segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

 

ZERO CARNAVAL

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.667


 

A proibição de Carnaval este ano, pareceu uma justa homenagem às vítimas de Covid no Brasil e às vítimas da invasão na Ucrânia. Mas, independentemente disso, o que encontramos em Santana do Ipanema nestes dias de folia foram ruas desertas e pequenos grupos de pessoas, esporadicamente bebendo defronte às suas residências.  Um silêncio absoluto nas avenidas semelhante aos antigos dias de finados. Para quem gosta de Carnaval em Santana, deve haver ainda a recordação de um homem que brincava o Carnaval sozinho. Chamava atenção porque além de ter sido interventor, era comerciante e fazendeiro. Nunca participava de bloco algum. Com apenas uma dessas máscaras finas e simples compradas em lojas, perambulava rua acima, rua abaixo, sem nenhum outro aparato, fora a máscara fina, que pudesse disfarçá-lo.

Firmino Falcão Filho, o seu Nouzinho, na época, proprietário da Sorveteria Pinguim, parecia antecipar o presente Carnaval da COVID 19. Um Carnaval solitário, pessoal, intimamente ligado as entranhas do eterno brincante. Se o prezado leitor quer saber sobre aquelas turmas de santanenses que deixavam Santana em direção a Pão de Açúcar ou Piranhas, não sabemos responder. O Carnaval está proibido em Alagoas confirmado por vários municípios. Seria um correr sem graça para outros lugares. Assim os que não pulam no reinado de Momo, repetem a mesma cena de outros tampos, sentam na esquina do antigo Hotel Central, em pleno Comércio, para apreciarem bandos e blocos que não passam mais. Restam apenas as fofocas que não são exclusividade das mulheres.

Saudade dos homens:

 

Você pensa que cachaça é água

Cachaça não é água, não

Cachaça vem do alambique

E água vem do ribeirão.

 

Paródia das mulheres:

 

Você pensa que babado é bico

Babado não é bico, não

Babado se bota em vestido

E bico em combinação...

 

Tempos de incertezas e melancolia.

Só Deus na causa.

CARNAVAL EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


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domingo, 27 de fevereiro de 2022

 

NA PERIFERIA DA HISTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.663


 

Histórias que os mais velhos contavam. O prefeito de Santana do Ipanema, em 1926, era o comerciante Benedito Melo, que tem nome de rua e que também é chamada Rua Nova até os dias de hoje. Benedito era comerciante e conhecido como Beneguinho. Sua gestão ficou marcada pela incursão do bandido Lampião no município e pela formação de barricadas civis e militares diante de  uma iminente invasão à sede municipal. Naquela ocasião estava tendo uma crise de asma, mas com a ajuda de homens resolutos conseguiu formar a resistência, com pelo menos a metade de homens em relação ao bando de Virgulino. O tão famoso padre Bulhões engajou-se na defesa e descobriu pessoalmente muitos rifles entre seus amigos.

O comerciante, segundo contam, tinha o hábito de sentar à porta do estabelecimento em palestra com os seus. Gostava de esgaravatar as unhas com um canivete e quando passava uma senhorita não perdia à vez. Indagava quem era a moça. Respondida a pergunta, o homem juntava o polegar ao indicador e tornava a indagar: “Fala francês?”. Era uma clara alusão à riqueza ou não da moça transeunte. Quem abriu à Rua Nova, não sabemos, porém, que a denominou Rua Benedito Melo, foi o, então, prefeito interventor, Firmino Falcão Filho, o Seu Nouzinho, o mesmo que construiu a Ponte Cônego Bulhões (Ponte do Padre). Nouzinho, a pedido, deixou a inauguração da ponte para o próximo gestor, ano seguinte, Coronel Lucena, eleito pelo voto direto com o nome de prefeito.

E como estamos em pleno Carnaval, tivemos na década de vinte registros de bons Carnavais em Santana do Ipanema. Havia um acolhimento grande de blocos nas residências de pessoas extremamente influentes como o padre Bulhões e o Coronel Manoel Rodrigues da Rocha – este, um pouco antes da década de vinte. Detalhes são contados e, a conclusão é que tanto era bom o Carnaval de rua quanto o de salão. Essas tradições da época vila/cidade, continuaram por inúmeras décadas, fazendo de Santana uma espécie de Central dos Foliões. Nos últimos tempos, porém, houve um arrefecimento nas brincadeiras de Momo, a ponto de os brincantes deixarem a cidade em busca das folias do São Francisco como Pão de Açúcar e Piranhas.

