quarta-feira, 31 de agosto de 2022

 

ONDE VOCÊ MORA?

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.759

 


    Onde você mora? Numa cidade plana como Arapiraca, Pão de Açúcar e Ouro Branco ou numa cidade ladeirosa como Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios?

Costumamos classificar o relevo em Montanhas, Planaltos, Planícies e Depressões.

Quando a montanha aparece isolada, chama-se morro, monte, serrote... Quando a montanha se apresenta unida a várias outras, recebe a denominação de serra. Várias serras, formam um maciço (maciço de Santana do Ipanema, maciço de Mata grande). Quando as serras estão dispostas numa sequência, denomina-se Cordilheira. A pujança da serra depende do tempo da sua formação.

O planalto constitui extenso terreno tabular, sem nenhuma reentrância ou saliência. Geralmente está em altitude superior a 200 metros. Pode ser de levantamento ou de erosão. O primeiro é originário de um soerguimento da área, o segundo do desgaste dos picos das montanhas.

As planícies correspondem a áreas relativamente baixas, geralmente formadas pelo processo de sedimentação.

As depressões são relevos mais baixos em relação às superfícies próximas a que chamamos depressão relativa. E também pode ser em relação ao nível do mar, a que chamamos depressão absoluta.

Na verdade, as pessoas comuns nem se dão conta em que tipo de relevo procura fazer sua morada. O rico escolhe o lugar onde fazer sua casa, o pobre não tem escolha, mora onde surgir a oportunidade. Assim os humanos vão habitando o morro, a chapada, o planalto, o litoral, o terreno pantanoso, a colina e até o leito de rios e riachos secos.

Os lugares mais procurados para moradia são as planícies, onde o homem procura e pratica os tipos de trabalho para sua sobrevivência. Mas não faltam a busca pelo trabalho e mesmo pela morada no cimo e nas faldas das montanhas, porque em todos os lugares da Terra tem alguma coisa para ser explorada pelo terráqueo; desde as minas subterrâneas de minérios, à exploração de madeira de lei em regiões montanhosas. Quantos turistas procuram lugares de relevos diferentes dos que vivem para deleite dos olhares no conjunto harmonioso que Deus fez!

Estudar é conhecer. O conhecimento liberta!

CIDADE DE RELEVO PLANO: PÃO DE AÇÚCAR (FOTO: DIVULGAÇÃO/PREFEITURA).

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/onde-voce-mora-clerisvaldo-b.html

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

 

DIA GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.758


Encerrei minhas atividades do Magistério, justamente na Escola Estadual Prof. Aloisio Ernande Brandão, quando me tornei jubilado, com muita honra. Esta unidade de ensino, antes de se tornar escola, pertencia ao Colégio Estadual Deraldo Campos, em Santana do Ipanema.   Um pouco separada do prédio, funcionava uma carpintaria como uma espécie de departamento de artes, da mesma escola. Depois esse “departamento” ficou independente, virou mais uma unidade de Ensino e passou a ser conhecido popularmente por “Cepinha”, numa referência ao CEPA de Maceió.  Ao falecer o primeiro diretor da Escola Estadual Deraldo Campos, Mileno Ferreiro da Silva, esta escola passou a utilizar outro título com o nome desse primeiro diretor que ali comandara durante 20 anos. E ao falecer o prof. Ernande Brandão (meu professor e depois colega de trabalho) o “Cepinha”, passou a ser chamado oficialmente Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão.

 Na última quarta-feira (24) estive fazendo uma rápida visita ao antigo CEPINHA, quando fui surpreendido por uma recepção emocionante diante de tantos professores novos, alguns chegado de estado vizinho e querendo me conhecer. Apresentado pelo professor Marcello Fausto, coordenador, à plêiade que estava na hora da merenda, deixou-me com lágrimas nos olhos diante de tanto carinho e reconhecimento tanto como ex-professor de Geografia quanto pelo currículo de escritor. Fiquei de retornar com tempo maior para uma palestra mais apurada naquela auspiciosa unidade, onde será lançado o livro “Canoeiros do Ipanema”, como primeira escola.

No mesmo dia recebo em casa meu futuro editor de um clássico do cangaço, com características acadêmicas: “Maria Bonita, A Deusa das Caatingas”, inédito e, que segundo meu editor, será lançado, além de Santana do Ipanema, no próximo encontro do movimento “Cariri Cangaço”. De quebra ainda coletei dois milagres do padre Cícero, reproduzi, acrescentei fotos e numerei no futuro livro: “100 Milagres Inéditos do Padre Cícero”.

Por tudo isso não poderia dizer ao contrário. Foi de fato um dia grande, proveitoso e evolutivo para a nossa Cultura sertaneja e alagoana.

Quem caminha com o Mestre dos Mestres, não caminha sozinho.

