextilha, porém, os vaqueiros nordestinos preferem as sétimas para seus aboios. Esse modo de composição poética é mais sonoro do que as sextilhas e foi deixado de lado, talvez, porque a sextilha constante numa cantoria seja menos cansativa. Mas vamos à sétima inspirada pelo cordelista Manoel Monteiro:

            “Triângulo faz tlin-tlin-tlin
                 Zabumba faz bum-bum-bum  
       A sanfona faz xem-xem
       O caboclo estando num
      Forró de pé-de-parede
               Não tem fome nem tem sede
                  Pois melhor não tem nenhum”.

          Diz Monteiro que Inês era filha de Manoel Caetano (ex-cangaceiro do bando de Lampião) e sua mãe chamava-se Josefa Maria, apelidada, Donzinha. Sua denominação artística nasceu na apresentação de rádio quando o apresentador misturou Maria com Inês. Sempre cantando na região de Campina Grande, termi-nou casando com o sanfoneiro Abdias. Admiradora de Luiz Gonzaga foi levada pelo Rei Luiz ao Rio de Janeiro após uma apresentação do artista em solo paraibano. Cantava, tocava triângulo e dançava o xaxado, tendo sempre um chapéu de couro na cabeça, à semelhança de seu pai no cangaço. Após sucesso pelo Brasil inteiro, especialmente Nordeste, mais de trinta discos gravados e um número vastíssimo de apresentações em público, Marinês calou em 14 de maio de 2007. “Peba na Pimenta” foi à música mais marcante da sua gloriosa carreira, também registrada pelo homem do povo, pela literatura de cordel. Com sua voz estridente e frases apimentadas, para a época, Marinês conquistou bravamente o seu espaço e hoje brilha no céu de Campina Grande.
          Se você caro leitor, não viveu à época, nem lhe digo o que perdeu. Nos ouvidos dos cabras da nossa geração, ainda ressoa o tlin-tlin-tlin do triângulo de “Marinês e Sua Gente”. E pelos velhos sertões queimados desse país nordestino, quem afia os ouvidos sente a autenticidade dos filhos do Sol. Abra as porteiras, cabra da peste, que ainda hoje a ZABUMBA FAZ BUM-BUM-BUM.



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sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESPANADOR DE SEU CLETO

ESPANADOR DE SEU CLETO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2011

             Falamos aqui outras vezes sobre as peculiaridades das farmácias de Santana do Ipanema, Alagoas, nos anos sessenta. A “Vera Cruz” ─ homenagem sobre o descobrimento do Brasil ─ tinha um quadro de leitura obrigatória com sua alegoria dividida: “Entrai pela porta estreita”. E ali estavam às representações da porta estreita e da porta larga, a da salvação e a da perdição, o céu e o inferno. A Vera Cruz continua no mesmo local, mas ignoramos o destino do quadro. Bem que ele poderia fazer parte do museu do proprietário professor Alberto Nepomuceno Agra, no primeiro andar. A outra farmácia, de Cariolano Amaral, vulgo Seu Carola (ô) ─ o homem da gravata borboleta ─ antes no “prédio do meio da rua”, depois, ao lado da Esquina do Pecado, também tinha o seu símbolo. Era ele um negrão forte, careca e lustroso envergando uma barra de ferro. Propaganda impressionante de uma velha conhecida marca de xarope. Poderia a estatueta também fazer parte do museu de Santana. Mas existirá ainda o homem forte?
            Outra coisa que me chamava atenção era o espanador da loja de tecidos do comerciante Cleto da Costa Duarte, também localizada no prédio do meio da rua. Na loja de meu pai havia espanadores de fios de palhas, moles, finos, flexíveis, bonitos e bem feitos que de vez em quando eram vendidos por ambulantes. Nunca perguntei onde eram fabricados, pois diferenciavam de outro tipo comum, mais duro, feito em Santana, vendido nas feiras. Mas aquele espanador da loja de Seu Cleto era único. Feito de penas de peru, arrumado de modo que algumas penas menores se retorciam para cima, esses espanadores eram passados com rapidez sobre os tecidos, dando a impressão que nem serviam para tal mister, sendo mais para enfeite. Parece-me que tinha sido presente de um caixeiro-viajante do Recife. Também sem ter certeza, parece-me que havia objeto semelhante na “Casa Ideal”, sapataria que ficava por trás do prédio do meio da rua, mas do outro lado da via, pertencente ao senhor Marinheiro.
           Dizem que a vida é combate e nós vamos lutando com o costumeiro e com as surpresas que ora nos afligem, ora nos enlevam. Vamos associando os símbolos acima à religião, aos ensinamentos dos pais, ao modo de encarar os acontecimentos que testam a nossa capacidade. Acontece um mergulho nos objetivos da existência, no enfrentamento das vicissitudes, no mérito das provações. No fino nevoeiro também surgem às fraquezas, as covardias, os planos não realizados, valorosos amigos, traidores calculistas, méritos e deméritos que navegam quais folhas secas num espaço infinito. Remoendo nossas fraquezas, não deixamos de apenas para nós, avaliarmos o mérito de servir. Repetia meu pai: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. E nesse momento em que o passado ocupa a área do presente, compreendemos que muitos dos que usufruíram da nossa boa vontade, da nossa obrigação em servir ─ esquecendo os obséquios ─ agem como o desafiador negrão de Seu Carola. E seguindo de perto à condição humana, os pobres entusiasmados, sem glória, sem rumo e sem caráter, marginalizam os tempos em que se assemelhavam com frequência ao ESPANADOR DE SEU CLETO.


