quinta-feira, 30 de junho de 2022

 

 

TRAGÉDIAS ANUNCIADAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.726

 



Todos sabem que o rio Ipanema é um rio periódico ou intermitente, isto é, escorre somente durante o inverno ou no período de grandes trovoadas nas cabeceiras. Porém, alguns acham que o rio Ipanema é um rio DESISTENTE. Como passa longo tempo sem botar cheia teria desistido de ser rio.  Esses aproveitam a época nas longas estiagens e constroem suas casas no leito do caudal. Não exatamente no centro do leito, mas nas partes laterais, porém dentro do leito. Pobre querendo moradia, faz casa em qualquer lugar: nas barreiras, nas grotas (Maceió) no leito de rios, em morros íngremes. Ainda tem o empresário ou aquele enriquecido que constrói verdadeiras ruas nesses lugares para alugar à pobreza (Santana). Por muito tempo sem encher, até oficina grande e bem montada foi construída sob a ponte do Comércio. Garagem de caminhão também. O resultado foi o que se viu no rio que não desiste. O riacho Camoxinga, seu afluente sofre do mesmo mal.

Nunca se ouviu dizer na história santanense que o rio Ipanema tivesse causado tragédias, nem nas maiores cheias registradas, as de 194l, de1960 e a de 1962. Tudo que carregou vinha de cima, do estado vizinho porque em Santana tinha seu leito respeitado.

Essa meditação chega no momento em que o deputado Isnaldo Bulhões dá a ordem de construção de um conjunto habitacional de 250 residências para aqueles que ficaram desabrigados com a última cheia do Ipanema, tragédia anunciada. 250 casas juntas representam um verdadeiro bairro, no modo de dizer.

Geograficamente analisando a empreitada, o conjunto residencial, caso seja no mesmo local que havia sido limpo e anunciado, fica no sopé do serrote do Cruzeiro, lado direito. São várias comunidades diferentes que irão conviver no mesmo local. Proporcionarão mão-de-obra e atrairão para aquela saída para Olho d’águas das Flores, mais comércio, prestação de serviços e benefícios públicos, podendo firmar o ditado: “faça do limão uma limonada”.  Tudo, porém, depende de um olhar de futuro do poder público. Vamos torcer para que tudo dê certo.

Esperamos que não sejam restauradas residências do leito do rio para não se repetir o lamentoso acontecimento. Deus foi generoso e não permitiu mortes na tragédia do Panema.

Hoje o rio está com água, mas sem sustos.

RIO IPANEMA (FOTO: ALAGOAS NANET)

 


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quarta-feira, 29 de junho de 2022

 

SERÁ?

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.725

 

Quando o Canal do Sertão chegará ao destino projetado, isto é, em terras arapiraquenses? Podemos afirmar que as obras do Canal do Sertão, rasgando o semiárido com tantos obstáculos a serem vencidos, é uma das maiores obras do planeta. Canal d’agua mergulhando por túneis, pontes e pontilhões nas áreas mais difíceis de caatinga, é uma amostra pujante da engenharia brasileira, assim como foi a de Paulo Afonso. Mesmo assim não é obra para o período de um só governo. E a redentora alagoana, infelizmente depende do estado de humor do governo federal. Como, porém, têm sido aproveitados até agora os trechos do Canal já em atividade? A falta de divulgação geral não pode orgulhar o povo que não conhece o que está sendo realizado sobre os possíveis benefícios.

“Nesta quarta-feira (29), o governador Paulo Dantas e a secretária de Infraestrutura, Maria Gevan, assinam a ordem de serviço para perímetro de irrigação do Gavião, localizado no município de São José da Tapera. O valor investido ultrapassa os R$ 11 milhões, com recursos provenientes do Fecoep. A solenidade tem início às 9h em Santana do Ipanema”.

“O perímetro irrigado do Gavião é um projeto desenvolvido pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) em parceria com a Sedetur e Seagri, localizado entre o km 100,5 e o km 103,5 do Canal do Sertão, em São José da Tapera – Alagoas. O perímetro de irrigação possuirá uma área irrigada de aproximadamente 250 hectares, tendo como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento de pequenos produtores rurais da região”.

As informações são de Camylla Klevia/Ascom Sinfra. A notícia é boa até porque as obras do Canal estão paradas e o governador resolveu continuar os trabalhos com recursos estaduais, assim falam as divulgações. Como tudo nesse país é desse jeito, vamos acreditar, mesmo assim que um dia essa obra chegue com êxito até o final da programação. Vale salientar que ainda estamos com os trabalhos dentro do Sertão, faltando ultrapassar alguns municípios da Bacia Leiteira para poder atingirmos o Agreste.

Um dia... Quando o Canal do Sertão atingir os limites Sertão/ Agreste, valerá soltarmos bombas e foguetões, mesmo com alegria retardada.

