terça-feira, 30 de junho de 2020


O ABRAÇO DO SÃO FRANCISCO
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.336


(CRÉDITO: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL).
Em meio a tantas notícias péssimas, chega alguma coisa mais agradável aos sentidos sertanejos: a verba para dá continuidade às obras do Canal do Sertão, maior obra hídrica de Alagoas. Iniciado no município de Delmiro Gouveia o canal é planejado para percorrer 250 quilômetros, de Delmiro a Arapiraca, isto é, passando pelo Sertão e entrando no Agreste. Foi dividido em oito trechos, dos quais três deles já estão funcionando plenamente, de Delmiro Gouveia a São José da Tapera, trechos I ao IV, com 123 km, sendo beneficiados  além de Delmiro, Água Branca, Pariconha, Mata Grande, Canapi, Inhapi, Olho d’Água do Casado e Piranhas. Foram registradas mais de 500 captações para atividades pecuárias e comunidades rurais. Essas são informações do Ministério do Desenvolvimento Regional encontradas no site Sertão na Hora.
Devido a grande importância da obra, achamos que as informações do andamento dos trabalhos – sonho e luta de mais de 40 anos – precisaria estar sempre na pauta das divulgações. Acontece tanto tempo de silêncio sobre o tema levando tudo para um esquecimento temporário que parece esfumaçado o projeto de redenção. Somente quem vive no semiárido compreende a importância desse trabalho que orgulha a engenharia brasileira. A realidade já apresentada é coisa fantástica com suas pontes, túneis, passarelas e extensão. Caso seja administrado com a competência que exige uma das maiores obras do mundo, o Canal do Sertão irá transformar aquele pedaço de Nordeste sofrido em “Terra de Leite e Mel”.
Alagoas recebeu agora, uma parcela de 36,04 milhões para a continuidade dos trabalhos, diz a divulgação. Passou voando por Santana do Ipanema que não foi contemplada em suas terras com essa extensão do “Velho Chico”. Não houve luta de políticos santanenses para defender sua inclusão na obra.  Isso, porém, é passado e o importante é que muitos outros municípios do alto sertão e da Bacia Leiteira foram incluídos. Esperamos que no final dos trabalhos a convivência com as secas ocasionais seja até motivo de orgulho e contentamento da fibra sertaneja, da raiz blindada e persistente por um futuro poderoso.




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segunda-feira, 29 de junho de 2020

SERTÃO DESCOBERTO


SERTÃO DESCOBERTO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.335

NOSTALGIA DA ROLINHA BRANCA.  (FOTO: B. CHAGAS).

      Igualmente à Floresta Equatorial, à mata Atlântica, o cerrado, os pinhais, manguezais e pampa, a caatinga continua perdendo a sua vegetação original.  A consciência de poucos vai perdendo terreno para os desrespeitosos da Natureza. Quando as quatro estações do ano eram regulares em nosso Sertão alagoano, o homem já perdia lavoura durante a primeira quinzena de agosto. Mesmo sendo julho o mês mais frio e chuvoso para nós, os primeiros quinze dias de agosto traziam o frio dobrado e, quando não era o frio que matava os feijoais, eram as pragas de lagartas. Atualmente a mudança do clima é tão sentida que o homem do campo e todos nós ficamos perdidos nas previsões.

     O desmatamento mais acelerado ou mais lento faz com que os animais selvagens que não morrem de fome, morram pelas mãos dos caçadores ou migrem para as cidades em busca de comida e abrigo. Assim é que a capital paulista se encheu de tantos passarinhos em suas avenidas arborizadas com restos de comida por todos os lugares. Em Maceió houve aglomeração para apreciar um casal de tucanos em pleno logradouro público. Sibites, bem-te-vis e até rolinhas saem das matas periféricas e das grotas em busca de comida e abrigo. Fazem ninhos nas plataformas dos altos postes e até nas varandas ajardinadas da capital. A alimentação é farta no lixo dos terrenos baldios e até nas praças e meio de ruas.
     Em nossa cidade, não é diferente. Antes os pardais, viraram pragas. Andam em bando e botam os outros pássaros para correr. Nem cantam que preste, é somente um chilreado nervoso e irritante   de terras portuguesas. Caso invadam seu telhado, os abrigos das biqueiras, você estará sem sossego por uma infinidade de tempo. Mas o desmatamento é tanto que outros pássaros resolveram enfrentar a agressividade dos pardais e também ocupam territórios urbanos em Santana. Beija-flor (bizunga, colibri), bem-te-vi, sanhaçu e até rolinha, vão aparecendo. A rolinha é muito caçada pelo sabor da carne. Acontece mais por aqui, a presença da rolinha branca (branca e cinza); mas tem a rolinha azul, a fogo-pagou e a caldo- de-feijão que preferem lugares mais quentes do semiárido. São criaturas dóceis, delicadas, que inspiram tristeza e nostalgia.
     Não resistimos a sua presença solitária na fiação da rua defronte a nossa casa. E lá vai “flash” ao invés de bala. Amar as coisinhas do Criador dos Mundos

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domingo, 28 de junho de 2020