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quarta-feira, 15 de junho de 2011

LIBERTADORES

LIBERTADORES
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2011

          Taça Libertadores pode até ser uma série de jogos comuns entre países irmãos. Uma final, porém, de Libertadores, é simplesmente empolgante até para pessoas que não simpatizam muito com futebol. Acontece que são inúmeros itens que estão anexados ao simples rolar da bola no gramado. A grandiosa festa onde estão juntas milhares e milhares de pessoas, o colorido das roupas, dos estádios, da torcida. Fogos, cânticos, gritos, xingamentos, urros gigantescos, movimento forte no trânsito, discussões, alegria, bandeiras, comidas de rua e a mídia do mundo inteiro funcionando, deixam o futebol no topo do esporte das multidões. É bom parar um pouco o dinamismo da corrida diária para relaxar, nem que seja na poltrona, assistindo um belíssimo espetáculo da Libertadores. E foi assim que aconteceu em Montevidéu, uma das mais simpáticas capitais do mundo, bem ali na frieza meridional da América do Sul.
          A brancura maior do terno dos Santos faz contraste com o verde do gramado, com o terno à moda DETRAN, do Peñarol. Uma névoa invade o estádio e a ocupação total das arquibancadas aguarda com ansiedade o toque de início. O resultado é sem gol, mas o jogo foi bom, tenso, raçudo, com o mínimo de violência, acostumada a residir em países como Uruguai e Paraguai. Mesmo assim, o empate na casa do zero, foi como importantíssima vitória para o time da Vila que vai decidir no Brasil uma vitória por um placar simples. Em havendo empate, prorrogação. Persistindo o empate, pênaltis. Mais uma vez a final da final fica em nosso território, o que significa festa dobrada, muito dinheiro circulando, possibilidade real de ganhar o torneio pela terceira vez. Se no Uruguai o espetáculo foi garantido já imaginamos a festa que acontecerá no Pacaembu. Está certo que Neymar não foi brilhante em todo o seu potencial, mas também não foi tão decepcionante assim. Mas a mania de cair constantemente sem motivo, irrita mesmo a torcida adversária e também a nossa. O povo quer ver jogo de bola e não fingimento de quedas a cada minuto. É preciso alguém para abrir os olhos do jogador, nesse caso, pois o atleta vai-se tornando antipático e ao invés de aplausos ganha vaias bem motivadas, sim. O Estádio Centenário proporcionou um bom teste ao time do Peixe. O Santos precisa melhorar a posição e a atenção dos seus zagueiros, bem como a ligação mais junta a Neymar e Zé Eduardo. Elano não conseguiu ser um homem criativo como das outras vezes e, a falta de Ganso foi claramente notável.
          O grande momento do jogo foi quando o bandeirinha, com honestidade e coragem, deu impedimento durante o gol uruguaio. Ainda existem pessoas que valorizam a sua decência, como fez o bandeira em Montevidéu. Vamos aguardar a decisão na próxima quarta, que promete outro bom momento para o brasileiro que vai e o que não frequenta estádios. Afinal, não é sempre que temos a oportunidade de acompanhar time do Brasil na LIBERTADORES.




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terça-feira, 14 de junho de 2011

MIRAGENS DA MACONHA

MIRAGENS DA MACONHA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2011

          Não tenho conhecimento e nunca procurei saber a quem pertence, em Santana do Ipanema, o chamado Campo de Aviação. Situado a três quilômetros do centro, lembro bem que ele já existia nos anos sessenta. Campo de barro vermelho ao lado de pista asfáltica, também é ladeado por estradas vicinais que dão acesso a sítios importantes da região. Quando aeroplano ainda era bicho de sete cabeças, de vez em quando chegava por ali um teco-teco. A meninada dos arredores logo vencia a meia légua para espiar de perto o monstrengo que avoava. Maneiro, menino, que parecia o tal pavão misterioso! Ali, se a meninada não viu a chegada poderia contemplar a saída. Dava plantão, passando a mão no bicho roncador até que o piloto resolvia retornar. A poeira levantava do chão e o danado seguia fazendo carreira até despregar as patas do solo e subir “linheiro” que nem codorniz. Lá adiante ainda havia aplausos quando o pássaro metálico fazia a manobra circular rumo à capital. Falavam que o progresso iria chegar a Santana montado nos teco-tecos. Uma viagem do Ipanema a Maceió, baseada em até seis horas, ficaria uma beleza! Logo, logo os abastados da região estariam no litoral cuidando dos seus negócios e retornando rápidos contra perdas de tempo. Houve até um prefeito ─ que ainda gosta de se exibir sobre as cabeças alheias ─ que prometeu asfaltar o local e deixar tudo moderno para acelerar o falado desenvolvimento. Sem dúvida nenhuma iniciaria logo com seus passeios de luxo.
          Tudo aconteceu ao contrário. Avião ali passou a ser coisa rara. E quando os bancários do Banco do Brasil eram os tais da cidade ─ com suas inesquecíveis lambretas ─ muitas conversas preocuparam os pais de moças de Santana. Chegaram até inventar modinha, parodiando canção famosa:

