quarta-feira, 31 de outubro de 2018

MANGAS E CAJUS


MANGAS E CAJUS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.997
IMAGEM: DIVULGAÇÃO.

Chegou o mês de novembro. O mês dos ventos fortes no Sertão. As mangueiras botam cachos, botam flores, enfeitam-se como belas noivas aguardando o Natal. De Maceió ao interior longínquo faz gosto observar o balanço dos manguezais floridos. Chamam atenção em Maceió, Palmeira dos Índios, Maribondo, Belém, no Cabeça d’Anta... No São Francisco surge à bela e saborosa Manga Maria, cujo volume é um almoço completo. Aí vem o desfile da fruta com suas variedades: Rosa, Maria, Espada, Gobom e outras produzidas para a indústria. O tempo já se sabe decorado. Novembro a fevereiro a manga domina a paisagem agrícola e complementa bem a alimentação do povo.
Mas não é somente a manga quem manda e faz a festa. O caju é o seu companheiro nos meses citados. Os cajueiros também vão se mostrando belos entre as cores amarela e vermelha. E se esses frutos são doces, o atestado pertence ao povoado Areias Brancas do município de Santana do Ipanema ou de grande área plantada do Olho d’Água do Casado. O caju amarelo é doce. O vermelho é travoso. Mas o provador de aguardente disso não quer saber. É encher a boca d’água vendo os frutos no pé e o carro com velocidade. E haja, nessa época, glosadores de copo no balcão, dedos no caju e tempero na goela. Mas nem só do caju morde que bebe.
Quando o ano é bom de safra, a vitamina C preenche os lares sertanejos. Até mesmo a idade das pessoas é medida em cajus. Quem possui os seus pomares fracos ou fortes faz a festa debaixo das galhadas. As folhas dos cajueiros são por natureza bordadas e multicores dando pompa à árvore que acena ao longe. Chupa-se o caju, vende-se a castanha unindo-se o útil ao agradável.
O final do ano vai chegando assim acompanhado pelo aroma das frutas tropicais. Quem não tem fazenda, contempla os frutos da beira da estrada. Não importa se o cajueiro é de Pirangi, o maior do mundo, nem se ele é do vermelho ou do amarelo, vai ao suco, vai à polpa... Vai ao copo.
Bote uma aí, bodegueiro!.










                                                                                              

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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

GEO-HISTÓRIA NA RUA DA POEIRA


GEO-HISTÓRIA NA RUA DA POEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.996

PARCIAL DO Cj. SÃO JOÃO. (Foto: B. Chagas).
Em 1926, Lampião invadia a zona rural de Santana do Ipanema. O futuro escritor Breno Accioly, ainda criança, foi mandado em automóvel para Palmeira dos Índios. O povo santanense começou a organizar a resistência com o Tiro de Guerra 33, policiais da Cadeia Velha e civis. Rifles foram distribuídos, sendo feita a barricada na chamada Rua da Poeira, atual Manoel Medeiros. Estavam na organização homens como Joel Marques, Pedro Agra e o próprio sacerdote Bulhões. Tempo de inverno e noite completa na trincheira, mas Lampião não tentou invadir a cidade. A Rua da Poeira foi trecho da estrada construída por Delmiro Gouveia, da Pedra a Palmeira dos Índios.
Mudando da História para a Geografia, a Rua pavimentada com paralelepípedos, não deixou de ser Rua da Poeira. O Conjunto São João e imediações da Escola Helena Braga, ainda recebe poeira da Rua Manoel Medeiros. Mas existe uma poeira fininha e preta levada pelo vento, proveniente dos quintais das casas que têm fundos até o rio Ipanema. Essa poeira é proveniente dos remansos das grandes cheias de outrora. Assim como o vento transporta areias das dunas, faz o mesmo com a poeira preta dos quintais. A areia fina é semeada nos telhados, e nas partes descobertas do Conjunto. As varridas são frequentes. Durantes as chuvas desce o pretume das telhas, que depois seca e precisa ser varrido.
Fazer o quê? O fenômeno descoberto por nós daria um  estudo vivo para o alunado da matéria geográfica. Assim, bom é começar os trabalhos com os problemas locais e ampliá-los para estados e regiões. O laboratório é a própria Natureza que precisa ser compreendida e respeitada.
A nós do Conjunto São João e imediações, restam à vassoura e a faina diária para remover a poeirinha preta; herança cabulosa das grandes cheias do rio.

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PRIMAVERA/VERÃO


PRIMAVERA/VERÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1995

SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS)
Muito alta a temperatura no sertão alagoano. No último sábado e no domingo, meu senhor, foi mesmo de torrar. Com tanto calor assim, desenha-se uma trovoada, mas o céu limpo e azul nada promete. E se dentro de casa procura-se o melhor lugar, quase não tem. O jeito é tomar banho que ainda é uma saída. Ao amanhecer nada mostra esperança de uma boa chuvarada. Assim vamos fazendo uma transição difícil até a próxima estação que não alisa como a primavera. O inverno chegou antecipado e curto. Volta-se mais uma vez a enfrentar os rigores do clima nesse sertão velho de meu Deus. Ainda bem que as adutoras em todas as regiões aliviam o cotidiano da dona de casa.
Na paisagem agrestina de Palmeira dos Índios, cavalos e vacas nos cercados de capim seco. Mais adiante animais lambendo a poeira cinza sob um céu causticante. Em Cacimbinhas, a meninada banha-se no açude público que vai resistindo. Carros de boi e carroças cercam um chafariz procurando levar água para a redondeza. Em Dois Riachos, carroças e mais carroças de burro transitam pela BR-316 em busca do precioso líquido. São os conhecidos tonéis azuis de plástico forte, conduzidos até em carroças de jumento. E o sol tinindo de quente, queima o mato próximo, resseca a vegetação dos montes.
Em Santana do Ipanema nada muda, porque o inverno foi o mesmo para todos. Imaginemos, então, como se encontra o Sertão do São Francisco com Pão de Açúcar liderando na temperatura! Delmiro Gouveia, Canapi... Vão provando o gosto amargo da estiagem. O Canal do Sertão ajuda, mas não muda o tempo rigoroso por todos os lugares. Assim vamos aplaudindo a Natureza e seus caprichos; hoje queimando tudo, amanhã refrescando e trazendo o verde de volta aos campos.
Orgulho de ser sertanejo.