SANTANA ANOS 60 (FOTO LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).

 


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

 

CAIÇARA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.662


 

Não foi somente uma vez em que tivemos vontade de conhecer o topo da serra da Caiçara. Transitando inúmeras vezes no trecho Poço, Maravilha e Ouro Branco, tínhamos como colírio à serra da Caiçara em torno de 800 metros de altitude. Sua vegetação diferenciada, grotas, centro de microclima da região, transmitiam essa vontade que a alma geográfica teimava em conhecer. Infelizmente nunca apareceu uma oportunidade real de incursão pelas suas faldas atrativas e topo chamativo. Sua altura de fato impressiona e se comparada à serra do Poço – dividida entre Poço das Trincheiras e Santana do Ipanema – possui 300 metros a mais, o que faz grande diferença.  

O habitante da planura leva cerca de duas horas para chegar ao cimo da serra do Poço, enquanto seus moradores fazem a caminhada em poucos minutos. Ali conhecemos bem, uma das paisagens mais belas do Sertão, vista de cima. Quanto à Caiçara, ultimamente também denominada pelos populares de serra da Maravilha, é um atrativo de além fronteiras e foi transformada em reserva, não está com tanto tempo assim. Achamos que demorou muito a ação governamental.  Antes tarde do que nunca, fica a reserva à disposição de estudos para geógrafos, biólogos, geólogos e uma infinidade de profissionais afins, naturalmente observando as regras da lei.

Imaginamos a saga do Corpo de Bombeiros e Polícia Civil em busca do homem desaparecido e só achado morto 40 dias depois, em lugar de difícil acesso.  Enquanto isso, a cidade vai mostrando o seu museu de mastodontes para os habitantes da região e os turistas interessados em História Natural e aventura. Maravilha incorpora assim a reserva da serra como um trunfo a mais no seu desenvolvimento. Estando em Maceió e querendo visitar essa região, é pegar a BR-316 via Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Entroncamento Carié. Antes do entroncamento tem o acesso à cidade de Maravilha. A belíssima foto abaixo, do Corpo de Bombeiros em busca do homem desaparecido na serra da Caiçara, ilustra bem aquele monte extraordinário que ornamenta com muita pompa o Sertão alagoano.

 


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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

 

SÃO JOSÉ GANHA REPARTIÇÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.661



     O Humilde Bairro São José, fruto de desdobramento do Bairro Camoxinga, estar situado na região oeste de Santana do Ipanema, saída para Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco o Alto Sertão de Alagoas. É onde estão a escola Professora Helena Braga das Chagas, Corpo de Bombeiros, Posto de Saúde São José e o DNIT, repartições culminantes do lugar. Mas agora o Bairro do pai de Jesus entra numa nova dimensão que aumenta a autoestima dos seus habitantes. É que foi inaugurado ao lado do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) moderno edifício onde funcionará como sede própria, a 11a Vara da Justiça Federal em Alagoas, às margens da BR-316, lugar do antigo DNER.

O fórum funcionava no Bairro Monumento quase defronte aos Correios, mas agora abrilhantará com sua pujante presença o Bairro São José, onde existe bem perto outros bairros como Clima Bom, Barragem e o gigante Camoxinga. Com essa nova moral o Bairro São José, tão longe do Centro, poderá atrair novos empreendimentos, deixar, quem sabe, o velho apelido de COHAB VELHA e por pés nos degraus da verdadeira transformação. Segundo noticiário, esteve presente na citada inauguração, entre várias autoridades do Judiciário o presidente da subseção de Santana do Ipanema, o advogado filho da terra, Raul Teodósio e a prefeita do município Christiane Bulhões.

Funcionando em Santana do Ipanema há 10 anos (registrada no livro: “230” da nossa autoria)

 

, o Fórum Federal atende a 22 municípios do Sertão e Alto Sertão de Alagoas. Sua nova sede é até um ponto estratégico para o Alto Sertão e as cidades ditas acima. Dias atrás surgiam perguntas e mais perguntas dos transeuntes a respeito do prédio que estava sendo construído no terreno onde funcionou o antigo DNER. E se era segredo ou quase, está aí a grande descoberta, repartição gigante trocada por outra gigante na serventia objetiva, no emprego e na circulação monetária, principalmente no Bairro São José.