“Ai, ai, ai do banco
     Me leve para o campo
         Mas cuidado com papai”

          Depois foi a vez das mulheres casadas que gostavam de pular cerca. Faróis de veículos tornaram-se autênticos espiões. Finalmente veio a fase do mato verde, do enroladinho, do baseado. Os contrabandistas eram apontados a dedo e os fumadores também. Devido o aperto policial, o usuário preferia o sossego do campo de aviação aos becos imundos de acesso ao rio. Os pontos das brasas por baixo do rasga beiço misturavam-se aos vagalumes que enfeitavam as noites sertanejas.
          Abandonado à própria sorte, a única coisa que mudou no campo de aviação foi o nome para Campo de Pouso. Lá se vão cerca de cinquenta anos de existência. Nem sabemos por que ainda não providenciaram um aniversário para homenagear alguém. Todas as fases citadas evoluíram, nem precisa mais de campo de pouso. Falar nisso, alguém sabe quando vai ser construído o aeroporto do Sertão? Ao entrevistar um célebre maconheiro, dos tempos mais difíceis e românticos dos desgarrados, o camarada disse, fitando o espaço, o céu azul, o voo das andorinhas: ”É isso aí, bicho. Avião de verdade mesmo a gente nem apreciava, mas chega ficava “sulene” com as MIRAGENS DA MACONHA”.




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segunda-feira, 13 de junho de 2011

POBRE POVO

POBRE POVO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de junho de 2011

          Continua em Santana do Ipanema, a falta de coletivos para os trabalhadores e população em geral. O comércio e os diversos serviços que atuam na “Rainha do Sertão” fizeram crescer a necessidade de transportes de massa. Quem contempla, mesmo de longe, do Bairro São José, através do espaço entre as casas do Alto dos Negros, lá longe do outro lado do rio, fica impressionado. O trânsito por aquela rua comprida e estreita, forrada à base de paralelepípedos, no jargão popular, desembestou. Calçamento péssimo entre o riacho Salgadinho e o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. Já falamos sobre isso outras vezes. Ninguém calcula os benefícios sociais trazidos pelo novo hospital. Entretanto, a inflação, nessa terra também chamada “Capital da Carestia”, perdeu sela, rédeas e cabresto. Nas imediações da Unidade, um casebre avaliado em dez mil reais, pulou para cinquenta. Imaginem quando iniciarem os trabalhos da UFAL, ali vizinho! Mas o que está doendo mesmo no bolso da população mais carente, é o preço exorbitante das corridas de táxis e moto táxis para àquela periferia. Os taxistas adormeciam dentro dos carros, nos pontos, por falta de clientes, agora espicham o couro de quem precisa. E os moto taxistas que triplicaram o preço da corrida, cobram à vontade. Não existe critério quando o destino é Alto dos Negros, Cajarana, Conjunto Marinho. E mais: pelo dia é um preço pela noite outro preço. Quem tem seus familiares internados, só falta perder os cabelos com a cobrança exploradora dos transportes. Os que têm que subir a longa colina a pé, duas ou três vezes ao dia, para assistência aos familiares, ficam arriscados à doença também pelo preço das corridas. É aí que entra mais uma vez a necessidade de coletivo urbano. Um tipo pequeno, leve, de mobilização rápida para o comércio e extremos como a Lagoa do Junco (UNEAL, Batalhão de Polícia, Fórum); Cajarana (Hospital, brevemente UFAL); Barragem e Lajeiro Grande.
          A reestruturação do acesso ao hospital é uma necessidade em curto prazo. Mas o incentivo público ao transporte coletivo deve ser prioridade. Os capacetes dos motos taxistas estão precisando da Vigilância Sanitária. Suados, Fedorentos, podres. Uma ameaça constante a piolhos e dermatoses que dão um trabalho da peste para sanar. Temos exemplos. Uma touca descartável sob o famigerado evitaria muitas coisas desagradáveis. A própria associação deveria se encarregar do assunto em benefícios dos seus clientes, junto aos órgãos da Saúde.
          Enquanto isso, os que não podem pagar o que não têm, penam com as duas pernas que Deus lhes deu, em busca de serviços nos extremos ladeirosos de dois, três quilômetros na cidade. Na falta de incentivo à implantação particular do transporte de massa, o poder municipal deveria facilitar a solução aos seus munícipes que expõem os bofes nas colinas de Santana. POBRE POVO!




