quinta-feira, 31 de julho de 2014

MIGRAÇÕES INTERNAS BRASILEIRAS



MIGRAÇÕES INTERNAS BRASILEIRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de agosto de 2014.
Crônica Nº 1.231
Fatores econômicos e sociais mobilizam pessoas dentro do território nacional. Esses fluxos migratórios já ocorreram em várias direções conforme as atividades produtivas, em fases brasileiras. Assim tivemos a fase econômica da cana-de-açúcar, no Nordeste; a expansão da pecuária no Sul; mineração em Minas gerais e no Centro-Oeste; o surto da borracha, na região Norte; a produção do café na região Sudeste, entre outras, ao longo da nossa história.
Em torno de 1930, a industrialização passou a atrair pessoas, destacando as migrações rural-urbanas, denominadas êxodo rural quando acontecia em grande volume e também as migrações de uma região para outra, como aconteceu com os nordestinos rumo ao Sudeste.
As migrações foram apresentando novas facetas, sempre acompanhadas pelos pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ─ IBGE.
Atualmente um novo quadro se apresenta com as migrações em massa rareando em direção a São Paulo e Rio de Janeiro. Os inúmeros problemas dos grandes centros urbanos e a descontração industrial, não atraem migrantes como em outras décadas.
O Nordeste, o maior emigrante de outrora, agora recebe imigrantes, muitos retornando de São Paulo em procura de oportunidades na região de origem. O Censo de 2010 mostra o Nordeste como a única região de saldo positivo em relação aos migrantes. Os estudiosos mostram que as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, permaneceram praticamente estáveis.  Já o próprio Sudeste, antes grande centro receptor passa a ser a grande exportadora de gente, na primeira década do século XXI.
Entre os problemas do Sudeste, está o esgotamento do emprego, a carestia dos terrenos, a mobilização urbana, o racismo, entre outros, como o surpreendente problema atual da falta d’água na própria capital paulista e em vários centros importantes.
Muito ainda se tem para se falar sobre esse novo Nordeste que teve um crescimento econômico muito maior do que o restante do país. Será que a região poderá transformar-se em rica e poderosa como um todo? Só o futuro dirá. Pelo menos faço com toda a dedicação possível a minha parte... E a sua? ORGULHO EM SER NORDESTINO E SERTANEJO.



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quarta-feira, 30 de julho de 2014

O CAVALO DO TEMPO



O CAVALO DO TEMPO
Clerisvaldo B. Chagas, 31de julho de 2014.
Crônica Nº 1.230

Vendo esse marzão de Maceió, aprendemos que milhares de anos atrás, o nível do mar era mais baixo. Isso fazia com que o litoral fosse muito mais extenso. Se as florestas eram pequenas, o ambiente de cerrado cobria grande porção do território. Com certeza viviam por aí macacos, antas, preguiças e tatus, guardados por um clima mais seco e mais frio. Os vestígios mais antigos encontrados onde hoje se chama Brasil, estão no estado do Piauí, no sítio arqueológico denominado Pedra Furada.
Restos de carvão, utilizados pelo homem em fogueiras, objetos de pedras e grande quantidade de pinturas rupestres, fazem os estudiosos pensarem em 40 mil anos atrás o povoamento da América. Mas não é somente o Piauí a testemunha dos fatos históricos. Ficaram famosos pelas suas descobertas também vários outros lugares do Brasil, como Lagoa Santa, por exemplo, em Minas Gerais, que rastreia a presença de seres humanos bem recuados no tempo. Objetos pontiagudos de ossos e pedras, machados, sepulturas com ossadas de adultos e crianças, são afirmações da presença humana e da competência dos pesquisadores.
Os fósseis nos revelam coisas incríveis como a estatura daqueles habitantes: nem altos nem fortes. Viviam da coleta de frutos silvestres, da caça e da pesca, porém, rodeados por tantos perigos que geralmente não chegavam aos 30 anos de idade.
Um sítio arqueológico, por pequeno que seja, pode revelar o inédito ou apenas complementar dados importantes de outros sítios, mas não deixa jamais de ser um achado significativo na história da humanidade.
Famoso mesmo no mundo inteiro é o Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, que abriga 737 sítios arqueológicos. Entretanto, as dificuldades para manutenção do parque são inúmeras, pois tudo falta para que ele não seja destruído pelas ações dos moradores da área, pela intempérie e por alguns tipos de animais.
A Arqueologia caminha ao lado da História em benefício dos habitantes da Terra. Montemos O CAVALO DO TEMPO.
Pintura rupestre. Serra da Capivara.