Digam agora que o santo não tem força!

Trouxe a Justiça.

Justiça forte e federal. Ave o muque, São José!

EDIFÍCIO NOVO DA JUSTIÇA FEDERAL (FOTO: DIVULGAÇÃO/INSTAGRAM/JFAL).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

 

RAPOSA

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.660

 


A raposa é um dos poucos animais selvagens de porte ainda encontrados em nossos sertões nordestinos. É um bicho solitário que tem predileção pelas últimas horas do dia e as primeiras da noite, porém, pode ser visto a qualquer hora cortando a estrada. Alimenta-se principalmente de cupim, depois, frutos, cobras, lagartos e aves. Caminha choutando igual a jumento e está sempre atento ao que se passa nos arredores. Possui olfato, audição e visão excelentes. Comenta-se que a raposa gosta muito de vinho, tanto que alguns caçadores colocam essa bebida em cuias para atrai-la e flagrá-la bêbada. A raposa também é um símbolo de inteligência e serve de apelido para os mais experientes no jogo da política. Para o que anda a pé nos caminhos empoeirados do Sertão, avistar uma raposa à frente é se arrepiar da cabeça aos pés.

Um guará choco é um perigo iminente. No caso da raposa, pode estar doente com a raiva e transmitir para o ser humano. Várias vezes encontramos raposas solitárias cruzando a estrada Poço das Trincheiras – Maravilha, no sertão de Alagoas., bem pertinho da pujante serra da Caiçara. Existem diversos gêneros desse animal no mundo, de família Canindae. E em todos os lugares do mundo cada espécie de raposa representa beleza e sabedoria. O episódio abaixo registra o predador humano em todos os recantos da terra: Transitando pela BR-316 num automóvel, um amigo nosso foi incentivado pelo carona, ao avistar uma raposa: “Passe por cima, mate, ela gosta de galinha!”. Meu amigo motorista retrucou: “Se fosse para matar quem gosta de galinha, eu iria começar por você”. Era o dia da caça.

As raposas vão rareando principalmente por causa do homem exterminador. Outros fatores surgem como o desmatamento, a caça clandestina, doenças e fome mesmo. Recordamos nosso pai, Seu Manezinho Chagas, de vez em quando a mandar que fôssemos até o Bar do Maneca – vizinho à nossa loja de tecidos – pegar uma garrafa de vinho Raposa. No rótulo da garrafa de vidro incomum, uma bela estampa do citado animal. Vale salientar que em outras épocas havia no Sertão armazéns que compravam couros e peles. Assim os animais da caatinga iam desaparecendo na espingarda: onça, gato-do-mato ou maracajá, veados e raposas.

Gente é gente. Bicho é bicho...

Mas como é difícil viver!

RAPOSA SERTANEJA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA, DURANTE SECA (CRÉDITO: FATOS E FOTOS DA CAATINGA).

 

 


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domingo, 20 de fevereiro de 2022

 

O BOI, A BOTA E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.659


                                                                                 

Estivemos na prefeitura de Santana do Ipanema na quinta-feira passada (17). Juntamente com o diretor de cultura Robson França, concretizamos um chamado da prefeita Christiane Bulhões, naquela tarde de alta temperatura em nossa cidade. Palestra extremamente agradável envolveu inúmeros assuntos de interesses mútuos, culminando com a possibilidade de lançamento do livro título deste trabalho, antes do próximo mês de junho. “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, já se encontra de “boneca” corrigida, faltando apenas a ordem para impressão numa famosa gráfica da nossa capital, Maceió. O maior documentário jamais produzido sobre Santana do Ipanema, fará parte dos festejos de aniversário do município.