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domingo, 12 de junho de 2011

LAMPIÃO FILOSOFA EM CUSTÓDIA

LAMPIÃO FILOSOFA EM CUSTÓDIA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2011

          Entre a crueldade do punhal e a inteligência do chapéu, Seguia Virgulino Ferreira da Silva, assombrando os sertões de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, até 1925, quando resolveu ampliar sua faixa de atuação. Foram anexados ao cangaço lampionesco, a partir de 1927, mais o Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Sergipe. Afora os dotes militares, são incluídos os pendores listados por vários especialistas do cangaço, como os de parteiro, artesão, vaqueiro, almocreve, poeta e outros mais. No meio da sua parafernália, compartimentam-se suas “tiradas” filosóficas em diversas ocasiões, que soavam como uma espécie de sentença. Para um homem da roça que viveu toda a sua vida no meio rural, nos lugares mais esquisitos, aprendeu bastante com a sabedoria sertaneja, acrescentando da própria lavra essas tiradas ocasionais que se assemelham aos chistes característicos da região de São José do Egito, em Pernambuco. Mas suas tiradas eram sérias e decisivas, algumas delas captadas pela nossa coleção. Como exemplo, ele dizia, no caso de surgir várias soluções para um mesmo problema: “Homem, plano é o primeiro”.
          De 1922 a 1925 atuando maciçamente nas fronteiras dos três primeiros estados, Lampião satanizava os sertões como terrível pé de vento. Era difícil de entender, então, porque ele entrara em Custódia, na época, vila da atual Sertânia, “amando e querendo bem” como costumava dizer. Em 11 de fevereiro de 1925, entrou na vila logo cedo e ficou aguardando que o povo acordasse, que as casas se abrissem. Estava com ele, entre outros, Mata Redonda, Fato de Cobra, Chá Preto, Chumbinho, Sabino, Sabiá e Jurema. Comeu, comprou, mandou fazer roupa, curativos em feridos, palestrou à vontade, não mexeu com ninguém. Ali gozou de um oásis temporário. Depois até Custódia entrou para o musical do cangaço com essa e outras quadrinhas, tudo indica, confeccionada dentro do bando:

“As moças de Custódia
  São feias, mas têm ação
        Guardam queijo e rapadura
    Pra o bornal de Lampião”

          Em Custódia, Lampião ainda foi à casa de um cidadão, sentou tranquilamente em sua calçada e falou para ele: “Você não disse que se eu entrasse aqui seria morto?” E diante do aperreio do morador, complementou na sua paz: “Deixe de besteira, homem, olhe eu aqui”. E não saiu sequer um cascudo.
          Resolvendo enviar correspondência ao governo estadual dizendo coisas que por certo não agradaram ao destinatário, assim procedeu. Dizem que foi a única coisa que não pagou na vila de Custódia, filosofando após o ato, mais ou menos com essas palavras: “Isso aqui é do governo, por isso não vou pagar. Se eu pagasse estaria roubando a mim mesmo”.
          Não sabemos se o bandoleiro soltou beijinhos, beijinhos na despedida, mas que ficou na história, ficou. Ainda hoje LAMPIÃO FILOSOFA EM CUSTÓDIA.



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quinta-feira, 9 de junho de 2011

SÓ VAI ACOCHANDO TUDO

SÓ VAI ACOCHANDO TUDO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho 2011

          Todas as grandes obras do Sertão deram trabalho. Trabalho de dezenas e dezenas de anos de reivindicações, lutas, protestos, zoadas. Hospitais, rodagens, asfaltos, pontes, delegacias, terminais rodoviários, escolas, repartições públicas, cursos superiores, açudes e tantas outras coisas fizeram o sertanejo perder o sono e afiar a goela. Na minha existência ainda não vi governo bonzinho para o Sertão. Tudo é como foi dito acima, inclusive água e luz.
          Quem já teve oportunidade de viajar pela BR-316, de Palmeira dos Índios em direção a Inajá, em Pernambuco, fica encantado com o chamado retão que corta o peneplano sertanejo. É quando o motorista diz que de Palmeira dos índios a Inajá você roda sem mudar a marcha. Quando as estradas de barro eram bem conservadas, tive oportunidade de fazer essa viagem de Santana do Ipanema a Inajá numa carreira só como se fala por aqui. Estradona larga, bem conservada que ─ usando outra expressão popular ─ parecia um prato. Na época, o verdume da caatinga e o cheiro inebriante do mato, deixavam no viajante uma sensação enorme de bem-estar. Ao longe, o morro do Carié, em forma de lagarta, destacava-se no raso de caatinga servindo de importantíssimo ponto de referência. É o entroncamento mais importante do Nordeste, diziam. Dali pode ser usada a rosa dos ventos para Maceió, Paulo Afonso, Garanhuns e suas respectivas capitais. Continuando a reta a partir do Carié, íamos passar dentro de Canapi e depois no acesso a Mata Grande até chegar ao estado de Pernambuco. O resultado é que o asfalto rodeou o Carié, (na época com apenas um casa e um hotel) distrito agora que congrega centenas de moradores, mas a parte oeste continua no barro. A estrada foi sendo desprezada e atualmente o trecho Carié fronteira com Pernambuco é um tormento físico e paraíso de assaltantes.
          Esse protesto no entroncamento causou um imenso transtorno. Mas quem luta há quase cinquenta anos pelo asfalto, sabe que se não fizer assim, não sai nunca. É incalculável o prejuízo daquela região pela falta de benefícios nas cidades e no campo, durante essas cinco décadas. Parabéns pela coragem nas batalhas duras que enfrentam, cidades de Canapi, Inhapi, Mata Grande, Água Branca e o distrito Carié, juntamente com outros municípios pernambucanos na ponta da linha. Se ainda fosse vivo talvez assim cantasse, o saudoso repentista santanense, Zezinho da Divisão, com seu mote preferido:

 Se você quer ser ouvido
Grite que só condenado
      Por que um grito bem dado
           Dói nas oiças do bandido        
Se você for atrevido
Passe por cima de tudo
Pois só assim o buchudo
De longe lhe compreende
Gritando ao corno ele atende
SÓ VAI ACOCHANDO TUDO

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TRÊS ERROS DE UMA VEZ

TRÊS ERROS DE UMA VEZ

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2011

          Têm coisas que não se pode evitar quando elas acontecem em um só dia. Estamos falando sobre, Ronaldo “Fenômeno” e o jogo da seleção brasileira de futebol. No caso Ronaldo, atrelado à seleção; sobre Antonio Palocci, na parte política do país. Os jornais noticiosos bem que fizeram tremendo esforço para coordenar as notícias mais quentes entre a festa mundial do “Fenômeno”, a queda do poderoso ministro e o jogo da noite. Foi aí que lembramos novamente à cantoria em que um dos repentistas concluía a estrofe em sextilha quando chegava à festa um grupo de pessoas: “E logo a trinca chegaram”. Ao que o outro cantador mais letrado, logo indagou:

           “Dizer a trinca chegaram
   É erro de Português
            Mesmo só se fala “trinca”
   Se o grupo for de três
   Donde vem esse poeta
           Com dois erros duma vez?”

          Pois as três coisas importantes vindas num dia só deve ter dado trabalho sim. A renúncia do ministro pode ter sido jogada propositadamente para o dia em que o povo brasileiro estivesse voltado para o jogo da seleção e a despedida de Ronaldo. Faz parte dos caciques divulgarem péssimas notícias de várias origens, em vésperas de feriados, dias santos e finais de semanas, para amaciar o impacto. A seleção brasileira de futebol, novamente não convenceu. Comparamos o aglomerado de bons jogadores, com os times improvisados que fazíamos nas areias finas ou grossas do rio Ipanema. Faz-se o amontoado e coloca-se para jogar. Sempre foi assim. Cada jogo, personagens diferentes sem o tempo necessário para treinamento. Não dizemos um “pega na rua” por que ali estavam realmente os melhores, indiscutivelmente. Mas o nervosismo ou a falta de concentra-ção dos atacantes levavam o caso para a arquibancada insatisfeita com tudo que estava acontecendo, inclusive a repetição do jogo anterior. Uma droga! O erro geral da seleção, principalmente nos chutes dados em cima dos defensores como se eles fossem invisíveis, não deixavam o óbvio, a bola passar. Daí se dizer, falta de concentração ou nervosismo. Se a seleção errava, o fenômeno errava também. Esse é perdoável. Estava na sua festa de despedida na luta desesperada contra o excesso de peso e não tinha mesmo a mobilidade ideal das gingas que deram tantas alegrias ao Brasil. Seus combates agora, fora dos gramados, serão com a gordura que teima em não ir embora.
          Quanto ao que houve de fato com Antonio Palocci, apesar de líder carismático, ainda precisa ser esclarecido ao povo brasileiro. E se foi um erro do ministro não terá sido um errinho qualquer, mas um errão do tamanho do número vinte. Os erros de Ronaldo não diminuíram seus méritos. Os erros da seleção receberam as vaias da torcida. E os erros de Palocci deixaram perplexos os seus admiradores. Sabiamente o povo sertanejo fala: “Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio”. Ê meu cantador, de onde vem essa terça-feira, com TRÊS ERROS DE UMA VEZ?


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terça-feira, 7 de junho de 2011

CHEIRO DE CAVALO

CHEIRO DE CAVALO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de junho de 2011

          Os jornais publicaram sem muito destaque, o falecimento da esposa do ex-presidente João Batista Figueiredo, o último da ditadura militar 1964-1985. A ex-primeira dama Dulce Figueiredo, vinha sofrendo com problemas graves, tendo falecido na segunda-feira. Foi sepultada ontem, deixando, com a divulgação, um pouco da lembrança do seu marido. Dona Dulce havia leiloado 218 objetos pertencentes a Figueiredo que governou o país no período 1979-1985. Foi ele quem encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que dispunha sobre Anistia.
          Mal educado, bruto e arrogante, mesmo assim foi quem amaciou a sua maneira a ditadura para o ingresso de novos tempos no Brasil. Foi sucedido na presidência por José Sarney que era seu antigo adversário de partido, vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Com a morte de Tancredo, antes da posse, Figueiredo não quis entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985. Dizia ele, o general Figueiredo, que Sarney era um “impostor”, vice de um presidente que nunca havia assumido. No ciclo militar, o seu período foi longo, tendo passado seis anos no poder. Entre outras coisas do seu governo, houve anistia aos punidos pelo AI-5 e perdão aos crimes de abuso de poder, tortura e assassinato cometidos por órgãos de segurança; extinção do bipartidarismo; garantia de processo à abertura política, iniciado por Geisel, que resultou no fim do regime militar; criação do estado de Rondônia e amplo programa de reforma agrária no norte do Brasil.
          Apesar da sua brutalidade, os humoristas não paravam de retratá-lo. Chegou a dizer que gostava mais de cavalos do que de gente. Certa feita um presidente de um país vizinho do sul, mostrou dois belos cavalos e perguntou qual dos dois escolheria e, ele prontamente respondeu: “Os dois”. Algumas frases do último ditador correram trechos: Sobre a abertura política: “Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!”. Sobre o poder: “prefiro cheiro de cavalo a cheiro de povo”. Um garoto perguntou o que ele faria com um salário mínimo. Resposta: “A única solução é dar um tiro no coco”. Outra vez disse: “O que sei é que no dia da posse (de Tancredo) irei embora de Brasília levando apenas minhas mulheres”. Referia-se aos cavalos. Quando perguntado sobre o aniversário do AI-5, respondeu: “Quem é esse menino? Entre outras frases, ficou em evidência a sua declaração de despedida ao jornalista Alexandre Garcia, para a TV Manchete: “Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".
          Como o ex-presidente pediu, o povo brasileiro o esqueceu mesmo. Somente lembramos o homem agora por causa da morte de Dona Dulce. Vamos esquecer novamente a figura que não gostava de cheiro de povo, mas preferia CHEIRO DE CAVALO.