NA TORRE DOS SINOS


NA TORRE DOS SINOS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.334
 
UM DOS ÂNGULOS VISTOS DA TORRE. (FOTO: LIVRO 230, PARTE NOSTALGIA/DOMÍNIO PÚBLICO). 
Confirmamos para uma pessoa interessada que o maior cartão de visitas de Santana do Ipanema, sem dúvida alguma, continua sendo a Matriz de Senhora Santana. A sua belíssima arquitetura resultante da segunda reforma dos anos 40, obedece às principais linhas da capela de origem de 1787. Santana ainda não é oficialmente uma cidade turística, mas a atração principal, no caso, seria o mirante do campanário onde abriga três ou quatro sinos perto dos 35 metros de torre. Logo acima dos sinos, está a engrenagem dos relógios gigantes das quatro faces do abrigo. Logo em seguida vem uma plataforma estreita e externa por onde se alcança a cruz no topo do edifício por uma escada de metal.
Para se chegar à torre dos sinos, galga-se cerca de trinta degraus de cimento até o chamado “coro da igreja”, um bom espaço onde o coral cantava ao som vivo de um órgão, tocado por dona Maroquita, irmã do padre Bulhões, o reformador da igreja. Daí para a torre dos Sinos, teríamos que subir uma escadaria de madeira. A segurança era pouca e, no campanário com as quatro bocas em forma de portas abertas sem uma única barra de ferro como proteção. Para se chegar até ali não era tão difícil. Difícil mesmo era não se encolher no local ao apreciar a paisagem nas quatro direções dos pontos cardeais. Estamos falando para quem tem medo de altura, como nós. Mas havia quem subisse para consertar lâmpadas na cruz sem nenhum equipamento, Gente de nervos de aço que ficava de braços abertos na cruz, cuja camisa tremulava igual a bandeira nacional.
Quem teria feito aquela escadaria de madeira? Não existe registros sobre a origens dos sinos, tocados pelos ritmos mágicos do zelador e sineiro “Major”. A paisagem é plena a partir do lado sul da torre, que se espraia para a região da serra Aguda. O lado Leste foca nos telhados do comércio e parte da Avenida Coronel Lucena (foto abaixo). O major, descendente de escravos, era o zelador da igreja. Idade avançada, muito calmo, fala mansa, desfilava pela nave, descalço e nunca nos recusou à subida até os sinos que ele tocava com a magia das suas mãos. Alma boa que deve estar bem privilegiada no céu. Muito se tem a dizer sobre a Matriz e que não cabe em apenas numa crônica.







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quinta-feira, 25 de junho de 2020

GARRAFADA, BOTICA E REZADOR


GARRAFADA, BOTICA E REZADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.333
 

      Médico no interior é uma coisa complicada. Santana do Ipanema passou um longo período sem um único médico, nem mesmo  particular. Quando adoecia alguém, recorria-se às ervas da periferia, às orações dos devotos, às garrafadas ou a rezadores e rezadeiras, como dizia o professor Alberto   Nepomuceno Agra, Meu grande mestre. Os mais abastados quando precisavam de serviços da saúde, podiam recorrer a Garanhuns, Palmeira dos Índios ou ao Recife. Mais tarde, o  hospital de Pão de Açúcar serviu para muito socorro santanense. Foi assim que chegou a Santana, o senhor Hermínio, da cidade de Viçosa e como prático curou muita gente em Santana, chegando até a abrir farmácia na cidade,
A vida de Moreninho daria um livro completo de casos e mais casos. Parecia o estadista inglês Winston Churchill, chapéu coco e charuto à boca. Muito querido, foi o médico ((sem ser) da grande maioria da população santanense. Essa foi A época dos rezadores e rezadoras famosas e garrafeiros famigerados. As rezadeiras (em algumas regiões chamadas benzedeiras) eram sempre encontradas nos sítios e na periferia  da cidade. Já os garrafeiros, não eram muitos assim. Tanto a rezadeira ou rezador quanto o garrafeiro ou a garrafeira, conheciam sobrando ervas, raízes, madeira e folhas da caatinga. Prestaram fundamentais serviços à população carente de doutores. Sobre parteiras e suas habilidades, ladeavam-se nesse misterioso destino de curas e de recepção de vidas.
Ainda hoje Santana é carente de médicos. Conversamos com vários dentistas e doutores de Maceió. Dissemos do progresso da cidade, pintamos tudo, mas sempre existiu uma evasiva em todos os consultados. Médico da capital parece pensar que interior é a selva amazônica. Daí batermos na tecla de primeiro conhecer todo o seu município, depois, todo o seu estado, para poder conhecer o mundo. O balançar do ramo não é tão raro assim, principalmente para quem adoece em final de semana se não for para o hospital do SUS.
Algumas rezadoras e rezador que partiram: Seu Francelino, Dona Lica e Dona Mocinha. Fica a nossa homenagem.
FOTO: BARBATIMÃO/DIVULGAÇÃO




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quarta-feira, 24 de junho de 2020

ALVÍSSARAS, VAI SAIR O MEMORIAL RIO IPANEMA


ALVÍSSARAS, VAI SAIR O MEMORIAL RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.332