CANAL DO SERTÃO (CRÉDITO: FLICKR)

 

 

 


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terça-feira, 28 de junho de 2022

 

ESPIANDO O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.724

 

Continuam nossas chuvas mansas todos os dias; raramente o Sol tem aparecido para tirar o mofo das coisas, deixar os varais mais animados, esquentar os tiús e os preás nos lajeiros e nos fornecer mais Vitamina D. Assim anda nosso inverno sertanejo, verde, bem chuvoso e frio que chega aos l9 graus. Quem caminha pelas nossas estradas vicinais, estradas de terra, até se surpreende com lugares de muita lama. Vez em quando está arregaçando as calças, tirando os sapatos para vadear pequenos riachos da exuberante caatinga. Tem água agora por todos os lugares, o que faz entristecer dono de caminhão-pipa sem outra profissão. É o mês de junho entregando o tempo ao parceiro julho em condições claras de boa economia rural. Os santos juninos foram generosos com os sertanejos alagoanos, muito embora os festejos estivessem sem a força robusta da tradição.

E por falar nisso, continuam as visitas e mais visitas à represa do riacho João Gomes, o novo ponto turístico do município. Um verdadeiro mar d’água, amigo (a). E ainda na represa, paredão/ ponte com asfalto por cima, benefício duplo para a região. E para quem interessa o tema, junto ao Secretário Jorge Santana, conseguimos saber onde estão localizadas as nascentes do riacho que hoje é a sensação da terrinha. Aqui vai ao público em primeira   mão: o riacho João Gomes possui duas nascentes principais. O sítio serrote dos Angicos é uma delas e está localizada dentro do próprio município santanense. A outra cabeceira fica no sítio Serrote da Furna, já município de Carneiros.

 Enquanto um braço corre para os fundos da represa, outro chega à barragem mais pelo meio, mas ambas as nascentes fazem parte da mesma vertente da margem direita do riacho João Gomes. A esperança de todo homem da roça, é que as águas acumuladas de um bom inverno (chuvoso) cheguem até às prováveis trovoadas, três ou quatro meses depois. É certo que barragens importantes já estão fazendo esse papel, mas, nem todos os lugares possuem esses reservatórios. Entretanto, disse o Mestre: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”. Isso tanto vale para o homem da cidade quanto para os que habitam os campos.

Fé, é a palavra-chave.

O ETERNO DRAMA DA ÁGUA (FOTO: B. CHAGAS).


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domingo, 26 de junho de 2022

 

 

SEBASTIÃO DE NARBONNE

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.723

 


Originário de Narbonne (França) 256-288 e cidadão de Milão, Itália, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável.

Com o nome de São Sebastião foi construída no antigo Comércio de Santana Vila a Igreja particular com esse padroeiro. Aproximadamente, em 1915, a poderosa família Rocha escolheu a esquina de um beco para edificar a obra e, o beco também passou a ser conhecido como o Beco de São Sebastião. Essa via é passagem obrigatória do comércio para a Rua Prof. Enéas ou Rua de Zé Quirino e pode chegar, após, ao rio Ipanema, justamente por trás do Comércio.

Portanto, a Igrejinha de São Sebastião, em Santana do Ipanema, aniversaria este ano com suas 107 velinhas. É um templo discreto, pouco notado por quem passa e quase sempre se encontra fechado. Já foi motivo de embate com a Paróquia no final do século passado quando um remanescente daquela família se movimentou para tomá-la e transformar a capela em ponto comercial à venda. Não conseguiu devido à forte reação popular.  Quando o templo de São Sebastião se encontra raramente aberto, causa admiração ao transeunte que não perde tempo para ali adentrar e fazer suas orações ao mártir tão conhecido e amado do catolicismo brasileiro.  Embora pareça nem existir, quando fechado, é um dos edifícios históricos mais importantes do Comércio santanense.

O Beco São Sebastião marcou muito nas festas de Senhora Santana. Por ali desciam para o rio Ipanema muitos casais clandestinos. Ponto certo de soltar foguetes e bombas durante os festejos à santa. Já a igrejinha de São Sebastião foi palco de muitas missas, lugar de entrega nos Domingos de Ramos e cenário para o Terço dos Homens. Muito querido do sertanejo, o chamado Mártir   São Sebastião é padroeiro em lugares como Monteirópolis, povoado Areias Brancas e Poço das Trincheiras. Suas festas atraem multidões de fervorosos devotos, munícipes e visitantes. Mas a igrejinha fechada é como se não existisse, uma pessoa de cabeça baixa de tristeza no meio da multidão.

Parabéns Igrejinha pela sua história e seus 107 anos de existência!!!

Viva São Sebastião!!! Viva a Igrejinha!