Agradecemos aos milhares de acessos a nossa página no Brasil. Também agradecemos aos internautas que nos honraram com suas leituras nos Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, Portugal e Croácia.



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segunda-feira, 6 de junho de 2011

PONTOS OBSCUROS

PONTOS OBSCUROS
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2011.

          Entre as praças santanenses, destaca-se como a principal, devido ao tamanho e localização, a denominada Cel. Manoel Rodrigues da Rocha, construída defronte a Igreja Matriz de Senhora Santa Ana. Ainda sob a arquitetura da primeira reforma da igreja em 1900, pela batuta do padre Manuel Capitulino de Carvalho, a cidade ganha em 1931, esse logradouro pelo primeiro interventor municipal Frederico Rocha 1930-31. De início, o espaço recebeu o nome de João Pessoa, sendo reformado algumas poucas vezes, mas trazendo o nome novo de Manoel Rodrigues, chegando assim até os dias atuais.
          Tangido de Águas Belas pela prepotência do coronel Constantino, o sapateiro Manoel Rodrigues estabeleceu-se em Penedo onde trabalhou na curtição de couro. Prosperava e mantinha contato com pessoas influentes da região. Ampliou seus negócios para as margens sergipanas do rio São Francisco e casou pela primeira vez, cuja esposa faleceu prematuramente. Manoel Rodrigues conheceu e casou com a professora Maria Izabel Gonçalves Lima, moça prendada de Sergipe, em 11 de outubro de 1898. Com os negócios prosperando, resolveu abrir um entreposto na vila de Sant’Ana do Ipanema. Depois, notando que o negócio estava mal administrado, mudou-se definitivamente para Sant’Ana, em 1901, ampliando suas atividades em curtição de couro, beneficiamento de algodão, agropecuária e comércio com loja de tecidos e miudezas.
          Ainda pela memória do doutor Hélio Cabral, desfaz-se o mistério da construção dos três mais pujantes prédios da vila que resistiram às reformas da cidade, excluídos o “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua”, demolidos na gestão Ulisses Silva, gestão 1961-65. Manoel Rodrigues construiu e morou no prédio onde por muito tempo funcionou a biblioteca pública, no comércio, ainda hoje original com o monograma MRR e estátua dedicada a Mercúrio, no frontispício. Construiu também o enorme prédio, vizinho, lado esquerdo, da Matriz de Senhora Santa Ana, que marcou a cidade muito tempo como o “Hotel Central” de Maria Sabão. A biblioteca pública chegou a funcionar ali por algum tempo. E, por fim, Manoel Rodrigues da Rocha construiu seu terceiro casarão na vila, defronte a Igreja Matriz, mas no lado oposto da praça que mais tarde levaria o seu nome. Mudou-se do primeiro para este em 1916 (gestão municipal do padre Manuel Capitulino de Carvalho) e ali passou cerca de quatro anos, pois faleceu em 5 de maio de 1920.
          Sem ser político, apenas com seu prestígio civil e solidez econômica, tornou-se Coronel da Guarda Nacional. Muito fez por Santana do Ipanema, hospedando e comungando ideias com vultos importantes como Delmiro Gouveia e governadores do estado. Na política, mandava os Gonzaga, transferindo o mando para o padre Capitulino que foi intendente. Mas na época, a força moral do Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, combinava com o modo de ser e o prestígio do professor e chefe político, coronel Enéas Araújo. Importantes são os documentos para esclarecer PONTOS OBCUROS.


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domingo, 5 de junho de 2011

MULHER BELA E VAQUEJADA

MULHER BELA E VAQUEJADA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2011.

