segunda-feira, 31 de agosto de 2020

 

CÂMARA DE VEREADORES E A LUZ

Clerisvaldo B, Chagas, 2 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.3


EM 31 DE MAIO DE 1921, a vila de Sant’Ana do Ipanema foi elevada à categoria de cidade com o nome Santana do Ipanema. Essa Lei N0 893 foi sancionada pelo governador em exercício, padre Manoel Capitulino de Carvalho (fora dirigente da vila). Estava à frente do município o Sr. Manoel dos Santos Leite. Nesse mesmo ano foi celebrado uma espécie de convênio entre empresa particular e municipalidade para a implantação de luz elétrica na nova cidade, através de força motriz. No ano seguinte, em 30 de novembro de 1922 é inaugurada a luz elétrica em Santana. Antes a vila era iluminada com óleo de baleia e/ou azeite de mamona em lanternas nos postes de madeira. O grande motor alemão ficou abrigado na Rua Barão do Rio Branco, penúltimo prédio antes do beco em que hoje é a Ponte General Batista Tubino. Um prédio completamente imundo, preto de tanta fuligem pelas paredes.

Do prédio referido acima, a empresa mudou-se para um edifício novo à Avenida Nossa Senhora de Fátima entre 1951 e 1955, (hoje Câmara Municipal de Santana do Ipanema). Ficou o prédio dividido em três partes: o grande salão, onde hoje é a plenária, funcionava o motor e seus inúmeros painéis encostados à parede do lado direito de quem entrava.   E abaixo, onde hoje são os gabinetes dos vereadores, ficava o caixa onde pagávamos as mensalidades da energia consumida. Ainda lembro do Sr. Valdemar Lins, recebendo os pagamentos. Os Lins faziam parte da empresa.  Do lado de baixo, última parte, era o lugar onde três enormes tanques armazenavam uma água verde, talvez do Ipanema, para refrigerar o motor. Tomava conta dos tanques, o Sr. Antônio da Empresa, assim conhecido. E do motor, o Sr. Agenor, inteligente, artista e inventor, verdadeiro cientista. Na fachada do prédio estava escrito: “Empresa Municipal de Força e Luz”.

Em 1959, na gestão Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, o motor entrou em exaustão. A cidade passou quatro no escuro e somente após grande movimento liderados por jovens como Eraldo Bulhões e Adelson Miranda, fundadores da rádio clandestina Candeeiro e muitas passeatas pela cidade, finalmente chegou à energia de Paulo Afonso, em 1963. O prédio ocioso passou a funcionar como fórum e, hoje: Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas Duarte.

·        Nunca colocaram o nome do patrono na fachada. Absurdo!!!


  (Fotos: livro 230)

                                                                                                       


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domingo, 30 de agosto de 2020

 

ACONTECEU EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.375


PROCISSÃO EM SANTANA DO IPANEMA, 2020. (CRÉDITO: SERTÃO NA HORA

Fato humorístico se deu durante uma festa de Senhora Santana, já apresentada aqui há muito tempo. Durante os festejos à padroeira, Santana do Ipanema ficava repleta de bazares, bancas de lanches, parque de diversão e um sem número de bancas de jogo. Jogos de todos os tipos, principalmente de bozós (dados) com estampas de seis bichos. Era a parte profana da novena ocupando toda a extensão defronte à Matriz, o Largo da Feira e a Rua Tertuliano Nepomuceno onde ficavam as bancas de jantares, os forrós e as cantorias de viola. Por trás do “sobrado do meio da rua” nos fundos das casas comerciais de Manoel Constantino, Arquimedes e Abílio Pereira, onda, curre (carrossel) e balões coloridos se equilibravam na saída,  ganhando os céus. Banda de música, foguetório e ‘carro de fogo” animavam o orgulho santanense.

Ao iniciar a missa as atividades profanas paravam e aguardavam o término da solenidade para, então, reiniciar o furdunço que não tinha hora para acabar.  Inúmeras atividades amanheciam o dia, entre elas, músicas e mensagens de amor transmitidas pelo alto falante do parque entre o ronronar da roda gigante.

Como o padre Bulhões estava doente, fora substituído por um vigário de Viçosa fanático por jogo. Em uma daquelas noites, passava da hora de iniciar a missa e a igreja lotada. O sacristão também era viciado em bebida e jogo, chamado Caiçara (que foi volante e matou o pai do futuro Lampião sob o comando de Lucena). Caiçara foi chamar o padre que estava numa banca de jogo. O padre dizia: “Vou já Caiçara, vá tapeando o povo”. Após três viagens para chamar o sacerdote: “Padre, o povo está agoniado, pensa até que o senhor também adoeceu. Já passa de meia hora de atraso”. E o padre de Viçosa, abusado com a insistência do sacristão, disse para ele: “Caiçara, se o povo de Santana do Ipanema soubesse o quanto vale a missa celebrada por mim e auxiliada por você, não ficava um só fiel dentro daquela igreja!”.