 

IGREJA E BECO SÃO SEBASTIÃO. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 


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quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

O BARBEIRO DA TAIPA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.722


A descoberta de nova variedade do “barbeiro”, chega numa ocasião de variadíssimas doenças no mundo. São doenças e mais doenças uma atrás da outra como se estivéssemos mesmo no fim dos tempos, o que não duvidamos de maneira alguma, pois tudo está diferente e mórbido no mundo após o arrastão do Covid 19 pelo planeta. Até mesmo o próprio barbeiro de duas pernas desapareceu para dá origem ao cabeleireiro. Ora, se nem os salões querem mais usar na fachada o nome de “Barbearia”, por que o inseto barbeiro iria continuar de uma maneira só? Mas isso faz pensar no tipo de habitação usada pela pobreza do Brasil inteiro que é a casa de taipa. A casa de taipa é feita com trançados de varas, sendo cobertos com bolos de barro jogados por cima.

Lembramos da gestão passada, municipal, em Santana do Ipanema, quando surgiu um programa da União para substituir todas as casas de taipa por casas de alvenaria. É que o barbeiro, inseto hematófago, costuma se esconder, em copas de palmeiras, ninhos de pássaros, cascas de pau, mas também nas frestas das casas de taipa, sem reboco. Nos seus ataques ao ser humano causa a chamada “doença de chagas” (homenagem ao seu descobridor) e que causa aumento de volume no coração. Mas, é somente viajar pelo país para constatar a proliferação de casas de taipa, no Sertão, no Agreste, no Litoral nordestino e em grande parte da região Amazônica, principalmente. Onde está o programa brasileiro, então, e a verba a ele destinada?

Quando fomos tomar vacina no Posto São José, em Santana do Ipanema, uma senhora estava se queixando que tinha o coração grande, logo interpelada pelo enfermeiro se era coisa do barbeiro. Foi confirmado pela mulher que estava já em tratamento.

Em dia de São João, notícias melhores poderiam alegrar mais a nossa gente, mas o próprio festejo ficou restrito a um lugar para dança o os chamados shows de famosos com dinheiro público, praga que domina o Brasil inteiro. Nem balão, nem fogueira, nem outras coisas que caracterizam essa festa junina.

Quer saber?

Esqueça tudo, tome umas quatro e venha dançar antes que proíbam também o fungado no cogote.

QUADRILHA (FOTO: DIVULGAÇÃO)


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quarta-feira, 22 de junho de 2022

 

CORAL 1 E CORAL 2

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.721

 


Falamos do Marco dos Corais, novo ponto turístico de Maceió, mas uma coisa puxa outra. Os recifes, também chamados arrecifes, são classificados em dois tipos. Os recifes de arenito e os de coral. Os recifes de arenito são formados por antigas praias consolidadas pela precipitação de carbonato de cálcio trazido pelas águas dos rios e das chuvas. Após a consolidação, o mar, muitas vezes, penetrando pelos pontos menos cimentados, desgasta as regiões arenosas existentes por trás dos recifes e faz a praia recuar dando origem a verdadeiras lagunas fechadas pelos famosos muros de arenito. Em Alagoas, esse fenômeno acontece mais no chamado Litoral Sul, devidamente tendo Maceió como divisória. O arrecife de arenito (areia agregada) oferece proteção aos banhistas contra a violência das marés, mas por outro lado, é um terrível inimigo do navegador desavisado. A estátua da sereia, em Maceió, está implantada sobre um bloco de arrecife de arenito.

Já os recifes de corais, proliferam pelo litoral norte de Alagoas. São eles formados de restos de carapaças calcárias de animais que vivem em regiões quentes. São cobertos pelas marés e cimentados pela areia calcárea. Vê-se assim a zona viva sobre a zona morta dos corais.

Os recifes podem formar verdadeiras barreiras em frente ao continente; podem entrar pelo mar formando promontório (elevação) e também formar ilhas chamadas de atóis (lembre-se do Atol das Rocas (R. Grande do Norte) dos nossos estudos ginasianos.

Os recifes de corais quase sempre são protegidos por lei. Muitos mergulhadores são peritos em apreciá-los. Quase sempre   existem faróis para prevenir navegantes em regiões de arrecifes.

E por falar em faróis, vem à tona o farol da capital, do antes Alto do Jacutinga que emitia faixas de luzes vermelhas e azuis. Alusão clara aos pastoris e aos clubes CSA e CRB com as torcidas azul e encarnado. Além disso impedia os naufrágios no mar de Maceió diante dos seus perigosos arrecifes. Lembrada também com o tema, a origem do nome da capital pernambucana. Mas os recifes de corais não são apenas privilégio do Brasil, estão espalhados pelo mundo, principalmente pela Oceânia.

O texto foi útil para você?

ESTÁTUA SOBRE ARRECIFE DE ARENITO QUE DEU NOME Á PRAIA DA SEREIA, MACEIÓ (FOTO: DIVULGAÇÃO).

 

 


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terça-feira, 21 de junho de 2022

 

OS RIOS E O HOMEM

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.720

 

“Os rios representam um papel saliente na distribuição do efetivo humano e no aspecto das paisagens humanizadas.

