terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

O TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM

Clerisvaldo B, Chagas, 1 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.622





No momento (14 horas), a temperatura de Santana do Ipanema está na casa dos 36 graus. Há dias, compadre, chegou brincando aos quarenta. Quem falava de Pão de Açúcar! É a região pegando fogo, principalmente o Alto Sertão e Sertão do São Francisco. É verdade que deu uma boa trovoada em Santana do Ipanema há dois ou três dias, durante à noite, mas se via que era trovoada de passagem. Cumpriu o seu papel em fazer zoada, amenizar o calor sufocante e partiu vagarosamente. Em Arapiraca o negócio foi medonho, chuva e ventos fortes causando transtornos pela cidade, chegam às notícias. Enquanto isso estamos na expectativa do próximo mês quando a primavera tem vontade de ir embora. E se a primavera que é amena está assim, calcule o verão que se iniciará ainda em dezembro!

Dezembro é um mês que não costuma alisar em termos de temperatura. Poderá trazer mais trovoadas ainda ou passar em céu azul, o que não seria a primeira vez. Geralmente é mês de muita luta no campo com falta de colheita e plantio. A escassez da água faz a angústia do ruralista ao contemplar os rebanhos sedentos e lambendo a poeiras cinza dos cercados despidos de vegetação. Uma duplicata de textos e textos da literatura nordestina desde quando se escrevia com bico de pena de pato. Mas quem vive quer saber o agora, pagar com moeda nova o sacrifício e o prazer de morar no Sertão.

Você que é da capital, imagine em lugares estremos do Oeste de Alagoas, onde alguns estudiosos consideram essa parte do alto sertão como clima árido, isto é, clima de deserto! Percorremos parte da região onde só encontramos caprinos sob sombra esfarrapada de quixabeira. Bosques de juremas pretas e macambiras, terras escuras com cenários de supostos incêndios florestais. Como faz a diferença, a água gelada conduzida na reserva da mala do automóvel! E nesse tempo de labaredas solares e terras rachadas, até as cascavéis trocam o dia pela noite indo à caçada com seu veneno terrificante. A caatinga aguarda uma nova trovoada para virar o paraíso dos homens e das abelhas.  Amanhã, o 7 e o 5 me esperam Orgulho em ser nordestino!!!

ENTARDECER: MONUMENTO AO JEGUE QUE SUSTENTOU A CIDADE QUANDO NÃO HAVIA ÁGUA ENCANADA. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

LIBERDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.621





Palmeira dos Índios, situada no Agreste alagoano, está de parabéns em resgatar parte da história do nosso estado. A lembrança de exaltar a luta quilombola pela liberdade foi oportuna nesses momentos em que se discute o racismo no Brasil com o dia da Consciência Negra. Não só o prefeito está de parabéns, mas o escultor Ranilson Viana e todo o povo palmeirense pelo exemplo em exibir publicamente os nossos valores numa luta universal, local e sem tréguas. Os quilombolas da comunidade Tabacaria representam muito bem tantas comunidades quilombolas de Agreste e Sertão do nosso território. O monumento negro à Liberdade não será apenas um monumento para Palmeira dos Índios, porém fonte de inspiração, pesquisa, estudo e turismo que preenchem a cabeça dos verdadeiros heróis e apologistas à liberdade branca, negra, indígena do nosso País.

A obra com quatro metros de altura representa também uma vitória profissional para o seu autor, notadamente quando sua arte vai aonde o povo está. A “Princesa do Agreste”, também já possui uma tradição de preservar a sua história como alguns monumentos à personagens indígenas – origens das suas raízes – e o trio de museus espalhados pela cidade. Estivemos aí em dia chuvoso fotografando na Praça do Museu Xucurus a máquina do trem para o nosso trabalho “Repensando a Geografia de Alagoas”. Diversos outros lugares foram por nós fotografado como a serra das Pias, a antiga estação ferroviária e o açude do Goiti na sua melhor forma.

Palmeira dos Índios, para quem não a conhece, é passagem obrigatória dos que trafegam Sertão – Maceió e vice-versa pela BR-316 e de quem se desloca de Arapiraca para Bom Conselho, Garanhuns via Igaci. Município de terras férteis também é conhecido como “Terra da Pinha” que no Sudeste é chamada de fruta de conde. Sua posição geográfica facilita bastante o seu desenvolvimento: Agreste, fronteira com Pernambuco e limiar do Sertão, significam está perto de tudo e possui bom intercâmbio com a Capital Sertaneja Santana do Ipanema. Mas nem só da pinha doce vive Palmeira dos índios, a cidade respira cultura por todos os recantos onde a sombra do Mestre Graça continua muito maior do que os quatro cantos das suas fronteiras.