ESCOLA ESTADUAL PROF. ALOISIO ERNANDE BRANDÃO (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/dia-grande-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

 

MACONHA PASSADO E PRESENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.757

 



Os principais órgãos noticiosos do estado, colocaram a “página de trás” dos jornais impressos nas manchetes da primeira. Em um site alagoano, por exemplo, a que eu chamo “site da miséria”, não publica uma só notícia boa. Estupros, assaltos, roubos, afogamento, acidente de trânsito e crimes de morte, são a rotina desse site. Uma apreensão de maconha no Sertão é motivo de manchete, foto extraordinária e matéria de dois dedos. Nem sabemos mais se maconha tem tanto sucesso assim como chamariz nas redes sociais. As drogas pesadas passaram à frente da maconha e esta, pelo visto, passou a ser “fichinha” e se banalizou.

Durante os anos 60, maconha causava reboliço nos quadrantes das Alagoas. Grandes reportagens da época motivavam enorme interesse nos leitores que procuravam imediatamente os nomes dos envolvidos no tráfico e nos plantios sertanejos apreendidos. A POLINTER agia com grande estardalhaço da imprensa e todo o produto apreendido nas “badaladas” diligências era exposto na porta da delegacia, ensacado, seco pronto para uso ou verde aos montes. Nessas ocasiões o público se dirigia até o Aterro, onde ficava a delegacia, para conhecer o que era maconha, suas diversas etapas e os grandes plantadores presos. Geralmente a maconha vinha de plantações de focos tradicionais conhecidos: povoado São Félix, povoado Pedra d’Água dos Alexandres, grotas da serra da Caiçara, em Maravilha ou da região de Mata Grande.

As pessoas tinham medo do fumador de maconha, considerado marginal e perigoso. Os cigarros eram consumidos em lugares mais distante dos casarios: serrote do Cruzeiro e Campo de Aviação, tinham a preferência desse pessoal, segundo conversas de cochichos nas ruas. O alto traficante e o plantador da erva, também eram temidos, porque eram bem de vida, viviam na sociedade onde gozavam de bastante prestígio, até à descoberta oficial da polícia e os escândalos causados pelos reboliços das prisões.

Portanto, hoje com tanto pedido de legalização da maconha, essas manchetes sensacionalistas, parecem andar contra o vento. E um site que não procura notícias proveitosas para a sociedade, onde só prolifera o horror e suas fontes negativas, estar servindo a que tipo de força espiritual?

MACONHA VERDE (CRÉDITO: DEPOSIT FHOTO)

 

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/maconhapassado-e-presente-clerisvaldob.html

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

 

DIVIDINDO AS ERAS

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.756


Como estão dizendo que estamos nos fins dos tempos, que tal recordar a marcha da Terra, desde sua formação até os nossos dias? Podemos dividir essa marcha em Eras e as Eras em períodos, representados todos em milhões de anos. São 5 Eras e vários períodos abaixo divididos. Lembrando que isto é apenas um resumo, mas não precisa decorar, apenas consultar quando preciso.

Era Primitiva ou Arqueozoica – períodos: Arqueano Algonquiano.

Era Primária ou Paleozoica – períodos: Cambriano, Siluriano, Devoniano, Permiano e Carbonífero.

Era Secundária ou Mesozoica – períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo.

Era Terciária ou Cenozoica – períodos: Paleoceno, Eoceno, Mioceno e Pioceno.

Era Quaternária

Durante a Era primitiva ou arqueozoica, formou-se na Terra o envoltório gasoso, as águas se acumularam nas depressões, formando oceanos e mares, a crosta terrestre solidificou-se. Durante seus períodos, levantaram-se importantes cadeias de montanhas que hoje estão reduzidos a velhos planaltos erodidos, assim como os planaltos Brasileiro e Guiano. Essa foi a Era mais longa da terra.

Na Era Primária ou Paleozoica com seus cinco períodos, surgiram novas cadeias de montanhas e a superfície da terra se cobriu de vegetação, permitindo a purificação da atmosfera e vinda animal das águas para terra.

Na Era Secundária ou Mesozoica, com os seus três períodos, a Terra sofreu muitas erosões e sedimentação. Suas florestas alimentaram os gigantescos sáurios ou lagartos.

Durante a Era Terciária ou Cenozoica, com os seus quatro períodos, a crosta terrestre voltou a sofrer pregueamentos que resultaram as atuais cadeias de montanhas dos Alpes, Andes, Rochosas, Himalaia e outras, bem como o aparecimento de gigantescos mamíferos.

A Era Quaternária foi caracterizada por demoradas glaciações na superfície da terra e o aparecimento do homem.

Isto é o mínimo que você deve saber sobre o Planeta em que vive.

Abraço!

ANIMAIS  DA ERA MESOZOICA (CRÉDITO: GETTY/IMAGES/STOC).