As correntes fluviais fornecem água para o consumo doméstico, promovem a irrigação das terras marginais favoráveis à agricultura, dão de beber aos rebanhos de criação, proporcionam a circulação dos transportes aquáticos, oferecem ancoradouros naturais em suas embocaduras e marcam geralmente a localização das principais cidades do mundo.

Outra utilização dos cursos fluviais consiste no aproveitamento do seu potencial de energia, a força da água em movimento vem há algum tempo sendo aproveitada para movimentar rodas, moinhos e engenhos; atualmente a engenharia consegue transformar a energia hidráulica em energia elétrica nas chamadas hidrelétricas Os lugares mais favoráveis para a construção dessas usinas hidrelétricas são as cachoeiras, isto é, as quedas-d’água provocadas pelos desníveis bruscos nos leitos dos rios de planalto. Assim é que o aproveitamento do potencial hidrelétrico da cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, é capaz de fornecer energia a uma vasta área coberta pelos estados brasileiros desde a Bahia até o Ceará”.

ANADRADE C. Manoel & SETTE Hilton. Geografia Geral. Editora do Brasil S/A. São Paulo.

 Pag. 167.

Já os rios que formam o semiárido nordestino quase sempre estão nas condições de rios temporários ou intermitentes, isto é, escorrem em períodos chuvosos e ficam secos durante a estiagem. São apreciados pelos ribeirinhos em ambas as maneiras. É que, na verdade, seus benefícios são permanentes.

Quando os rios estão secos, formam verdadeiros jardins naturais, com árvores, arvoretas arbustos e gramíneas, sendo muitos dessa vegetação de propriedades medicinais e de conhecimentos profundos pelos populares. Formam poços e cacimbas, assegurando a sobrevivência, além de fornecer inúmeros materiais de uso diário das pessoas como areia para construções, argila de tijolos e telhas; podem sustentar rebanhos na pastagem alimentada pelas águas dos lençóis freáticos; juncos para preenchimentos de colchões e, pedras polidas para ornamento de muros e jardins domésticos. Somente o ribeirinho sabe o valor, tanto de um rio cheio quanto o de um rio seco.

É por isso que o rio Ipanema é tão amado em sua região sertaneja.

IMAGEM COM FRACA NITIDEZ DO RIO IPANEMA SECO APRESENTADA NO LIVRO DE REFERÊNCIA ACIMA.

 

 


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ENTRANDO NA CANJICA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.719


Hoje tem início oficialmente o inverno no hemisfério Sul. Para nós, alagoanos, continua o período chuvoso iniciado em maio até a primeira quinzena de agosto. Nesse contexto estão Alagoas, Pernambuco e Sergipe, tudo igual em relação ao tempo. Mas como os climas da Terra estão em nova formação, não sabemos se a tradição será mantida. Choveu todo mês de maio e continua pelo mês de junho. Muita chuva, muito frio, com a vantagem em ser a chuva mansa em nossa região. As pingadeiras e chamadas garoas já encheram barreiros, lagoas açudes e até mesmo a represa recém construída do riacho João Gomes. Não sabemos o futuro, mas essa fase junina nos permite provar, provar e provar as delícias típicas da culinária, notadamente, pamonha, canjica e bolo de milho.

O mês de julho é o mês mais chuvoso do nosso chamado inverno, todavia não sabemos se ele ainda será o campeão ou o perdedor. Mas aqui temos festa em cima de festa, amigo. Encerrou a de Santo Antônio, vem a de São João, depois a de São Pedro e o cordão da alegria entra “pocando” no mês de julho com a Festa da Juventude e em seguida a da Padroeira Senhora Santana. Aliás, dizem que os festejos do mês seguinte já foram divulgados e as coisas vão acontecendo normalmente. Já tem cabra esperto dando polimento em carro de boi e limpando os acessórios que enfeitam as parelhas, para a procissão dos carreiros que abre a Festa de Senhora Santana. E mais uma vez a atração iniciará no Parque de Exposição Isaías Vieira Rego com missa solene.

E assim segue o nosso Sertão nordestino sofredor e festeiro o ano todo. Ainda aguardamos para o mês a grande festa do padre Cícero, na Pedra, em Dois Riachos e as visitas turísticas e fanáticas dos admiradores de cangaceiros à Grota dos Angicos a partir de Piranhas ou Pão de Açúcar. Mês de julho, mesmo com frieza e possíveis chuvas, promete. Os nossos sertões já possuem asfalto por todas as malocas, o que facilita as coisas para quem gosta de viajar, conhecer... Participar. Por todos os lugares existem bons restaurantes e posadas. Bebida alcoólica para quem gosta, parece brotar da terra e muitas quadrilhas já estão organizadas e dançando sem ferrugens nas juntas. Andar pelo Sertão faz bem à saúde, meu senhor e minha senhora.

Vamos gastar o dinheiro amofambado!