MONUMENTO À LIBERDADE

(FOTO: DIEGO WENDRIC/ASSESSORIA)


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domingo, 28 de novembro de 2021

 

ANTROPOFAGIA URBANA

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.620





Santana do Ipanema Permaneceu décadas sem se expandir horizontalmente, graças as amarrações dos terrenos de periferia. Proprietários de terras não as vendiam, até que o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques teve a coragem de desapropriar terras da margem direita do rio Ipanema. Hoje as terras desapropriadas deram origem aos bairros: Domingos Acácio, Floresta, Santo Antônio e fala-se também em Santa Luzia (antes era apenas uma rua).  A partir daí nenhum outro prefeito teve a coragem de desapropriar e a cidade passou a pertencer a uma segura camisa de força; Décadas e décadas se passaram com o marasmo monótono da mesmice. Há pouco tempo os proprietários de terras resolveram vender ou lotear por todas as periferias da cidade. Isso gerou uma expansão nunca vista antes com resultado de Antropofagia urbana-rural em Santana do Ipanema. Vejamos:

Na região norte o Lajeiro Grande se expandiu para a Rua das Pedrinhas, Quilombo e outros mais e já se encontra perto de englobar o sítio rural Barroso. Entre os fundos do antigo DNER, foi loteada uma fazenda que vai daí ao extremo oeste do Lajeiro Grande com o rio Ipanema. Na região Oeste da cidade a expansão ocupou o espaço por trás do casario da BR-316 no Bairro Barragem até as imediações do riacho rural Salobinho, afluente do Ipanema. Recebeu o nome pelo povo de Clima Bom. Do outra lado da BR-316, a expansão do Bairro Barragem se deu em direção ao Poço das Trincheira e montante do rio Ipanema. Conserva o mesmo nome, mas parece bairro novo.  Na região Leste, expandiram-se vertiginosamente os Bairro Lagoa do Junco e São Vicente em direção ao povoado São Félix, serrote Pelado, Riacho do Bode, Bebedouro e Santana – Maceió pelo BR-316.

Na Região Sul estirou-se o Bairro Floresta em direção à Serra da Remetedeira e do sítio Tocaias. O Bairro Domingos Acácio, puxou para as faldas do serrote do Cruzeiro (partes lateral direita e esquerda e para a Floresta. O Leste do bairro engoliu o sítio Cipó, parte do sítio Curral do Meio II e o sítio Lagoa do Mato. Surgiram ali respectivamente: o Bairro Santo Antônio, habitações continuadas da AL-120 e o loteamento Colorado que agora passou a ser Bairro Isnaldo Bulhões. Assim foram deglutidos pela expansão urbana horizontal os sítios rurais: Tocaias, Lagoa do Mato, Curral do Meio II e Cipó.  Em breve outros sítios estarão dentro do perímetro urbano.

É natural, porém com registro para gerações futuras, melhor.

EXPANSÃO PARA AS FALDAS DO SERROTE CRUZEIRO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 

LAMPEÃO, VEADOS E ARTESÃOS

Clerisvaldo B. Chagas, 25/26 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.619



O talento está espalhado por todas as partes do mundo. Ele se sobressai no Nordeste com a arte do fabrico de artigos do couro, isso desde o início da ocupação pastoril nos sertões, forçadas pela exigência portuguesa. Inúmeras necessidades dos nativos passaram a depender dos artesãos em todos os tipos de matéria prima. Os artesãos em couro muito contribuíram fabricando bogós para armazenar água nas viagens, vestiram os vaqueiros da cabeça aos pés com chapéu, gibão, luvas, calça, calçados e ainda arreios para as cavalgaduras: selas, chibatas, cabrestos, rédeas e muito mais. Procuravam-se os melhores que eram chamados de “Mestres” e faziam jus ao título popular. Mas a arte não morre e vai varando os tempos cada vez mais robusta no século XXI.

O couro trabalhado predominava o do boi e do bode. Mas como encomenda especial, trabalhava-se com a pele do veado que foi rareando nas caatingas com extinção quase completa. Ele é macio e tem qualidade superior nas mãos dos artífices. Assim encomendávamos anda nos anos 60/70, alpercatas tipo xô-boi e chapéu de couro de veado. Nestas eras, ainda dava para se encomendar a própria carne do servo nas feiras do município de São José da Tapera. Mas tudo foi sumindo e evaporou. LAMPIÃO, que era exigente na qualidade dos seus trajes, gostava sim de uma xô-boi de couro de veado, talvez assim como o seu chapéu com enfeites únicos. Chegamos a usar ainda esse tipo de alpercata que foi substituída pelo sapato “Passo Doble”.

Alguns deputados e senadores do Nordeste, chegaram a exibir nas reuniões, essa moda de alpercata sertaneja de couro de veado feita pelos mestres artesãos nordestinos. Em Alagoas, deputados e acadêmicos lançavam a moda na capital. Poderíamos apontar mestres do passado da Rua Antônio Tavares e Travessa, mas que já estão em outra dimensão. Hoje não sabemos os endereços nem os nomes desses maravilhosos artistas do couro, mas eles estão espalhados por todo o Sertão e Sertão do São Francisco. Um grito de encomenda, ligeiro chega à casa de um mestre.

Infelizmente o couro dos veados da rua não prestam para sela, chapéu, gibão e alpercata. E o pior é que mudaram o “E”.

Fazer o quê?

ARTESÃO DO COURO (FOTO:  AUTOR NÃO IDENTIFICADO)

 

 


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terça-feira, 23 de novembro de 2021

 

NOVAMENTE A PRAÇA DO TOCO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.618




Quando o senhor Sebastião Jiló morava ao lado da pracinha, o povo a chamava de “Praça de Sebastião Jiló”. Tempos depois, o senhor Henaldo Bulhões passou a morar na casa que antes pertencera a Jiló. Os populares, então renovarem o apelido do espaço: “Praça do Dr. Henaldo”. Ninguém nunca a chamava pelo seu verdadeiro nome de batismo: “Praça Emílio de Maia”, deputado palmeirense que muito ajudou à cidade na era de 40. Sem placa, sem incentivo escolar, já nos anos 60, 70, ninguém não sabia mais o verdadeiro nome da pracinha. Como o Dr. Henaldo Bulhões ainda mantém à residência vizinha, seu nome continuava referência do logradouro até o final do século XX. Até então era a única praça original de Santana do Ipanema. Sebastião Jiló viera da cidade de Ouro Branco e foi quem deu esse nome aquela urbe emancipada de Santana. Dr. Henaldo Bulhões fora prefeito de Santana do Ipanema.