Um boi brabo que rompe os matagais
Bem distante às léguas das restingas
Senhor absoluto das caatingas
Rompedor de madeira e espinhais
Um cavalo nos quentes carrascais
Repentistas no solo genuíno
No cabelo perfume doce e fino
Da gostosa na cama madrugada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

No trançado maldoso da favela
Ou nas unhas de gato nos gibões
O vaqueiro se eleva nos sertões
Sem tirar do juízo o nome dela
Pela tarde o encontro na cancela
Sob o Sol escaldante peregrino
Um vestido delgado e opalino
Transparente na moça apaixonada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

No Sertão vale ouro a brincadeira
Um café um cigarro um tempo quente
Um cavalo um aboio uma aguardente
O momento infeliz da “saideira”
A viola que age mensageira
Uma noite a amante o desatino
Lábios doces de mel e de quinino
Que transformam o sujeito em quase nada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino

Um circuito, cavalos e chapéus
Garrotes carreiras campeões
Locutores cervejas repuxões
Vaqueirama repentes e troféus
Se é noite estrelas sob os céus
E a ronda de vulto feminino
Igualmente a Maria e Virgulino
Sai gemido na noite enluarada
Mulher bela repente e vaquejada
Correm dentro do sangue nordestino.

                                             FIM


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quinta-feira, 2 de junho de 2011

LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS

LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2011.

       Há mais de duas décadas, líamos a literatura cangaceira quando uma coisa nos chamou atenção. Havia poucos policiais e muito espaço para cangaceiros. Para reforçar suas perseguições aos bandidos das caatingas, o governo aceitava civis agregados às forças policiais denominadas “Volantes”. A maioria desses civis era oriunda de fazendas de poderosos fazendeiros chamados coronéis, ou pela Guarda Nacional ou pelo poder aquisitivo. Cada um desses coronéis possuía homens armados na fazenda chamados, conforme a região, de jagunços, cabras, capangas ou meninos. A cabroeira servia, principalmente, para os confrontos raivosos entre os próprios coronéis. De vez em quando, parte dessa cabroeira era anexada à força volante no reforço à perseguição aos cangaceiros. O reforço desses homens às volantes dependia do interesse particular do coronel, do governo ou de ambos. Quando assim acontecia, esses capangas eram chamados pelas volantes de “contratados” e, pelos cangaceiros, pejorativamente de “cachimbos” (assim como atualmente são designados os “chumbetas”). Segundo Lampião, um desses coronéis que sempre mandavam contratados contra si era o Zé Rodrigues, de Piranhas, Alagoas.
          Ficamos muito tempo sem saber quem era na verdade Zé Rodrigues ─ um homem tão falado ─ e por que àquelas ações constantes em enviar “cachimbos” contra Virgulino Ferreira. Só agora de volta à ordem dos alfarrábios, encontramos por acaso duas respostas e duas novas perguntas. Descobrimos no pequeno livro “Os coronéis do sertão e sertão do São Francisco alagoano”, de Hélio Rocha Cabral de Vasconcellos que Zé Rodrigues era chamado coronel José Rodrigues de Lima, morava em Piranhas em luxuoso sobrado. Fora acusado de envolvimento na morte de Delmiro Gouveia e em atentado à vida do coronel Lucena Maranhão, verificado no dia 06 de abril de 1927. José Rodrigues foi assassinado quase em seguida, na calçada da igreja do Livramento, em Maceió, no dia 28 de agosto de 1927 (mesmo dia em que o governador Costa Rego lhe prometera proteção) e sepultado em Maceió, segundo Hélio Cabral de Vasconcellos. Essa foi à primeira resposta. A segunda, encontramos na papelada, foi saber que Lampião, antes, atacara a sua fazenda, daí o envio de “cachimbos” para persegui-lo. Agora as duas novas perguntas: Segundo ainda o mesmo autor acima, Zé Rodrigues era mau. Mas por que existe até hoje em Piranhas um silêncio em torno do seu nome se ele, bom ou mau, teve importância na história do Sertão do São Francisco e do cangaço? Segunda nova pergunta: por que Lampião atacara à fazenda do coronel José Rodrigues de Lima, se ele queria dinheiro, armas, munição e proteção dos coronéis?
          Se você, leitor, é um pesquisador sério e tem as respostas, escreva para o nosso e-mail que publicaremos nesse espaço. Pode publicar também de outra forma, para o nosso conhecimento e dos leitores aficionados em LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS.


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CORISCO

CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas 2 de junho de 2011.

          Em Alagoas, o cangaço teve início em seus movimentos no extremo oeste, principalmente nas regiões de Mata Grande e, então, Matinha de Água Branca. A maioria das ações cangaceiras no estado aconteceu nessa região serrana, fronteira com Pernambuco, onde oficialmente Virgulino Ferreira da Silva tornou-se cangaceiro. Entre o homem trabalhador e ações violentas, vindo do estado vizinho, Virgulino começou a conjugar suas arruaças ao bando dos Porcino que atuava na área descrita. Esse bando movimentava a região, entre 1919 e 1920. Depois de extinto o bando dos Porcino, Virgulino ingressou no bando de Sinhô Pereira que atuava em Pernambuco, recebendo aí o apelido de Lampião e, logo após, a chefia do que restou do grupo, após a saída definitiva de Sinhô, tanto do cangaço quanto do Nordeste. No início das suas tropelias, sem dúvida nenhuma, até 1925 o cangaceiro mais famoso de Lampião foi o feroz paraibano Sabino Gomes. Sabino foi inspirador de quadras populares como esta:

“Lá vem Sabino
Mais Lampião
   Chapéu de couro
Fuzil na mão”.