RIO IPANEMA CHEGANDO À CIDADE (FOTO: ÃNGELO RODRIGUES
Quando eu fazia parte da AGRIPA (Associação Guardiões do Rio Ipanema, como membro fundador, lancei a ideia de promovermos o Dia do Rio Ipanema. A ideia foi transformada em projeto e aprovado pela Câmara de Vereadores. Hoje Santana já pode comemorar o “dia do rio Ipanema” com alguns festejos como faz a AGRIPA., baseada em lei municipal. Idealizei mais duas coisas e as submetemos ao gestor da época que nos prometeu realizar: o “Memorial Rio Ipanema”, no prédio ocioso do Matadouro Público, e uma “estação meteorológica” no seu amplo entorno, mas depois botou uma pedra em cima. Ontem voltei com a ideia na crônica do dia e recebi uma ótima notícia do secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Jorge Santana. Disse o secretário em seu comentário na crônica de ontem: “Abrindo o Livro da História:”
Que esteve no matadouro com o prefeito Isnaldo Bulhões E que havia ficado certo que de fato o prédio seria transformado em MEMORIAL RIO IPANEMA, (não tem o do). Segundo Jorge, haverá ainda no Memorial, salão de palestras e mirante para o rio Ipanema. Pense num homem contente que não coube nas calças! E ainda que a decisão foi comunicada ao atual presidente da AGRIPA. Como o gestor presente não é o gestor passado, confio piamente que agora sairá o MEMORIAL. Sobre a estação, nada me foi dito.  Antevejo os estudantes de todas as escolas recebendo aulas e pesquisando no  MEMORIAL.
Para quem não sabe, o prédio do matadouro, mostrado na crônica de ontem do livro “230 História Iconográfica de Santana do Ipanema“, está situado na margem direita do rio, já fazendo parte do Bairro Barragem. Fica a aproximadamente 300 metros da BR-316, acesso em estrada vicinal de terra logo após a ponte sobre o rio. A conquista resgatará de vez a Geografia e a História da importantíssima corrente que cedeu o seu nome à Rainha do Sertão. Caso tudo saia como imaginamos, será um atrativo a mais para visitantes de Poço das Trincheira, Batalha e Belo Monte, por onde também escorre a Ribeira do Panema. Peço com muita confiança os PARABÉNS antecipados e não tenho porque duvidar da futura realidade anunciada.
Aguardamos a volta do gestor que se recupera, são e salvo para tocar novamente as suas obras.
Passo importante para o orgulho cultural santanense. Esperamos que ninguém usurpe o crédito da ideia.










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terça-feira, 23 de junho de 2020

ABRINDO O LIVRO DA HISTÓRIA


ABRINDO O LIVRO DA HISTÓRIA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.331

Alvino consertava sombrinha; Zé Preto e Joaquim vendiam mangalhos na feira; Tributino consertava tarrafas; Dona Antônia era lavadeira; Zefinha, engomadeira; Maria Lula vasculhava casas; Mário Nambu, caçador; Alípio bebia cachaça; Seu Tô retelhava  residências; Caçador, cantava; Genésio era sapateiro; Otávio, marchante; Lourdes, macumbeira; Tina, rapariga; Zé Alma Dadinho e pai, sapateiros; tudo era gente da beira do rio, braço extensivo da cidade, entre as Ruas São Paulo e a de Zé Quirino. Uma página virada na história santanense, cheia de pobreza e vida. Anos 50-60, marcha lenta para a Santana rumo Século XXI. Esfarelando o geral da apresentação:
Zé Preto construiu um oratório na Pedra do Sapo, a pedra grande em forma de sapo que demarcava as cheias no Ipanema. Os vândalos destruíram o oratório, deixando só a escadaria. Mário Nambu, grande atirador no voo, caçava por encomenda. Maria Lula, abastecia sua pobre residência transportando água do rio em pote de barro com rodilha, carregado à cabeça. Sempre contratada para vasculhar as casas com vassoura da palha e vara comprida. Galega tipo alemã, ficava muito vermelha quando ingeria “pinga”. Seu Tô, moreno, calmo, era o retelhador número um de Santana. Chapéu único, tipo polícia montada do Canadá, ainda hoje faz falta em tempo de inverno. Alípio era beberrão. Diziam que ele fora jogador do time Ipanema, quebrara uma perna e se dedicara ao vício da embriaguez.
Esses personagens fazem o santanense voltar a bater na mesma tecla: MEMORIAL DO RIO IPANEMA. Temos abrigo ficando ocioso, escola fechada, ao abandono, matadouro desativado, qualquer um desses imóveis poderia abrigar o MEMORIAL. Está faltando a disposição de uma entidade, de intelectuais, de um grupo disposto de quatro ou cinco pessoas que tomem à frente do empreendimento. Ali você encontraria réplica das canoas do Juá, tarrafas, Jequis, muito artesanato ribeirinho, fotografias e mil outras peças que fariam bastante sucesso entre os seus visitantes. Os acomodados ficam apenas aguardando uma iniciativa da prefeitura. Não movem uma palha, em favor do resgate do maior acidente geográfico do sertão e pai de Santana. E olhe que temos vários cursos superiores na cidade. Dizer mais o quê? Até São João sem festejo pede o MEMORIAL DO RIO IPANEMA.


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segunda-feira, 22 de junho de 2020

MACAXEIRA OU MANDIOCA


MACAXEIRA OU MANDIOCA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.330

RASPAGEM  DA MANDIOCA (CRÉDITO: HONJO MOERTSCH)

Macaxeira não é mandioca nem mandioca é macaxeira. Assim como jumento não é burro e nem burro é cavalo. As duas raízes pertencem a mesma família, porém, existe diferença significativa entre ambas e denominações variadas nas regiões brasileiras. No Nordeste, macaxeira é uma coisa, mandioca é outra. No Rio de Janeiro, macaxeira é chamada de aipim.
Numa farinhada, fabrico da farinha feita com a mandioca, as pessoas rapam mandiocas aos montes. Vez em quando surge uma macaxeira. Ela é identificada e consumida ainda crua. Mas não se pode comer a mandioca porque ela possui veneno. Contém ácido cianídrico. É preciso ser transformada em farinha e ficar livre do tóxico para poder ser consumida. Até o caldo escorrido da mandioca após a prensagem, fica depositada resguardado dos animais. É quando o povo diz: “Tire esse garrote daí, manipueira mata, Zé.
Podemos dizer, então, que macaxeira vai para cozinha e a mandioca para a indústria. É fácil para o homem rural distinguir   macaxeira de mandioca, mas o citadino, não. Caso o amigo não conheça uma farinhada, não sabe o que está perdendo. É um trabalho altamente gratificante e que naturalmente vira uma verdadeira festa. Estamos nos referindo à farinhada tradicional e não a moderna o que deve ser uma festa diferente. Nesta, o uso de máquinas reduz muito a quantidade de trabalhadores homens e mulheres em suas funções e na alegria do todo. O fabrico da farinha vai desde o litoral ao sertão. Pesquise a periferia da cidade ou capital.
A antiga canção de Jorge Curi diz bem da farinhada.