A “Pracinha do Dr. Henaldo foi completamente descaracterizada em certa gestão passada. O nome original foi banido da História de Santana e, talvez para agradar alguém, deram novo título ao espaço reformado. Não queremos dizer que o lugar ficou mais feio. Ganhou ares modernos, simpáticos e recebeu denominação de Alberto Nepomuceno Agra. O próprio professor Alberto era contra, assim como nós, de se retirar nome de obra pública para colocar novos nomes, pois isso destrói parte da história. O povo passou a chamar o espaço de Praça do Toco porque havia sido decorada com vários deles. Resultado, nem Alberto, nem Emílio, só Praça do Toco. Santana não merecia.

Agora sai a notícia de apreensão de drogas na “Praça do Toco”, isto é, nem os órgãos informativos respeitam o nome oficial da praça. Talvez seja o caso do Ponte do Urubu que vai demorar bastante para que a população aprenda corretamente a apontar os seus logradouros públicos, principalmente os que são mais relevantes da nossa história e raiz. Inclusive, a rádio pioneira do Sertão alagoano, situada na Avenida Coronel Lucena, a Correio do Sertão, fica bem defronte a famigerada “Praça doToco” ou seja, educadamente, Praça Alberto Nepomuceno Agra.

Bons tempos quando se dizia: “Viva à Pátria e chova arroz!”

Estamos indo... Mas não para a “Praça do Toco”.

PRAÇA EMÍLIO DE MAIA EM 2013, AINDA ORIGINAL. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)

 

 


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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

SANTANA CAPITAL DO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 De novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.617




Mais um grande empreendimento é implantado em Santana do Ipanema e desta vez por filho da terra retornando ao torrão. Demonstrando sua estrela comercial, momento em que inúmeras marcas importantes do Brasil estão escolhendo Santana como base sertaneja para suas filiais, foi inaugurado o Castillo The Bakery, no humilde Bairro São Vicente, no último sábado dia 20.  Trata-se de uma padaria em estilo europeu que é composta no caso, de padaria, confeitaria, conveniência, restaurante, quitanda, pizzaria e adega. Assim, os dois bairros, São Vicente e Lagoa do Junco, vão se agigantando e recebendo empreendimentos como o Complexo da Justiça, hotel de luxo, condomínios de alto nível, importantíssimas prestadoras de serviços, escolas, repartições públicas diversas, igrejas e pavimentações.

Prestigiando a inauguração do Castillo, diversas autoridades santanenses, entre elas a própria prefeita Christiane Bulhões, secretária de governo e ex-prefeita Renilde Bulhões, vereadores e várias outras autoridades. O empresário Carlos Rocha que também é chefe de cozinha, está investindo 1,5 milhão e que gerou mais de 10 empregos. Experiente e viajado, o empresário aposta na cidade e no Bairro São Vicente que sempre marcou o itinerário Santana – Povoado São Félix e possui um marco de passagem do século XX para o Século XXI, o belíssimo Santuário de N.S. de Guadalupe. Além do Abrigo de Idosos na mesma via vicentina. Tudo isso à margem esquerda da BR-316, saída de Santana rumo à capital.

Assim, o Bakery, funcionando das seis à meia-noite, torna-se uma poderosa opção no conceito padaria, panificação, diversifica e expande a gastronomia internacional e local na terra de Santa Ana. A priori, estamos bem servidos no ramo, notadamente pelos serviços básicos das panificações.  No Centro e nos bairros é boa a concorrência que leva sempre ao questionamento do preço e da qualidade. Boas novas no ramo são bem vindas e fazem lembrar a Padaria Royal, do saudoso Raimundo Melo, no Centro de Santana do Ipanema, uma das mais antigas da cidade. A Padaria Royal costumava brindar a sua clientela todos os finais de ano com um pão tipo Recife, em forma de jacaré.

A Capital do Sertão, merece.

(FOTO: ARMAZÉM DOS PÃES)

 

 


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domingo, 21 de novembro de 2021

 

OS INVISÍVEIS

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.616




Antes em Santana do Ipanema, havia nas ruas, além de metralha, muitas latinhas de cerveja e garrafas pet de todos os tamanhos. Graças às divulgações nos vários meios sociais ensinando e exemplificando como latinhas e garrafas plásticas são úteis em uma casa, no sítio, nas praças, nas fazendas, que esses tipos de objetos deixaram de surgir como lixo nas ruas da cidade. Mas, graças também aos que compram para a reciclagem e os chamados catadores que descobriram essa fonte de renda com seus pontos certos de entrega. (Santana possui dois). É pena ainda não termos em Santana do Ipanema, uma fábrica de reciclagem o que daria mais emprego, renda e ocupação, porém não podemos regredir na limpeza do meio ambiente, aproveitando o embalo dos catadores que estão nas ruas desde os primeiros raios da manhã.

As ruas ficaram completamente limpas. Antes os catadores agiam apenas nas ruas, esporadicamente. Catavam ferro, papelão, latinhas garrafas plásticas. Achamos que, orientados começaram também a atuarem no lixo doméstico deixado às portas para o recolhimento. No início dessa nova atuação, chegavam primeiro do que o gari, abriam as bolsas de lixo, retiravam o que interessavam deixando bagaceira feia. Ultimamente estão mais profissionais. Retiram os objetos dos pacotes do lixo e deixam tudo do mesmo jeito que encontraram, isto é, sem bagunça nenhuma. Muitas pessoas já colocam o lixo para os garis com os objetos de catadores separados: o ferro, o alumínio, a latinha, propriamente dita, e os papelões. Isso, além de mais humano, torna mais prático e melhora a simbiose.

