terça-feira, 30 de abril de 2019

PONTE DO URUBU (II)



PONTE DO URUBU (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2019
 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.102
 Na crônica de ontem, mostramos o maravilhoso trabalho realizado na área da Ponte do Urubu. Pois bem, agora mostramos – como geógrafo e santanense – o que mais falta para complementar à obra do prefeito Isnaldo Bulhões. Ontem dissemos duas coisas: o asfalto no entorno e o plantio de 500 árvores no ambiente. Nada mais fácil.
No entorno da obra realizada escorre o riacho Camoxinga. Este possui uma passagem molhada sobre o riacho, a montante, que liga por dentro o Bairro Camoxinga ao Bairro Artur Moraes. Um pouco mais abaixo, a famigerada Ponte do Urubu. No trecho de aproximadamente 500 metros, o riacho Camoxinga construiu com o remanso do rio Ipanema e seu represamento toda a área que estamos falando. Formou-se ali uma pequena planície de areia fina e preta compactada, cerca de 15 metros de altura. Para ter acesso ao rio Ipanema, após a parte obstruída, o próprio riacho Camoxinga teve de escavar uma ravina que vai da passagem molhada até a sua foz. Hoje esse trecho serve de esgoto a céu aberto e de lixeira com direito a tudo. A situação piora por ser área complemento das feiras semanais.
O que precisa ser feito, então? Primeiro, uma ponte de vergonha no lugar da passagem molhada. Segundo, Muro de arrimo em ambas às margens do Camoxinga desde a passagem molhada, passando pela Ponte do Urubu, até a sua foz. Isso transformaria o trecho em canal, semelhante ao riacho Salgadinho de Maceió. Terceiro, duas opções para o canal depois de feito: deixá-lo sem cobertura ou cobri-lo. Sem cobertura o futuro canal ficaria a mercê de novo entulhamento com a areia marginal e o lixo incrível jogado no leito, além da fedentina dos esgotos e fossas que ali despejam. A opção de cobertura teria que ter um sistema de filtro antes da passagem molhada.
Estão aí às sugestões levantadas na área que enquanto não forem realizadas, a beleza da obra construída não será capaz de finalizar a repetição das multidões de Ponte do Urubu.
Mais uma vez (sem puxar saco de ninguém – expediente ridículo) parabenizo o arrojado e belo empreendimento do gestor Isnaldo Bulhões.
Quanto à continuação dos trabalhos que atenda o sugerido acima, somente o prefeito saberá responder.
(FOTOS: B. CHAGAS).

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segunda-feira, 29 de abril de 2019

UFA! ESPAÇO CÔNEGO BULHÕES


UFA! ESPAÇO CÔNEGO BULHÕES (I)
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.101


Não compareci a inauguração do Espaço Multe Eventos Cônego Bulhões, em Santana do Ipanema. Entretanto, fui olhar de perto para contar de certo no domingo passado. Pena a hora inconveniente para fotos, mas, para bem informar fiz o que pude. Fiquei de fato de boca aberta com a grandeza da obra que esperou mais de uma década pela realização. O amplo terreno no centro da cidade fazia parte das terras adjacentes à casa do Cônego José Bulhões e a ele pertencia. Faz parte da foz do riacho Camoxinga que corta essa área e deságua no rio Ipanema. Todo o terreno, alto e arenoso, é fruto de represamento das águas do Camoxinga pelo rio Ipanema (tese nossa). Abandonado há muito, era lixo e capoeira dos quintais de parte do comércio e do casario que o imprensava.
A área construída tem espaço central que cabe milhares de pessoas. O lado mais alto dispõe de arquibancada, bancos e passarelas. O lado de baixo chega perto do riacho Camoxinga. O acesso é fácil com três entradas e saídas em torno, que ainda são de terra. Focando apenas a parte construída, a transformação da paisagem foi uma realização incrível. Além de transformar o abandono em lugar belo e decente, resolve-se a antiga questão de espaço para eventos quando a prefeitura interditava trechos de avenidas centrais causando transtorno à população. Taí uma obra que pode orgulhar o santanense. Entretanto, nota-se de primeira a falta de espaço verde que a própria obra reclama e chama para si. Tenho impressão que isso será feito na fase seguinte onde mais de quinhentas árvores podem ser plantadas ao longo do riacho e no entorno do espaço já garantido.
Faltou também o asfalto e que agora cabe ditar regra para que o casario que invadiu o espaço antes da construção, não venha a se transformar num labirinto. Esperamos que o espaço em público construído, não se transforme em novo loteamento para comércio. Caso haja relaxamento tudo ali se transformará em camelódromo. O prefeito Isnaldo Bulhões pode muito se orgulhar do espaço construído, Cônego Bulhões.
Amanhã falaremos da Ponte do Urubu, isto é, do arrojado plano para quem quiser continuar os benefícios que faltam por ali, a coroação do que já foi feito. (FOTOS: B. CHAGAS).