Fui a uma farinhada
Lá na serra do Teixeira
Namorei uma cabocla
Nunca vi tão feiticeira
A meninada descascava macaxeira
Zé Miguel no caititu
E eu e ela na peneira...




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domingo, 21 de junho de 2020

AS OBRAS DOS HOMENS


AS OBRAS DOS HOMENS
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.329

(FOTO: MINFRA)
Três coisas irritantes na administração pública deixam os contribuintes e eleitores desolados, revoltados e enraivecidos Estamos nos referindo às obras física nas três esferas do Poder Executivo. Primeira, prometer e jamais realizar; segunda, iniciar e deixar pela metade (obras inacabadas); terceira, tempo de espera de obra anunciada prematuramente. Focando no segundo item, temos a obra do viaduto na BR-101 com a BR-316, trecho São Miguel dos Campos – Rio Largo.  O monstrengo viaduto, sem pé nem cabeça, causava espanto a quem trafegasse pelo “trevo da morte”. Difícil é saber quantas unidades do transporte pesado passam por aquele entroncamento diariamente.
Carretas, caminhões não param indo e voltando do Recife e Sul do Brasil. Quem mora e não sai de Maceió, não conhece a loucura da sua movimentação. Mas o viaduto prometido assombrava como esqueleto sem as duas cabeça. Era motivo não só de revolta, mas também de piadas grosseiras dos motoristas clientes do trevo. Vacilou, morreu! Ultimamente, porém as obras recomeçaram vigorosamente, dando um alento aos incrédulos da política brasileira. Saindo de refúgio de mendigos, drogados e malfazejos, a mula sem cabeça parece alcançar sua vitória. Entre o viaduto de Maceió na PRF e o do entroncamento do interior, este chegou primeiro no final  da novela do descaso. Finalmente após muitos suspiros e bananas simbólicas foi inaugurado trecho de duplicação ali perto e visitada a obra em fase conclusiva.
Nessa pandemia não rodamos mais na região, todavia, foto do novo viaduto mostra que a obra já desenganada, ficou bela e parece formar o número oito em seu entorno. Mais segurança para as rodovias brasileiras e a grande importância da BR-316 e BR-101. Como todo grande empreendimento, já estamos imaginando a atração que será exercida para inúmeros investimentos particulares nas suas imediações. Mesmo causando dor de dente antes achamos que a obra merece parabéns aos que lutaram por ela. Caso fossem consertadas todas essas mazelas federais, talvez as obras dos estados e as municipais prometidas também estivessem no espocar e no brilho dos foguetórios.
E as pontes prometidas sobre o rio São Francisco? Rhumm!...rhum... Tosss.... tossss. A duplicação da rodovia Arapiraca até Olho d’Águas das Flores, parece coisa boa. Esperemos sem  apostas.



  


 


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quinta-feira, 18 de junho de 2020

IPANEMA X MUNDAÚ


IPANEMA X MUNDAÚ
Clerisvaldo B; Chagas, 19 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.328
RIO MUNDAÚ, CHEIA EM RIO LARGO (FOTO: REDES SOCIAIS/DIVULGAÇÃO).

O rio mais importante de Alagoas é o rio Mundaú que nasce em   Garanhuns, solo pernambucano, percorre a zona da Mata Alagoana e despeja suas águas na laguna também Mundaú formada por ele mesmo. Na sua jornada, percorre 141 km, tendo suas nascentes a 931 metros de altitude. É um rio perene bi estadual que beneficia a grande zona fértil canavieira, mas sempre causou problemas de cheias escandalosas. São cidades influenciadas pelo Mundaú São José da Lage, Santana do Mundaú, Murici, União dos Palmares, Branquinha e Satuba, sua última cidade antes de chegar à laguna. Nas suas imediações e região foram formados quilombos, aglomerados de negros fugidos das fazendas escravagistas, tendo como principal o Quilombo dos Palmares, na serra da Barriga, município de União.
O rio Ipanema é maior do que o rio mais importante de Alagoas
e o mais notável do Sertão. Nasce no município pernambucano de Pesqueira, na serra do Ororubá percorre entre os dois estados, cerca de 220 km, e despeja suas águas no povoado Barra do Ipanema, município alagoano de Belo Monte. Representa um forte afluente do rio São Francisco, pela margem esquerda. Além de inúmeros povoados, banha também três importantes cidades sertanejas: Poço das Trincheiras (por onde entra em Alagoas), Santana do Ipanema e Batalha. O rio Ipanema é um rio temporário ou intermitente, isto é, seca em grande parte do ano. Foi ele que permitiu e sustentou esses núcleos habitacionais e ainda continua importantíssimo para a Geografia da região.
Inúmeros rios que escorrem em Alagoas, têm suas nascentes  no estado de Pernambuco, cujo terreno é muito mais alto. Alguns têm suas vertentes voltadas para o oceano. No Sertão, esses rios atuam na vertente do Rio São Francisco, embora tenha exceção. O sertão alagoano foi conquistado através do Rio São Francisco. Os sertanistas, como não havia estradas, faziam o percurso contrário aos rios, isto é, penetravam pela foz e subiam nos leitos secos como verdadeiros caminhos. No caso do rio Ipanema, os desbravadores entravam pelo povoado Barra do Panema e chegavam à vila de Cimbre, no cume da serra do Ororubá.
A propósito, Ipanema significa “água ruim” (salobra). Foi essa água salobra que fez surgir das caatingas a cidade de Santana do Ipanema.