NEBLINA EM SANTANA (FOTO: GRACILDA FREITAS)

 


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domingo, 19 de junho de 2022

 

ACREDITE SE QUISER

 Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.718

 



A surpresa do ano aconteceu em Santana do Ipanema. Poucos dias após a construção da barragem ou represa no riacho João Gomes – a maior obra hídrica do município que para muitos levariam vários anos para encher – encheu em poucos dias após o final das obras e encheu tanto que sangrou. E se na sexta falamos do mar da Ponta Verde, de Maceió, hoje falaremos do mar formado pelo riacho João Gomes. A represa feita com engenharia neste governo da prefeita Christiane Bulhões, fica localizada no curso médio/superior do riacho que escorre contornando a cidade numa distância de 3 Km vindo das bandas de Senador Rui Palmeira, cortando a Al-120 abaixo da Santana, na mesma distância e, despejando no rio Ipanema no sítio Barra do João Gomes muito abaixo da cidade.

A represa na localização acima, fica na antiga travessia do riacho no sítio do mesmo nome na região cabeça de chave Olho d’Água do Amaro.  Recebe no início da represa os riachos Da Onça e Remetedeira vindos da serra da Remetedeira. E riachos alimentados por córregos de serras, são rápidos e violentos nas suas enchentes. Sem dúvida nenhuma a represa será um local de visitas, formando um quarteto turístico com a serra Aguda (onde será construída a maior imagem sacra do mundo), a ermida das Tocaias   e a Reserva Tocaia, todos esses pontos de atrações com distâncias mínimas um dos outros, facilitando praticidade aos visitantes, turistas, romeiros, curiosos, pesquisadores e habitantes em geral. Além do turismo, virão os benefícios da pesca, da irrigação, da facilidade para caminhão-pipa, bebida para os rebanhos domésticos, para os animais selvagens e para os humanos.

Como chegar à represa? É simples, estando no centro de Santana, atravessa a ponte sobre o rio Ipanema, no Comércio, vai em direção ao Bairro Floresta e segue direto pela Rua Joel Marques; no final entra à direita por estrada de terra e segue beirando as faldas da serra Aguda por apenas três quilômetros e se verá diante da Represa do João Gomes. Do outro lado da represa está a grande região rural de Olho d’Água do Amaro e seus inúmeros sítios no entorno.

REPRESA DO JOÃO GOMES E SEU VERTEDOURO (FOTOS: ÂNGELO RODRIGUES)

 

 


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quinta-feira, 16 de junho de 2022

 

MARCO DOS CORAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.717

 


Não bastasse tanta beleza na capital Maceió, eleita várias vezes como a cidade mais bonita do Brasil, novo ponto turístico deslumbra nativos e turistas. Trata-se do Marco dos Corais construído sobre as ruínas do antigo Clube Alagoinha que adentrava pelo mar. Sai de cena o velho Gogó da Ema, os Sete Coqueiros, referências obrigatórias do passado, para darem lugar ao moderno, ao avançado, eliminando a feiura das ruínas de um dos pontos mais queridos da capital. Narrada a beleza por grande número de visitantes, bate o orgulho no peito alagoano por esse novíssimo cartão postal do Paraíso das Águas. Sentimos muito pela nossa ausência durante a inauguração, mas também estamos felizes por esse novo espaço de sofisticação, bom gosto e visual premiado da geografia marítima da nossa orla.

A plataforma do Marco dos Corais, ficou muito bonita com seus toques ajardinados, assentos, verdes e muito espaço como costumam fazer os europeus. Muito importante o espaço onde os pedestres passeiam tranquilos com família e animais de estimação. Espaço de folga onde todos fotografam tudo e passam momentos incríveis apreciando não somente o mar, a terra mais distante, mas também a própria arquitetura. Em tudo que conseguimos capturar não conseguimos a famosa placa de inauguração, muita procurada por turistas e pesquisadores. Está aí o embelezamento utilitário e investimento robusto no turismo.  O Marco dos Corais passa a ser o início ou o final de pesquisas oceânicas, corais, arrecifes, falésias e muitas outras formações que enriquecem nosso litoral.

A criatividade costeira pode servir à inspiração interiorana onde não existe mar, mas existe orla de rio, riacho, lagoa e açudes onde obras semelhantes de bom gosto poderiam fazer sucesso como réplicas e bastante imaginação. Cumpre cada administrador embelezar sua cidade e não ficar em último lugar na classificação de beleza, bem estar e obras úteis para nativos e visitantes. Sim, é possível se construir em todos os lugares obras utilitária, belas e arrojadas que forçam para cima o bom astral dos seus habitantes e os abraços benfazejos dos de fora.

NOVO PONTO TURÍSTICO DE MACEIÓ (FOTO DIVULGAÇÃO)


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quarta-feira, 15 de junho de 2022

 

VOCÊ CONHECEU A GOMA?

