CABRA MORTA Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2012. Quem pensa que eleição nos países ditos civilizados é muito diferente, pode...

CABRA MORTA


CABRA MORTA

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2012.



Quem pensa que eleição nos países ditos civilizados é muito diferente, poderá ir acompanhando os debates dos candidatos na França.  Aquela gentileza selvagem das câmaras municipais que acontece no Brasil, também dá o ar da graça em Paris, em Londres, na Itália ou em qualquer outra nação, em tempo de disputas eleitorais. Em se tratando de política, o pau come em qualquer tribuna, porque dinheiro e poder fazem parte da ambição do homem em qualquer lugar do mundo. Pode haver regras diferentes para cada país, mas não estamos nos referindo às regras, ao que se encontra escrito em qualquer pergaminho de caverna ou de gabinete. Vamos apontando sim, a cabeça dos humanoides que trazem das encarnações sucessivas ainda, a poeira do descompasso. Nas eleições no lugarejo mais recôndito do país, lugar onde “Judas perdeu as botas” ─ como nos disse uma senhora em Piaçabuçu, Alagoas ─ o cabra esculhamba o safado opositor. Na França o cavalheiro desarticula o quengo adversário no sofisticado jogo do conhecimento. Porém, muitas vezes no palco da luta, a paciência que é a mesma em qualquer lugar do mundo, encestada, vai diretamente ao fundo da caçapa, após uma bela sinuca de bico.

Quer acompanhar um jogo de palavras, procure as terras de Paris com seus candidatos à presidência. “Serei o presidente da justiça. Serei também o presidente da união, quero unir porque é com a união com que ganharemos confiança”, disse o candidato François Hollande. Por sua vez Nicolas Sarkozy vai rebatendo com seu jogo de cintura: “Há os que falam de unidade, e os que a fizeram”. E a fervura da disputa vai chegando à medida que o tempo vai se esgotando e as pesquisas gritam mais altas a favor de François. Parece que Sarkozy não vai ter direito a vender mesmo seus caças ao Brasil. Enrolado na sua elegância boêmia e pisando no tabuado da crise financeira europeia, dificilmente Nicolas descolará. Hum! Ah, Paris! Capital dona da cultura e da guilhotina!

“Responsabilizado pelo elevado desemprego, a maior taxa em 12 anos, e amplamente desprezado por causa de seu estilo pessoal ousado, Sarkozy é o presidente mais impopular a concorrer à reeleição e o primeiro na história moderna a perder uma votação no primeiro turno para um opositor”.

“Pesquisas recentes mostram Sarkozy diminuindo a diferença para Hollande, mas ainda dão ao socialista uma vantagem confortável. Uma sondagem feita pelo instituto BVA publicada nesta quarta-feira mostrou o estreitamento da diferença em um ponto, para sete pontos percentuais, com o candidato socialista em 53,5% enquanto Sarkozy tinha 46,5%”.

Fazer o quê? Muita gente já se prepara para se despedir do presidente francês e seu olhar de CABRA MORTA.








BOA NOITE SENHORITA Clerisvaldo B. Chagas, 2 de maio de 2012.           Há alguns anos atrás, foi inaugurado em uma das cidades de ...

BOA NOITE SENHORITA

BOA NOITE SENHORITA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de maio de 2012.