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quarta-feira, 17 de junho de 2020

SUGESTÃO À PREFEITA


SUGESTÃO À PREFEITA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.326
 
PRAÇA DAS ARTES . (FOTO: B. CHAGAS./ARQUIVO).
Hoje queremos lembrar novamente a nossa terra com o Bairro São José. É verdade que a prefeitura deixou uma bela imagem ao concluir o Posto de Saúde local. Ficou belíssimo e já faz algum tempo que iniciou os seus trabalhos. Enriqueceu o Bairro do santo e deu moral a rua. Os parabéns continuam. Mas o terreno vizinho ao posto, onde fora construída uma praça com o nome “Praça das Artes”, ainda no final do governo Marcos Davi, ficou abandonada, houve depredações, serviços particulares de estribaria, lixo a céu aberto jogado pela população. Não faz muito tempo, a prefeitura mandou limpar o terreno. Após a limpeza os desavisados passaram novamente a usá-lo como depósito de lixo. Animais voltaram ao deleite.
Estamos aqui apenas sugerindo. Não temos nenhuma crença que outra praça tenha sucesso ao lado do posto de saúde. Portanto apelamos à gestão que ao invés de gastos inúteis dê preferência a uma construção de biblioteca, pelo menos semelhante a do bairro São Pedro. Um prédio modesto, mas muito útil para atender a qualquer habitante do bairro São José.
Ao passar a escola professora Helena Braga das Chagas do estado para o município, deixamos de inaugurar a biblioteca da escola onde passamos meses para deixa-la no ponto de ser utilizada pelos seus alunos, pais e moradores do Bairro. Seus livros foram transferidos para a Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira, segundo terceiros. Da nossa parte, doamos cerca de 100 livros à escola, do nosso acervo pessoal, inclusive obras raras.
O Bairro São José agradeceria a gestão atual, a construção da biblioteca no citado terreno o que bem combinaria com o posto de saúde, pois saúde e educação andam de mãos dadas. Na época em que visitamos a biblioteca professora Adercina Limeira, notamos pouquíssimos livros nas prateleiras e esperamos que tenha chegado reforço. Não queremos fazer briga de santos São Pedro contra São José. Estamos apenas sugerindo mais cultura para nosso bairro e a erradicação do negativo terreno baldio.
Aguardamos ações e agradecemos pela atenção.


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terça-feira, 16 de junho de 2020

ESPIANDO A BARÃO DO RIO BRANCO


ESPIANDO A BARÃO DO RIO BRANCO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.325
(FOTO: LIVRO "230"/ DOMÍNIO PÚBLICO).


Vemos na foto abaixo, a matriz de Senhora Santana, em 1920. Foi construída em 1787 e reformado em 1900. Portanto, a igreja se apresenta 20 anos após a primeira reforma. A sua frente parece ainda não possuir calçamento, mas observe que existia o casarão (lado direito da Matriz) que hoje é o Museu Darras Noya onde residiram o fundador da primeira banda de música da cidade e do teatro santanense, major Queirós e, o primeiro médico de Santana Arsênio Moreira. Os demais prédios fazem parte da Rua Barão do Rio Branco que se estende daí da vizinhança do museu e desce a colina até a Ponte Cônego Bulhões, sobre a foz do riacho Camoxinga. O terreno mais preto da foto, defronte a igreja, ainda é baldio e somente ganhou praça na década de 30, com o nome político João Pessoa. Note um cidadão se dirigindo à matriz, traje branco e chapéu à mão, mesmo antes de chegar ao templo.
A Rua Barão do Rio Branco era quase toda de residências com algumas exceções como o comprido hotel de Maria Sabão, armazém de Pedro Agra (que vendia cal), a loja de tecido de Manoel Celestino Chagas, mais abaixo. Com a evolução as moradas viraram minoria. O hotel foi demolido, indo para o “casarão de esquina”, ao lado esquerdo da igreja (ausente na foto), 10 andar e com o nome “Hotel Central”, esse hotel da proprietária a vulgo Maria Sabão, foi o mais falado de Santana. A loja de tecidos de Manoel Chagas, subiu a colina e foi parar na primeira casa da Rua Barão do Rio Branco que se vê na fotografia. A transformação foi enorme. Tudo passou a ser casas comerciais e até demolidas duas ou três residências para construção do cinema de alto luxo Cine Alvorada.
Formou-se na parte inferior da Rua, parte mais estreita, uma fileira de armazéns como o dos senhores Pedro Melo, Idelzuíto, Dioclécio Cavalcante, que vendia cereais transportados antes por carros de boi. Ficou essa parte conhecida como “Os Armazéns”. Houve muita evolução desse comércio até o presente momento, mas a parte mais estreita da rua, nunca foi alargada, dando muito trabalho ao trânsito e a transeuntes. Até as famosas casas comerciais “Lojas Guido”. “Ricardo Eletro”, “Casas Bahia” e “Lojas Americanas” se instalaram na histórica Rua Barão do Rio Branco.
Leia um pouco sobre o Barão, uma das maiores figuras do Brasil.