 

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/dividindoas-eras-clerisvaldob.html

domingo, 21 de agosto de 2022

 

VENDE-SE O CARRO DE BOI

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.755


 

A visita não foi programada. Uma surpresa nas pesquisas sobre o padre Cícero, nos fizeram chegar até a casa do senhor Manoel Daniel Filho, após visita a uma área invadida pelo Ipanema na grande cheia deste ano. O lugar chamado “Volta” ou “Volta do Ipanema” – expressão muita usada no passado – hoje está bem habitada, às margens do rio, parte mais baixa no extremo oeste do Bairro São José. Entretanto, esse ponto onde o rio faz uma curva, daí a denominação, continua com os mesmos aspectos de antigamente. Ali as águas subiram muito e invadiram residências no final de ruas que se cruzam em forma de “L”.  Várias casas foram invadidas e outras derrubadas pela cheia. Até hoje permanecem os chamados “basculhos” secos nas pedras do Panema.

A cheia não chegara à casa do Sr. Manoel e podemos conversar à vontade na sua garagem em que está seu carro de boi de rodas de pneu, fruto de decreto do, então, prefeito Ulisses Silva, proibindo carros de boi de rodas de aros de ferro circularem no novo calçamento de paralelepípedos de Santana do Ipanema. Vendidos os bois, o carro bem feito aguarda comprador enquanto serve de depósito de madeira e panos do funcionário público aposentado. Seu Manoel fala da perna quebrada no seu trabalho caseiro, suas dificuldades para locomoção, mas não deixa em paz seus instintos de trabalhador: “enquanto descansa carrega pedras”, diz o homem conformado com sua deficiência. Devoto de Santa Quitéria, fala da vila pernambucana com grande propriedade.

Enquanto isso, sua esposa conta a graça alcançada com o padre Cícero do Juazeiro. Senhor Manoel Afirma sobre o carro: “Não tem uma folga em nada, é todo de craibeira e ninguém faz um igual a esse pelo preço que está à venda”. Continuo dialogando com aquele cidadão que eu, ainda criança e rapaz tanto o vi passando na minha Rua Antônio Tavares, ora a pé, ora comprando cinzas em um jumento, para os curtumes da Maniçoba. Agora na terceira idade. Nunca tive coragem de falar com ele, mas nas voltas que o mundo dá chego de cara com aquele adulto de outrora.  E com tantas conversas agradáveis – até parecia que queríamos descontar o tempo de tantas eras em nosso mutismo. Ele muito me agradeceu pela minha palestra e eu saí de alma vibrante de alegria, pela oportunidade que a vida me dava e pelo muito que aprendi naquela rodada de simplicidade, segredo da vida.

MANOEL DANIEL E SEU CARRO DE BOI, RODA DE PNEU (FOTOS: B. CHAGAS).


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/vende-seo-carro-de-boi-clerisvaldob.html

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

 

LAGOS, LAGUNAS, LAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.754


Quando as águas se acumulam numa depressão, a grosso modo chamamos o local de lago. Caso o volume d’água não seja tão grande, damos o nome de lagoa. E se esta depressão com água tiver alguma comunicação com o mar, leva o nome de laguna. Na verdade, tudo é lago com seus apelidos, conforme suas características. Os dois lagos de Maceió, por exemplo, chamados lagoas Mundaú e Manguaba, nos seus vulgos são lagunas. Valendo-me de Elian Alabi Lucci, os lagos quanto à origem, podem ser: residuais, de erosão, de depressão, tectônicos, vulcânicos, de barragens e mistos. Os cursos d’água que se comunicam com os lagos são chamados afluentes e, os que ajudam no escoamento das suas águas de emissários.

Lagos residuais – provenientes de antigos mares bem extensos que regrediram. Exemplos: Cáspio e Aral.

Lagos de erosão - formados em antigas depressões, em geral pouco profundas, resultando do trabalho da erosão fluvial. São comuns na bacia do São Francisco, no Nordeste ou então escavados pelas geleiras como os da Finlândia. Descrevemos todos eles, do São Francisco, em nosso estado no livro “Repensando a Geografia de Alagoas” (inédito).

Lagos de depressão – que resultaram do acúmulo das águas pluviais e fluviais em depressões fechadas; exemplo Tchad, na Ásia.

        Lagos vulcânicos – formados pela acumulação de água em antigas crateras de vulcões, como o Crater Lake, nos Estados Unidos.

Lagos de barragens – formados por restingas ou cordões litorâneos que dão origem a lagunas, cujos exemplos são os principais lagos brasileiros. (Mundaú, Manguaba – Maceió)

Lagos mistos – Que possuem diversas origens, como, por exemplo, os provenientes de ação erosiva de geleiras, sobre zonas fraturadas da Terra como é o caso dos Grande Lagos da América do Norte e alguns lagos suíços.

Esperamos que o amigo ou amiga tenha gostado. Pena não vermos mais a matéria Geografia de Alagoas, em nossos currículos escolares. Só regressão.

LAGUNA MUNDAÚ EM TEMPO DE CHEIA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO: REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS).

