RECESSO DE CARNAVAL
sábado, 22 de fevereiro de 2020
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
A BRAVURA DAS MULHERES QUILOMBOLAS
A BRAVURA DAS MULHERES QUILOMBOLAS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 a 21 de fevereiro de
2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2. 265
Muito bem feita,
merecendo prêmio, a longa reportagem do
jornal Tribuna Hoje, sobre a “Terra da Laranja Lima” e a bravura das
mulheres quilombolas. Sendo o maior produtor de laranja lima do Brasil, Santana
do Mundaú, Alagoas, a cerca de 100 km de Maceió, teve seus laranjais invadidos
pela praga da mosca negra que reduziu sua produção em mais de 40%. Isso
aconteceu há três anos quando a praga atingiu quase 100% dos laranjais,
prejudicando 2.000 agricultores familiares, entre eles, o de três comunidades
remanescentes quilombolas. Foi quando 20 mulheres das comunidades Filuz, Jussara
e Mariana reagiram à situação e foram à luta. Guiadas pela ideia da Gerência de
Articulação Social do Gabinete Civil do Estado de Alagoas, foram bater à porta
da Cooperativa Pindorama, em Coruripe.
A Pindorama, uma das
mais organizadas cooperativas do Brasil e com mais de 60 anos de fundação,
passou lições importantes para as guerreiras mulheres quilombolas, inclusive
como gerenciar uma cooperativa e como diversificar os seus produtos. As
empreendedoras, então, fundaram uma cooperativa há dois anos e mais o
“Instituto Irmãos Quilombolas”. Hoje as comunidades diversificaram a produção
que além dos cítricos, cujo carro chefe é laranja lima, produz, jaca, banana,
laranja, tangerina e outras frutas, hortaliças e guloseimas como pé de moleque,
bolo de massa puba e macaxeira, tapioca, beiju e outras delícias. Os produtos
da Agricultura Familiar são todos orgânicos e vendidos na própria região.
Cerca de 120 famílias
quilombolas foram beneficiadas e ainda implantaram uma feira livre própria que
garante o escoamento da produção. Graças a força de vontade dessas 20 mulheres
empreendedoras essa região do Vale do Mundaú, passou a viver outra realidade
que não respeita essa tal de mosca negra.
Santana do Mundaú, na
Zona da Mata, é banhada pelo rio Mundaú, tem como padroeira Senhora Santana e
conta com cerca de 11.000 habitantes.
Bem que bateu à vontade
de conhecer de perto as heroínas quilombolas.
Ê... Sangue de Zumbi.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
USOS E COSTUMES DO SERTÃO
USOS
E COSTUMES DO SERTÃO
Clerisvaldo
B. Chagas, 18 de fevereiro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Entre os antigos e
atuais usos e costumes do Sertão, encontramos a Arapuca, a Arataca, a Espera e
o Anzol.
A arapuca. Artesanato feito de
galhos finos em forma de pirâmide asteca. Gira em torno de dois palmos em cada
lado com altura aproximada de palmo e meio. Trata-se de uma armadilha para
capturar, principalmente, pássaros e aves. Levanta-se um dos lados e coloca-se
um graveto (gatilho) no meio sustentando a arapuca aberta. Tem como isca, grãos
de milho ou outro tipo de alimento. O animal, ao entrar no artefato, toca no
gatilho, desaba a arapuca e fica preso. A arapuca é pesada, o animal não
consegue se libertar. É visto pelas frestas (para evitar surpresa) e retirado
pelas pernas.
A arataca. É uma armadilha simples
para capturar preás e mocós. Consta apenas de uma tábua retangular de cerca de
dois palmos, com um pino transversal no meio passando um pouco em ambos os lados.
Cava-se um buraco fundo na trilha do animal e tampa-se com a tábua segura pelos
pinos laterais. Vira uma gangorra. Quando o cavídeo pisa na tábua de um lado ou
do outro, ela cede e despeja o animal no buraco voltando, automaticamente, a
tampá-lo. Pode capturar vários animais dentro de pouco tempo.