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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

SEJAM-BEMVINDOS OS POÇOS



SEJAM BEM-VINDOS OS POÇOS
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.993

(FOTO: JEAN SOUZA - DIVULGAÇÃO)
A luta sertaneja nordestina pela água faz criar situações as mais diversas, tanto pelo sertanejo quanto pela tecnologia que avança pelo mundo todo. O sertão procura água nos pilões de pedras, barreiros, cacimbas de riachos secos e açudes. As cisternas fornecidas pelo governo facilitam a captação das chuvas e asseguram a reserva de água potável por determinado tempo. Tudo ajuda na busca diária pelo precioso líquido. O Canal do Sertão – quando for concluído – será uma obra gigantesca que atenuará as agruras do camponês. Entretanto, o Canal não resolve todos os problemas da seca como se pensa. Nem somente de água vive o homem. A água mata a sede, mas não mata a fome. Não existe canal de alimentos por aí.
Têm sido criados poços artesianos no Sertão em locais onde a água oferece condições de consumo. Mas conhecemos vários casos de festas nas inaugurações e abandonos de poços. Tudo por pequenas coisas como a quebra de uma peça, falta de manutenção e até desprezo. Volta-se, então ao marco zero. Com tecnologia avançada, surgiu o sistema de Dessalinização. Retira-se a água salobra do subsolo e separa-se o sal. O segredo do sucesso é a manutenção.
A Prefeitura de Santana do Ipanema acaba de entregar a comunidade Camoxinga dos Teodósio, em parceria com o governo do estado, um poço artesiano com três reservatórios. A capacidade de armazenagem é de 60 mil litros de água com um sistema de dessalinização.
Mais de 100 famílias serão beneficiadas com água potável naquela localidade, afirma o que foi divulgado. Os tempos de estiagem prolongada não respeitam o pediplano nem a região serrana. Uns choram mais, outros sofrem menos, mas todos são vítimas da seca. Vizinho ao sítio Camoxinga dos Teodósio, em 1940, foi aberto um poço no riacho Camoxinga para captação de água contra uma seca braba. A água deu salobra e o lugar até hoje é chamado Poço Salgado. (Pesquisa inédita).
O prefeito de Santana do Ipanema marca assim uma obra pequena para quem não precisa; enorme e vital para a Camoxinga dos Teodósio. É motivo de mais parabéns para o gestor, num olhar crítico e isento de quem torce por tudo de bom que é feito na terra de Santa Ana.

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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

MUITO BEM GOVERNADOR


MUITO BEM GOVERNADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.992
Governador Reeleito Renan Filho.

A vitória do governador Renan Filho, quase sem adversário, foi como ele mesmo disse: O reconhecimento da sua administração. Estamos vindos de uma sequência de governadores indiferentes, péssimos, fraquíssimos que nem cabo de vassoura. Nem gostamos de falar em política em nossos escritos, para não dá a impressão de odiento ou de bajulador. Mas na hora de falar do errado, nós falamos, assim como elogiamos o que foi feito de proveitoso. Os bons administradores foram ficando tão raros que nem tínhamos mais esperanças nos homens da terra. Analisamos fatos como cidadãos comuns que vivem o cotidiano do nosso estado com análise isenta de partidarismo: fez, fez; não fez, não fez.
Está certo quem diz que o governador não foi bom para o Magistério, a minha categoria, mas foi dinâmico na infraestrutura do estado. Faz gosto hoje a qualquer visitante rodar por Alagoas, por suas estradas bem cuidadas da capital aos recantos dos sertões. Houve uma mudança radical no modo de vê as coisas de cima para baixo. A transformação que aguardávamos há décadas chegou e Alagoas voltou a ser o tal “filé de Nordeste”, como se dizia, antigamente. Existe, porém, outro desafio na segunda gestão do governador. Vamos ficar vigilantes para que o sucesso do primeiro seja o êxito do segundo.  Quanto mais trabalho mais crédito, pois a população, hoje em dia encontra-se bem informada.
Dizia meu pai, comerciante experiente e admirador de um ótimo governante: “Administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. Vamos aguardar a segunda gestão do Renan Filho. Tem tudo em suas mãos para dá certo. Alagoas precisa de paz e boa estrutura, confiança assegurada nos seus governantes, para alcançar uma posição invejável no Nordeste. Os maus – em tudo – estão aos poucos deixando o poder pela vigilância popular. Ainda falta, é verdade, uma limpeza grande, mas essa eleição já começou com uma vassourada boa.
Ê “mundo ‘véi’ sem porteira!”.
É bom ser povo.



                                                                                                                                

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