·        O caso do padre foi repassado pelo saudoso mestre de obras, conhecido como Mané de Toinho.

 

 


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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

 

APOSENTADORIAS DOS JEGUES

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.374

JEGUE EM CACIMBA DO RIO SECO IPANEMA, APROXIMADAMENTE EM 1966. (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).

  Os mais de cem jumentos que abasteciam Santana com água salobra das cacimbas do rio Ipanema, alcançaram alforria. A partir do dia 31 de março de 1966, os asininos iniciaram seus descansos daquele mister com a inauguração da água encanada vinda do rio São Francisco. Com a chegada da Adutora de Belo Monte, houve uma grande euforia e festividade nas ruas de Santana do Ipanema. A comemoração, os discursos políticos aconteceram em cima do palanque da “Sorveteria Pinguim”, situada no Bairro Monumento. Presente o governador Major Luís soltando piadas e mandando o povo quebrar as cisternas da cidade com a chegada da água nas torneiras. Isso, três anos após a o triunfo da luz elétrica de Paulo Afonso.

Para ser agradável, o governador enviou um ônibus para os alunos do Ginásio Santana conhecerem a captação de água na Adutora de Belo Monte. Fui um dos estudantes que acompanharam esse passeio, mas algumas pessoas que não eram alunas, também aproveitaram a oferta governamental. Assim saímos conhecendo as pequenas cidades do trajeto: Olho d’Água das Flores, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha e Belo Monte. Estava em voga as primeiras canções do cantor Agnaldo Timóteo, sucesso absoluto nessas cidades por onde passávamos. Conhecemos tudo e fomos comprar lanche numa mercearia quando um dos nossos acompanhantes se desentendeu com o merceeiro. Houve discussões brutas, o comerciante apresentou-se como militar, o nosso acompanhante respondeu que também era militar. Algumas pessoas apaziguaram os ânimos dos dois arrogantes valentões.

Voltamos de Belo Monte enfadados, mas felizes com o conhecimento adquirido. Já pensou, sair para passear e voltar com uma tragédia! Esses dois acontecimentos, luz e água em Santana, foram verdadeira catapulta para o seu desenvolvimento que continua em 2020 com todo vapor. As aventuras do passeio estudantil logo se espalharam pela cidade como um privilégio secundarista.

Após a água encanada, o jerico, merecidamente, ganhou estátua em praça pública. E nós, mais do que adolescentes, continuamos estudando no Ginásio Santana para não virarmos jumentos.


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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

 

A SEDE DOS ARTISTAS

Clerisvaldo B, Chagas, 27 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.372

           A sede ficava defronte o Tênis Club (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)
Pedi ao poeta e compositor Remi Bastos, famoso santanense, que me enviasse um seu artigo publicado na Internet: “A Sede dos Artistas e os óculos de Benedito”. O artigo é humorístico, mas tem sua parte séria, um documentário que faltava na história de Santana do Ipanema. Extraí apenas a parte séria e pediria até pelo amor de Deus que o Departamento de Cultura da nossa cidade, acolha essa crônica e a coloque em uma pasta específica e bem identificável da nossa história. É que nada tem escrito sobre aquele tão importante clube santanense. O artigo de Remi torna-se um documento/ testemunho extremamente raro. Resgata a memória apagada de arquivo morto ou que não existe nem morto nem vivo. O prédio já demolido. Afora a parte humorística, vejamos na íntegra o que escreveu Remi:

“Muitos conheceram a Sede dos Artistas, porém, poucos tiveram o prazer de desfrutar dos seus recreios festivos. A sua fundação teve início nos meados da década de 50 e, provavelmente concluída, no entardecer desta mesma década. Artistas, tais como, marceneiros, pedreiros, pintores, sapateiros e alguns comerciantes santanenses, de mãos dadas ergueram aquele prédio na Avenida Prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, onde durante muitos anos conseguiu fazer felizes as famílias humildes com as suas programações festivas. Ainda me lembro dos nomes de alguns dos seus fundadores: Oscar Silva, Antônio D’arca, Tributino, Seu Duca, Evilásio, Luiz Benvindo, Antônio Dantas, José Cirilo, o sapateiro Bié, etc. A Sede dos Artistas ficava em frente ao clube social da cidade, Tênis Clube Santanense. Existia um preconceito, quanto ao acesso dos sócios da Sede ao Tênis Clube em dias de festa, sobretudo, durante o carnaval, o que não acontecia o contrário. Naquela época, este último, ostentava o conceito de clube da aristocracia, onde alguns elementos diziam ser a Sede o clube das peniqueiras (empregadas domésticas), o que não tinha procedimento, uma vez que este simples clube era frequentado por famílias decentes, honestas e humildes, ou até mesmo por meia dúzia dos ditos aristocratas”.