 


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domingo, 28 de abril de 2019

PALAVRAS E EXPRESSÕES SERTANEJAS


PALAVRAS E EXPRESSÕES SERTANEJAS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.100

MATA-BURRO. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Esclarecendo palavras sertanejas nordestinas: aió, mata-burro e peia.
Aió. Artefato entrançado de fibra de caroá. Servia como bizaco de caçador, uso a tiracolo e alimentador de cavalos. Colocava-se milho no aió que era pendurado à cabeça do equino como ração extra para viagens. O homem que usava aió, não sendo caçador, era desprezado nos tempos dos coronéis, chamado “cabra de aió”; aquele que não vale nada, sujeito reles, ordinário, sem confiança.
Mata-Burro. Lastro de ferro vazado que se coloca sobre valeta para impedir a passagem de muares e outros animais de porte. Ainda é usado em entrada de fazendas, desvios de estradas para desencorajar a fuga ou entrada de gado por ali. Caso o animal insista poderá prender ou quebrar a pata. Esse lastro também pode ser de madeira, concreto e mesmo de aço (uso mais recente) muito mais forte e durável.  O mata-burro era muito usado na zona da Mata nos tempos dos almocreves ou tropeiros.
Existe um povoado em Alagoas, próximo a Palmeira dos Índios, que herdou o nome Mata-Burro. O povoado Mata-Burro é cortado pela BR-316.
Peia. A princípio é um objeto, relativamente curto, formado de corda volteada. É usado para ligar uma pata dianteira a uma pata traseira de cavalgaduras. Isso faz com que o animal solto não se distancie muito ao ser procurado pelo dono.
 Como segundo significado é o pênis dos animais, também extensivo ao do homem na linguagem chula.
  O pênis do touro, arrancado e limpo, colocado a secar, fica só o nervo. É chamado peia ou bimba-de-boi, muito usado pela polícia para bater nos presos. Os escravos também apanhavam de bimba-de-boi. Atribui-se a este tipo de surra, como dor intensa o que levava suas vítimas a urinarem durante a surra.
No sertão ainda se chama o homem sem caráter de “cabra de peia”, isto é, merecedor de uma surra de peia ou bimba-de-boi.
É ainda viva a expressão, “entrar na peia” em referência a surrar alguém ou, no caso referente à mulher, aguardar ato sexual. “Fulana vai entrar na peia” (chulo).
Ê SERTÃO VELHO SEM PORTEIRA!...