          Há alguns anos atrás, foi inaugurado em uma das cidades de Alagoas, o estilo educado de se cometer crimes de assalto. Os bandidos ocuparam com extrema calma uma agência bancária, espalharam-se estrategicamente, enquanto o chefe do bando conferia a posição adequada de cada membro treinado da quadrilha. Notando que tudo estava como o combinado, o chefe dirigiu-se a um dos caixas, dizendo com voz de diplomata: "Bom dia, cidadão. Espero que o senhor não se estresse, continue normalmente suas atividades porque isso é um assalto. Fique tranquilo, não queremos ferir ninguém, apenas coletar a parte financeira que pertence ao governo. Por gentileza, queira colocar todas as cédulas nessa mochila, por favor". Enquanto o cabeça assim procedia, os outros sequazes faziam mais ou menos a mesma coisa, caprichando nos gestos pacatos e ensacando o que arrecadavam. As portas do banco não foram fechadas, chegando a clientela normalmente e recebendo os afagos do comandante que dizia, quando preciso: "Bom dia, meu amigo, por favor encoste-se um pouco à parede e aguarde o desenrolar dos acontecimentos. Fique tranquilo porque isso é um assalto". É claro que havia exibição de armas, mas também menos ostensivamente possível.
          Agora os sites alagoanos publicaram um crime de pistolagem acontecido em São Miguel dos Campos, cidade canavieira da Zona da Mata, em nosso estado. O fato ocorreu durate à noite quando o criminoso atirou e matou a sua vítima em uma das ruas movimentadas de um daqueles bairros. Ao encerrar sua missão justiceira contra um usuário de drogas, o bandido não correu e nem escondeu o rosto como normalmente fazem os pistoleiros comuns. Aos que passavam na hora da infelicidade, aos que compareceram após os tiros, aos que chegavam eufóricos, o homem do gatilho, educadamente, parecia pedir desculpas pelo incômodo, dirigindo-se a cada testemunha, inclinando-se como um cavalheiro e dizendo: "Boa noite, senhorita" , sendo repetida a frase adequada para outras testemunhas.
          Estamos trocando, então a violência maior por uma violência menor. Quer dizer, uma violência amundiçada por uma violência de elite. Será? Caso seja repetido esse tipo de comportamento, o mundo do crime banal pode estar mudando de mentalidade: "Gente, vamos roubar e matar, porém, com educação, afinal o nosso público alvo merece mais respeito. Vamos procurar aperfeiçoar os nossos trabalhos, fazendo faculdade, frequentando curso de aperfeiçoamento, estagiando". Garantimos que não irá faltar cota para os especializados nas universidades e nem verbas de dirigentes para agradar o mundo imenso da bandidagem brasileira. Poderá ser reduzido até o imposto recolhido ao sindicato do crime e, a genial ideia patenteada e exportada para o mundo civilizado como coisa somente nossa. Gostou? BOA NOITE, SENHORITA. 

DIA DO TRABALHADOR Clerisvaldo B. Chagas, 1º de maio de 2012.      Muito bom o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, ontem à ...

DIA DO TRABALHADOR

DIA DO TRABALHADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de maio de 2012.

     Muito bom o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, ontem à noite em cadeia de rádio e televisão. O dia do trabalhador tornou-se um espécie de dia sagrado de luta que de uma maneira ou de outra, mexe com o sentimento do trabalhador de quase o mundo todo. Tudo começou nos movimentos sindicais de Chicago, onde escândalos aconteceram na briga por melhores dias. Três anos após aqueles famosos acontecimentos, houve em 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista em Paris. Ela resolveu lutar pela proposta de oito horas de trabalho diário e a data escolhida foi o 1º de maio em homenagem aos trabalhadores e ações acontecidas em Chicago. Daí esse símbolo significativo para os que procuram com o suor do rosto a busca pelo pão de cada dia. Essa ação simbólica se foi expandindo e atualmente encontra-se presente em inúmeros países. Cada lugar que comemora o dia do trabalhador, faz movimentos conforme o estado de ânimo dos participantes daquela ocasião. Quando vitórias e vitórias foram conquistadas, a pauta é festiva o dia inteiro com reuniões, lazer, passeios, espetáculos artísticos e bebedeiras. Se não há conquistas e somente desânimo atropela a alma, os sindicalistas vão às batalhas de reivindicações espelhadas em outros países.
     Ontem a presidenta falou como verdadeira estadista. Desde o seu traje sem afetação até o discurso calmo, seguro, bem dirigido e rico em conteúdo, disse ao brasileiro o que ele gostaria de ouvir. Foi abrangente, não deixando escapar nenhum tema relevante, injetando esperança para uma nação jovem e cheia de sonhos. Estavam ali a saúde, educação, juros, desenvolvimento, emprego, qualidade de vida, que iam desfilando nas palavras da boa vontade pela nação física e social da presidenta. Suas decisões austeras dão credibilidade a seu discurso que verdadeiramente superou em muito o vazio irritante das mesmices do horarío político dos partidos na televisão.
     Hoje vamos aproveitar a data que desaponta patrões. Nada melhor de que comemorar alguma coisa, nem que seja, como dizem os viciados, aniversário de boneca. Se não vai à praça gritar pelos direitos, vamos à redinha cabocla debaixo dos pés de paus, sob as varandas que abrigam os guerreiros ou por baixo das sombrinhas de praia que esperam por você. Mas, se somente a faxina caseira lhe aguarda ou mesmo a missa revigorante da manhã, vamos em frente. A família precisa de nós, a comunidade precisa de nós, a pátria precisa de nós. Caminhemos, pois, com Deus ao lado, cheios de vitórias, derrotas, lágrimas e frustrações, mas caminhemos que nós somos do presente e do futuro. E se hoje o dia é dos outros, é o meu também, é o DIA DO TRABALHADOR.