quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ENTRE O PASSADO E O FUTURO

ENTRE O PASSADO E O FUTURO
(Clerisvaldo B. Chagas, 31 de dezembro de 2010)
       Entre tapas e beijos vai chegando ao fim essa primeira década. Quer dizer, entre boas e más notícias que rodeiam o mundo. Quando teve início o velho 2000, também era grande a expectativa da humanidade por que o futuro só pertence ao Criador. Algumas pessoas até se sentem incomodadas por que não possuem dons adivinhatórios que lhes proporcionariam uma série de vantagens sobre os outros mortais. Entretanto, está certo o Senhor dos Mundos em guardar esse segredo, motivo de sondagens entre os inconformados. Ninguém pode se acomodar assim diante desse mistério chamado tempo, cujo sentido e essência vão quebrando a cabeça dos filósofos. O que podemos fazer é somente e tão somente contabilizarmos o que passou, retirar o sumo do bem para reforçar o futuro. É identificar os erros cometidos, marcá-los para não deixá-los escorregar novamente a nossa caminhada. O presente marco de passagem de ano, de interstício de década, é à sombra de frondosa árvore na fronteira do deserto. Um convite ao descanso, à água fresca, ao filme que passou. Ponto de refletir, hora de decisões a tomar antes de levantar acampamento. Talvez o pior da caminhada já tenha acontecido. Nunca se sabe, porém. É preciso reunir forças para seguir em frente por que às vezes o mar calmo, contudo, pode ser um sinal de novas procelas.
       Esse tempo novo que vem chegando de mansinho traz o seu próprio véu que esconde a face, mas deixa uma senda de clareza para quem ousa procurá-la. E quando essa vereda encoberta não é achada, é por que existe falha na procura e a concentração está no plano físico que quase nada tem a oferecer. A chave da procura vem para a porta de dentro que talvez não seja fácil de ser aberta, mas a fé logo achará uma fonte de abastecimento para o restante dos passos tortuosos que se tornarão firmes como as rochas, aprumados como os mandacarus, frutíferos como as boas macieiras. E lá irá o viajor pelo caminho estreito, cujas margens ficarão enlarguecidas e limpas oferecendo conforto e segurança. E se o futuro continua uma incógnita, a fortaleza encarregar-se-á do fortalecimento. O caminhante, mochila às costas, vadeia rios, galga montanhas, percorre planícies calmamente, por que se achou, plenamente se achou no reinício de jornada.
       Por que temer 2011? Não olhe somente para as pedras, os espinhos, as armadilhas, os desertos e a neblina. Olhe o maravilhoso azul do céu. O brilho das estrelas que parecem acenar para as nossas vidas. A lua cheia que marcha ligeira e garbosa pelas noites receptivas. Esquecer. Esquecer estranhas e ignóbeis criaturas que foram contra nós. Criaturas horrendas, dragões que pareciam assustadores, mas não resistiram à lança de São Jorge. Se cães, cadelas, porcos, lobos famintos foram dominados, por que temer novos perigos da floresta? Os mesmos que velaram por ti, são os mesmos que ainda velarão. Continuemos 2011 com a sabedoria popular: Deus é pai não é padrasto. Joguemos fora nesse instante o temor que espezinha ENTRE O PASSADO E O FUTURO.

• FELIZ ANO NOVO!!! (segunda voltaremos).

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MEDITE

MEDITE
(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2010)

Nesse final de governo Lula, vamos recordando o dirigente brasileiro mais polêmico da nossa história, que foi Getúlio Vargas. Estamos dentro dos oitenta anos em que o militar tomou conta do poder. E se quisermos entender um pouco da fase depois do império, podemos chamar o período que vai de 1889 a 1930 de primeira república, república do café com leite ou república velha, denominação mais conhecida. É costume dividir essa república velha em duas partes: república da espada (com Deodoro e Floriano) e república oligárquica (com a influência de fazendeiros coronéis). Em 1930 o Brasil entra na chamada Era Vargas através de revolução que assegura Getúlio como presidente provisório. Esse governo provisório durou até 1934, quando Getúlio foi eleito indiretamente pela assembléia constituinte e governou através dessa constituição até 1937. O término do seu mandato estava previsto para 1938, mas em 1937, Getúlio resolveu dar um golpe e passou a governar como ditador até 1945. Essa fase passou a ser chamada de Estado Novo. Devido às agitações que tomaram conta do país, o exército resolveu depor o presidente que não opôs resistência e retirou-se para o Rio Grande do Sul. Assumiu interinamente o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Com essa primeira queda de Getúlio Vargas do poder, tem fim também o chamado Estado Novo. Em 1951, porém, Getúlio volta ao poder presidencial e desta feita eleito democraticamente. De novo com as agitações do país, Getúlio é acossado para deixar o poder e resolve tirar a própria vida em 24 de agosto de 1954.
Getúlio foi polêmico em todas as quatro fases em que governou o país. Amados por uns, odiados por outros, foi manchado de retrocessos e pintado por vitórias importantes. Marcaram suas fases governamentais coisas como golpe de estado, revolta paulista de 32, expansão de doenças como tuberculose, difteria, paralisia infantil, varíola e a sífilis, direitos trabalhistas, Intentona Comunista, ditadura, enfraquecimento do coronelismo, Segunda Guerra Mundial, industrialização e outros acontecimentos importantes. A Era Vargas, também foi a Era do Rádio, dos grandes compositores e cantores que se fizeram eternos no mundo artístico entre 1940 e década de 50.
        Agora, em 2010, deixa à presidência um civil (operário) com dois mandatos sucessivos e uma popularidade de 83%. Lula não quis por em risco a democracia tão duramente conquistada pelo nosso povo e, tão pacificamente como chegou ao planalto, deixa festejando a sua trajetória. Não houve suicídio, trauma nem revolta. São lições que outros governantes latinos bem poderiam aprender como os “TVs” preto e branco da Venezuela e da Bolívia. Um final de ano verdadeiramente democrático para o Brasil e para o Mundo. MEDITE.

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