Portanto, uma coisa que parece tão simples e longínqua, está sendo planejada em Santana do Ipanema: a Associação do Catadores. Isso permitirá melhorar os serviços, proteger os profissionais e evoluir, muito embora para a maioria da população esse tipo de serviço, como disse no início, seja invisível. O meio ambiente agradece essas ações dos catadores, mesmo que sejam atividades motivadas pela sobrevivência e não pelo voluntariado social consciente. O importante é a sociedade organizada dignificar o trabalho de homens e mulheres através do oferecimento de orientações, assistência médica, melhores condições para o trabalho e desenvolvimento na cadeia da atividade. Vale salientar que algumas cidades sertanejas já estão bem adiantadas na solução do ciclo dos catadores...

Criaturas de Deus que devem ser olhadas com olhos mais humanos!

CATANDO LIXO (FOTO: G1).

 


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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

 

VAMO MEDIR?

Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.615





  Vamos abrir espaço para o texto extraído dos autores Elian Alabi Lucci e Anselmo Lázaro Branco, identificação abaixo. Curta e opine.

“Se você fizer uma breve pesquisa sobre a altura do Monte Everest, a resposta será invariavelmente a mesma: 8.848. No entanto, esse número não é consenso entre governos e especialistas que apresentam valores diferentes de medição.

Enquanto os nepaleses sustentam que a montanha tenha 8.848 metros acima do nível do mar, o governo chinês bate o pé e afirma que o Everest é quatro metros mais baixo: 8.844 metros.

A diferença entre as medidas divulgadas pelos dois países ocorre principalmente porque o Nepal inclui a camada de gelo sobre a montanha, enquanto o valor registrado pelos chineses é limitado somente ao trecho rochoso. Oficialmente, a medida de 8.848 metros para altura do Everest foi restabelecida no ano de 1954, após uma série de medições realizadas por geólogos do Nepal e da Índia.

Apesar da boa vontade entre os dois países de tentar chegar a um valor oficial que agrade a todos, especialista de diversas instituições apontam um fato que pode colocar ainda mais lenha na fogueira dessa polêmica. Segundo os pesquisadores, o Everest estaria ficando mais alto, devido a constante subducção das placas tectônicas abaixo do Himalaia, que literalmente empurra para cima toda a cordilheira.

Em medições realizadas em 1999 através de equipamentos de GPS, uma equipe de geólogos estadunidense constatou que a montanha mede de fato 8.850 metros (...)

O monte Everest se estende do Nepal à China e teve sua atura medida pela primeira vez no ano de 1856. Desde então esse valor vem sendo questionado seguidamente (...)”

Polêmica: altura do Monte Everest deverá ser novamente avaliada. Editoria invenções e descobertas. 22 jul.2011. Disponível em  <w.w.w. apolo11.com>Acesso em 6 de nov. 2014.

LUCCI, Elian Alabi & BRANCO, Anselmo Lázaro. Geografia, homem & espaço. Saraiva, São Paulo, 2015, pag.88.

Subducção: nome dado quando uma placa tectônica se infiltra por debaixo de outra.

SERRA DA CAMONGA, NOSSO EVEREST (FOTO: GUILHERME CHAGAS).


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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

 

BARRAGEM EM CENA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.614




Prosseguem os trabalhos da barragem do João Gomes no sítio João Gomes, em Santana do Ipanema. O João Gomes é um valente riacho afluente do rio Ipanema e que escorre pelas planuras de parte do município, cruza a Al – 220 a 6 km do Centro da cidade onde forma um cânion na Reserva governamental da Sementeira. Representa uma veia d’água na caatinga em tempos chuvosos e oferece poços e cacimbas em épocas de estiagem. Seu nome, tudo indica, tratar-se de beldroega também chamada João Gomes, uma planta comestível muito consumida pela pobreza durante dias de Semana Santa. Representa um refrigério para o homem e para o rebanho dos que habitam suas margens. Um reforço importante para o seu grande coletor.

Foi anunciada o término do sangradouro da barragem, alto, grande e possante e que iria começar as obras do paredão. Fala-se em um espelho d’água de 6.km de comprimento, assim sendo, outros sítios poderão gozar doa benefícios da barragem pronta. Cria-se um microclima no entorno, outros animais selvagens serão atraídos e uma nova página ecológica se forma trazendo novos hábitos no criatório e nos humanos. Poderá haver até viabilidade para o turismo rural, à semelhança do Açude do Pai Mané, em Dois Riachos. Muitos pássaros e aves que foram embora da região, poderão retornar como o martim pescador, o mergulhão e outros que procuram o peixe de barragem como alimento. E se na verdade tivermos uma extensão de 6 seis quilômetros, é coisa para se admirar, morar perto e criar boi.

Açudes ou barragens são construídos no Nordeste desde os tempos de D. Pedro II e mesmo atualmente o número ainda é insuficiente mesmo com outras alternativas. Por isso mesmo dizia meu professor maior de Geografia Alberto Nepomuceno Agra: “O rio Amazonas é muito importante para o Brasil e o mundo, porém, para a nossa realidade, muito mais importantes são os riachinhos que cortam os nossos sítios, as nossas fazendas”. Não vejo a hora de visitar a barragem cheia e sangrando do riacho João Gomes.