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/lagoslagunas-lagoas-clerisvaldob.html

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 

EMBOLADA E CARESTIA

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.753

 

As origens do cantador nordestino de viola, são as mesmas do embolador repentista. O cantador canta ao som da viola, o embolador ainda canta com pandeiro, porém, no início era com uma “peneira” e/ou com um ganzá. A peneira é um instrumento musical caseiro feito de palhas secas e duras com pedrinhas dentro. O ganzá é um instrumento musical cilíndrico, feito de zinco e várias pedrinhas no bojo. Essas pedrinhas quando agitadas pelo embolador, asseguram o seu ritmo de cantoria. Muitos emboladores nordestinos, já falecidos, continuam na boca dos apologistas como verdadeiras lendas de todos os tempos. Os nove estados da região Nordeste possuem seus emboladores atuais e os lendários amados pelo povo.

Esses emboladores, bem como os violeiros, eram repentistas em que, cada uma dessas categorias, com estilo diferente, cantava nas feiras e nas festas que havia na zona rural. Os repentistas, violeiros evoluíram mais, estão muito organizados, atualmente. Quanto aos emboladores, não notamos evolução alguma. Continuam cantando nas ruas, nas feiras... Porém migraram do pequeno interior para as cidades grandes. Pululam nos canais das redes sociais e por causa disso, vamos conhecendo todos os emboladores do Nordeste.

 Como a dona-de-casa reclama da carestia geral em Santana do Ipanema desde o início do Século XX, iremos confirmar a pesquisa apresentando um fragmento de estrofe de emboladores, muito antiga, do tempo em que a cidade de Ouro Branco era chamada Chicão ou Olho d’Água do Chicão e a cidade de Maravilha ainda era apontada pelos emboladores analfabetos de Maravia. Além disso, entra na estrofe o sítio santanense Água Fria, que fica perto do rio Ipanema, próximo da zona serrana do município e Poço das Trincheiras, município vizinho. A carestia dos produtos do comércio e das feiras santanenses virou tradição e parece não ter fim. Foi salvo do nosso folclore, como dissemos, esse fragmento dos emboladores de tantas eras atrás. Você pode até não concordar com as afirmações do poeta anônimo, porém, jamais negar a beleza da cadência da estrofe histórica:

 

 

 

Maceió é pra negócio

                                 Santana pra carestia

  Mulher feia só no Poço

Ôi pelado n’Água Fria

Cachaceiro no Chicão

E ladrão na Maravia...

 

CENTRO DE SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/emboladae-carestia-clerisvaldob_17.html

 

EMBOLADA E CARESTIA

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.753

 

As origens do cantador nordestino de viola, são as mesmas do embolador repentista. O cantador canta ao som da viola, o embolador ainda canta com pandeiro, porém, no início era com uma “peneira” e/ou com um ganzá. A peneira é um instrumento musical caseiro feito de palhas secas e duras com pedrinhas dentro. O ganzá é um instrumento musical cilíndrico, feito de zinco e várias pedrinhas no bojo. Essas pedrinhas quando agitadas pelo embolador, asseguram o seu ritmo de cantoria. Muitos emboladores nordestinos, já falecidos, continuam na boca dos apologistas como verdadeiras lendas de todos os tempos. Os nove estados da região Nordeste possuem seus emboladores atuais e os lendários amados pelo povo.

Esses emboladores, bem como os violeiros, eram repentistas em que, cada uma dessas categorias, com estilo diferente, cantava nas feiras e nas festas que havia na zona rural. Os repentistas, violeiros evoluíram mais, estão muito organizados, atualmente. Quanto aos emboladores, não notamos evolução alguma. Continuam cantando nas ruas, nas feiras... Porém migraram do pequeno interior para as cidades grandes. Pululam nos canais das redes sociais e por causa disso, vamos conhecendo todos os emboladores do Nordeste.

 Como a dona-de-casa reclama da carestia geral em Santana do Ipanema desde o início do Século XX, iremos confirmar a pesquisa apresentando um fragmento de estrofe de emboladores, muito antiga, do tempo em que a cidade de Ouro Branco era chamada Chicão ou Olho d’Água do Chicão e a cidade de Maravilha ainda era apontada pelos emboladores analfabetos de Maravia. Além disso, entra na estrofe o sítio santanense Água Fria, que fica perto do rio Ipanema, próximo da zona serrana do município e Poço das Trincheiras, município vizinho. A carestia dos produtos do comércio e das feiras santanenses virou tradição e parece não ter fim. Foi salvo do nosso folclore, como dissemos, esse fragmento dos emboladores de tantas eras atrás. Você pode até não concordar com as afirmações do poeta anônimo, porém, jamais negar a beleza da cadência da estrofe histórica:

 

 

 

Maceió é pra negócio

                                 Santana pra carestia

  Mulher feia só no Poço

Ôi pelado n’Água Fria

Cachaceiro no Chicão

E ladrão na Maravia...