A espera. E usada no tempo de
seca para matar pássaros, aves e animais de porte. Escolhe-se um lugar onde os
bichos selvagens vão beber. Com galhos flexíveis se faz uma estrutura baixa
para caber uma pessoa deitada. Cobre-se a estrutura com folhas e galhos secos.
O caçador fica à espera da presa na hora da bebida. Usa espingarda, bodoque,
peteca (estilingue). A espera não captura, mata.
O anzol. Descrevendo como
fazíamos. Arranjávamos uma vara de marmeleiro em qualquer beira de estrada
(flexível, dobrável). Comprávamos a linha de náilon e o anzol na Casa Imperial
(do Sr. Piduca, atual Casa das Tintas). Entre o anzol e a linha colocávamos o
que chamávamos de chumbo, isto é, o invólucro dos litros de vinho para o anzol
submergir. A isca era de qualquer coisa: minhoca, carne, piaba, miolo de pão.
·
As armadilhas são heranças indígenas. Tudo continua aceso
no Sertão das Alagoas.
domingo, 16 de fevereiro de 2020
SANTANA: O PESO DA AVENIDA
SANTANA: O PESO DA AVENIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.263
![]() |
HOJE TUDO É COMÉRCIO (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO). |
A hoje Avenida Coronel Lucena, aos poucos
complementava a formação do quadro do Comércio como saída em direção norte. Foi
sendo povoada por belas residências de abastados fazendeiros, políticos e
comerciantes, formando uma elite e futuro corredor de saída para a capital.
Falamos em futura saída porque o movimento Santana – Maceió e vice-versa
acontecia pelas Ruas Antônio Tavares (primeira de Santana) São Pedro e os
subúrbios Bebedouro e Maniçoba. Com a continuação do progresso, novas
residências foram surgindo ladeira acima até a parte plana superior, onde se
encontra implantada a Caixa Econômica Federal. Era motivo de orgulho fixar
residência por onde circulavam gemedores carros de boi e os primeiros e
lustrosos automóveis pretos.
Entretanto, a partir das últimas décadas do
século XX, começaram a surgir casas comerciais, na avenida. Muitos troncos de
moradores tradição foram desaparecendo, cujas famílias vendiam as residências
para fins de comércio ou de prestação de serviços. Quando mais de 50% das transações
foram realizadas, acelerou-se a profecia de que não haveria mais casa
residencial na Avenida Coronel Lucena. Uma transformação completa aconteceu na
principal rua da cidade. Formou-se um corredor continuação do comércio do
centro e já emendou com outras avenidas e bairros até o Batalhão de Polícia na
Lagoa do Junco. Algumas famílias, contadas nos dedos, ainda resistem à
modernidade, porém, por breves dias. São encontradas casas bancárias, escolas,
pousadas, hotéis, bares, igreja, sorveteria e os mais variados ramos de
negócios.
A Avenida Coronel Lucena, também é chamada
popularmente de Rua da Prefeitura. O mesmo fenômeno comercial está acontecendo
na Rua Pedro Brandão (Bairro Camoxinga). As últimas residências do lado de
baixo, estão desaparecendo; o lado de cima, resistirá mais um pouco pela
dificuldade de acesso, mas seguirá a mesma trilha. É outro ramal prolongamento
do comercio do centro que se inicia na Ponte Cônego Bulhões, atravessa a Pedro
Brandão, (principal), sai no Largo do Maracanã e sobe pela Rua Santa Sofia
(lado direito, mas breve será também o esquerdo), entra na rua principal da
COHAB Nova e deságua lá em baixo no início da Rua das Pedrinhas. Santana
confirma a vocação comercial desde o tempo de vila.
Paralelamente multiplicam-se os condomínios
pelos arredores.