Quando o homem ajuda a Natureza, a Natureza recompensa ao home

RIO IPANEMA RECEBE O RIACHO JOÃO GOMES (FOTO: ARQUIVO B. CHAGAS).

 


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domingo, 14 de novembro de 2021

 

PORTA DA CHUVA – MACEIÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.613





Sabia de todas as músicas de forró daquela atualidade. Tinha as preferências de locutores e rádios da capital. Mas por que os apresentadores falavam tanto em “porta da chuva”? Todos os programas de forró tinham abraços e recados para a “porta da chuva”. Mas esse nome me intrigava, uma coisa estranha e inusitada uma porta desenhada no meio de chuva. E assim as músicas iam desfilando no prato e aquele estudante do interior procurava preencher o tempo com Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e outras feras da música popular nordestina, visando angariar ânimo para prosseguir no Curso Médio. É que têm coisas que são tão simples, mas formam tesouros em nossas cabeças.

Somente já adulto, maduro e pesquisador, descobri a tão falada “porta da chuva”. Descendo por acaso, a ladeira dos Martírios fui parar diante do antigo Palácio já transformado em museu. Ali na praça, motivo de tantos embates em busca de melhores salário e combate à avareza de gestores estaduais, resolvia apenas fotografar o casarão das amarguras, mais como presente do que passado.  E atravessei a praça, desta feita silenciosa. Do ponto de ônibus apurei a vista e a memória e consegui descobri do lado oposto da rua, na esquina da ladeira com a Rua do Comércio, um ponto comercial estreito e quase despercebido, com inscrição na fachada: “Porta da Chuva”. Atravessei pelo trânsito intenso, espiei de perto o que para mim fora mistério e tesouro de memória, quis entrar, mas, por que o proprietário iria ouvir conversas de mais de 30 anos depois?

Guardei minhas lembranças só para mim e dei um passo adiante em direção ao Centro. Levava uma alegria por ter descoberto o enigma “porta da chuva”, um estreito lugar em que os passantes enxergavam para um abrigo das chuvaradas surpresas de Maceió.  Mais também conduzia uma amargura em não compartilhar as lembranças da capital na cabeça do rapaz de Santana do Ipanema. E logo atrás ficava o símbolo de batalhas e batalhas sindicais (Praça dos Martírios) buscando vitórias para transformar professores escravos em cidadãos.

Lágrimas não respeitam idade.

Lembranças continuam imortais

E sabedoria ainda é pedaço de Deus.

ANTIGO PALÁCIO DOS MARTÍRIOS, HOJE MUSEU. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

 

CINEMA E CARTOLA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.612






Acho que o pipoqueiro não durou tanto tempo assim na porta do Cine Alvorada, em Santana do Ipanema. E em porta de cinema, dificilmente falta a pipoca cheirosa e quentinha ou da tradicional ou da moderna chamada de pipoca de isopor. Mas a época não era de pipoca. Um cidadão chegado à cidade começou a vender alguns preparados entre a porta de entrada e a bilheteria. O cheiro invadia a rua, mas também penetrava as narinas dos mais quietos espectadores do interior do cinema, na hora do filme. Alguns não resistiam e nem deixavam a fita terminar, abandonavam tudo e corriam para um lanche. “E que negócio é esse que cheira tanto, meu amigo?”  E o homem respondia: “É paio?” “E o que diabo é paio?” “Um tipo de linguiça do Rio Grande do Sul.

Algum tempo depois o paio foi substituído por novo aroma que também provocava frenesi no cinema de luxo lotado, do meu padrinho Tibúrcio Soares. “Você quer matar o povo pela barriga, meu senhor? Que cheiro medonho é esse?” “Cartola, já ouviu falar?” “Não”. Lembro tudo isso porque estou no momento me deliciando com uma cartola tradicional. Coloca-se ovos na frigideira mais uma camada de queijo e mais uma terceira camada de banana fatiada. Com manteiga... Irresistível, deliciosa e saudável até para diabéticos. E se o que vale para o passado voga para o presente, para que perder tempo pensando, na cozinha!

O Cine Alvorada foi marco importante na pacata e progressista Santana do Ipanema, onde não havia tantas diversões assim. Lugar de se divertir, namorar e matar o tempo, o Alvorada era uma das melhores coisas da cidade ao lado do futebol aguerrido do Ipanema no Bairro Camoxinga. Infelizmente a grande decisão do comerciante e empresário Tibúrcio, em construir o Alvorada, estava bem perto do limiar das diversões em casa e, o cinema decorado com motivos regionais, não durou tanto tempo assim. Seu edifício descaracterizado continua servindo o povo santanense como casa comercial também de luxo. Mas a saudade da pipoca, do paio, da cartola do senhor José Gomes, continua cheirando através dos tempos atuais na mente dos que narram os fatos inolvidáveis da terrinha.

CINE ALVORADA (FOTO: B.CHAGAS).

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MÉDIO SERTÃO E BACIA LEITEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.611






Já falamos aqui sobre o Alto Sertão Alagoano e, agora falaremos sobre o chamado Médio Sertão e Bacia Leiteira de Alagoas. As dúvidas sobre os assuntos são constantes, mas chegou a hora dos esclarecimentos. Fazem parte do considerado Médio Sertão Alagoano as cidades: Santana do Ipanema, Dois Riachos, Olivença, Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Poço das Trincheiras, Maravilha e Ouro Branco.

