quinta-feira, 27 de novembro de 2014

LAMPIÃO,MARIA E DOIS ERROS



LAMPIÃO, MARIA E OS DOIS ERROS
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2014
Crônica Nº 1.313


Em nossas pesquisas visando à revisão do próximo livro sobre cangaço, já intitulado “Maria Bonita, a deusa das caatingas”, encontramos dois erros nos escritos dos grandes pesquisadores do cangaço. Com a devida vênia, não citarei seus nomes nem suas obras. Interessante é que quando um ótimo escritor e pesquisador do cangaço comete um erro, pequeno ou maiúsculo, vem muita gente atrás, apenas compilando o que foi dito. Os erros não são graves, mas diante de tanta infantilidade e baboseiras de novatas que se dizem pesquisadoras, chega dar pena e revolta. Minha lixeira mesmo está repleta de tantas coisas extraídas da Internet sobre o cangaço. Os escritores sérios devem ficar preocupados mesmo com o que está acontecendo. Mesmo assim todos erram, todos erramos. Vamos ao que interessa:
O combate do Crauá em 1937, não foi o último de Virgolino. Errou quem assim escreveu. O último combate de Lampião aconteceu no Jirau do Ponciano em 18.04.1938. Houve um combate menor em Craíbas, no dia seguinte entre Lampião e o sargento Porfírio. (Ver CHAGAS E FAUSTO: Lampião em Alagoas 2012: 295:296), chamado por nós, o primeiro, “O combate do Jirau”. Lampião havia atravessado o rio para Alagoas, ocasião em que pagou 50 mil reis para ouvir de músicos que viajavam no rio, ”Tango da vida”, em moda na época, 17.04.1938.
Foi o que estar registrado no livro acima como “a marcha dos dez dias”, ocasião em que Virgolino passou dez dias excursionando no agreste de Alagoas, com mobilização de todas as volantes do estado.
Foi encurralado no povoado Jirau em dia de feira, pelo sargento da cidade de Batalha, Waldemar Góis. Lampião estava com mais 17 comparsas, inclusive com Maria Bonita, que não era mais respeitada nos seus mandados, pelos cabras. O sargento, mesmo baleado no combate, continuou como um leão na luta. Lampião bateu em retirada deixando as montarias, arranjadas no lado alagoano, desde o início da marcha dos dez dias.
Sofrendo uma perseguição intensa, o bandido, após os dez dias, ganhou às terras de Pernambuco.
Corrija-se o erro e se faça justiça. O último combate de Lampião foi “O combate do Jirau” no Agreste de Alagoas, em 18.04.1938, três meses antes da sua morte.
Vamos ao segundo erro. O escritor errou quando disse que Maria Bonita tinha olhos azuis. Nem quero comentar outras coisas que se fala até em holandeses. Maria Bonita era morena clara, cabelos pretos lisos e olhos castanhos escuros. Laudo do legista, Dr. Lages Filho, após exame na cabeça de Maria Bonita. Maceió: 03.08.1938.
Esclarecidos os fatos, humildade com a divulgação das fontes. Pois já vi publicações nossas, como se fosse de quem as divulgou com outras palavras, sem citar a fonte. Obrigado aos leitores pela compreensão.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

MORRE CLEMILDA



MORRE CLEMILDA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2014
Crônica Nº 1.312