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segunda-feira, 15 de junho de 2020

VISITANDO AS FAZENDAS


VISITANDO ÀS FAZENDA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.324
SENTADO NUM PELA-PORCO. (CRÉDITO: Andredib.com.br.)

No alpendre de todas as fazendas sertanejas nordestinas, teve lugar garantido o “banco pela-porco” ou “banco de pelar porco ou ainda simplesmente o “pela-porco”. Trata-se de um banco em forma de pranchão, entre 4 a 5 metros de comprimento, com largura também variável, em média, 40 cm. É feito de madeira nobre entre craibeira e baraúna, muitas vezes passando dos cinco centímetros de espessura, quando novo. Sua durabilidade vai para mais de duzentos anos, o dono morre, o banco fica para netos e bisnetos. Não é fácil fazer conserto e ele vai se deteriorando com o uso e com a longevidade. O seu nome vem do fato em que era usado como lugar para pelar com água quente, o porco abatido na fazenda.
Ele é quem recebe o viajante cansado como primeiro contato externo da casa. Nele os seus donos contemplam os arredores, no estio e, nos tempos chuvosos, observam e sentem as chuvaradas cantando no telhado e chegando no terreiro. Avista-se dali quem se aproxima da moradia e é usado para várias tarefas domésticas como debulhar feijão- de-corda, por exemplo.
É respeitado por todos os visitantes e ladrões que sempre os deixam em paz.
Os bancos já acomodaram os fundilhos de Lampião, forças volantes, vaqueiros e rastejadores.
Móvel tradicional rústico e multiuso.
Não sabemos dizer se existe algum exemplar no Museu Darras Noya, em Santana do Ipanema.
O banco pela-porco é o móvel e o lugar mais querido e respeitado da casa-grande. E se quer saber, mesmo com todo modernismo, continua em voga nas casas sertanejas.

Foi num banco pela-porco
Que comecei meu namoro
                              Ela com saia rodada
                              Tecido da cor de ouro
                              Eu em traje de vaqueiro
    Perneira e chapéu de couro.

Talvez o banco mais notável de Santana do Ipanema tenha sido o do alpendre da casa do senhor Lulu Félix, no Bebedouro onde o doido Justino tinha sentadas. Lulu era conhecido como contador de casos, mentia com arte para divertir a todos. Justino, barbudo que fora jogador de futebol do Ipanema, diziam os mais velhos um terror para a criançada.


 



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domingo, 14 de junho de 2020

LAMPIÃO E OS MÉDICOS DE SANTANA


LAMPIÃO E OS MÉDICOS DE SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.324
DR. ARSÊNIO MOREIRA (FOTO: MUSEU)

DR. CLODOLFO. (DIVULGAÇÃO).

Antes da década de 20, Mata Grande, cidade serrana do sertão de Alagoas, tinha grande prestígio no interior originária da influência de ter tido um governador alagoano. Havia ali certa estrutura de combate a grupos cangaceiros. Em vista disso foi contratado o médico baiano, ainda jovem, Dr. Arsênio Moreira da Silva para servir às forças naquele núcleo sertanejo. Quando foi criado o 20 Batalhão de Polícia com sede em Santana do Ipanema, de combate ao banditismo, o Dr. Arsênio Moreira veio servir em Santana, tanto no Batalhão quanto em consultório particular. Foi o primeiro médico de fora a clinicar na minha Terra.  Influência indireta do bandido Lampião. Não há uma só pessoa que o conheceu em Santana que não faça rasgados elogios ao médico desde a sua educação, coração bondoso e serviços prestados. Quando da fundação do primeiro hospital da cidade, o nome escolhido para a fachada foi o do ilustre médico baiano. Foi ele com as volantes até Angicos, após a morte de Lampião, examinar o frasco de veneno que o bandido conduzia no bornal.
Quando Lampião invadiu a zona rural de Santana do Ipanema, fez uma família mudar-se para a sede.  O senhor Marinho Rodrigues, proprietário rural, tornou-se comerciante de secos e molhados no “prédio do meio da rua”. O seu filho Clodolfo Rodrigues de Melo foi encaminhado aos estudos, conviveu com o contista Breno Accioly, tornou-se médico e veio clinicar na sua terra. Foi o primeiro médico de Santana filho da “Rainha do Sertão”. Faleceu recentemente com mais de 80 anos. O segundo hospital de Santana o homenageia com o seu nome na fachada.
Arsênio atendia no casarão onde hoje é o museu. Clodolfo tinha consultório na própria residência, na, hoje, Praça Senador Enéas Araújo. Foi assim que o cangaceiro Lampião, praticando o mal, fez o bem sem saber a Santana do Ipanema com os médicos ilustres que muito bem serviu a terra de Senhora Santana.
Existe um trecho de avenida com o nome de Arsênio, mas ele perdeu o título do primeiro hospital após o seu fechamento. A sua foto que pertencia aquela unidade hospitalar, encontra-se atualmente no Museu Darras Noya, lugar onde morou e clinicou;
Nota. Em foto antiga de Santana, domínio público, aparece um senhor de branco no serrote do Cruzeiro, ao lado de outras pessoas. Descobrir por acaso, que se trata do Dr. Arsênio, já com seus 40 a 55 anos. Livro “230 Santana Iconográfica”, sessão Nostalgia. Relíquia da nossa história.