Quanto à Bacia Leiteira de Alagoas, abrange uma área de 2.782.90 Km2 e é composta por 11 municípios destaques na produção de leite. São eles: Cacimbinhas, Major Izidoro, Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Palestina e Pão de Açúcar. É bom saber que a área possui 8.657 agricultores familiares, 357 famílias assentadas e 12 comunidades quilombolas.

Veja que nem todos os municípios do Médio Sertão pertencem à Bacia Leiteira. Mas também a Bacia Leiteira não é só formada por municípios do Médio Sertão.

Veja também que cidades como Minador do Negrão, Cacimbinhas e São José da Tapera não estão incluídas como Médio ou Alto Sertão. No caso, não temos conhecimento dos critérios usados nessa classificação.

A central da Bacia Leiteira de Alagoas São os município de Major Izidoro, Batalha e Jacaré dos Homens. Isso não quer dizer que muitos outros municípios sertanejos que oficialmente não fazem parte de Bacia, não produzam leite. Todos os municípios vivem da agricultura e da pecuária leiteira.

MAJOR IZIDORO (CRÉDITO: IBGE).

 


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terça-feira, 9 de novembro de 2021

 

FREI DAMIÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.610






Desde as nossas constantes passagens por Canafístula que íamos observando o seu crescimento naquele terreno plano de barro vermelho que é esse distrito de Palmeira dos Índios. Impressionava-me bastante a produção de pinha e a feirinha que se formava no curral do gado, às margens da BR-316.  Centro de romaria de Frei Damião, o lugar passou a ser chamado Canafístula Frei Damião., pelo menos é o que vimos rotineiramente nos sites noticiosos. A facilidade de hoje leva pessoas a postarem vídeos sobre o distrito mostrando principalmente a feira de animais notadamente de cavalos. Ficamos impressionados com o crescimento do lugar e nem sabemos porque o distrito ainda não virou cidade. Ultimamente, o prefeito de Palmeira dos Índios anuncia novidades na romaria, para o próximo ano.

O prefeito Júlio César anunciou a construção de um santuário em homenagem a Frei Damião, na pracinha da igreja de N.S. do Rosário onde acontecem os festejos ao “Santo do Nordeste”. Ali será erguido, segundo o gestor, um monumento a Frei Damião, com cerca de 20 metros de altura, tornando Canafístula a “Capital da Fé”. A mensagem não é muito clara, uma vez que tanto um santuário quanto uma estátua são monumentos. Então, os vinte metros de altura será uma estátua do Frei ao lado do santuário? (santuário: capela em homenagem a um santo onde suas relíquias são ali guardadas).  Este santuário será a grande novidade apresentada aos romeiros na próxima festa, ano que vem. Canafístula Frei Damião está situada às margens da BR-316, não tão distante da entrada de Palmeira de Fora.

Com essa decisão, a prefeitura de Palmeira dos Índios incrementará o “Turismo Religioso” no município já bastante visitado por romeiros do Alagoas e estados vizinhos. Unem-se os fatores econômicos da feira que se firmou, o agronegócio e a religiosidade nordestina em relação ao homem de Bozzano.  O distrito de Canafístula Frei Damião é bastante agradável, principalmente visto por dentro e não apenas para os que trafegam sem parar pela BR-316. A região de chácaras oferece os produtos da terra em barracas, aos viajantes o que por si, já representa uma atração e impulso de compra, inclusive da pinha doce e gigante, carro-chefe da agricultura local. Vamos conhecer?

MEMORIAL FREI DAMIÃO, GUARABIRA-PB (CRÉDITO: MAPIO.NET)


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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 

 

ALTO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.609






Talvez o amigo já tenha tido dúvidas com esse negócio de Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco, em Alagoas. Pois bem, vamos tentar explicar esse caso, uma vez que os órgãos noticiosos usam com frequência essas denominações, mas não explicam, principalmente sobre os investimentos estaduais.  Tudo é Sertão mais existe essa divisória. Vamos esclarecer sobre o segundo caso, futuramente falaremos sobre os outros. Quando estamos nos referindo ao Alto Sertão, para quem vem de Maceió pela BR-316, passando em Santana do Ipanema, poderemos iniciar com Canapi, Inhapi, Mata Grande, Água Branca, Pariconha, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Piranhas. Para quem vem da capital por Arapiraca, Olho d’Água das Flores, a relação, sem detalhes, tem início com o último que será o primeiro, Piranhas e a sequência ao contrário. Este é o Alto Sertão composto por nove municípios.

E se você pretende conhecer o Alto Sertão Alagoano, pode iniciar tanto por Canapi quanto por Piranhas, pelo menos sai da rotina  litorânea e vem se deslumbrar com as características do interior longe da capital. Em Piranhas, Olho d’Água do Casado e Delmiro Gouveia (município), pode se deliciar com o rio São Francisco, seus cânions, suas barragens hidrelétricas, culinária, histórias de Lampião, a história de Delmiro Gouveia e sua fábrica de linhas, além de gozar de cidades ensolaradas e típicas sertanejas. Subindo o Maciço de Mata Grande, quer dizer que sobe para as partes montanhosas do Alto Sertão com Mata Grande, Água Branca, Pariconha e Inhapi. Poderá conhecer o cenário de Mata Grande, uma visão diferente entre montanhas, suas histórias cangaceiras e de mando em Alagoas no início do século vinte. Conhecer a igreja de ouro nas alturas de Água Branca e do alto avistar terras da Bahia, o Casarão da Baronesa e episódios do cangaço. Em Pariconha sobre as invasões de Virgulino Ferreira e em Inhapi fábrica de carros de boi. Isso fora tantas outras coisas que podem agradar.