CLEMILDA. (Foto: TV de SERGIPE).
No momento em que estávamos, lentamente, nos preparando, eu e “MM o Imperador do Forró”, para uma visita a Clemilda, eis que sai a notícia da sua morte. Foi publicado:
“Morre em Aracaju a cantora Clemilda Ferreira, ícone da música nordestina. Ela enfrentava complicações de um derrame cerebral e pneumonia. Com 50 anos de carreira, Clemilda cantou sucessos do forró
A cantora Clemilda Ferreira da Silva, de 78 anos, morreu na madrugada desta quarta-feira (26) em um hospital particular de Aracaju. A forrozeira enfrentava complicações de um segundo derrame cerebral sofrido em maio deste ano, desde então ela passou por vários hospitais, inclusive por Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O estado de saúde se complicou com a ocorrência de uma pneumonia.
Apesar de alagoana, a forrozeira se consagrou como um dos maiores ícones da música sergipana com 50 anos de carreira, gravação de 40 discos e seis CDs. Ela tem dois discos de ouro e dois de platina.
Em 1985, Clemilda ficou conhecida nacionalmente após o sucesso ‘prenda o Tadeu’. Nesse mesmo ano ganhou o primeiro Disco de Ouro e em 1987, o segundo prêmio veio com o LP ‘Forró Cheiroso’, mais conhecido como ‘Talco no Salão’”.
É doloroso falar sobre Clemilda, nesse momento, uma cantora que estava ao lado dos grandes do Nordeste; Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês e Jacinto Silva (este alagoano). Falamos outra vez aqui em Clemilda e sua voz “amundiçada” e simpática. Sempre fui um ardoroso fã dessa cantora alagoana, radicada em Sergipe. O Nordeste musical fica mais pobre e o céu enriquece-se com a triunfal chegada de Clemilda. Que Deus cuide bem da sua alma.





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O MUNDO GREGO



O MUNDO GREGO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2014.
Crônica Nº 1.311

“O conhecimento científico desenvolvido por estudiosos gregos da Idade Antiga influenciou por muitos séculos as sociedades europeias. Uma demonstração disso é o fato de artistas europeus de diferentes épocas terem criado obras em homenagem a sábios da Grécia, mesmo tendo vivido muito tempo depois deles. As obras a seguir são exemplos disso. Em A escola de Atenas estão representados alguns dos principais filósofos e cientistas gregos da Antiguidade, como Platão e Aristóteles na cena central da obra. Já A morte de Sócrates representa a dignidade e a tranquilidade do filósofo Sócrates em seu leito de morte.
O teatro também foi uma criação dos antigos gregos e era muito apreciado, principalmente na cidade de Atenas. Em teatro ao a livre, encenavam-se histórias trágicas ou cômicas. Não havia cenários ou efeitos especiais. Os atores eram sempre masculinos e usavam máscaras para expressar as características e os sentimentos dos personagens. O público grego apreciava as peças teatrais de autores como Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes, que continuam sendo encenados no mundo inteiro.
Dentre os povos do Ocidente Antigo, os gregos foram os primeiros a registrar por escrito a própria história. Fizeram descrições de batalhas, de cenas cotidianas, de decisões tomadas nas assembleias populares, etc. A palavra história é de origem grega e significa investigação, informação.
As obras literárias, filosóficas e científicas dos antigos gregos divulgaram seu idioma por várias partes do mundo antigo, influenciando outras línguas e culturas. A língua portuguesa, por exemplo, tem inúmeras palavras de origem grega: democracia, biografia, geometria, paleontologia, arqueologia, politeísmo, monoteísmo, teocracia, geografia, biologia etc”.
(VAZ, Luisa Vaz & PANAZZO, Sílvia. Jornadas. hist. São Paulo, Saraiva, 2013).

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terça-feira, 25 de novembro de 2014

PUNHAIS CANGACEIROS



PUNHAIS CANGACEIROS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2014
Crônica Nº 1.310