*Baseado no artigo de Remi Bastos “a Sede dos Artistas e os Óculos de Benedito.

Obs. O artigo completo de Remi está na Internet.

 

 

 


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terça-feira, 25 de agosto de 2020

 

CURSO DE MEDICINA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.372

     MONUMENTO AO JEGUE E AO BOTADOR D'ÁGUA. (FOTO: B. CHAGAS).


O Curso de Medicina que virá para Santana do Ipanema, conforme foi noticiado, será a maior conquista da cidade em todos os tempos modernos. Ele representará a cereja do bolo do desenvolvimento. Santana se transformará em outra Santana e atrairá muitas e muitas coisas boas e inimagináveis. Mas temos que olhar para a mobilidade urbana, Santana ficou pequena para tantos automóveis e carros de todos os tipos. Achamos até interessante uma senhora de fora reclamando em uma das rádios da cidade a falta de estacionamento. Estacionar no Centro pela manhã, só com “uma légua de distância”. É todo sertão, alto sertão e sertão do São Francisco circulando e fazendo negócios pelas nossas ruas. Foi por isso que aumentou o número de hotéis e pousadas por todos os bairros da Rainha e Capital do Sertão.

O nosso olhar não é de político, é de geógrafo urbano cujas profecias de observação foram todas realizadas. Santana cresceu tanto que não é mais possível continuar com essa obsoleta estrutura física. Sendo uma cidade ladeirosa, cortada por rio e riachos, precisa de novas estratégias e urgente replanejamento. Necessitamos de verba federal e estadual para desafogar o trânsito. Construções de mais pontes, viadutos e passarelas... Novos becos, novas passagens porque já estamos vivenciando a Santana do futuro, a do presente exige novas engenharias para saltos gigantescos e necessários. A hora é agora.

Também seria muito bom que o Departamento de Cultura, divulgasse quantos bairros oficiais nós temos e os seus limites. Estão misturando tudo, chamando bairro de rua e rua de bairro até mesmo nos meios de comunicação.  Planejar, acertar e divulgar.  Quanto aos povoados, volto para o Departamento de Cultura, quantos são? Estão dando nome de povoado a lugares não aglomerados, o que não caracteriza aquela condição, a não ser a de sítio. E se é para crescer, vamos crescer por todos os lados e com regras determinadas se não o povo vai misturar até os santos semelhantes.

  


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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

 

HOMENAGEM A MANIÇOBA/BEBEDOURO

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.371

                             (Foto/crédito: sertão na hora).

Quando os fundadores de Santana chegaram à Ribeira do Panema, 1771, um deles comprou a fazenda “Picada” de João Carlos de Melo que depois foi morar em terras da atual Poço das Trincheiras. A fazenda Picada ia do Lajeiro Grande, Pedra do Barco, até o riacho Mocambo, passando antes pelo riacho da Tapera do Jorge e Lagoa do Mijo. O documento de venda é datado do lugar Maniçoba, onde talvez morasse João Carlos de Melo. A fazenda Picada nada tem a ver com a fundação de Santana. A fazenda que deu origem a Santana foi a de Martinho Rodrigues Gaia e ninguém nunca soube se tinha nome. Ribeira do Panema era a região de todo o rio Ipanema, e não nome de fazenda, Ribeira quer dizer rio. (foi publicado alguma coisa equivocada).

Maniçoba e Bebedouro cresceram emendados numa rua comprida e algumas rebarbas laterais, mas haviam parado no tempo.  Maniçoba, arvoreta que produz o látex da borracha. Bebedouro por ser lugar de bebida para o gado. Maniçoba e Bebedouro formaram-se ao longo do rio Ipanema a cerca de 2 km do centro da cidade e já foi estrada para Maceió. Também já foi palco de festas religiosas e folclóricas do município. Lutando com unhas e dentes por melhoria, sempre foram desprezados por inúmeras gestões seguidas de intendentes e prefeitos. Pobreza intensa. Somente nas duas últimas décadas começou a receber melhoras significativas, uma longe da outra. Assim chegou o calçamento para a rua principal, a água e a luz elétrica. Ficaram lhes devendo ligação com a cidade através do Bairro São Pedro, o mais perto de lá em cerca de apenas 1 km.