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quinta-feira, 11 de junho de 2020

ADORANDO O CORPO DE CRISTO


ADORANDO O CORPO DE CRISTO
Clerisvaldo B. Chagas, 11/12 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.321


(FOTO: B. CHAGAS).
Corpus Christi é uma comemoração que faz parte do calendário da Igreja Católica, e sua criação remonta ao século XIII. Aqui no Brasil a data é celebrada com um feriado, sempre em uma quinta-feira. No dia de Corpus Christi, celebra-se um dos princípios mais importantes do catolicismo: o sacramento da eucaristia.
O que é comemorado em Corpus Christi?
Corpus Christi é uma expressão originária do latim e, em tradução para o português, significa “corpo de Cristo”. Desse modo, o nome escolhido para essa comemoração já sugere o seu significado: uma homenagem à eucaristia. Esse sacramento do catolicismo é realizado como uma forma de relembrar a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nesse sacramento, o pão que é consumido representa o corpo de Cristo, e o vinho ingerido simboliza o sangue de Cristo.
A realização da eucaristia é uma referência à Última Ceia, realizada por Cristo com seus discípulos durante a Semana Santa, e à ordem de Cristo (conforme a simbologia citada) de consumir o pão e o vinho em sua memória. Ainda dentro da teologia católica, acredita-se que na eucaristia ocorre algo conhecido como transubstanciação, no qual os elementos (hóstia e vinho), após serem consagrados, transformam-se, em essência, na carne e no sangue de Cristo.
A comemoração de Corpus Christi ocorre exatamente 60 dias após a Páscoa. A data é celebrada obrigatoriamente em uma quinta-feira. Isso acontece como uma simbologia pelo fato de que a Última Ceia ocorreu em uma quinta-feira, segundo a tradição. Outro marco importante para o estabelecimento da data é o Domingo da Santíssima Trindade. Na quinta seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade, é comemorado Corpus Christi” (Wikipédia).
Que pena não estarmos na Rua Antônio Tavares vendo passar a procissão com o Corpo de Cristo. As vozes harmoniosas do homens, mulheres de preto e descalças pagando promessas, senhor Felisdoro conduzindo uma das seis hastes do pálio sobre o corpo de Jesus. Os tempos mudam, mas Jesus nunca deixou de ser Jesus. Não podemos adorá-lo na Igreja, nas ruas, mas podemos adorá-lo em nossas preces e nos corações. Que esse dia seja um marco importante para a fim da pandemia cruel que ceifa vidas humanas.
Meu Senhor e meu Deus, meu Senhor e meu Deus;



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quarta-feira, 10 de junho de 2020

SOBREVOANDO POVOADOS


SOBREVOANDO POVOADOS
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.320

POVOADO PEDRA d"ÁGUA. FOTO (GOVERNO DO POÇO/DIVULGAÇÃO)
Santana do Ipanema possui atualmente quatro povoados. O povoado geralmente vem de uma casinha isolada, de uma igrejinha, de doações de terrenos... Mais uma casa, mais outra e outras, formam um aglomerado, um arraial, cujo crescimento robusto ganha a denominação de povoado. Têm aqueles que depois estacionam sem futuro, outros progridem até às condições de cidade. Um terceiro grupo progride até certo ponto e mesmo com tantas coisas a oferecer continua povoado. Em nosso livro inédito “O Boi a Bota e a Batina; história completa de Santana do Ipanema”, três povoados têm suas respectivas histórias contadas com detalhes. São eles: Pedra d’Água do Alexandre, São Félix e Areias Brancas. O povoado São Raimundo está fora pois, não constava como território de Santana do Ipanema e pertencia ao município de Água Belas, Pernambuco quando o livro foi escrito.
Quem mais deu sorte foi o povoado Areias Brancas, porque foi formado à margem da rodagem Santana – Palmeira dos índios que depois foi asfaltada.  Areias cresceu e hoje é cortada ao meio pela BR-316. Não faltam transporte para Santana, Maceió e qualquer outro centro, garantidos pela BR. Já dispõe de posto de gasolina, padaria, biblioteca pública, açougue, escolas, mercadinhos e várias outros estabelecimentos comerciais. Tem luz, água, calçamento, praças, jardins e política forte que sempre consegue eleger seus representantes na Câmara Municipal. Tudo isso tendo como base o asfalto da sua ótima localização.
O povoado São Félix está inserido na Região Serrana e atende as necessidades básicas dos sítios da região. Seu progresso é lento mesmo com benefícios trazidos pelo poder público. Isso se deve a contramão do eixo rodoviário Santana – Maceió. São 12 km de estrada de terra da sede a Seu Félix que sonha um dia com o asfalto Santana – Águas Belas passando por ali e acelerando o seu desenvolvimento. Antes Quixabeira Amargosa, hoje São Felix, santo forte que poderá realizar o milagre da rodovia.
Já o povoado Pedra d’Agua dos Alexandre, também fica numa contramão de 18 km da sede. É cortado ao meio pela linha divisória Poço das Trincheira e Santana do Ipanema. Povoado bi municipal, isso ao invés de ser uma vantagem sempre implicou em atraso,  Mas o problema maior não é a rivalidade entre municípios, mas sim, a distância para ambas as sedes e a ausência de asfalto para se ligar a BR-316. Em havendo maior atenção esse núcleo poderia ser muito progressista como ponte entre Senador Rui Palmeira e Santana.
O tempo dirá.