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terça-feira, 29 de julho de 2014

O CANDIDATO E O ANUM-PRETO



O CANDIDATO E O ANUM-PRETO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.229

Anum-preto.
Zé Neguinho era a ave humorista das capoeiras. Pássaro miúdo e negro gostava de vigiar o mundo no cabeçote das estacas. As balas roliças de barro seco zoavam sem parar, mas Zé Neguinho pulava, trilava, batia as asas como quem diz: “acerta o alvo cagão!” O bizaco de balas ia-se esvaziando e, às vezes, nem pedrinhas substitutas havia nas veredas.
Outro passarinho protegido, era o anum-preto. Medonho comedor de insetos derrubados pelos bovinos levava ─ sem merecer ─ a fama de devorador de carrapatos e por isso não era perseguido pelo homem. Entretanto, na raiva, pelo dia ser da caça, bem que o caçador procurava descontar a frustração em cima do Cuculiforme cuculídea das caatingas. Anum-preto não zombava como Zé Neguinho, mas parecia possuir uma rede protetora invisível. Meter-lhe bala de peteca ou chumbo de espingarda, somente matava de raiva o atirador. O bicho era tão difícil de ser atingido que o povo caboclo do sertão repetia o ditado: “Quem tem pólvora pouca não atira em anum”.
Estamos vivendo mais uma fase de campanha eleitoral. Como mandar é bom e gastar dinheiro alheio também, não faltam brigas de raposas pelas tocas idolatradas. Está cada vez mais difícil cordeiro jantar com carnívoro canídeo, isto é, entrar no céu a pulso como diz o povo.
Em Alagoas, concorre a genética, pois nada muda entre os aspirantes ao continuísmo.
O ex-candidato a governador Eduardo Tavares, ouviu muito bem o canto da sereia. O canto faz esquecer as condições do barco. Sem ser ainda bastante conhecido para um embate desse porte, o, então, candidato Tavares pelo menos mostrava ser bem intencionado em relação ao nosso território. Alagoas precisa com urgência de um nome novo com respaldo moral em garantia. Os donos da política, entretanto, não permitem que o alagoano sonhe com o novo. Quem sabe se o nome tão esperado pelos sofredores caetés, não seria o Tavares! Entrando pela porta errada e tendo que recuar, Eduardo deixa o povo a vê os mesmos dentes afiados de sempre. Que pena! O dito popular continua em voga: “QUEM TEM PÓLVORA POUCA NÃO ATIRA EM ANUM”.
           

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domingo, 27 de julho de 2014

LAMPIÃO, O FIM DO REINADO



LAMPIÃO, O FIM DO REINADO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.228