Esse subúrbio cresceu, ampliou uma estrada de aveloz que saía na BR-316, e foi sendo povoado de fora para dentro na região da nova estrada que sai por trás da UNEAL, perto do Batalhão de Polícia. Toda aquela área atualmente progrediu e está irreconhecível para quem a conheceu há dez anos atrás. Finalmente agora, quase no fim do mundo, vai ganhar a ligação Maniçoba – Bairro São Pedro (1km) milhares de vezes negadas. O asfalto chegará até o calçamento da rua principal, marcando de vez o resultado do esforço e da luta de mais de cem anos. Mas a prefeita deveria aproveitar e puxar o asfalto do Largo Lulu Félix, que antecede aquele calçamento, também pela estrada bifurcada que sai na BR-316. Não dá 2 km, ajudaria na mobilidade urbana quando teríamos uma nova alternativa de saída para a capital, sem passar pelo centro, descongestionando o trânsito e ganhando tempo.  

A priori, Maniçoba e Bebedouro já movimentaram vários curtumes que alimentaram de couro e sola toda a nossa região. Sumiram por falta de incentivo das autoridades. Parabéns a este subúrbio pelo asfalto, coroa das batalhas infindáveis dos seus moradores. Pena a líder comunitária e ambientalista da AGRIPA, Dona Joaninha, moradora do Bebedouro não ter tido mais um pouco de vida para contemplar a vitória. Parabéns à prefeita Christiane Bulhões pela visão acertada em favor de um lugar que já existia há 249 anos e traduz o primeiro documento conhecido de Santana do Ipanema. Dona Joaninha poderia ser nome do nome do novo trecho que está sendo asfaltado.

 

 

 

 


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domingo, 23 de agosto de 2020

 

SANTANENSE QUER SABER

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.370

FOTO: CARSIL E EX-PREFEITO HENALDO BULHÕES. (B CHAGAS).

Entender o passado é se prevenir para o futuro. Infeliz a pessoa que ignora suas raízes e vive navegando como filho de chocadeira. Para isso desdobram-se as escolas transmitindo às novas gerações como conseguimos chegar até o presente momento, nossas lutas, nosso suor, nossas dores em busca de um porvir assegurado a nossa juventude. Diz o ditado que “Quem ler sabe mais”. Alimentar a alma com boas leituras, faz a diferença entre o vacilante e a Fortaleza. Uma foto é apenas a ilustração do conteúdo do texto. Somente clicar na fotografia é sinal de preguiça mental e leva ao vício do não conhecimento proposto no texto. Mas, chega de conselhos para os apressados que não querem conteúdo.

Nasceu a Cooperativa Agrícola de Santana do Ipanema – CARSIL -  em 1942. Passando e vencendo crises, chega hoje em torno dos 78 anos de aniversários. Continua sua sede à Av. Coronel Lucena, defronte a prefeitura municipal da cidade. Prestou, além dos seus reais objetivos, relevantes serviços a Santana, abrigando no primeiro andar da sua fachada e na sua extensão, alguns órgãos públicos que para ela apelaram.

Foi ali em suas dependências onde ocorreu a fundação do Ipanema Atlético Club de modo oficial. No dia 5 de maio de 1954, os trabalhos de fundação estavam a cargo de funcionário do  Banco do  Brasil, Hermes Souza. Contam que a sigla do clube que levava  as iniciais IAC, dentro de um losango, teria sido ideia do cidadão José Batista Sobrinho. O terno ficaria com as cores verde-escura no calção e o amarelo queimado na camisa. O Ipanema passou a ser denominado “Canarinho do Sertão”.

Naquelas dependência também funcionou um serviço radiofônico chamado a “Voz do Município”, que transmitia para a cidade através de alto-falantes, os trabalhos da prefeitura, recheados com músicas e notícias. Uma espécie de rádio no governo Hélio Cabral.

Ali  ainda funcionou no primeiro andar, a Bibliodeca Pública, por longo período, bem como  outro período na parte de trás do edifício.

Foram também ali criados a Bandeira e o Brasão do município de Santana do Ipanema, a partir da gestão do prefeito Henaldo Bulhões Barros, com a publicação da Lei 388/70 de 27 de abril de 1970. 50 anos de bandeira. A inauguração do Estádio Arnon de Mello, na parte alta do Bairro Camoxinga. Aconteceu na mesma data acima.

E assim são muitos prédios da cidade que guardam episódios históricos do município, episódios estes, invisíveis aos olhos dos transeuntes.