 

CENTRO DE SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/emboladae-carestia-clerisvaldob.html

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

 

AGOSTO NA BANQUELA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.752


Diz o nosso povo sertanejo: “Mês miou, mês findou”. Traduzindo a expressão: mês meiou, mês findou, é que ao chegar à metade do mês, o tempo parece correr mais para chegar ao final. Assim atingimos o dia 15 de agosto, mês comprido danado, embora tenha apenas 31 dias. Como previmos ainda em julho, nosso sertão fez frio de lascar, pois as nossas noites com 20, 19 e 18 graus, fez os ossos dançarem por baixo dos lençóis. Não queremos comparar o tempo daqui com o do Sudeste, a nossa realidade é outra e quando a temperatura fica abaixo dos 25 graus já começa a diferença de um tempo normal no Sertão. Com muita chuva (embora mansa) a lavoura se perde pelos campos e, qualquer pedaço de pano velho que se tem em casa, imita casaco de frio sem querer.

Geralmente o dia 15 marca na prática o final de inverno por aqui, quando chuva e frio começam a arrefecer, caracterizando a frase usada pelos mais velhos: “São os últimos tamboeiros (tamoieiros) do inverno”, como dizia o meu sogro, poeta repentista Rafael Paraibano da Costa. E como têm expressões que somente o sertanejo as entendem, não adianta procurar sentidos.  O certo é que nos parece mesmo o final prático do inverno, pois após acontecer três ou quatro dias de Sol (surpresa!) volta o tempo a invernar com o retorno do encurralamento das pessoas em casa.  E se a lavoura, em parte, reclama do excesso de chuva e de frieza, a pecuária agradece com tanto pasto verde, até por cima dos lajeiros, para engordar rebanhos. Bois, carneiros e bodes berram de barriga cheia nas quebradas do Sertão.  

As chuvas na cidade, mesmo finas, companheiro (a) deixam as ruas desertas, param as obras municipais como fica na pausa a reforma da Praça São José, tangem taxistas para abrigos improvisados, Comércio funciona pela metade e o povo que trabalha em casa deixa de engordar passeios de transeuntes. Acena a “caninha” do boteco próximo ou o cafezinho quente de casa para ajudar na resistência à frieza. Assim caminha o mês de agosto. Entre chuva, frio e moleza, é preciso marchar adiante para aguardar a carruagem da próxima estação com seus cavalos de marfim e cargas douradas do envio sacro para a nossa vida.

Não sabemos da irmã, do pai ou do avô, mas a prima-vera já nos acena na próxima esquina.

Mantenha a fé, a fé e a fé.

CLERISVALDO B. CHAGAS EM LANÇAMENTO DE LIVRO (FOTO: ACERVO PESSOAL).

 

 

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/agosto-na-banquela-clerisvaldo-b.html

domingo, 14 de agosto de 2022

 

CAÇANDO MILAGRES

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.751


Após a parada obrigatória da pandemia, voltamos a pesquisar na redondeza o tema para o livro: “100 Milagres Inéditos do Padre Cícero”. Pesquisar é coisa prazerosa desde que o assunto pesquisado seja de muito amor de quem pesquisa. Assim reiniciamos os nossos trabalhos do ponto onde a força da pandemia deixou suas reticências. O objetivo é distribuir o livro gratuitamente em dia de festa na Pedra do Padre Cícero, em Dois Riachos, onde acontece a maior romaria do “Santo Nordestino” em Alagoas. Claro que isso exige patrocínio e desde já ouviremos qualquer proposta neste sentido. São intensas as emoções das pessoas nos seus depoimentos que são anotados, transformados em textos com títulos específicos e até fotografia do devoto entrevistado.

A emoção de cada romeiro em seu depoimento, estimula o nosso trabalho, pois sentimos forças ocultas e extremamente agradáveis sobre as nossas cabeças. Assim, de perguntas em perguntas, de indicações em indicações, vamos fazendo visitas a essas pessoas laureadas pelas graças alcançadas do padre Cícero Romão Batista. Visitamos clínicas, feiras, igrejas, residências, pontos comerciais e até mesmo casas distantes da zona rural, onde a fé transborda em toda a sua plenitude.  Para nós é essencial a causa do pedido, a graça alcançada, a forma e o lugar da promessa paga, além de nome completo, apelido, idade, endereço, e situação do tempo da graça alcançada. Cada milagre também ganha uma numeração além do título, pela ordem das narrativas.

O livro não tem data para terminar. Calma e paciência. Caso um devoto queira contar alguma graça alcançada usando a Internet., escreva para nosso e-mail abaixo dessa crônica. Procedimento acima, acompanhado de foto. Na última sexta-feira estivemos percorrendo alguns lugares do Bairro São José, inclusive, a sua igreja que também foi alvo de pesquisa. Lá nos deparamos à tarde com um grupo de pessoas, homens e mulheres, rezando o Terço de Nossa Senhora, uma recepção e tanta!

O companheiro e parceiro literário, escritor Marcello Fausto que assim como nós é devoto do padre Cícero, está nos assessorando nesta importantíssima missão religiosa.