O Boi, a Bota... Conta a história de Santana desde as primeiras sesmarias em nossa região, as penetrações dos sertanistas que conquistaram o Sertão alagoano, a fundação da cidade e a sequência linear até o ano de 2006 quando governava o município, a prefeita Renilde Bulhões. Chegamos até um acordo sobre pessoas ilustres que apresentarão autor e livro no dia do seu lançamento. Vamos dizer aqui como se diz em Maçonaria: “a reunião foi justa e perfeita”, vendo-se alegria e confiança contagiantes que preencheram todos o espaço do gabinete de Cristiane e estufou para as paisagens das cercanias mostradas pelas vidraças. O autor do livro não recusou ainda a um convite para almoço em sítio rural num belo casarão centenário da família do diretor Robson França e nem o convite do Secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jorge Santana, para uma visita à barragem em construção do riacho e sítio João Gomes e ainda à Baixa do Tamanduá, comunidade quilombola fonte do artesanato de barro do município.

É de primordial importância a cooperação cultural que somente irá enriquecer a verdadeira história do povo santanense. Somente conhecendo as origens e a trajetória da Ribeira do Panema, os seus filhos poderão avaliar a grandeza da terra em os viu nascer. Após a publicação do Boi, a Bota e a Batina, Santana do Ipanema nunca mais será a mesma. E a espera da sua gente já perdeu a elasticidade da paciência. Em breve, o maior acontecimento da terra de Senhora Santana.

EVENTO NA PREFEITURA, DA ESQUERDA PARA À DIREITA:  ROBSON FRANÇA (DIRETOR DE CULTURA), CRHISTIANE BULHÕES (PREFEITA), RENILDE BULHÕES (EX-PREFEITA), CLERISVALDO B. CHAGAS (ESCRITOR), PROFA. IRENE DAS CHAGAS (ESPOSA DO ESCRITOR). (Foto: Prefeitura/ Isis Malta).

 


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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

 

FACHEADA NO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.658




É a ação de caçar pombas à noite nas dormidas usando fachos, candeeiros ou lanternas. As aves são surpreendidas dormindo no aveloz, nos espinheiros, nas árvores... Nos garranchos. Covardemente são abatidas à mão, a cacete, à peteca (estilingue). Caça-se para o consumo próprio, para vender em bodegas, bares e feiras. Isso por necessidade, diversão ou instinto de exterminador. A rolinha, a juriti, as aves de arribação, cujos trechos são conhecidos, são incandeadas e mortas sem defesa alguma. Embora esse tipo de ação esteja proibido atualmente, a prática ainda continua, mesmo em menor escala nos lugares mais afastados dos órgãos fiscalizatórios.

Muitas vezes as facheadas transformam-se em caçadas de pebas e tatus. São acrescentadas a elas as grandes companhias dos cães de caça. Bichos de hábitos noturnos também são surpreendidos dentro da noite, embora ainda tenham pelo menos o direito de correr. O peba tem carapaça marrom claro, corpo chato e, segundo dizem, gosta de comer defunto, daí sua carne ser rejeitada por muitos e comida com cachaça e pimenta por outros. O peba cava o chão para moradia e para se esconder dos seus predadores. O tatu não cava. Mora em tocas abandonadas por outros animais. Sua carapaça é escura e roliça. A carne é apreciada como a melhor caça do Brasil, dizem caçadores de todas as regiões brasileiras.

Apesar da carne do tatu ser muita procurada, nem todas as pessoas gostam de carne selvagem, principalmente mulheres. Os caçadores driblam os guardiões do meio ambiente e as caças são vendidas por encomenda ou nas feiras livres onde as fiscalizações são frágeis ou inexistentes. O país é muito grande para uma inspeção em todos os biomas. Já os animais, muitos em extinção, procuram refúgio cada vez mais longe dos humanos em lugares de difíceis acessos como faldas e topos de serras. Mesmo assim os bichos não conseguem escapar da sanha devastadora do predador maior: O bicho de duas pernas, o perna de calça inconsciente.

Mesmo assim não falta gaiato que aproveita o tema sério para indagar com seu duplo sentido: Qual é a hora que o tatu caminha”?

