DANE-SE A DEMOCRACIA (Clerisvaldo B. Chagas. 1.12.2009) Os Estados Unidos que tem a América Central como republiqueta das bananas, vacilou. ...

DANE-SE A DEMOCRACIA

DANE-SE A DEMOCRACIA
(Clerisvaldo B. Chagas. 1.12.2009)

Os Estados Unidos que tem a América Central como republiqueta das bananas, vacilou. Vacilou perante o mundo quando aceitou o golpe de Honduras através das eleições naquele país. Em crônica outra havíamos cantado essa bola. O Tio Sam sempre considerou aquela região como seu quintal. Fica no poder o caudilho que possa ser títere do país do norte. Zelaya não agradava. E se não agradava para que apoio mesmo admitindo um golpe na democracia? Cadê o processo democrático que eles, os americanos defendem? Que processo democrático que nada! Processo democrático uns tomates! Faz-se um acordo pró-ianques com o golpista e pronto. É a nação escrupulosa sem escrúpulo. Afinal a América Central é deles mesmo e tudo certo.
O Brasil tomou posição firme e arrojada. Aguardamos que não recue na decisão sob pena de perder a credibilidade que ora se inicia. Se o nosso país quer mesmo ser um dos líderes do mundo, não se alcança essa posição baixando o pescoço como boi de carro. Sempre dissemos que todos os grandes impérios caíram. Se os Estados Unidos ainda continuam sendo a nação mais poderosa, mas não ousa enfrentar China, Rússia, Índia... E por que o Brasil como potência emergente também teria que estender tapete? O Tio Sam, queira ou não queira, estar deixando de ser o dono do mundo. Será que só os americanos ainda não perceberam uma nova ordem mundial irreversível? Mesmo assim as republiquetas ainda são deles. Chavez, por exemplo, não perde por esperar na ânsia de domínio das cabeças do Caribe. O mar caribenho é território minado onde o Brasil se for esperto, apenas manterá a posição assumida e nada mais. Para que confronto direto por ideologia?
Na verdade, Obama, esperança do mundo, parece andar anestesiado e até agora não disse a que veio. Talvez seja a pressão dos tradicionais do seu país. O medo de falhar diante da expectativa do globo. A responsabilidade que pesa nos seus ombros. E assim vai seguindo devagar igual ao governo Itamar Franco. Os pseudos guardiães da democracia agem como aquele indivíduo que acha uma senhorita terrivelmente feia. Mas aí vem o amigo e diz que ela é muito endinheirada. O indivíduo olha uma segunda vez para ter certeza da feiúra. E a fealdade que julgava ter visto fora apenas um engano, uma ilusão de ótica momentânea. Na verdade a senhorita tem um aspecto exótico, um charme específico que escapou da olhadela inicial. São assim os que ditam leis, mudando de idéias conforme suas conveniências. Durma-se com um barulho desses! Democracia?! DANE-SE A DEMOCRACIA.


ARARIBÓIA (Clerisvaldo B. Chagas. 30.11.2009) Sobre nossos livros de História do Brasil, muitos deles omitem episódios importantes que fala...

ARARIBÓIA

ARARIBÓIA
(Clerisvaldo B. Chagas. 30.11.2009)

Sobre nossos livros de História do Brasil, muitos deles omitem episódios importantes que falariam sobre heróis e heroínas. São desconhecidos para quase cem por cento dos estudantes, nomes como Felipe Camarão, Araribóia, Maria Quitéria, Plácido de Castro, Rui Barbosa, Piragibe, Frei Caneca, Anita Garibaldi e muitos outros. Com essa omissão, ficam apenas os heróis Tiradentes e agora Zumbi dos Palmares. O próprio Tiradentes começa a ser esquecido em troca de um político mineiro. Vão desaparecendo datas e nomes como a da proclamação da república, Marechal Deodoro e Floriano Peixoto. Até a data da padroeira do Brasil vai deixando espaço para o dia da criança.
Desde o antigo Admissão ao Ginásio, que os livros traziam o nome e os feitos do herói Araribóia, cacique dos temiminós do grupo tupi. Araribóia significa “cobra feroz” ou “cobra da tempestade”. O domínio desse índio brasileiro era o território que hoje é conhecido como Ilha do Governador, baía de Guanabara. Araribóia era amigo dos portugueses. Quando os franceses invadiram o Brasil, alinharam-se aos tamoios, indígenas inimigos dos temiminós. Para expulsá-los, os portugueses convidaram os índios de Araribóia e foi iniciada uma guerra feroz na região (1555). Arariboia expulsou os holandeses no Espírito Santos e juntou-se a Mem de Sá (Governador-Geral do Brasil) nas lutas contra os franceses. Depois de incríveis e sucessivos atos de bravura (que deveriam ser transformados em filme) Araribóia e os outros conseguiram expulsar os franceses. Tempos depois chegou ao Brasil mais um dos governadores-gerais, Antonio Salema e, no dia da sua posse (1575), o cacique Araribóia veio de longe para a cerimônia. Sentou-se a moda índia, cruzando as pernas. O governador não gostou e chamou a atenção do cacique. Araribóia respondeu: “Minhas pernas estão cansadas de tanto lutar pelo seu Rei, por isto eu as cruzo ao sentar-me, se assim o incomodo, não mais virei aqui”. E nunca mais pôs seus pés no palácio. Araribóia já em idade avançada teria morrido afogado dentro dos seus domínios. Esse grande e esquecido herói brasileiro é considerado fundador de Niterói e ali tem uma estátua em sua homenagem. Foi inspirador para o livro “O Guarani” de José de Alencar.
A gratidão é um sentimento que anda esquecido em minha terra. Os heróis do Magistério e da Literatura que elevaram o nome de Santana do Ipanema para todo o território nacional, vão ficando à margem e quase nunca são reconhecidos e homenageados pelo poder público. Esse prefere homenagear os ausentes, os compadres, os desconhecidos a valorizar os filhos da terra; a não ser do círculo restrito da turma. Um livro inteiro nós teríamos a falar sobre o tema ingratidão em Santana, lembrando as palavras do político Divaldo Suruagy: “O pior defeito do homem é ser ingrato”. E o pior defeito dos que fazem o poder público, os clubes de serviço, a sociedade organizada, continua o mesmo. A ingratidão do Governador-Geral Antonio Salema tem continuidade sobre outros ARARIBÓIAS de Santana do Ipanema, Alagoas.