Viva a pátria e chova arroz!

INTERIOR DA IGREJA DE SÃO JOSÉ, SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).

Clerisvaldodaschagas@gmail.com


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/cacandomilagres-clerisvaldob.html

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 

CANOEIROS EM ALTA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.750

 


Quando o livro “Canoeiros do Ipanema” estava para ser lançado, aconteceu o auge da pandemia, além de problemas de saúde do autor que não foi Covid.  Ainda deu para algumas reduzidas pessoas adquirirem o opúsculo único e raro sobre a existência dos canoeiros em Santana do Ipanema. Amigos e amigas pediram o livro pela Internet, ficamos de entregá-lo em diversos pontos da nossa cidade, mas não houve condições físicas. Como essas pessoas não depositaram a quantia indicada e nós não entregamos a encomenda, ficou tudo na estaca zero e pedimos desculpas, embora não tenha havido nenhum prejuízo para nenhum dos lados. Melhorada a coisa, o autor ainda se recuperando, pediu ao parceiro literário Marcello Fausto que fizesse lançamentos dos “Canoeiros do Ipanema”, nas escolas, em nome do autor.

Estão sendo providenciandos esses lançamentos em diversos estabelecimentos de Santana, inclusive, com muita aceitação e prévios planejamentos de trabalhos escolares sobre o tema. Não existe nenhum outro documento que cita ou resgata esses episódios históricos da nossa sociedade. Portanto, o pequeno livro em volume, é grande na preciosidade sob sua guarda. “Os melhores perfumes estão nos menores frascos”, disse Rui Barbosa. Os livros, ainda embalados, irão alimentar o conhecimento da juventude que se achava privada do heroísmo desses santanenses que deram coragem, destreza e desenvoltura pelo progresso da terra sem o reconhecimento devido até que chegou o livro “Canoeiros do Ipanema”.

Segundo Fausto, o preço de cada unidade deverá ser fixado em apenas 15,00, para chegar ao maior número possível de lares santanenses e gerações diversas. Seus filhos irão gostar do presente daquilo que eles não sabiam e o último dos canoeiros, com mais de 90 anos, também. Não sabemos se as pessoas que pediram o livro pela internet ainda querem, vamos, portanto, reiniciar os pedidos. Desta vez passando para o companheiro Fausto e suas responsabilidades em fazer a entrega.

Em breve, outras novidades literárias.

Grato.

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/canoeirosem-alta-clerisvaldob.html

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 

SUA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas 11 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  2.749


Muito tempo parado, aproveitamos o raro dia de Sol deste inverno e fomos visitar alguns pontos de Santana do Ipanema. Iniciamos pela rua mais antiga de Santana, a Antônio Tavares, onde a encontramos completamente asfaltada. Talvez devido a arborização pareceu que a mesma havia se estreitado. Antes, totalmente residencial a “Rua dos Artífices”, inicia pequenos negócios de comércio que deslumbra para o mesmo efeito avançado da Rua Pedro Brandão.

Fomos ao monumento ao asno, à 60 GERE para regularizarmos à nossa Aposentadoria, uma visita ao Centro   Médico Hebron, uma passada pelo Complexo da Saúde, vizinho ao Colégio São Cristóvão, onde constatamos o grande fluxo de pessoas que descem da famosa Rua das Pedrinhas em busca dos serviços médicos do SUS.

Pena o Complexo Educacional e de Saúde ficarem encravados em terrenos insalubres, onde fluxos d’água escorrem permanentemente nessas ruas, vindos da parte mais alta da região. Isso corrói o calçamento que recebe lixo do pequeno comércio de lanches e não combina de maneira nenhuma com a Saúde.

Ouvimos muita reclamação do povo sobre a falta de um semáforo na cabeça de ponte da Camoxinga, na BR-316 – cruzamento perigosissimo – e a cobrança de motoristas para melhoramentos na entrada da rua para esses complexos. Os carros têm que entrar travessados correndo perigo com o trânsito da BR. Santana virou Maceió em termos de trânsito e falta de estacionamento. “Não podemos nem mais atravessar à rua a pé”, nos falava uma senhora a quem demos carona.

Encerramos a nossa incursão pela cidade, ainda dando graças pelo Sol que banhou o dia 10 de agosto, numa passada pelas imediações da Praça da Paróquia de São Cristóvão, onde os serviços de lanche no logradouro atraem bastante pessoas. As crianças deixavam às escolas particulares das imediações e funcionavam vacinas na Secretaria de Saúde, antigo Hospital e Maternidade Arsênio Moreira, bem no filé do Bairro Camoxinga. Não deixamos de registrar a Igreja Matriz de São Cristóvão, bem pintada, ornada e de porta principal aberta aos seus fiéis, como deve ser.

IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO, DIA 10/08 (FOTO: B. CHAGAS)

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/suaterra-clerisvaldob.html

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

  

BEXIGA LIXA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.748

 

Já abordamos esse assunto há muito, mas com o surgimento da Varíola do Macaco, vamos voltear. No final dos anos 50 para os anos 60 a varíola surgiu aqui no sertão de Alagoas. O povo mais humilde chamava a doença de bexiga, o que já estava acostumado a xingar as coisas com esse e o nome peste. As pessoas ficavam completamente pintadas, com ênfase para os indivíduos negros. Quase sempre a bexiga era caso certo de morte, então, os doentes eram levados para o rio Ipanema, a cerca de 3 km da cidade rio acima, onde havia uma loca e ali era depositada a pessoa que ficava à mercê da Natureza. A comida levada pelos familiares era empurrada para dentro da “loca dos bexiguentos” com uma vara, segundo os mais velhos.

Depois chegou à vacina que também era aplicada nas escolas. Do produto não temos lembrança, mas o procedimento da vacina era aplicado com uma pena de escrever, no braço, o que deixava uma marca para sempre, pois eram feitos arranhões na pele que deixavam a cicatriz. Diziam que a doença pegava pelo vento, daí, contato com o doente apenas quando a pele do infectado estivesse completamente murcha daquelas manchas róseas que pintavam todo o corpo da vítima. O sertanejo costumava xingar as pessoas e coisas com os nomes: peste, doença do rato e bexiga lixa. Portanto parece ter sido um castigo divino contra esses impropérios bárbaros. Aliás, o nome “peste”, é o mais citado do Brasil pelos alagoanos em momentos de ira.

Como dizem que a moda sempre estar voltando, a doença parece também possuir os seus ciclos. A Varíola do Macaco é a cópia da varíola dos anos 60, pelo menos externamente. Quanto à vacina ainda não foi divulgada e se foi não teve a ênfase merecida. Só não acreditamos que iremos voltar a usar no braço a aposentada pena de fazer caligrafia.

Continua no leito do rio Ipanema, no chamado poço Grande ou poço do Boi, a loca dos bexiguentos e que outros dizem tratar-se de uma pirâmide alienígena. A loca fica na parte inferior da pirâmide vigiada por urtigas e marimbondos em tempo de estio. Ilhada pelas águas barrentas do Panema, em tempo de cheias.

PEDRA DOS BEXIGUENTOS EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/bexigalixa-clerisvaldob.html

domingo, 7 de agosto de 2022

 

ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.747

 

“O vento, a chuva, as águas correntes e as ondas do mar promovem a desagregação das rochas pelo atrito ou pelos embates dessas forças em movimento. Além de contribuir para uma lenta destruição do relevo, como um abrandamento nas formas eriçadas, tais agentes mecânicos realizam transporte dos detritos para depositá-los adiante, em distâncias variáveis.

Chama-se Corrosão ou erosão eólica, aquelas realizadas pelos ventos.  Abrasão ou erosão marinha é produzida pelo mar. A erosão pluvial, é a das chuvas, fluvial a dos rios e glacial a dos gelos em movimento”. Inúmeras dessas ações naturais desenham os bastidores do litoral alagoano.  Seja no litoral norte ou no litoral sul do estado, a beleza está presente e classifica nossas praias entre as mais magníficas do mundo.

Os variados tipos de formações do litoral alagoano entram numa disputa típica dos humanos em que se pergunta: “qual a praia mais bonita de Alagoas?” Você sabe responder? Quem responde àquela indagação por certo tem a sua preferência baseada nas erosões, na sedimentação ou outros fenômenos que moldam a paisagem justamente como o usuário deseja. Praias com falésias, praias com arrecifes, praias com lagoas, com formações de dunas, com atóis, com restingas, com ilhas grandes ou pequenas... Onde está a formação almejada, encontra-se a praia mais bonita do estado. São justamente essas variadíssimas formações que se apresentam em nossa costa (menos a erosão glacial) que transportam Alagoas para o topo da beleza litorânea quase surrealista.

Uma praia rebaixada e arenosa sem nenhum outro acidente físico à vista, apenas areia e água, pode também ter seus encantos pelas águas límpidas, pelo fraco movimento das ondas, assim como as praias de Paripueira. Mas, visitar apenas uma praia de Alagoas é até um privilégio frustrante se pensarmos que falta conhecer 250 Km de outras praias do estado. Os diversos desenhos naturais do litoral alagoano são tão incríveis que muitos consideram um ESPANTO de tanta beleza. Estamos mostrando um roteiro a um amigo que almeja se aventurar por esse litoral no início da primavera. Boa viagem companheiro, pelo “Paraíso das Águas”.

Alagoas, estrela radiosa.