          Cristino Gomes Silva Cleto nasceu em 10.08.1907, em Matinha de Água Branca. Após problemas durante o seu trabalho na feira, foi prestar serviço no Exército em 1924, que também por problemas, desertou em 1926, procurando depois o bando de Lampião e nele ingressando em agosto desse mesmo ano. Por sua coragem, passou a ser um dos grandes do bando. Foi um dos oito maiorais que migraram para a Bahia em 1928, após ser destroçado o grupo de Lampião com a retirada de Mossoró. Quando o bando permitiu a entrada de mulheres, sequestrou Sérgia Ribeiro da Silva, com ela conviveu e casou. Cristino virou Corisco e Sérgia virou Dadá. Em outubro de 1939, Corisco foi ferido em Lagoa da Serra, Sergipe, nunca mais se recuperando. Ficou de mão direita paralisada e o braço esquerdo atrofiado.
Em fuga, foi perseguido incessantemente no sertão baiano através da volante de Zé Rufino, metralhado na barriga ─ ao resistir à investida ─ falecendo a caminho do socorro, na carroceria de um caminhão da volante, em 25.05.1940, Brotas de Macaúbas, sendo sepultado em Jeremoabo, Bahia. Depois, teve seu túmulo violado, cabeça decepada e levada para estudos em Salvador.
          Corisco fazia parte do Estado Maior do bando de Lampião ao lado de cangaceiros que se tornaram lendas e chefiavam subgrupos como: Mariano, Mergulhão I, Antonio Ferreira, Juriti, Português, Fortaleza, Labareda, Virgínio, Moreno e Arvoredo. Entretanto, seu subgrupo era mais arredio e gostava de atuar à parte, mas sob a chefia geral de Virgulino. Corisco apavorou durante muito tempo a região de nascimento, município de Água Branca. Para os coronéis que forneciam armas e proteção a Virgulino, Corisco não era confiável com seus modos bruscos, falta de habilidade e ouvidor de primeira conversa. Foi quase independente, mas sem nada de extraordinário em relação aos maiorais acima citados.
          Nem queria falar agora sobre cangaço, mas escapando do cerco pulou CORISCO.

• Estamos tentando consertar o “Mural de Recado” do Blog. Coisa de Internet.


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

POVOADO AREIAS BRANCAS

POVOADO AREIAS BRANCAS
Clerisvaldo B. Chagas, 1º junho de 2011.

          Estamos chegando aos 71 anos da fundação do povoado Areias Brancas (O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema). O povoado Areias Brancas está situado às margens da BR-316 a 12 km da sede municipal no sentido Santana do Ipanema ─ Maceió. Assentado em terreno arenoso, que se estende a perder de vista pelos quatro pontos cardeais, o povoado leva a vantagem da topografia plana e localização de mão para a capital. A extração da sílica, pegajosa e isenta de salinidade, faz sucesso na construção civil proporcionando segurança e economia às edificações. Além do extrativismo mineral, a região é pródiga na produção do caju, despontando sempre primeiro nas safras anuais. Na agropecuária destaca-se com os gados bovinos e ovinos e na produção do feijão e do milho, todos os produtos cultivados com raízes no passado longínquo. Sendo o maior dos quatro povoados santanenses, também é o que mais cresce fazendo o elo entre a sede e os sítios da sua região que são inúmeros. Assim um pequeno comércio com prestação de serviço vai aliviando as constantes idas de seus habitantes a cidade de Santana. Mercadinhos, farmácia, açougue municipal, biblioteca pública, padarias, boas escolas e o movimento constante dos transportes estudantis, dos sítios para o povoado, do povoado para a sede, dinamizam a economia e atrai investimentos como recente churrascaria e posto de gasolina.
          Areias teve início com o seu primeiro habitante isolado, de nome Ismael, que vendeu suas terras a outro cidadão chamado Josias. Mas, tal como Santana, teve início oficial baseado na fé, na religião das “festas de Manoel Joaquim” em homenagem ao padre Cícero Romão Batista, depois a Santo Antonio e por fim, definitivamente a São Sebastião. Vários passos religiosos foram dados, permitindo a expansão da fé e do início do casario que veio com a rodagem Maceió ─ Delmiro Gouveia. Na política, consegue eleger seus representantes na Câmara Municipal, escolhidos entre os habitantes desse aglomerado. Assim, o povoado tornou-se importante ponto estratégico para a política local, influindo enormemente nos pleitos eleitorais.
          Entretanto, nada justifica uma placa na entrada dizendo “Povoado Areia”. Areia é localidade do estado da Paraíba. A denominação “Areias Brancas” vem desde muito antes da fundação do povoado, é tradição e jamais foi chamada “Areia”, nem mesmo pelas pessoas mais incultas. Respeitando outras opiniões (ninguém é dono da verdade) não encontramos, contudo, embasamento em nenhuma fonte oral, uma só justificativa para chamar o povoado de “Areia”. O resto é invenção. Pesquisando exaustivamente nada encontramos de diferente numa localidade que tem no máximo 71 anos de existência ─ se quiserem levar em consideração o morador Ismael. Um pouco menos pelas festividades de Manoel Joaquim e Rosa, mas jamais “Areia” será o nosso, pelo menos o meu POVOADO AREIAS BRANCAS.




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