 

FOTO ABRIL 1996

 

 

 


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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

 

CASA VELHA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.369

(FOTO: OSCAR SILVA):

Após vencer na vida (coletor federal) um dos escritores mais antigo de Santana do Ipanema visitou sua terra e a casa em que nascera e fora criado pela avó, em 1953. Fugira da fome para se alistar na Revolução Paulista. Sua casa era defronte a nossa. Eu estava com 7 anos na ocasião da visita. Convivi muito com a sua avó “Zifina” Flandreleira. Somente conheci Oscar em uma outra visita, já adulto, jantei com ele no Biu’s Bar e Restaurante, Rua Delmiro Gouveia, quando ele me pediu para escrever a história de Santana.

Veja o que ele escreveu após a visita de 1953. Não poderia ficar escondida uma das mais belas crônicas que eu já li. Na íntegra:

 

“A casa velha da Rua do Sebo, a casa de minha avó, dava na vista de todo mundo que passava por ali. Trepada em verdadeiros rochedos, frente de taipa, reboco a cair pela metade, oitão esquerdo exposto à chuva e à tempestade, de pé ainda, ou quase agachado, o velho pardieiro resistia e desafiava o próprio tempo destruidor, os antigos donos morreram ou fugiram e deixaram-na abandonada. Ela, porém, mau grado a vontade dos que a queriam demolida, ali ficou e ali continuava (1953), página dilacerada da grande história do povo santanense. Data nossa.

Antigamente, quando Santana fincava no morro da Goiabeira o cruzeiro que marcaria a chegada do século, aquela casa era simplesmente um quartinho de pólvora de algum fogueteiro da vila, a catingueira ou o marmeleiro, em redor, teús lutando com cascavéis, enquanto  mocós e preás corriam espantados à procura de abrigo contra o perigo iminente.

Passaram-se os dias. O quartinho de pólvora virou casa. E nessa casa nasceram lutas que eram de toda uma geração.

Casa velha da Rua do Sebo. Ali se viveu e lutou. Nela se hospedaram matutos para as missas dos domingos ou das sextas-feiras. Nela morreram os primeiros donos e dela fugiram os que não morreram. Casa velha da Rua do Sebo, festas ao Divino carpinteiro, casamentos de moças e rapazes, menino nascendo em ano de seca, menino dormindo para entreter a fome, menino fugindo da paz em procura da guerra! Casa velha da Rua do Sebo, página dilacerada da grande história do povo santanense”.

·         SILVA, Oscar. Fruta de Palma. Caetés, 1953, Págs 89-90.


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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

 

O DESPREZO DOS HOMENS

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.368

CRISTO DESCARTADO (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO INÉDITO, "O BOI, A BOTA E A BATINA; HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA").


          O Serrote Pelado, ao norte de Santana, era apenas um
monte onde não ia ninguém. Certo dia, contudo, o proprietário mandou limpar o terreno e o povo pensava que ali naquele alto iria ser construída alguma coisa de proveito: um hotel, uma clínica de repouso, uma estação meteorológica... Nada disso foi feito. Apenas uma casa suspeita em forma de bar. Mais adiante, no governo Genival Tenório, que frequentava bastante o local, (1978-82) foi pavimentada a estrada de acesso ao Pelado numa engenharia estranha: paralelepípedos em camadas alternativas, niveladas e de níveis mais altos, numa justificativa de não deslizamento de pneus de automóveis. O prefeito, então colocou ali três imagens religiosas em tamanho normal: Cristo Crucificado ladeado por Frei Damião e padre Cícero. Após, rebatizou o serrote Pelado de Alto da Fé.

Como se vê, santo em lugar suspeito não iria dar certo. Muitas coisas profanas aconteceram por ali gerando revolta na comunidade cristã de Santana. No governo Isnaldo Bulhões (1983-88) atendendo  clamor popular, Bulhões fez descer do tal Alto da Fé, as imagens de Frei Damião e Padre Cícero. Cicero foi parar em pedestal defronte a sua igreja no Bairro Lajeiro Grande e, Damião foi transferido para uma pracinha com seu nome no Bairro Camoxinga. Cristo permaneceu solitário no ‘alto do pecado”. Somente no governo Marcos Davi (2001-2004) o Cristo foi removido.  Não sabemos se a equipe que deu novo destino a imagem era ateia ou não. Fomos consultados por puxa-saco onde deixar o Cristo. Recomendamos o verdadeiro alto da fé, o serrote do Cruzeiro de forte tradição religiosa.