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.718

 

Qual é a cola que você usa? Neste momento estamos tentando colar papel, mas a cola branca escolar está vencida e não presta mais para nada. Antigamente eu quebrava esse pequeno galho fazendo cola de goma na colher e no fogo. Então passei agora para o meu neto o tempo das cartas normais e das cartas de amor perfumadas através dos Correios. Se não levávamos as correspondências já fechadas, havia no balcão dos Correios um depósito de vidro grosso e transparente – semelhante a um tinteiro – que continha a famigerada goma arábica. Havia também um pequeno pincel e, o usuário mesmo colava a sua carta passando a goma líquida com o pincel. Não era coisa ruim nem complicada fechar uma carta. Um ato muito prático, por sinal.

A goma arábica era resina amarela de duas espécies de acácia encontradas na África subsaariana.  Esquentada para ficar líquida, iria para o recipiente a servir à clientela da repartição. Nunca procuramos saber onde era vendida ou se era exclusiva da importação dos Correios. Não sabemos se eles ainda usam a mesma goma em seus maravilhosos trabalhos.

E por falar em Correios, o seu prédio foi construído em Santana do Ipanema no Bairro que estava sendo ainda iniciado e lentamente se expandindo, o do Monumento. O terreno foi doado à União, pelo interventor municipal, Firmino Falcão Filho, o Seu Nozinho (ô). Construído o edifício em estilo padrão, continua o prédio sem sofrer nenhuma modificação significativa, externamente.

Na década de 60, os Correios, em Santana, tinham como maioria dos seus funcionários, pessoas de meia-idade, acima. Até mesmo carteiros.

Mas, voltando à goma arábica, qual será a goma usada atualmente pelos Correios? A tecnologia utilizada hoje, permite à indústria fazer cola de tudo. Até daquele tipo que não permite funcionário desonesto esquentar a missiva arábica para amolecer a goma, abrir e ler o conteúdo da carta, como já aconteceu.

Atualmente, pelo menos em Santana do Ipanema, uma geração nova faz funcionar essa repartição que existe na terra desde antes de Santana vila.

Com goma ou sem goma, vamos varando as eras e encoivarando os tempos.

GOMA ARÁBICA EM PEDRAS (FOTO:MERCADOLIVRE)

 


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terça-feira, 14 de junho de 2022

 

CERCA DE VARA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.716

 



Os sertões nordestinos vão perdendo cada vez mais a vegetação nativa do seu Bioma. A caatinga vai se transformando em área pelada, não pelas secas periódicas, mas sim pelas ações destrutivas provenientes da falta de consciência de donos de terras. Sertão pelado faz desaparecer fauna, flora, construções e objetos   sustentados pela mata em pé. Fumaça na mata, fumaça na matéria-prima, fumaça no produtivo. Assim vai se evaporando a tradição, menos pela chegada do moderno, mas pela falta de amor aos devastadores da Natureza. E eles não são poucos.   A cerca de varas está no meio dos feitios sertanejos, mas em extinção apesar de tantas mostradas por aí.

O uso geral desse tipo rudimentar de cerca é mais encontrado em casas, sítios e propriedades rurais cujos donos possuem baixo poder aquisitivo. Antes, era a falta do arame farpado depois, a própria economia, pois despesa com arame e estacas de madeira ou de cimento continua nas alturas. Antes as cercas de varas protegiam os jardins feitos pelas donas de casa e a roça verdejante da sanha devoradora do gado miúdo: bodes e carneiros. Hortas eram coisas raras nos sertões, pois a valorização estava apenas na lavoura do feijão, do milho da mandioca. E a proteção de cercas de qualquer tipo contra o bode, a cabra, o cabrito, é coisa praticamente perdida, pois o bicho sobe até em árvores e faz malabarismos por cima de cercas de varas.

Cercas de madeira podem ser verticais e horizontais, feitas de varas, de vime, de cipós, de garranchos, de tábuas, de bambu ou mesmo de estacas juntas abraçadas por aramado.  No tempo do cangaço facilitava bem a investida silenciosa dos cabras de Lampião às residências casebres de taipa. Apesar de ser uma coisa barata e simples, não é para todo mundo a habilidade de se construir uma cerca bem feita de quilômetros de distância. Na atualidade, porém, é saber onde conseguir essas varas com o sertão pelado.

Quanto a outras serventias em possuir uma cerca de madeira é a precisão em ministrar uma surra num cabra safado, dizia um amigo nosso. O marido chega bêbado em casa, perturbando, só resta a dona do lar “danar-lhe uma surra de vara para quebrar-lhe as pontas”.

O amigo tinha experiência!

CERCA DE VARAS (FOTO: AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 

 


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segunda-feira, 13 de junho de 2022

 

AS BRIGAS DO TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de junho de 2022

Escritor Símbolo do sertão alagoano

Crônica: 2.715


 

As brigas de touros em território santanense era uma opção para o longo tempo sem futebol.  O auge da bola com tantos times formados nos bairros da cidade, entre eles o São Pedro, desapareceram com o tempo, com a falta de estímulos. Futebol foi embora de vez. Então, jovens fazendeiros começaram a organizar brigas de touros como saída da apatia do domingo. Praticamente não havia arena definida para os combates que podiam ser na fazenda, no leito seco do rio Ipanema ou numa estrada de pouco movimento. Houve uma certa paixão pelos embates, mas as apostas era o incentivo do negócio. Apesar de tudo, o novo esporte não conseguia atrair multidões, Depois de certo tempo, não muito, teve o mesmo destino do futebol.