O modernismo toma conta de tudo.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
O CRIME DO CRUZEIRO
O CRIME DO CRUZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 14
de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.262
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SERROTE DO CRUZEIRO E RESERVA TOCAIA (FOTO: B. CHAGAS) |
Estimulando
o desmatamento para plantio de eucaliptos, um órgão do governo nos anos 60
acabou com a mata nativa do Cruzeiro. O serrote do Cruzeiro, monte sagrado de
Santana do Ipanema com inúmeras árvores centenárias em caatinga densa perdeu a
batalha para o homem. O dono de padaria A.S., retirou no banco um empréstimo
para desmatar o serrote e plantar eucalipto. Tudo apenas um plano para colocar
a mão no dinheiro. A mata exuberante repleta de animais selvagens e de canto
permanente de cigarras foi completamente devastada. Um só garrancho não foi
plantado. O serrote sofreu intenso processo de lixiviação e somente deu sinal
de vida entre 35 a 40 anos após o crime. Nasceu um matagal secundário que não
chega nem a metade do porte original.
Mesmo
hoje, com tantas informações sobre meio ambiente na mídia, pouca gente sabe em
Santana, a história do Cruzeiro. Essa mata secundária, durante o inverno fica
verde, mas não existe nutriente no solo que permita desenvolvê-la como outrora.
E se na época chuvosa é desabitada, imagine durante o verão, com apenas
exibição de garranchos. Não se ouve pássaros por ali. Ora, se o serrote não
produz alimento, por que as aves iriam habitar o local? Quando muito se vê na
elevação é um calango... Uma lagartixa... Urubus que procuram dormida no
lajeiro do cume. Vez ou outra pode acontecer passagens de saguins (bichos
curiosos) vindos da Reserva Tocaia que fica por detrás. No restante é um
silêncio sem fim, ideal para meditações.
Já
houve aborrecimentos por denúncia de tentativa de novo desmate. Nem o dono tem
consciência de que a mata do Cruzeiro é um “pulmão verde” para a cidade de
Santana, cujo casario já lhe chega aos pés. Enquanto isso, a pequena igreja,
situada no cimo, tenta proteger com orações esporádicas o que restou da furiosa
investida do passado. Caso não haja interesse nenhum das autoridades pelo que
ainda resta, num piscar de olhos futuros nem mais calango restará.
Serrote
do Cruzeiro, o mais admirável mirante da cidade.
Preocupação...
Saudade...
Abandono.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
A SEREIA DO MAJOR
A
SEREIA DO MAJOR
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de fevereiro de 2020
Escritor Simbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.261
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SEREIA E SUA PRAIA. (FOTO: SECRETARIA DE TURISMO) |
Foi na gestão estadual
do General Luís Cavalcante (1961-1966) que foi instalada a estátua da sereia em
Maceió. O governante era conhecido popularmente como “Major”. Inclusive, foi
ele quem proporcionou à Santana do Ipanema, água e luz do rio São Francisco. O
Major, para melhorar ainda mais a beleza das praias do Bairro Riacho Doce,
litoral norte de Maceió, encomendou a estátua de uma sereia de cimento e
concreto. O artista convidado para realizar a obra foi o escultor Corbiniano
Lins, de Pernambuco. A referida estátua foi mostrada ao público em um dos
arrecifes da praia, com quase quatro metros de altura. Inicialmente o lugar
passou a se chamar “Praia da Sereia” e, a escultura, de “Sereia da Major”.
Todos queriam conhecê-la, tirar fotos e banhar-se em suas águas. Foi um sucesso
na época como ainda hoje perdura.