Esperávamos alguma modificação na imagem e o seu encaixamento no grande cruzeiro existente, contemplando e abençoando a cidade. Muitos meses depois, qual não foi a nossa surpresa em visita ao serrote do Cruzeiro! Naquela grande solidão, deparei-me de repente com a imagem do Cristo, descartado, como se tivesse jogado ao lixo. Primeiro arrepiei-me com a surpresa. Parecia um homem vivo, angustiado, pedindo socorro. Segundo, veio uma emoção muito grande pelo que os fariseus fizeram. Estava a imagem escondida, desprezada e presa por trás da igrejinha.  Não tive ação para mais nada. Desci o serrote revoltado com o descarte do Mestre Jesus.  Denunciei o descaso em crônica pública. Nenhuma reação. Passados tantos e tantos anos do acontecido, acho que o Cristo Crucificado continua lá, clamando às autoridades que não merece o que fizeram com ele.

Crucificaram o Mestre pela segundo vez.

*Extraído do livro inédito: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.

 

 


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terça-feira, 18 de agosto de 2020

 

CADEIA VELHA

Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de agosto de 2020.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.367

 

CADEIA VELHA ERA NO PRÉDIO CINZA VIZINHO AO AMARELO. 

(FOTO: LUCIANA PONTES).


O antigo prestígio de uma vila estava na igreja, na cadeia e na entrega de correspondências. Eram essas três coisas que faziam com que novas construções surgissem e expandisse a parte física e o nome da localidade. Em inúmeras vilas, a implantação de feiras semanais, ajudaram bastante na atração rural com seus produtores,  produtos e venda. Uma delegacia ou subdelegacia também era coisa extraordinária que dava maior confiança ao futuro morador ainda em dúvida. Assim uma vila conseguia atrair muita gente e formar ruas chamando a atenção de pessoas de sangue político e desejo de mando. Estes se articulavam com políticos de cidades visando elevar as condições da vila e comandar a nova cidade que certamente surgiria.

Muitos outros fatores contribuíram para que Santana do Ipanema passasse à condição de cidade. Cinema, teatro, banda de música, calçamento e um comércio dinâmico que assegurava o abastecimento da região. Assim surgiu há muito tempo a Cadeia Velha de Santana, situada na antiga Rua do Sebo (hoje, pequeno trecho dividido como Nilo Peçanha. Desde a sua demolição, não se vê mais vestígio que indique ter sido ali palcos de muitas histórias escabrosas. Foi cadeia, necrotério, delegacia, sede de batalhão de polícia e área de venda de escravos. A pequena rua, emendada com a Antônio Tavares, modernizou seus edifícios transformando-os em casas comerciais, porém a tradição não deixava essa parte do comércio progredir. Sempre foi um pedaço morto, como rebarba da parte central.

A falta de pesquisadores interessados na história da cidade e a falta de vestígios da Cadeia Velha, emperram novas descobertas que poderiam trazer lume sobre a trajetória da urbe. Tempos depois da sua demolição, surgiu ali um edifício moderno que se transformou na primeira joalheria da cidade. Um lugar completamente sofisticado, pertencente ao sr. Gumercindo (?) apelidado “Gugu”, tio do saudoso professor Ernande Brandão. Espero não estar enganado.  

A Cadeia Velha foi substituída por delegacia moderna na localidade Aterro, trecho hoje da BR-316. Página de muitas lutas em Santana do Ipanema e Sertão alagoano.

 

 


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domingo, 16 de agosto de 2020

 

EU E O SENHOR DOS MUNDOS

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.366

 

(ILUSTRAÇÃO: B. CHAGAS)

Ajeitei o chapéu de massa, aprumei o bornal e dei início a caminhada pela trilha. A meta era chegar ao topo do monte por veredas desconhecidas. Encontrei a primeira inclinação e subi por ela entre a vegetação de porte. Depois de muito andar subindo por aquele caminho estreito, parecia que eu estava só no meio do mundo. Eis que de repente avistei um homem alto de longos cabelos examinando os frutos de uma árvore. “Que bom! Alguém para me informar”. Fiz o cumprimento de praxe e o homem me perguntou: “Está indo para onde meu jovem?” Respondi: “Estou fazendo caminhada com destino ao topo, mas não sei se é por aqui.  Pode me indicar o caminho? Quem é o senhor?”. Eu achava que fosse um morador da serra, mas ele me respondeu: “Jesus, eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Um forte arrepio doce percorreu todo o meu corpo, da cabeça aos pés.

“Venha, dê-me sua mão”, disse ele. Dei a mão automaticamente como se tivesse hipnotizado. Não consegui mais dizer nada. Senti me descolar do chão, flutuar com ele e subir a trilha como pássaro voando baixo, sem parar, até o cume. Lá em cima ele largou minha mão e disse: “Contemple quanto é belo esse panorama que você queria ver”. Ainda sem conseguir falar, escutei sua palestra sobre outras coisas até que ele disse: “Quero que você faça um cruzeiro de madeira e o coloque exatamente aqui”. Deu-me a metragem da cruz, disse o tipo da madeira, a profundidade do buraco e a metragem que deveria ficar soterrada. Após, mandou preencher o buraco com concreto e deixar um entorno na cruz para visitantes cansados descansarem da subida.