Agora na fase final, escrevendo o livro Maria Bonita, chamou-me a atenção as imagens dos punhais cangaceiros.
Os punhais, existentes há muito séculos, adquiriu uma forma especial no Brasil, principalmente na indumentária cangaceira do bando lampiônico, muito parecido com o punhal utilizado na época no Rio Grande do Sul.
Em diferentes tamanhos essa arma branca foi bastante usada nas cintas dos cangaceiros, como forma de ostentação, vaidade e poder.
Os fornecedores desse tipo de arma, não só para o bando de Virgolino, mas para qualquer cidadão que quisesse adquiri-la, seriam os próprios fabricantes que trabalhavam caprichosamente em suas rudes tendas em várias partes do Nordeste, principalmente no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O cangaceiro usava facas, facões e punhais. As facas eram utilizadas para o cotidiano como de qualquer família, no lar. Os facões, principalmente para abrir passagem nas veredas e em tarefas que precisassem de uma arma mais rude e robusta. O punhal, unicamente para sangrar a sua vítima.
A vaidade fazia encomendar punhais de ótima lâmina e caprichado trabalho no cabo, que podia se de ou conter, níquel, ouro, chifre, osso, marfim, prata, conforme o poder aquisitivo de quem os encomendasse.
Na rudeza daquele mundo semiárido, fora e dentro do cangaço, famílias que se matavam entre si, aceitavam a morte como coisa do mundo masculino. Tanto se matava como se morria, tudo era coisa natural da ignorância da época. O que não se admitia era que a vitima fosse sangrada, pois um homem não se sangra como um porco ou outro animal. Era uma ofensa grave esse procedimento. O ato de sangrar pessoa era, então, considerado desmoralizante, daí ter havido muitas vinganças no semiárido, em pagamento com a mesma moeda.
Mesmo, já nos anos 60, belíssimos punhais de cabo trabalhado, eram ainda exibidos e vendidos, livremente, nas bancas das feiras nordestinas. Respondendo à pergunta: “De onde vêm esses punhais?” A resposta quase sempre era a mesma: “Do Juazeiro do Norte”.



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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ESPINHOS NA ESTRADA



ESPINHOS BENDITOS
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2014.
Crônica Nº 1.309
Vamos hoje passar a palavra ao saudoso escritor santanense, Raul Monteiro.
“No verão os campos dos nossos sertões, por natureza áridos, tornam-se nus e causticantes. O solo pedregoso, fica exposto à inclemência dos raios solares, que ali raramente sofrem interferência, deveras providencial, de nuvens que passeiam no firmamento atenuando os rigores caloríficos da estiagem.
Aqui e ali se alteiam paradoxalmente, no espaço cinzento da paisagem, as verdes copas de juazeiros e quixabeiras, que, como uma bênção de Deus, dão com prodigalidade, sombra, flores e frutos, num verdadeiro desafio ao sol intenso e constante, que cresta os outros vegetais, notadamente arbustos e gramíneas.
As aves e os pequenos animais, salvam-se com frequência, não apenas da insolação, mas também da fraqueza extrema e da morte por inanição, graças à presença dessa árvores. Elas resistem milagrosamente ao martírio da seca, parece que em favor dos gados mirins, que por sua vez dão leite e carne aos também sofridos donos ou proprietários.
Faz gosto vermos esses vegetais frondosos, que embora espinhentos, são um refrigério na vida agoniada da miunça leiteira. É que, como as abelhas bravias que defendem no tronco oco das árvores antigas o mel de sua produção, os espinhos desses vegetais impedem que a mão predatória do homem desfaça a fonte da salvação que deles brota, durante a seca em prol da criação pequena, composta de ovinos e caprinos.
No campo sensório de todos nós, há também aridez e desertos.  E há igualmente (graças de Deus), juazeiros e quixabeiras da salvação, verdadeiros oásis que são uma afirmação inequívoca da presença de Deus na Natureza.
Aqui, a aridez desértica é representada pela indiferença dos que veem, mas não sentem o sofrimento alheio, ao passo que a alma humana movida pela compaixão e pelo atendimento, configura o refrigério das árvores que abrigam os pequenos animais e as aves que as procuram.
É a força suprema de Deus, expressa na Natureza aos nossos olhos”.
(MONTEIRO, Raul Pereira. Espinhos na estrada. Campina Grande, Caravela, 1999.)

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