quinta-feira, 30 de maio de 2019

A VEZ DE MARINHO - CAJARANA


A VEZ DE MARINHO – CAJARANA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.119

HOSPITAL DE SANTANA, O GIGANTE DA COLINA. (FOTO: B. CHAGAS).
Inspecionando minha terra, vejo a notícia sobre pavimentação nos lugares de grande pobreza. Abandonados à própria sorte, por décadas, os conjuntos habitacionais Marinho e Cajarana começam a deixar a UTI. Marinho é conjunto construído nas antigas terras do senhor Marinho Rodrigues. Cajarana por ostentar bela árvore cajarana no início da rua. Marinho fica ao lado do hospital regional e Cajarana, por trás. A rua do hospital, antes repletas de casebres, acha-se em plena mudança virando comércio. As duas acima citadas, pagando o ônus do desprezo. Pois a notícia é que o Conjunto Marinho já se encontra pavimentado e que o benefício começa a se estender pela Cajarana. Esta sofreu e talvez ainda sofra com a fossa do hospital assoberbando e escorrendo por ali.
A Cajarana é uma rua comprida que vai até a parte baixa do Bairro Floresta com ótima largura. Com a pavimentação poderá tornar-se a avenida mais bela do bairro e opção de acesso ao hospital e a UFAL que são vizinhos. O calçamento é básico, mas poderão surgir praças, quadra esportiva e outros motivos de lazer. Assim como na rua da frente, poderão surgir oportunidades contra a pobreza com novo comércio, uma vez que a cidade bota para correr as indústrias que aparecem. A cidade, vírgula. Assim, é bem chegado, após a pavimentação, o mercadinho, a farmácia, o açougue, a pousada e outras prestações de serviços, geradores de emprego para levantar o orgulho e a dinâmica do lugar.
A pavimentação valoriza prédios e áreas baldias de imediato. Os benefícios vão aparecendo tanto por parte da prefeitura quanto pelos empreendimentos particulares. A pobreza total entra em decadência e surge o porvir para uma população amante do trabalho. Outros lugares de extrema pobreza de Santana do Ipanema, já foram beneficiados com pavimentação, o que minimiza os sofrimentos com chuvas de inverno e poeira de verão. Ações dessa natureza aplainam, mesmo com algumas diferenças, as oportunidades de bairros pelo respiradouro.
Os bairros Camoxinga e Floresta foram antes procurados pelas terras baratas. Na Camoxinga não é mais assim e, em breve na Floresta também será. Oportunidade para todas as regiões urbanas faz parte de uma boa administração.
Boa sorte para a cidade.

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quarta-feira, 29 de maio de 2019

FREI DAMIÃO E O MEU NORDESTE.


FREI DAMIÃO E O MEU NORDESTE
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.118


FREI DAMIÃO. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Frei Damião de Bozzano gostava de pregar no Sertão das Alagoas. Fazia sermões, confessava, celebrava, estava sempre à frente dos desfiles. Conseguia arrebanhar multidões de devotos jamais vistos em outros tipos de eventos. Quando estava atendendo filas infindáveis, recebia ofertas em dinheiro vivo – que jamais contava – colocando-as de imediato no seu bolso fundo. Em uma dessas ocasiões, o frei acabara de receber mão cheia de cédulas. Antes de colocá-las no bolso, o próximo fiel pediu uma ajuda financeira. Damião transferiu a quantia recebida, imediatamente, para as mãos do pedinte. Este também nem chegou a contar e disse: “é muito pouco, meu padrinho”. Conforme a ocasião, o freio sabia dar esporros, mas dessa vez apenas meteu a mão nas mãos do avarento, arrebatou o que dera, guardando tudo no sua batina.  Voltou-se para o imediato da fila.
Outra ocasião, em São José da Tapera, uma senhora confessou-lhe que o marido era muito bruto. Estava com medo de ser agredida fisicamente e precisava de socorro. Frei Damião aconselhou-a a deixar o marido e viver com os filhos em outro lugar. A senhora respondeu que assim não poderia fazer. Perdendo a paciência, o frei a empurrou dizendo: “Então, morra peste”. Esse caso foi a nós relatado pela própria senhora do acontecido.
Uma das vezes em que Frei Damião de Bozzano chegou a Santana do Ipanema, foi na década de 60. Aonde chegava fazia chover. Não foi diferente em Santana que vivia prolongada estiagem. Uma procissão de automóveis e caminhões foi recebê-lo nas imediações de Olho d’Água das Flores. Quando a grande comitiva adentrou ao município de Santana teve início chuva prolongada seguida por uma cheia no rio Ipanema. Perdi carona nos veículos e atravessei o Ipanema no início da cheia, como menino, chorando de medo. À noite houve sermão na Matriz. No Cachimbo Eterno e Rua Prof. Enéas (Rua de Zé Quirino), forró topado. Os bailes acabaram com invasões de potós e muita gente queimada pelos bichos. Diziam que havia sido castigo pela falta de respeito ao Santo do Nordeste.
Foi um desadoro no Sertão.