Depois, o Senhor indagou se eu tinha dúvidas. Respondi que não. E Ele: “Você me promete?” Falei pela segunda vez: “Mestre, prometer eu não prometo, prometo apenas tentar”. Ele nada respondeu, apenas disse que quando tudo estivesse como ele pediu, voltaria para um exame. Despediu-se e sumiu da minha vista. Eu me  belisquei por todo canto para ver se era verdade tudo aquilo. Desci a serra trêmulo de medo e de ansiedade.

Providenciei tudo que ele me pediu, com um carpinteiro. Contratei pessoas para transportar o cruzeiro de madeira de lei. O braço da cruz foi pregado lá mesmo no topo. Após tudo terminado, voltei lá sozinho, uma semana depois. Quando cheguei ao topo, o mestre já estava lá, sentado e contemplando a paisagem. Ele deu-se por satisfeito e eu apenas perguntei: “Senhor, eu posso plantar um pé de rosas vermelhas no pé da cruz?” Ele disse: claro que pode, mas medindo cinco metros à direita”. Eu havia levado a muda e fiz como ele mandou. Daquele dia em diante nunca mais fui o mesmo na  minha vida.


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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

 

A LENDA DO JABOBEU

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.365

Construção de ponte, cabeça e evolução da obra. (Fotos: Livro 230/Domínio público.).


Quando a Ponte General Batista Tubino (interventor do estado de Alagoas) foi construída sobre o rio Ipanema, a margem direita do rio era despovoada. Somente mato, estradas carroçáveis e uma ou outra casinha isolada aqui e ali. Foi essa ponte que em 1969, uniu o Comércio de Santana com o outro lado da corrente aquática Graças a ela, a margem direita rapidamente foi povoada e até hoje continua em expansão. Assim como o “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua”, foram demolidos no governo Ulisses Silva, o “Poço dos Homens” também foi golpeado a 20 metros da ponte que chegava. A aproximação do progresso espantou os banhistas e o poço ficou abandonado até a presente data.

O mais famoso poço da cidade ficou imortalizado em nosso livro “Ipanema, um Rio Macho”. Ali tomaram banho maloqueiros, vagabundos, empresários, políticos, comerciantes e muito mais. Porém, esse grande lugar de lazer do povo santanense, sempre engoliu pessoas. Lembramos que antes da ponte contamos mais de vinte banhistas afogados no poço entre o “Estreitinho” e o “Largo” que funcionavam, como divisória. Os mais velhos falavam da “lenda do Jabobeu ou Zé Belebebeu como chamavam os meninos. Segundo essa lenda, Jabobeu teria sido, talvez, o primeiro afogado do poço e, de vez em quando ele vinha puxar na perna de um dos banhistas, matando-o por afogamento também. Os pais não gostavam que seus filhos fossem tomar banho no Poço dos Homens.

A Ponte General Tubino foi construída com a murada de proteção muito baixa. O degrau estreito de pedestres continua imprensando pessoas entre a baixa murada de proteção e o forte trânsito de todas as qualidades de veículos que trafegam de uma a outra margem. Como no antigo Poço dos Homens, vez em quando pula da ponte um suicida para as rochas do rio seco. A ponte é uma espécie de Edifício Breda, escolhida para o suicídio. Nunca foi levantada a murada de proteção, nunca foi alargado o degrau dos pedestres. Como na ponte Cônego José Bulhões, casas comerciais avançam tomando conta do leito do rio provocando tragédias como a da última cheia.

Continua ativa a lenda do Jabobeu, quando não puxa a perna no Poço dos Homens, puxa tudo de uma vez da ponte general Tubino.

 


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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

 


NÓS E OS RIOS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.364

CHEIA DO RIO IPANEMA NA BARRAGEM DE SANTANA. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES


      Rios são cantados e decantados pelo homem desde a Antiguidade. Os poetas têm em suas águas a inspiração para  estrofes saudosas, nostálgicas, comparativas. Todos os rios do mundo possuem a magia como fonte de vida e coisa muito particular do Senhor.

Você sabia que a vida dos rios é semelhante ao nosso viver? Os rios também possuem seus ciclos de vida: juventude, maturidade e velhice.

Caracteriza a juventude de um rio pela erosão vertical. O rio

escava seu leito para acomodamento verticalmente formando um vale com erosão violenta.