DÁ O QUE TEM (Clerisvaldo B. Chagas. 27.11.2009) Diante de certos fatos relembramos lições ensinadas no decorrer dessa vida muitas vezes atr...

DÁ O QUE TEM

DÁ O QUE TEM
(Clerisvaldo B. Chagas. 27.11.2009)

Diante de certos fatos relembramos lições ensinadas no decorrer dessa vida muitas vezes atribulada. Algumas pessoas são autoridades verdadeiras e fazem o seu papel. Indivíduos outros com o pouco de asa que lhes dão transformam-se em cão da meia-noite a perseguir, a caluniar, a erguer muralhas. Falam mal por falar. Escudam-se numa imaginária linha defensiva de onde alimenta a artilharia de maldades inconsequentes. Por um lado até que não tem culpa, pois foram criados assim, moldados pelos pais no raciocínio retrógado que encaliça e não tem concerto. Existem os que roubam, que assaltam, que tomam a pulso. Mas não são piores dos que procuram aniquilar a alma de outra pessoa com insinuações que ferem, penetram e mata. Ainda tem o arrogante que não atende bem, que se faz de desentendido, que põe obstáculos e que sabe unicamente o verbo espancar.
Contava meu velho que certo proprietário rural muito poderoso provocava com frequência um humilde e sábio vizinho de terras. O segundo defendia-se como podia diante dos ares da ignorância. O tempo passava sob tensão até que o poderoso chamou um vaqueiro e mandou que ele juntasse todos os chifres de reses abatidas. O homem catou as pontas que avistava, encheu um balaio e o entregou ao patrão. O fazendeiro mandou a esposa cobrir tudo com um pano limpo e bordado. Novamente ordenou ao vaqueiro que fosse levar o objeto como presente ao seu suposto desafeto, mas não voltasse sem ver a reação do presenteado. O vaqueiro montou no corcel mais rápido da fazenda e partiu para cumprir as ordens. Quando o homem simples recebeu o presente, tirou o pano do balaio, viu o seu conteúdo e não esboçou nenhuma reação visível. Apenas pediu para que o vaqueiro tomasse um café ou uma bicada, enquanto ele iria preparar os agradecimentos. O homem apeou desconfiado, bebeu um ou dois goles de cachaça e recebeu um balaio novo, coberto, como retribuição. Ao retornar, o vaqueiro percebeu o amo babando para saber como havia reagido o outro fazendeiro. Até já havia reunido a cabroeira pela análise antecipada da resposta. Ora, o seu patrão recebeu com surpresa o objeto novo. Imaginou mil coisas e até pensou em outro balaio de chifres como resposta. Ao matar a curiosidade, encontrou o cesto de cipós, completamente cheio de flores colhidas há pouco.
O resultado da história, a reação do fazendeiro, fica sob a imaginação do leitor que se propõe a refletir. A sabedoria está na cidade e no campo e não é tão difícil obtê-la. Basta querer. A mesma fonte do caso acima ainda dizia que se alguém deseja alguma coisa limpa e difícil “se pegue com Deus. Com ele tudo, sem ele nada”. Mas o coração é uma coisa e o da boca para fora é outra. Ninguém muda com o Deus da boca para fora. É por isso que se comenta sobre exemplos como a questão dos dois fazendeiros: Cada um DÁ O QUE TEM.