Já as brigas de galo tiveram boa duração.  Todas as classes sociais tinham seus representantes nas rinhas da cidade. Era uma febre em que víamos direto os nossos amigos com um galo debaixo do braço. O animal brigava tanto no solo das ruas quanto nas rinhas mais sofisticadas de Santana. Quanto às apostas não sabemos informar uma vez que não frequentávamos esses lugares. A nossa impressão é que o motivo de ter acabado tudo foi a proibição, pois esse esporte possuía grande potencial para o crescimento. Mesmo assim, ainda se encontram pessoas cuja paixão fazem-nas burlar a Lei. Há alguns meses um galo de briga solto na rua atacou uma senhora. Sua sorte foi uma sombrinha aberta conduzida por ela que a livrou de várias investidas do bicho. Foi atendida no Unidade de Saúde Posto São José.

Outra opção ao lazer, foi a corrida de cavalos. No princípio teve êxito e se desenvolveu. Acontecia no sítio Barroso a 2 ou 3 km da cidade. No grande terreno plano ainda não havia o Cemitério do Barroso, São José. As corridas eram feitas sem nenhuma proteção com cerca de arame farpado. A multidão de Santana do Ipanema lotava as duas margens da pista de corrida e, a cada uma delas, mais aumento de indivíduos baseados na fama e nas apostas do hipódromo sertanejo. Tinha tudo para dá certo, mas um dos apreciadores faleceu devido a uma peitada de um dos cavalos. Acabou tudo.

Quanto ao jogo de bola, está uma lástima.

Quer futebol? Dirija-se a Olho d’Água das Flores, Pão de Açúcar Palmeira dos Índios ou Arapiraca, Cabra Velho.

Mas que coisa!

BRIGA DE TOUROS (FOTO: SEUMENINO).

 

 


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domingo, 12 de junho de 2022

 

REPRESENTANDO ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.714

 



Para quem não sabia e nem sabe, a Craibeira é a “árvore símbolo de Alagoas”. Cresce muito e muito vive. Pode passar com folga dos cem anos de existência. É considerada madeira de lei. Seu tronco e galhos são duros como o ferro e com sua madeira se faz mesa de carro de boi. É para não se acabar e vencer diversas gerações de donos e usuários transportando as mais diversas mercadorias. Esse vegetal bota flores amarelas, principalmente na aproximação do Natal. Gosta muito de leitos de rios secos de areia grossa e salgada. Ama o nascimento entre pedras do leito, rachar e quebrar essas mesmas pedras, separando-as e ali crescendo até chegar em torno de vinte metros de altura, ou mais. Sem dúvida nenhuma, é a Rainha dos Rios Sertanejos.

A craibeira tanto é encontrada solitariamente quanto em grupos

formando belíssimos e preciosos jardins naturais. Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, apresentam esses jardins, notadamente no leito do rio Ipanema, mas obviamente toda a região sertaneja possui esse privilégio em seus rios, riachos e elevações como serras e serrotes. Quem já ouviu falar na tradicional pesca anual dos santanenses no riacho do Navio? Hoje não existe mais; acontecia o acampamento e a pesca sob frondosas craibeiras no leito do riacho do Navio, Pernambuco. Quando caem as sementes dessas árvores, assemelham-se a invólucros de curativo band-aid. Quando plantada em lugares muito movimentados como escolas, por exemplo, representam perigo quando cresce. Cada galho ou mesmo o tronco, podem atingir toneladas de madeira rija que ao caírem com a idade, ações de raios ou por outros motivos, podem causar seríssimos acidentes.

Bonita de se vê nas matas, nos leitos de riachos secos, principalmente quando destaque, florida diante da vegetação ressecada pelo verão puxado. Colírio para quem viaja pelos sertões e agrestes em tempos de longas estiagens. Não temos certeza, mas nos parece que a craibeira tornou-se árvore símbolo de Alagoas no governo estadual Geraldo Bulhões. Também não sabemos quais foram os critérios, pois existe muitas belas árvores na Mata Atlântica (floresta tropical).

Sertão orgulhoso com a Rainha Craibeira.

CRAIBEIRA COM MAIS DE 30 ANOS VISTA POR CIMA DOS TELHADOS (FOTO: B. CHAGAS).