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terça-feira, 9 de junho de 2020

OS QUATRO POÇOS DO IPANEMA



                                OS QUATRO POÇOS DO IPANEMA
Clerisvaldo B.  Chagas, 10 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.321

POÇO DO JUÁ NA PARTE SUPERIOR DA FOTO (B. CHAGAS).
Sendo um rio temporário ou intermitente, o Ipanema, a exemplo de tantos outros rios e riachos sertanejos, permanece seco em grande parte  do ano, voltando a escorrer com as águas das chuvas nas suas nascentes e ao longo da sua extensão, tanto no inverno quanto nas trovoadas. Quando na época seca, o rio para a corrente e vai formando poços em lugares mais escavados geralmente margeado por rochas de tamanhos diversos. São esses poços que abastecem residências, animais domésticos e selvagens. Mas existem longos trechos onde não se encontra um só poço, somente a areia grossa predomina na paisagem. Em Santana do Ipanema o rio forma quatro poços que o tempo a partir da era 60 com advento da água encanada do São Francisco, deixou-os abandonados. Pela ordem, a jusante: poço das Mulheres, poço do Juá, poço dos Homens e poço Escondidinho.
O primeiro, o mais desconhecido geral, entre rochas situa-se por trás da Rua Delmiro Gouveia, mais perto da margem direita do rio. Foi apontado pelo saudoso Sr. Benedito Pacífico. Era lugar onde o homem não frequentava. As mulheres se sentiam mais amparadas pelas rochas lisas do entorno. 
O poço do Juá. Formado em pleno comércio onde o rio mostra maior largura, devido as águas fortes do riacho Camoxinga, serviu muito aos canoeiros quando o rio não tinha ponte. As canoas atuavam no rio Ipanema apenas no poço do Juá, transportando para ambas as margens, mercadorias e gente. Formado por parte estreita e pedregosa e o largo arenoso, os canoeiros posicionavam-se perto do estreito para enfrentar a largura. Tinham pouco espaço para o êxito da travessia sem se espatifarem nas pedras do vizinho poço dos Homens, logo abaixo. A travessia em canoas teve fim quando foi construída a ponte General Batista Tubino, sobre o Ipanema, em 1969.Mas também o lugar era frequentado por inúmeros banhistas. Quando seco, servia para jogo de bola nas areias sem vegetação. Ali dá-se o encontro do riacho Camoxinga, pela margem esquerda e o riacho Salgadinho, pela margem direita, com o rio Ipanema.
Poço dos Homens. Poço preferido, assassino e frequentado por todos os homens da minha terra que procuravam banho no rio. Ficou imortalizado no livro “Ipanema um Rio Macho”, da nossa autoria. Uma página gloriosa da história de Santana.
Finalmente, o poço do Escondidinho, por trás do casario do subúrbio Bebedouro/Maniçoba. Mais frequentado por pescadores. Bonito, comprido, cercado de pedras e vegetação.
Muito ainda se tem a dizer sobre essas maravilhas da Natureza.


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segunda-feira, 8 de junho de 2020

VIAJE COMIGO


VIAJE COMIGO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.319
CARRO DE BOI. (CRÉDITO: FRONTIER).
No sertão nordestino, todo boi de carro, vacas e touro de fazendas têm nomes. Esses nomes são inspirados em plantas, em outros animais, na paisagem, na aparência da rês ou no que vier à cabeça. No caso de boi de carro, nunca saiu da lembrança alguns desses nomes. Lá no povoado Pedrão, (´ ) município de Olho d’Agua das Flores, onde eu passava minhas férias de criança, o carreiro Ulisses cuidava pacientemente das parelhas que puxavam o carro de boi. É costume, no sertão alagoano se usar no carro  apenas duas parelhas, diferentemente do que vimos em outras regiões com até mais de oito animais; nunca pude entender tanto exagero. Pois bem, os dois bois de trás que puxam diretamente o veículo são chamados “bois de coice”; e os dois da frente que ajudam os de trás através de peça de madeira chamada cambão e corrente, são denominados “bois de cambão.  
Como quem anda de carro de boi uma vez nunca esquece, quanto mais eu que viajei tanto nesse tipo de veículo Santana – Pedrão via município de Olivença (antigo Capim). Os bois de coice chamavam-se Ouro Branco e Paraná. Um era branco, outro amarelo.  A parelha de cambão também tinha nome: Caçula e Sombrante. Sempre achei simpatia nessas denominações, mas nunca indaguei ao carreiro Ulisses, qual o significado da palavra “sombrante”. O carro de boi de tolda (esteira de pipiri amarrada aos fueiros com folhas de coqueiro Ouricuri); os ruídos dos ferros das rodas nos lajeiros, minha tia Delídia a reclamar dos solavancos da viagem, são coisas que permanecem na memória. A passagem do veículo nos riachos do sertão, era alguma coisa mágica, divina e doce. E o cantar suave do eixo nos cocões, parecia um salvo-conduto para as estradas arenosas da caatinga.
Tentando lembrar o roteiro, o carro saía de Santana pelo subúrbio Bebedouro/Maniçoba e lá adiante descia para a região do sítio Jaqueira, proximidades do rio Ipanema e, por ali, em algum lugar, atravessava o rio seco chiando na areia grossa.  Do outro lado entrava no município de Olivença por ele continuando até chegar diretamente ao Povoado Pedrão sem passar pela sede de Olho d’água das Flores. No povoado, entrava pelos fundos, margeando a bela igreja branca do lugar.  Veja como os simples nomes de bois dá um romance! Ulisses era um carreiro preto, observador, paciente e irônico.
Temos ainda a história da primeira vaca adquirida por meu pai a qual deu o nome de Rosa Branca. Nunca vi animal tão formoso. Sua cria, tão bela quanto a mãe, foi-me dada em forma de presente pelo meu pai e se chamava “Cambraia”. Ainda tem as aventuras do nosso Touro ”Barriquinha” um turino terror dos outros touros de Santana. Mas aí são outras histórias com nomes de bois, vacas e garrotes.



I


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