 

PEBA, DE PÉ, TATU (IMAGENS PINTEREST)

 


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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

 

VOCÊ, O OVO E A GALINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.657





Se o cronista descreve o cotidiano, vamos falar do ovo de cada dia. Não está com tanto tempo, comprávamos ovos na feira, nas bodegas. Era o chamado ovo de galinha de capoeira, daquela galinha criada solta ciscando nos terreiros de sítios e fazendas. O preço era baseado na unidade de medida: dúzia ou meia dúzia. Como tempo e moda mudam rapidamente, agora compramos ovo em supermercados e nos vendedores ambulantes, chamados “carro do ovo”, cuja medida evoluiu para 30 ovos embalados em bandejas de papelão. São ovos brancos de galinha de granja e ovo rosinha de galinha caipira. Dificilmente encontramos o ovo de capoeira. Os médicos recomendam mais o ovo de capoeira e da galinha vermelha, criada pastando, comendo milho e semiconfinada. Ovo sem aditivos químicos é mais sadio.

O ovo caipira tem a casca dura, é rosa por fora e tem a gema amarela, bem escura e bonita. Acontece que esse tipo de ovo recomendado, está vindo agora sem nenhuma diferença externamente, por dentro, a gema está com a mesma cor do ovo branco de granja: bem clarinho, além do seu sabor original ter sido trocado por um gosto de comida velha. O que está havendo? Em nossa opinião é a vez do “gato por lebre”. Não estamos afirmando, apenas sugerindo que o produtor estar usando a ração da chamada galinha branca de granja para alimentar também a galinha vermelha caipira. Pode não ser, mas tudo indica. Nesse caso é melhor comprar o ovo de granja branco que pelo menos tem sabor. Não aceitamos gato por lebre. Vamos voltar ao tempo do ovo da galinha de capoeira?

Os pardais estão a chilrear às 4.10 da madrugada, a barra do dia sai às 5hs da manhã, os pessoa das caminhadas passam com o arrebol e o carro do ovo levanta o trabalhador às 6.30 com a mesma cantilena de sempre, rua acima, rua abaixo. Prepare entre 13 ou 14 reais para uma bandeja do produto. A concorrência anda de moto, a “a moto do ovo”, mas os preços quase sempre são coincidentes. Prefere ovo de capoeira, caipira ou de granja?

São Bento do Una (PE) vai matando a fome do povo com suas granjas possantes.

Mas em que fica a questão do ovo da galinha vermelha? Você sabe?

BANDEJÃO DE OVOS CAIPIRA (IMAGEM/PROPAGANDA)

 

 

 


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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

 

OLIVENÇA ABRE O PRESENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.656



Ordem de serviço dada pelo governador, Olivença vibra de contentamento com tamanho presentão estadual. Seu atalho Olivença – Batalha sendo finalmente asfaltado tirando a cidade de final de rota; aquela que só vai lá quem tem negócio!  Assim Olivença, antiga Capim, integra-se de uma vez por toda à Economia comandada por boa rede rodoviária onde a entrada e saída da produção flui com rapidez. O exemplo maior é para o leite, produto perecível que refrigerado percorre hoje grandes distâncias com a velocidade que os tempos modernos exigem. Assim será com tantas outras produções que precisam chagar com urgência ao destino. Todo o alto sertão via Santana do Ipanema, agora inda para Arapiraca ou Maceió não precisarão mais rodear por Olho d’Água das Flores, Monteirópolis e Jacaré dos Homens, bastará entrar por Olivença e continuar pelo antigo atalho de terra diretamente até à cidade de Batalha.

Esse atalho sai bem pertinho do Parque de Exposição e da entrada de Batalha pela via principal. O marco da emancipação de Santana do Ipanema, parece receber novamente carta de alforria rodoviária que permitirá à cidade e todo o município um novo horizonte de progresso para o povo oliventino.

Olivença, antes chamada povoado Capim, foi emancipada de Santana do Ipanema através da Lei 2092, no dia 2 de fevereiro de 1959. Os nomes de famílias de lideranças formaram a denominação Olivença e assim continua após 63 anos como município. Tem acesso asfáltico ligado a AL-120, meio Santana, meio Olho d’Água das Flores.  A nova construção asfáltica prossegue com este acesso, atravessa a cidade saindo pelo lado oposto diretamente para a cidade de Batalha.

Dois festejos importantes de Olivença é a data da Emancipação e a homenagem à Nossa Senhora do Carmo realizada em 16 de julho o que de certa maneira coincide com a da padroeira de sua antiga sede, Santana do Ipanema.

A festa da ordem de serviço para construção da estrada Olivença – Batalha, não é somente “presentaço” para a aniversariante, mas um pacotão de benefícios para o Médio e o Alto Sertão alagoanos.