Nas planuras de Canapi, culinária, fábricas de queijo e muitas histórias de luta para o progresso além do morro do Carié, o mais famoso inselberg de Alagoas, no Entroncamento Carié (hoje povoado e posto da PRF). Para que viajar por outros estados se você tem um mundo sertanejo a desbravar na sua terra, juntamente com sua família?! Aproveite o agora e o depois das duplicações rodoviárias. Como bem sabemos, as cidades de uma mesma região não representam unanimidade em tudo. Cada uma com suas características onde o visitante curioso vai se empanturrar de conhecimentos para o resto da vida.

Quantas coisas valiosas não foram ditas por conta da conta de uma crônica!

Meu, nosso, Alto Sertão Alagoano!

Salve.

OLHO d’ÁGUA DO CASADO (NIDE LINS)

 


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domingo, 7 de novembro de 2021

 

ENGRAXANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.608



Os homens gostavam de andar elegantes e cuidavam dos sapatos. Isso fez com que surgisse na frente do “sobrado do meio da rua”, um profissional com estilo diferente: uma cadeira de balanço, de ferro, trepada em alguma coisa e que ficava alta onde o cliente se sentava e parecia um rei. Ali João Engraxate, passou muitos anos engraxando sapatos entre a “Casa Triunfante” (miudezas) de José e Manoel Constantino e a “Autopeças” de Arquimedes. João Engraxate era pai do famoso cantor Cícero de Mariquinha e morava à Rua Antônio Tavares. Não sei se ele foi o primeiro engraxate da cidade, mas após sua instalação surgiram inúmeros outros profissionais, cujo ponto central era a Praça Manoel Rodrigues da Rocha, defronte a Matriz de Senhora Santana.

Essa humilde profissão, conseguiu retirar muitos adolescentes e mesmo adultos da marginalidade e da fome. Havia tantos engraxates no centro da praça que era difícil escolher. Porém, um deles destacou-se com o passar dos anos, e passou a ser o preferido da clientela desde que tivesse disponível. Chegou a colocar um trono parecido com o do João Engraxate, porém mais modesto. Era o primeiro a ser procurado e referência profissional em Santana do Ipanema. É que Zequinha adquiriu uma técnica em que fazia o sapato brilhar muito mais do que nas mãos dos seus companheiros. Foi o primeiro a usar tic-tac, um líquido para sapatos brancos e bicolores, moda dos boêmios da época. As mulheres também mandavam seus sapatos para a praça, principalmente para o falado Tic-Tac.

Muita gente boa ajudava o adolescente a comprar a caixa de engraxar com seu respectivo material: graxas, escovas, tintas, flanelas e papelões para não melar as meias do cliente.  A concorrência na praça obrigava aos rapazes tentar ruas e avenidas de maior movimento. Certa vez, Zequinha, a liderança, deixou a profissão e surgiu depois de camisa branca e gravata preta como motorista de ônibus, só não lembro se era da Progresso. Daí em diante os engraxates foram rareando e sumiram de vez. O próprio tênis chegou para ficar... E sem engraxador. Certa vez surgiu um camaleão na árvore que abrigava os profissionais, de outra feita foi um macaco prego que passaram a ser a diversão da Praça e cuidados pelos engraxates, mas desapareceram tão misteriosamente quanto chegaram.

Ah! Sertão em marcha.

ENGRAXATE ( crédito: DURVAL MOREIRA. COM).

 


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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

 

CHEGOU CHEGANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.607




    Quarta-feira última, portanto, já dentro do mês de novembro, bem perto do anoitecer, ela chegou, cabra velho, a trovoada. Muita chuva, relâmpagos e trovões abalaram Santana do Ipanema. Não sabemos informar sobre o caso na zona rural ou em outros municípios sertanejos, mas o que foi despejado na cidade, fora o medo que causou, agradou bastante. Nesta quinta-feira quis o fenômeno se repetir à mesma hora, com trovões e relâmpagos, mas a intensidade foi muito menor. Podemos dizer que foi um belo pé d’água que cercou todo o perímetro urbano. Sempre estamos a esperar as trovoadas a partir de novembro, mas não tão cedo assim; ainda mais duas vezes seguidas, coisa rara em nosso meio. É agora quando fechar a rama na Caatinga que o vaqueiro procura derrubar boi no mato.

Na minha rua, o toró engrossou, os gatos apressaram os passos para o fogão de casa. O trovão estalou, passou cachorro correndo que nem bala acompanhava. O entregador de gás, escapuliu para um abrigo e um cavaleiro cruzou a rua que nem um alucinado. Novos relâmpagos se abriram, nova zabumbada nos céus e o tufo d’água fez riacho na sarjeta.  Com estuque ou com telhado, ninguém se furta a vistoriar o teto no interior da oca, embora muitos tenham se jogado em baixo da cama diante dos arrotos sem freios dos trovões. Um menino corajoso aproveitou a biqueira da esquina e sentiu cair o calção folgado deixando a bunda de fora. A enxurrada viaja tranquila até o riacho Camoxinga, o Salobinho, o Salgadinho ou diretamente para o rio Ipanema, captor de toda a bacia da região.