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

 

 

 

 

 

 


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quarta-feira, 8 de junho de 2022

 

 BEBENDO LEITE

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.713

 



Adotamos a prática ensinada pelo saudoso professor Alberto Agra: ler o rótulo de todos os produtos industrializados que cair nas mãos, para identificar o estado do seu fabrico. Confeito café, tempero, grampos, seja lá o que for. Aumentar o conhecimento sobre coisas do Brasil. Assim fizemos vários trabalhos com aluno que traziam rótulos para a escola. Dava uma satisfação danada quando eles descobriam vários industrializados de Alagoas. Nessa época estive em Caruaru quando vi no balcão de um armazém um rótulo muito bonito de manteiga. Seguindo a prática da investigação pesquisei o rótulo que mostrava ser manteiga de Batalha, Alagoas. Pense como fiquei orgulhoso do meu estado! A fábrica fechou e assim passou bem 12 anos nessa situação. Veja abaixo notícia boas:

“A revitalização da Bacia Leiteira e a geração de cerca de três mil empregos são os principais benefícios da inauguração da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), que contou com a presença do governador Paulo Dantas, autoridades e de produtores de leite de várias regiões do Estado, na segunda-feira (6), no município de Batalha.

Fechada há 12 anos por dificuldades financeiras, quando ainda se chamava Fábrica Camila coube ao governador Paulo Dantas acionar o botão de uma das máquinas acoplada a um caminhão de leite e reinaugurar um novo tempo para a Bacia Leiteira alagoana”.

“Esse é um passo muito importante para Alagoas. A consequência dessa parceria ajudará a aquecer não apenas o mercado de leite, mas irá promover também a geração de emprego no estado”, frisou o presidente.

A instalação da Unidade de Beneficiamento do Leite promete fabricar produtos de qualidade e de alta tecnologia para o mercado alagoano.

“A abertura dessa fábrica representa o fortalecimento de toda cadeia da produção de leite, como os associados da CPLA, o cooperativismo, assim como quem vive da agricultura familiar”, ressaltou o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura, Maykon Beltrão. (informações Agencia Alagoas).

Dessa vez não disseram os tipos de produtos que iriam ser fabricados. Mas, por todo o conjunto das declarações acima, com certeza, o orgulho de bens industrializados para o Brasil, deixará novamente bons fluidos em Alagoas e em terras sertanejas.

Três mil empregos no Sertão cabra velho! Arre!

(FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).

 

 


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segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

PILÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.712

 



Antigamente, sobre uma dama bem feita se dizia: “tem corpo violão”. Contudo, também se falava: “cintura de pilão”. É que o velho pilão sertanejo tem duas bocas, cinturado no meio. E na zona rural toda mulher queria ter cintura de pilão. Mas os padrões vão mudando com o tempo, assim como tem mudanças na maneira de pensar de cada indivíduo. E se for mudança de pensar entre gerações, a mudança simples vira descomunal. Mas se formos falar desse assunto, dá uma discussão geral na política, na igreja, nos ateus, nos revoltados com a vida e assim por diante. Vamos falar apenas do pilão e da cintura, antes cobiçada. Não, não precisa apertar o cinto para ler o artigo. O padrão da mulher, atualmente é o que ela quiser, bem como o do marmanjo.

Ora, muito bem. Até os meados do Século XX, Era quase obrigatório um pilão em cada casa de fazenda, de roça, de sítio. É que muitas comidas eram feitas em casa e não dispensavam o amigo pilão. Feito de madeira de lei, rígida, tal como a sucupira, o pilão era feito artesanalmente e com apenas uma talhadeira. Com o surgimento de maquinário mais adiantado, já se podia fazê-lo em tornos de carpintarias. Tem altura de aproximadamente 70 centímetro e possui uma peça solta chamada “mão de pilão”, de 60 centímetros em média. Bem conservado vai para netos e bisnetos.  No pilão pila-se café, arroz, milho, paçoca, e mil coisa das fazendas. Possui uma boca para cima e sua base é a outra boca. Bem cinturado, o pilão representa mesmo uma coisa bem feita, valiosa e atraente. Não lembro de ter visto um pilão no Museu de Santana que possui uma pedra-mó, de moer milho para xerém.

O pilão antigo da zona rural foi desaparecendo graças aos produtos industrializados. Tudo já vem pronto: é o milho desolhado, é o café torrado, é o arroz sem casca... Todos partiram para o comodismo e o pilão foi ficando esquecido e muitas vezes usado como ornamento com plantas no jardim. Aí surgiram os pilões pequenos, torneados, para pilar tempero e coisas miúdas da cozinha, mas até o tempero já vem pronto fazendo desaparecer também esse e outros modelos de pilões pequenos e maiores. Mas que é um artesanato bonito de se vê, não se pode negar. Já vi vário modelos de pilões pequenos ornamentando a casa, as prateleiras, as estantes e mesmo o centro... E como fica bem realçando o bom gosto da casa.

 

 “Vem cá cintura fina

Cintura de pilão

Vem cá cintura fina

Vem cá meu coração... (Gonzaga)

 

PILÃO (FOTO: GALERIA ALFHAVILE).

 

 

 

 

 

 


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