Lembrando Juscelino: “Governar é abrir estradas”.

PRAÇA EM OLIVENÇA (FOTO IBGE).

 

 

 

 

 

 

 


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domingo, 6 de fevereiro de 2022

 

DINHEIRO PASSEIA NO CAMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.654

 

Indagamos à pessoa abalizada quais os três sítios rurais economicamente à frente dos outros, no município de Santana do Ipanema. De certa forma a resposta foi surpreendente.  E se você conhece a nossa área rural, imagine quais seriam. Pois bem, Camoxinga dos Teodósio, São Félix e Areias Brancas. Entendemos que o consultor quis dizer: a região do povoado São Félix e a região do povoado Areias. Cada uma dessas regiões abrange mais de 15 sítios circunvizinhos. Veja, o sítio Camoxinga dos Teodósio faz parte da região serrana do município. Isso, por si só já mostra clima diferenciado e fertilidade de solo. Faz parte da estrada de terra Santana – Águas Belas (por dentro; atalho).  O asfalto que chegou até o sítio Barroso, é roteiro para o sítio Camoxinga que, de qualquer maneira, em parte já foi beneficiado.

A região do povoado São Félix também está encravada em região serrana. O tradicional povoado comanda o comércio entre os sítios e a cidade. Recentemente o sítio Óleo, seu vizinho, progrediu muito, virou povoado e concorre com o tradicional São Félix. Dois povoados para uma região de serras e grotas que trabalha com o milho, o feijão e a criação de gado. Este povoado representa outro ramal Santana – Águas Belas que se encontra com o primeiro mais à frente. Registra12 km dali até o centro de Santana do Ipanema, em estrada de terra. Antes chamado Quixabeira Amargosa, São Félix precisa de ligação asfáltica para Santana e diretamente para Areias Brancas. Mesmo assim, veja que está entre os três mais. Em busca do seu destino, o mais comum em Santana, é seguir pelo Bairro São Vicente.

Assim como São Félix, o povoado Areias Brancas (Areia Branca não existe) está localizado a 12 km de Santana do Ipanema, porém no rumo da capital cortado, pela BR-316. Foi isso que fez a diferença. Transporte à toda hora tanto para Maceió quanto para Santana e Alto Sertão. Tem um comércio ainda insipiente, porém básico. Filho da zona rural, se expandiu e atualmente recebe inúmeros benefícios como Igreja, padroeiro, água, luz, calçamento, biblioteca pública... Além de vários empreendimentos particulares. Vive da agricultura e do criatório e possui bastante força política.

Pois, entendendo nosso amigo informante e conhecedor profundo da área rural de Santana do Ipanema, estão aí os três do topo da economia rural do nosso município, segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, Jorge Santana.

Vamos laçar dinheiro, peão!

 PARCIAL DE AREIAS BRANCAS (FOTO YOUTUBE/EDSON SANTOS).


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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

 

AS PANELAS DO TAMANDUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.654




 

Não tem parelha: feijão “bage” roxa cozinhado em panela de barro. O Secretário do Desenvolvimento Rural, Jorge Santana, acrescentou mais uma atração na Feira da Agricultura Familiar que ocorre às sextas defronte à Secretaria de Agricultura, no Bairro Monumento, em Santana do Ipanema. Junto à prefeita Christiane Bulhões, estar sendo resgatada a tradição secular de produção artesanal e venda de panelas de barro na Capital do Sertão. O produto estava desaparecido e vinha, antes, do povoado de Poço das Trincheiras, Alto do Tamanduá, mas foi descoberto quo no sítio vizinho e fronteiriço de Santana do Ipanema Baixa do Tamanduá, também se produz panelas, similares e brinquedos de barro. E como nos terrenos do sítio têm bastante matéria-prima, a prefeita e o secretário resolveram resgatar o produto para o nosso comércio, incentivar a produção e fazer gerar renda extra na comunidade.