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terça-feira, 28 de maio de 2019

GERALDO BULHÕES, O GOVERNADOR


GERALDO BULHÕES, O GOVERNADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.117
GERALDO BULHÕES (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)
Na década de 60, ainda como estudante, ouvi um discurso do maior orador que conheci na vida. Foi defronte ao estabelecimento de ensino Ginásio Santana. Enquanto pausava para beber água mineral, o jovem Geraldo Bulhões falava inspirado nos degraus daquela escola, a mesma em que passara como aluno, igualmente a que eu estava passando. Alguns anos depois, após ocupar a Câmara Federal (1971-91), tornou-se governador das Alagoas, gerando esperanças para a cidade em que nascera – Santana do Ipanema – e todo o território sertanejo. Na parte afetiva, a nossa família sentiu-se honrada com uma das primeiras providências do governador: Convidar meu irmão mais velho, Erivaldo Braga das Chagas – e que acabara de se formar em Medicina – para ser o Secretário de Saúde do estado. Querendo apenas a carreira médica o mano agradeceu, mas não quis seguir por caminho diferente.
Geraldo, apelidado GB, exerceu o mandato de governador entre os anos 1991-1995. Sucedeu a Moacir Andrade, sendo sucedido por Divaldo Suruagy. Seu governo foi muito polêmico, inclusive para com os professores, através de um comandante de triste figura que tentava destruir violentamente os movimentos dos mestres na Praça dos Martírios. Mas não estamos escrevendo para analisar o desempenho do seu governo e sim para lembrar que Santana do Ipanema teve um filho que chegou a governador. No apagar das luzes do seu mandato, criou a ESSER – (1994) Escola Superior de Ciências Humanas, Físicas e Biológicas do Sertão. Hoje se apresenta como UNEAL, Campus II, Santana do Ipanema.
Abria-se para todo o Sertão, a perspectiva do Curso Superior para os seus filhos, cuja cidade é hoje um Polo Universitário.
 “Filho de Benício Mendes Barros e Aquilina Bulhões Barros. Formado em Direito em 1963 e pós-graduado em Direito em 1965 pela Universidade Federal de Alagoas foi promotor de justiça adjunto em Pão de Açúcar e procurador em Maceió. Durante os governos de Luiz Cavalcante, João Tubino e Lamenha Filho foi incorporador, diretor financeiro e assessor jurídico da Companhia  de Habitação Popular de Alagoas e nela foi mantido como diretor financeiro acumulando também os postos de assessor técnico-jurídico e secretário do Conselho de Desenvolvimento de Alagoas”.
Particularmente, eu era um fã da sua coruscante inteligência e um dos seus seguidores na política.
Deus acolha a sua alma no reinado divino.