 PRAIA ALAGOANA (FOTO: ASSESSORITO VIAGENS)

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/alagoas-c-lerisvaldob.html

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

 

CULTURA HOMENAGEIA ESCRITOR

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2002

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.746

 

Terça-feira passada (2) numa visita de cortesia ao Departamento de Cultura de Santana do Ipanema, fomos surpreendidos com uma homenagem em alto estilo, do Diretor de Cultura, Robson França, a bibliotecária Telma e o músico Luiz, no gabinete do Diretor. Sem de nada suspeitar, recebemos palavras elogiosas de estímulo e carinho da parte do senhor Robson França. Em seguida, a senhorita Telma, bibliotecária da Biblioteca Breno Acioly, nos recepcionou com um belíssimo recital, acompanhado ao violão pelo músico Luiz que cantava um estribilho de Gonzaga nos intercalados do recital. Entre os poemas que ornaram a tarde daquele dia chuvoso, estava um martelo agalopado da nossa autoria, recitado com tanta ênfase e alma que não resistimos ao marejar dos olhos, numa réplica sensitiva tal as cacimbas do rio Ipanema. O escritor estava acompanhado da sua esposa Profa. Irene Ferreira das Chagas, na   Casa da Cultura.

A Casa da Cultura estar situada à Avenida Coronel Lucena, próximo à Prefeitura, e abriga o Departamento de Cultura e a Biblioteca Pública Breno Accioly. Centralizado na cidade, o Departamento facilita o acesso aos santanenses de qualquer parte da urbe ou de municípios vizinhos em missão de visitas, pesquisas, curiosidades ou turismo. E por coincidência, a Biblioteca foi fundada pelo homem homenageado com o título da Avenida. Na ocasião da nossa visita, a Casa da Cultura achava-se bem movimentada a até banda de música havia, resultado do dinamismo dos seus administradores. Sem dúvida nenhuma o lugar se tornou ponto de   encontro entre intelectuais e os que têm sede de conhecimento.

E por falar em conhecimento, é o ato de compreender por meio da razão e/ou da experiência.  Enquanto isso, um dos conceitos de Cultura,  representa o conjunto das tradições, crenças e costumes de determinado grupo social. Ela é repassada através da comunicação ou imitações às gerações seguintes.

É preciso estímulos a quem produz para que mais produções e criatividades aconteçam em benefício da tradição, da história de um grupo, de um país, do Planeta Terra. A cultura específica de um povo, é apenas uma parcela que faz parte da Cultura Geral do mundo. Pensemos nisso.

Casa de Cultura de Santana do Ipanema.

Toda honra e toda glória ao Grande Arquiteto do Universo.

SALA DE RECEPÇÃO NA CASA DA CULTURA (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO)

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/culturahomenageia-escritor-clerisvaldob.html

terça-feira, 2 de agosto de 2022

 

O BERRO DO BOI

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.745

 



Meu amigo quer fazer um churrasco, mas não sabe a melhor carne a ser usada. Independente do preço muita gente não sabe também qual é o melhor pedaço do boi. Essa polêmica presenciei nos anos 60 entre boiadeiros e fazendeiros. Cheguei à conclusão que todo o questionamento é questão de gosto. Um dizia: “A melhor carne do boi é a chã de fora”. Era rebatido: “De fato é gostosa, mas é dura, prefiro a chã de dentro”. Um terceiro: “A melhor carne é o filé”. Novo rebate: “Não gosto, só fede a mijo”. Resolvemos dá uma forcinha, mas continua sendo uma questão de gosto. As carnes geralmente são chamadas de primeira e de segunda conforme a parte do boi de onde é retirada. A traseira é considerada de primeira e ali estão as chamadas carnes nobres; a dianteira são as de segunda, mais ou menos assim distribuídas:

Na traseira da rês estão, de cima para baixo na anca do boi: Picanha, lagarto, chã de fora, chã de dentro, patinho. Mais abaixo Alcatra, maminha da alcatra, fraldinha, ponta de agulha e músculo

Dianteira: Acém, pescoço, peito, paleta (perna).

No meio da rês: de cima para baixo: filé mignon, filé de costela, contrafilé, capa de filé e aba de filé.

Assim fomos a um churrasco delicioso e na medida, como dizem por aqui. Mas o comandante da festa diz: “Não perguntam nem que tipo de carne está no prato?”. E nós: “Quando terminar a brincadeira, perguntaremos”. Parece até um sacrilégio falarmos sobre churrasco no Brasil nesses dias em que muita gente estar passando fome, comprando osso e vendo carne de boi somente na propaganda.

Mas no Brasil, o boi estar representado em todas as Grandes Regiões, até mesmo na Amazônica onde o gado é introduzido na marra. Quem não gosta do boi neste País, gosta da vaca. Quem lembra do filme “Vidas Secas”, baseado no livro de Graciliano Ramos?! Aparece um folguedo de Guerreiro onde o boi é cantado dramaticamente. E enquanto vamos exportando carne bovina para o resto do mundo, o preço do boi gordo dispara nesta nação e dá um coice dos diabos na refeição diária de boa parcela da população.

E com esse desembesto nos preços, churrasco agora só se for do Bumba-Meu-Boi que berra nos festivais de Maceió.

BERRO DO BOI (FOTO: DANILO)

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/08/oberro-do-boi-clerisvaldob.html