A comunidade Baixa do Tamanduá, está localizada à margem da BR-316 alguns metros próximos à divisa com Poço das Trincheiras. Um dos primeiros documentos de Santana dá o lugar com o nome de Lagoa do Mijo e seus moradores são quilombolas de origem do povoado pocense Tapera do Jorge. Resgatar a tradição da comunidade é importante, mas aqui deixamos duas sugestões ao secretário Jorge Santana: 1. parceria com o SEBRAE para aperfeiçoamento das peças, visando agregar valorores ao nosso artesanato de barro. 2. Se ainda não estiver registrada, registrar a comunidade no órgão responsável como descendentes de escravos, pois isto daria direitos a uma série de benefícios federais ao lugar, à semelhança dos quilombolas de Poço das Trincheiras, tudo da mesma origem.

De qualquer maneira é muito bom o retorno da panela de barro ao nosso comércio e vê-las à venda na Feira da Agricultura Familiar. Ainda se usa na zona rural, panela de barro, lenha e carvão para se fazer aquela comida que cheira à distância no recipiente ímpar e sadio do barro. Achamos que a comunidade Baixio do Tamanduá, vai ficar feliz e deixar muitos feirantes contentes com a novidade. Vendidas na feira da Agricultura Familiar, muitas encomendas virão para a comunidade antes dirigida pelo meu saudoso amigo Zeba, cuidadoso com seus amigos quilombolas. Obrigado Jorge por ter se inspirado em nosso trabalho anterior como diz você. Vamos agregar valores para àquela gente boa e humilde que também faz gente e animais do barro, primeira massa usada pelo Grande Arquiteto do Universo. Parabéns mais uma vez à prefeita Christiane Bulhões, a sua equipe de sensibilidade e a Secretaria de Desenvolvimento Rural.

Estaremos perambulando na Feirinha sempre que o Senhor dos Mundos permitir.

 

 


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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 

JUAZEIRO, JUAZEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.653

 

Ainda é a árvore mais famosa do Sertão. Típica e originária da caatinga, o juazeiro ficou imortalizado nas músicas do Rei Luiz Gonzaga. Árvore elegante que pode atingir 15 metros de altura é famigerada pela sua resistência à seca, sua sombra e suas propriedades medicinais. Seus galhos secos, caídos ao chão, podem surpreender o desavisado com seus espinhos grandes, duríssimos, roliços e marrons acinzentados. Produzem uma dor grossa e duradoura, fura sandália de borracha, pé e tudo. O fruto do juazeiro é o joá, pequeno arredondado e doce, muito usado pelos caprinos. As pessoas usam o fruto em pequena quantidade para evitar problemas imediatos. Com eles pode se fazer doce e geleia.  Da casca do juazeiro se faz pasta dental e xampu. Nós o conhecemos de perto pois já descansamos muito sobre à sombra dessa árvore, palitamos os dentes com seus espinhos e higienizamos a boca com a raspagem do seu tronco.

O juazeiro (Ziziphus joazeiro) tem proteção contra o fogo nas coivaras, ainda hoje praticadas nos sertões. Ganha muito destaque natural na região de criatório e nos musicais das páginas forrozeiras nordestinas. É cantado direta ou indiretamente nas sagas romanescas de amor. Não é muito bom para se armar redes nos seus galhos, mas bem varrido com garranchos, dá uma descansada boa danada na esteira de pipiri ou de caboclo. Às vezes seus galhos próximos uns aos outros, costumam soltar gemidos que parecem sobrenaturais quando entram em atrito causado pelo balanço do vento. Suas raízes profundas quase sempre mantêm o verde aceso quando os arredores se apresentam queimados pela canícula. É a capacidade de absorver a água distante do subsolo.

É decantada sua resistência à estiagem, entretanto, muitas outras árvores também são famosas pela sombra tão cobiçada no verão, a exemplo da Quixabeira que em toda plenitude parece uma casa e são preferidas para longos descansos de viajantes a pé e de retirantes. Sua madeira possui propriedades medicinais muito usada contra pancadas e diabetes. O Sertão é uma universidade a céu aberto para quem tem coragem de estudar suas nuances. Sobre os seus frutos, a quixabeira produz as “quixabas”. Pequenas, esverdeadas no início e pretinhas depois, São adocicadas e leitosas; e assim como o joá, costumam fazer a festa dos caprinos. Bodes, cabritos e cabras costumam escalar tronco e galhos na luta pela sobrevivência. Ê Sertão!...

JUAZEIRO (CRÉDITO: LUIZ CARLOS CARDOSO BILL).

 

 


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