A maturidade mostra-se com erosão horizontal fazendo meandros. O rio já alcançou o seu equilíbrio, a rede hidrográfica já se apresenta organizada, distinguindo-se de modo claro seus afluentes e subafluentes. Tem início o trabalho de acumulação e o surgimento de planícies aluviais. Nessa fase, o rio começa a se desviar do seu curso sinuosamente fazendo meandros.

A velhice de um rio. Suas águas lentas já não realizam mais um trabalho intenso de erosão nem de transporte. Em ambos os lados do seu curso, se depositam sedimentos que constituem diques naturais em formas de ferradura que ficam isolados. Novas cheias podem romper esse isolamento.

O lugar onde um rio nasce, chama-se nascente, nome muito usado no plural. O lugar onde o rio despeja suas águas (final) tem o nome de foz, desaguadouro e barra, esta bastante usada no Brasil, principalmente nos sertões nordestinos. Talvegue, é a parte mais   profunda de um rio. Suas laterais chamam-se margens (esquerda e direita). Leito é o lugar por onde escorre suas águas. Afluente é um rio que despeja suas águas em outro. A direção do rio para a foz se diz a jusante. A direção do rio para as nascentes, se diz: a montante.

São os rios que levam alimentos para os mares, que alimentam os peixes e que vão para a sua mesa.

Bem disse o poeta:

“Água corrente

Água corrente

        Teu destino é igual

              Ao destino da gente..”.

 

 

 

 

 

 


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domingo, 9 de agosto de 2020

A VEZ DO CLIMA BOM

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.363

AOS AUSENTES DA TERRA POR MUITO TEMPO

 




Com olhar geográfico físico e humano (social), vamos ainda falar sobre Santana do Ipanema. No início dos anos 50, foi feita a rodagem até Delmiro Gouveia passando por Santana. O DNOCS, então, construiu na saída da cidade para o alto sertão, uma ponte sobre o rio Ipanema aonde o rio penetra na urbe. Os “cassacos” também fizeram ali uma barragem no próprio leito do rio. Para facilitar as obras, os cassacos passaram a habitar a margem esquerda da rodagem, onde foram construídas algumas casas. Essas casas, com o tempo foram se estirando ao longo da estrada de terra, sempre pelo lado esquerdo. O povo logo denominou o lugar de Barragem e que continua até o momento. Não está tão longe assim, quando terrenos do lado direito da pista foram loteados. Surgiu rapidamente ali uma nova barragem com residências e comércio modernos.

Quase no final do casario da esquerda, surgiu uma serraria feita de madeira abrindo caminho para novas habitações por trás dos quintais do lugar barragem inicial. Casas esporádicas surgiram naquelas lonjuras, como escondidas da sociedade. O tempo fez aparecer algumas ruas também de pessoas humildes como as da barragem inicial. Surgiu do mesmo povo o nome do lugar: Clima Bom. De fato, tirando a pobreza extrema de inúmeros habitantes, O terreno é enxuto, bom para se construir e alto em relação ao rio. A área tem pela frente os quintais do casario da antiga barragem e, por trás, um pouco distante, após matagal de arbustos, o riacho Salobinho que despeja no rio Ipanema, por trás do antigo Matadouro Público. Recebe sua ventilação pela calha do rio que sobe até aquela região  legitimando o nome do lugar. Recentemente o Clima Bom ganhou outra entrada além, da serraria, dessa vez, pelo início da chã, antes das primeiras casas da barragem. Isto quer dizer que se pode chegar ao Clima Bom, tanto pelo final (serraria) quanto pelo início, por ladeira larga e de terra. Após décadas e décadas, o bairro humilde, sofrido e invisível, acaba, incrivelmente, de receber as bênçãos da pavimentação. Evento que mudará por certo, toda feição humilhante do filho do Barragem. Esperamos assim uma corrida por terrenos de residências e comércio mandando a pobreza para as águas do mar sagrado, onde não passa ninguém. É certo que ainda não é asfalto, mas o calçamento em paralelepípedos, representa grande vitória contra a poeira, a lama, esgotos a céu aberto e a indignidade social.

 Nós colocaríamos o nome do bairro de Serraria, em homenagem a serraria desbravadora, mas se o povo quer viver no Clima Bom, Clima Bom seja. Parabéns novamente à Prefeitura com olhar de futuro. PARABÉNS AO CLIMA BOM.

NOVA BARRAGEM E CLIMA BOM (FOTOS: 1. B. CHAGAS. 2. JEAN SOUZA, SERTÃO NA HORA)

 

 

 



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 FOTO OU PINTURA??? (B. CHAGASAS)


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