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TRABALHO INTERROMPIDO


TRABALHO INTERROMPIDO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.116

POÇO DA PEDRA. (FOTO: CHARLES CÉSAR)
Meus leitores sabem de um trabalho anunciado por mim, sobre os sítios de Santana do Ipanema com históricos e fotografias – coisa inédita no Brasil. Mais de sessenta por cento foi realizado. Entretanto, um pico hipertensivo e um atendimento fraco de autoridade, sobre um transporte, fizeram-me deixar tudo de lado. Este trabalho sobre a zona rural seria tão importante e revelador quanto à história da própria cidade, ilustrado com belíssimas fotos. Podemos falar: a redenção gráfica dos sítios e a autoestima dos seus habitantes. Sempre foi complicado fazer história sem sequer  uma companhia. São cerca de 130 lugares que teriam suas origens reveladas e estas origens se perpetuariam para esta e futuras gerações;
Quando este intento, parecia completamente sepultado, sou surpreendido pela foto no Face do poeta CharlesCésar, morador do sítio Poço da Pedra. O sítio Poço da Pedra está localizado em partes baixas e mais altas do relevo da serra da Lagoa. É banhado pelo riacho Gravatá, um dos afluentes do rio Ipanema. Em suas imediações acha-se a serra do Cabeça Vermelha ou serra da Laje, novo ponto de esportes radicais como escaladas. Vendo a foto do amigo, bateu-me novamente a vontade de terminar e publicar o trabalho, nem que fosse de forma rude. O que você acha? A foto do poeta cordelista Charles, com o seu texto, revela a origem do nome do sítio, assim com estou fazendo com todos os 130 outros. O lugar é chamado por causa de um poço do riacho Gravatá, formado em local onde havia uma pedra de forma cilíndrica e sombreada por algumas árvores.
Estou perto de encerrar a minha prioridade que é inaugurar a biblioteca da Escola Estadual Profa Helena Braga das Chagas. Ao terminar esta missão, quem sabe, com a ajuda física e logística de alguém, o trabalho histórico, geográfico e social não possa continuar com êxito!... O negócio, companheiro (a) é que ninguém oferece um copo d’água para ajudar nas pesquisas. Quando se publica é fonte para o município e Brasil inteiro. Chove parabéns que a mim parece o amargor da culpa.
Obrigado pela sua atenção.



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domingo, 26 de maio de 2019

RECADASTRAMENTO


RECADASTRAMENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.115
PRAIA AVENIDA DA PAZ. (FOTO: BRUNO TENÓRIO).
Sem ter como fugir à convocação do governo estadual, lá se vão os matutos para Maceió. Um caminho que parece mais fácil é recadastrar o servidor no seu próprio município ou região, evitando despesas com alimentação e passagens. Mas o chamamento dos aposentados é para a capital e pronto. Não se recadastrou, cabra velho, não recebe o quinto do que você merece. O melhor mesmo é juntar os panos e partir, pois, segundo o sertanejo, “o pouco com Deus é muito”.  Estamos no meio das levas que irão até a Avenida da Paz para a prova do “ainda estou vivo”. Sangue geográfico, vamos observando a vegetação, o tempo, olhos grudados nas serras que ornamentam este maravilhoso solo alagoano.
E ali perto das Lojas Americanas, aproveitamos para lançar um olhar comprido para o oceano.  O dever chama e vamos penetrando na estrutura de vidro onde um enxame de gente procura a salvação. Verdade seja dita, um atendimento raro jamais visto por essas bandas. Recepção imediata para quem chega rápida triagem de documentos, guia para levar a uma sala, guia para levar a segunda sala, eficiência nos guichês e, num piscar de olhos você está recadastrado. Papelada em dia, você se afasta pensando em aproveitar o tempo restante na capita. Da nossa parte vamos até o IPASEAL acertar pepinos até que o meio-dia futuca a fome guardada.
Procuramos o Restaurante Marhiá, ali pertinho, casa típica com traçados regionais nas paredes e peças artesanais ornando até as mesas com objetos de barro e tábuas de carne. Ambiente nota dez (recomendo) e organização tão eficiente quanto fora a do recadastramento. O Sol vai pendendo para o poente e vamos aproveitando o comércio para os últimos retoques do dia, perto do “açude do governo”, o mar.
Final de tarde de um dia profícuo e cansativo quando um copo d’água, um banho reparador e um cochilo prolongado fazem toda a diferença.
Diz o velho Sertão de guerra: “Rapadura é doce, mas não é mole, não”.




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