A Praia da Sereia
tornou-se assim um dos pontos turísticos mais
procurados de Maceió. Suas águas são barradas em parte pelo recife,
fazendo piscina onde crianças costumam brincar. Houve época, porém, em que o
mar estava de ressaca e chegou a danificar a cauda da sereia. Tirar uma foto da
estátua, funciona como belo troféu e prova inconteste que você esteve mesmo na
capital alagoana. O dia de Iemanjá, 8 de dezembro, é bastante visitada a praia
pelos seus seguidores. São feitas muitas oferendas e pedidos de paz e
felicidade para todos. A citada praia não fica tão longe do Centro. Famílias e
mais famílias se deslocam até ali onde passam o dia gozando suas belezas
naturais e usufruindo dos típicos restaurantes das suas imediações.
Destacamos no momento,
a escultura ornamental de lugar muito interessante. Mas se o amigo ou amiga não
conhece Alagoas e gosta de praias bonitas, irá encontrá-las para todos os
gostos. Tanto faz escolher o litoral Sul
quanto o litoral Norte: praias habitadas e selvagens; de águas calmas ou
bravias; repletas de coqueiros ou não; somente com dunas; e aquelas em que você
penetra mais de quinhentos metros mar adentro. São muitos recifes de arenito,
dunas, lagunas, falésias, manguezais, pequenas ilhas, baías e muitos outros
desenhos que encantam turistas e pesquisadores.
Para quem gosta de
muita Geografia, recomendamos uma visita a Jequiá da Praia. Mar e Lagoa Azeda.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
GRUPO ORMINDO BARROS
GRUPO ORMINDO BARROS
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.260
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ESCOLA ORMINDO BARROS (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230) |
Estamos caminhando para os 66 anos de fundação
do Grupo Escolar Ormindo Barros, em Santana do Ipanema, Alagoas. Contando
apenas com o Grupo Escolar Padre Francisco Correia (1938) no Bairro Monumento,
era preciso também uma escola de porte no grande Bairro Camoxinga. Foi assim
que em 11 de maio de 1954, foi inaugurado na parte baixa do bairro, o
estabelecimento estadual que equilibrou o sistema de estudo na cidade, seis
dias após a inauguração do Ipanema Atlético Clube. O museu do município somente
seria criado cinco anos depois. Implantada a nova escola, uma rivalidade
salutar surgiu espontaneamente entre bairros e estabelecimentos. A
concorrência, mesmo sendo tudo do governo, fez crescer em muito a educação
santanense.
Mais tarde, ainda dentro do século XX, outras
escolas foram ocupando espaços com a expansão da urbe. A escola do município,
Santa Sofia surgiu quase na entrada do bairro que estava iniciando seu
estiramento, o Lajeiro Grande, na gestão Nenoí Pinto. Na região da COHAB Velha,
foi inaugurada a Escola Helena Braga, na gestão Isnaldo Bulhões. Após muitos
anos funcionando pelo estado, volta a ser comandada pela municipalidade. Essas
unidades foram pontos chaves na estratégia do ensino urbano. Entretanto,
inúmeras outras escolas municipais e particulares, acompanharam o desenvolvimento
santanense. Com a fundação do Colégio Estadual Deraldo Campos, em 1964,
consolidou-se a área educacional e, o crescimento em todos os níveis não para
de crescer.
Atualmente, a cidade de Santana do Ipanema é
polo educacional respeitado. Sua influência conseguiu evitar um verdadeiro
êxodo da juventude santanense e sertaneja para centros maiores. Seus cursos
superiores atuam nos Bairros Floresta, Domingos Acácio e Lagoa do Junco. Estão
presentes na “Rainha do Sertão”, a UNEAL, o IFAL e a UFAL, porém, já se vislumbra
outros cursos particulares como Direito, Enfermagem e Medicina.
Tudo teve início com o primeiro casal de
professores ainda nos tempos de vila. Trata-se do coronel Enéas Araújo e sua
esposa Maria Joaquina, filha de Águas Belas, Pernambuco. Logo, logo, a educação
da terra atingirá outros patamares jamais imagináveis.
Vem por aí o aniversário da Escola Ormindo
Barros.