A esperança sertaneja se renova para o período novembro/abril em barreiros cheios, barragens sangrando e açudes lado a lado. Mas, tudo isso são suposições para os que vivem da terra, do criatório, da boa vontade dos que administram a Natureza terrestre. De qualquer maneira já disseram os profetas modernos: “Depois dessa pandemia nada será como antes, nada”. Portanto o jogo de xadrez poderá continuar o mesmo, todavia com regras diferentes. A humildade do vivente tem que ser muito maior do que a soberba tradicional humana. Sabedoria é aguardar com a virtude da paciência os novos tempos traçados pelas forças soberanas. Já é noite da quinta e o tempo continua abafado. Pingadeira no teto e nuvens indefinidas. A Natureza é 10.

CHUVA NA TERRA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 


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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

 

TÊNIS CLUB SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.606



     Fazendo parte do quarteto arquitetônico do Monumento, o Tênis Club Santanense, inaugurado em 10.01.1953, preencheu todos os objetivos do passado. Pela transformação inexorável dos tempos, sofre a ausência do fastígio, mas continua de pé como um patrimônio imorredouro de alta magnitude na esquina da Avenida Nossa Senhora de Fátima com a Avenida Adeildo Nepomuceno Marques. Para o transeunte que não conhece sua história, representa apenas um edifício gigante por trás da Escola Estadual Padre Francisco Correia. Construído para divertir a elite da época, foi sendo ampliando pouco a pouco passando por diversas administrações profícuas e soberanas. Foi sempre um status de grandeza da cidade. E sua estrela ainda não caiu.

No início havia uma quadra de vôlei na área descoberta onde nós, ginasianos, treinávamos. A quadra acabou em benefício de reformas e mais reformas até chegar à estrutura atual. O tênis foi palco dos grandes espetáculos dançantes de época quando se dançava valsa, bolero e outros estilos mais. Um desses espetáculos era o próprio traje de gala de mulheres e homens que ocupavam as mesas do salão. Apresentavam-se ali, orquestras de Pão de Açúcar, Palmeira dos Índios, Garanhuns e inúmeras famosas no Brasil inteiro, vindas do Sudeste. Eram os bailes gigantes que repercutiam em Santana do Ipanema e no Sertão inteiro. Vale salientar que era tempo do cinema, do teatro, do folclore, não havia televisão e os bailes eram acontecimentos extraordinários.

Havia também os Carnavais noturnos e as matinês para nós adolescentes. Maravilha! Chegado o tempo da diversão em casa, a queda foi inevitável em todas as outras formas de lazer. O resultado foi cinemas, teatros e clubes fechando com saudosos sangramentos no Brasil inteiro. Como sobrevive hoje o nosso titã sertanejo? Só mesmo com dedicação e muita paciência para se administrar um clube fora de moda. Mas aqui, acolá têm eventos que acontecem no Tênis Club Santanense, apesar de novos espaços para eventos terem surgidos na cidade.

Parabéns aos abnegados que tomam conta deste e de outros patrimônios de Santana do Ipanema.

Parabéns à própria estrutura que bravamente resiste ao seus 68 anos

TÊNIS CLUB SANTANENSE EM 2013 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).


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terça-feira, 2 de novembro de 2021

 

 

POÇO PREMIADO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.605






O município de Poço das Trincheiras, o mais perto de Santana do Ipanema, vai ganhar um presentão. Assim como Dois Riachos que teve asfaltado o povoado Pai Mané à BR-316, Poço vai contar com asfalto até o seu principal povoado, o progressista Quandu, situado às margens do rio Ipanema. E se o trajeto de terra e poeira entre a cidade e o povoado já é belo assim mesmo, imaginem após o asfalto! O citado trecho margeia o rio, além de serras notórias do município. Não confundir Quandu com Guandu. QUANDU é um animal também chamado porco-espinho e ouriço-caixeiro; emprestou o nome ao povoado. GUANDU É UM VEGETAL. Tipo de feijão-fava também chamado ANDU. Portanto, na região proliferava o quandu e nas serras, o guandu ou andu.

O povoado Quandu cresceu tanto que já ouvimos dizer a cerca de 6 anos atrás: Tá maior do que o Poço. Fica bem pertinho da fronteira com Pernambuco. A última vez que estivemos ali, foi para filmar com a TV Gazeta, a entrada do rio Ipanema em Alagoas, o que acontece um pouco mais acima, no povoado Tapera. Poço das Trincheiras é ´considerado como um dos mais organizados municípios do Sertão alagoano. Dizem seus visitantes: “Ali tudo funciona”. Um surto de desenvolvimento tomou conta da cidade que a cada dia se moderniza e se embeleza. Quandu que também tem vereadores nativos, procura seguir os passos da sede, o que faz com grande brilhantismo. Portanto o asfalto chega bem com merecimento e tudo. Ah!... Até Santana do Ipanema ganha com isso.

É comum se asfaltar trechos na capital. Mas, qualquer pedaço de chão asfaltado em terras sertanejas, constitui troféus e mais troféus extras para um torrão por tanto tempo esquecido. O asfalto representa algo impagável para o desenvolvimento de um lugar. Os imensos benefícios que virão após, atingirão todas as áreas físicas e sociais. Inclusive, vários professores de Santana do Ipanema trabalharam ou trabalham no Quandu, indo e voltando todos os santos Dias. Para se chegar ao povoado, deixa-se Santana do Ipanema pela BR-316 e logo se chega ao acesso a Poço das Trincheiras, atravessa-se a cidade, penetra-se na estrada de terra após rodar sobre ponte molhada no rio Ipanema. Quandu está à espera.

Parabéns prefeito Valmiro Gomes, parabéns ao município.

POVOADO QUANDU (IMAGEM: PREFEITURA).

 

 


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