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sexta-feira, 26 de abril de 2019

HISTORIANDO NA FILA


HISTORIANDO NA FILA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.099

RUÍNAS DA IGREJA DE SÃO JOÃO EM 1994. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
E enquanto se aguarda na fila o dever com a saúde, entra-se também na conversa alheia. A mulher da frente diz que a sogra não quer vacina contra a Influenza. Repassamos os inúmeros conselhos para se proteger da gripe que matou milhões de pessoas desde a I Guerra Mundial. E nas palavras vamos até a igrejinha de São João no subúrbio Bebedouro/Maniçoba, em Santana do Ipanema. Erguida em 1917, juntamente como motivo de promessa ao santo, contra essa mesma gripe de hoje. Foi o senhor João Lourenço, morador local e grande promotor de festas no lugar, o responsável pela igreja. Trabalhava ele no artesanato em couro de bode produzindo chapéus juntamente com a família.
Devido as constantes notícias de mortes em massa, pelo mundo, procissões eram realizadas com velas acesas da igrejinha de São João até o centro da cidade.  A igreja do Bairro São Pedro – localidade mais próxima ao Bebedouro/Maniçoba – ainda não existia porque apenas fora iniciada em 1915 e somente concluída na década de 30. A igreja de São João foi profanada, mais ou menos na era 1960. Os santos foram retirados e o templo foi acabado ao abandono.  Minhas fotos mostram os seus estertores. O senhor João Lourenço, já idoso, veio a falecer devido às consequências de uma mordida de cobra jiboia, conduzida por um soldado do Coronel Lucena. O praça, além da bebida, havia surtado e percorria a feira com a jiboia retirada do quintal de Lucena que criava animais presenteados. O praça, ao passar por Lourenço, jogou a cobra estressada nas suas partes íntimas.
Não sei se consegui sensibilizar a senhora da fila para tentar convencer a sogra pela opção da vacina Mas, de qualquer maneira contei a narrativa, episódio da cidade e exclusiva do nosso livro: “O boi, a bota e batina; história completa de Santana do Ipanema”.
Fila também é lugar de “casos” e me faz lembrar o compositor que fala sobre o canário-do-reino, lembra-se?
Fui.







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quarta-feira, 24 de abril de 2019

LAJEIRO GRANDE


LAJEIRO GRANDE
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.098
 
LAJEIRO GRANDE. (FOTO: B. CHAGAS).
Guardando as devidas proporções, o Bairro Lajeiro Grande, em Santana do Ipanema, é um Jacintinho na sua periferia. E como todos os bairros daquela cidade, tem sua história contada minuciosamente no livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”. No decorrer da sua expansão, novos nomes surgiram nas parcelas, saídos da boca popular: Rua das Pedrinhas, Quilombo, Lajeiro do Padre Cícero, dona Agentina... E assim por diante. O lugar é o mais elevado da urbe fazendo parte da chamada cidade alta, de Santana. Além do bonito lajeado que lhe empresta o nome, muitos matacões foram anexados aos quintais. Tem semelhança com os bairros Bebedouro/Maniçoba, ao longo do rio Ipanema, repleto de lajeiros e jardins.
E tudo começou quando resolveram construir ali um cemitério porque o local era muito afastado do centro. Ora, foi o próprio cemitério que formou o bairro, puxando o casario da parte baixa para a sua vizinhança. Reforçaram o povoamento na área, a construção do Estádio Arnon de Mello e uma igrejinha no topo do lajeiro enorme como motivo de promessa ao padre Cícero Romão  Batista. A construção da COHAB defronte ao cemitério – chamada depois de COHAB NOVA – foi decisiva para a grande expansão que não para mais. A construção de um segundo cemitério em um sítio distante, o Barroso, parece surtir o mesmo efeito do primeiro. A periferia puxa o casario em direção daquele sítio que é plano e repleto de chácaras.
Loteamentos foram feitos em torno do Lajeiro Grande e uma parte desceu até perto do Complexo Educacional, parte baixa do Bairro Camoxinga. Por enquanto, o Bairro Lajeiro Grande – desmembrado do Camoxinga – também está sendo reconhecido pelo povo com diversas denominações. Um comércio florescente ganha corpo a cada dia, ao lado e por trás da CONHAB NOVA, emendando com o comércio da Camoxinga baixa que sobe pela Rua Santa Sofia. Dificilmente um visitante vai ao Bairro Lajeiro Grande, concentrando-se apenas no centro da cidade.  O pesquisador vai e informa, porque os encantos das pesquisas estão na periferia.
Quer saber mais? Indague.

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