Setenta e seis anos separam o dia de hoje da hecatombe de Angicos. Uma noite/madrugada gélida e chuvosa “frio de matar sapo”, ocultou o avanço heroico de três volantes alagoanas nas águas e terras do rio São Francisco.
Três canoas unidas por caibros e cordas de caroá, descem nas águas agitadas do Velho Chico, entre 19 e 20 horas, enfrentando os perigos da corrente e mais tarde uma lua nova fantasmagórica. São 48 homens nus, tiritando de frio nas canoas laterais. Roupas, armas e munições estão sob a lona que encobrem a embarcação do meio.
O tenente João Bezerra, comanda as três volantes: a sua, a do sargento Aniceto e a do aspirante Chico Ferreira, mesmo em constantes desentendimentos. Com a chuva miúda, as águas agitadas, o ranger constante do ajoujo e a nudez escondida pelas trevas, alguém sentencia: “Vestido de Adão ainda pode haver salvação”.
Em torno das 22 horas as embarcações chegam ao lugar Remanso, praticamente defronte o coito de Lampião. Uma das canoas vai buscar o coiteiro Pedro de Cândido, abaixo do povoado Entremontes, cerca de 1 km. Entre tortura e ameaça o coiteiro que se tornou mais conhecido, termina levando as volantes até a grota da fazenda Angicos, com seu irmão Durval.
Os volantes bebem muita cachaça e Pedro de Cândido traça o cerco. Pertinho do amanhecer, escuro ainda, acontece o ataque aos cangaceiros. Os policiais estão conduzindo e atirando com metralhadoras. No final do ataque são contados 11 cangaceiros mortos que são degolados pelos soldados raivosos. O restante do bando conseguiu escapar, alguns dos mortos tiveram os nomes confundidos e, atualmente, estão escritos em Angicos os nomes: Lampião, Maria Bonita, Quinta-feira, Mergulhão, Enedina, Luiz Pedro, Elétrico, Moeda, Alecrim, Colchete II e Marcela.
Os corpos dos bandidos ficaram amontoados sob pedras no leito do riacho onde estavam acampados. As 11 cabeças foram expostas em várias cidades e povoados de Alagoas até chegar a Maceió onde foram entregues.
O reinado de terror lampiônico acabava de ruir e com ele (mais Corisco, dois anos depois), a página negra sobre o cangaço foi virada.
·         Texto baseado no livro “LAMPIÃO EM ALAGOAS”, dos autores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto, onde o prezado leitor encontra todos os detalhes que procura. A maior obra escrita sobre o cangaço no estado.


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quinta-feira, 24 de julho de 2014

VIVA SENHORA SANTA ANA!



VIVA SENHORA SANTA ANA!
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.227
Altar da Matriz de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema - AL. (Foto: Clerisvaldo).
A última noite de festa de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema, Alagoas, molda mais um quadro interiorano religioso. Vindo de longa tradição os festejos relativos à avó do Cristo, sempre se dividiram entre a fé e o profano.
A praça central da cidade, encravada no comércio, defronte a Matriz da padroeira, foi pródiga nas constantes páginas de amor à santa pelos devotos do município e centenas de outros espalhados na região. Outrora marcada como a maior festa religiosa do interior alagoano, o novenário que havia perdido espaço com sua própria cria, a chamada “Festa da Juventude” ─ hoje independente, mas separada apenas por alguns dias ─ esvaziou-se. Ultimamente, porém, parece ter adquirido novo vigor num balanço contrário aos últimos anos entre as duas festas. A introdução do carro de boi no início dos festejos foi um dos responsáveis dessa nova força. Começou com apenas 300, em média, pulou para 600 no ano seguinte e há quem fale que havia mais de 2.000 desses veículos de madeira puxados por bois, neste ano da copa no Brasil. Acompanhando também à procissão, inúmeros cavaleiros vieram injetar vigor e brilho à charola de Santa Ana.
É certo que faltaram os balões de outrora, soltados por trás da casa comercial “A Triunfante”, no antigo “sobrado do meio-da-rua”; a banda de música de Penedo ou do Maestro Miguel Bulhões; as dezenas de mesas de jogos do centro ao Mercado de Carne; as gravações do parque, oferecidas por rapazes e moças aos seus admiradores na voz de Waldick Soriano, Moacir Franco, Agnaldo Timóteo; mas, a essência é a mesma na evolução das coisas.
Enquanto isso, o mês de julho vai se estirando para o seu final entre sol, frieza, chuva rala e uma seca verde que vai enganando.
A procissão de encerramento da festa de Senhora Santa Ana é, sem dúvida alguma, um dos mais belos espetáculos do sertão. O tempo promete uma ajuda extra. É quase a despedida de julho em grande estilo. VIVA SENHORA SANTA ANA!
* Foto extraída do livro inédito do autor: "227". Em breve no mercado.

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