DEPOIS Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2013 Crônica Nº 1037 (campinas.classificados.br.) Enquanto cassetete dá preço...

DEPOIS



DEPOIS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2013
Crônica Nº 1037

(campinas.classificados.br.)
Enquanto cassetete dá preço pelas principais capitais brasileiras, cínicos balançam a cabeça e o sertão veste cinza. Bem que após as pragas de moscas, besouros e mosquitos, as chuvas vão embora deixando o mês de junho sem pai e sem mãe. Voltamos aos velhos tempos dos bons invernos quando o mês de agosto matava o restante da lavoura com a frieza e com as lagartas. Essas bichas silenciosas nunca mais haviam dado às caras por aqui, mas agora resolveram "atanazar" o agricultor. Anteciparam-se ao mês fatídico e danaram-se a “roer” o verdume desbotado dos plantios. Como quase todos os homens do campo são pequenos proprietários em roças de subsistência, não vale à pena gastarem dinheiro para envenenarem as suas plantações. Mesmo porque, por uma parte não dispõem da verba necessária e, por outra, para que gastar com inseticida na incerteza das chuvas que estão presas?! Os mandacarus vão espiando do alto a paisagem pedindo socorro e o tempo carrasco com a corda na mão. As madrugadas trazem para o sertanejo os sonhos de bonança, o pesadelo da realidade e os sinais da inconstância.
Nas ruas do país o cacete come! O cara-pintada ou o cara-sem-tinta berram, gritam, vociferam e amarrotam o vinco. Os culpados tremem de medo dentro dos seus bunkers ornados com dinheiro público. Diante da imposição do microfone alguns afirmam que os movimentos são “lindos”, “belezas puras”, “festas democráticas”, receosos por dentro que sejam apontados como campeões dos desvios originários dos protestos. Dizer o contrário seria muito pior. Eles são espertos o suficiente para não melindrarem a causa do que protesta. E o Sertão sofrido, acuado, martirizado pela Natureza e pelos reizinhos, vai acompanhando tudo pelo televisor comprado à prestação. O conformismo pula para o front do pensamento revolucionário. Chega à vontade doida de ir às ruas somar suas frustrações a milhares de outros militantes com o testemunho dos altos edifícios espigados. E no meio da massa citadina, peleja o campesino com o boné da roça e da bandeira. Como os movimentos surgiram, assim desaparecem, mas o treino da revolta fica desenhado, para um retorno mais firme e muito mais duro para novamente abalar as almas dos culpados.
Estão brincando com o povo e, com o povo não se brinca. Ontem foi dia de cacete, hoje é dia de pão. Dia de jogo de Neymar. Depois... DEPOIS!

ADVERTÊNCIA Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2013 Crônica Nº 1036 Foto: (Brasil Photo Press). Enganam-se os que pensam...

ADVERTÊNCIA



ADVERTÊNCIA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2013
Crônica Nº 1036

Foto: (Brasil Photo Press).
Enganam-se os que pensam que o Brasil sempre foi um país pacífico, internamente. Inúmeras revoltas que se tornaram famosas iniciaram em conflitos locais, agigantando-se pelo país inteiro. É verdade, porém, que o brasileiro tem uma paciência quase chinesa diante de tanta cachorrada que atinge o nosso bolso. A explosão das multidões enfurecidas, recentemente, é semelhante à outras da nossa história. O povo vai acumulando na cabeça os desmandos administrativos até que um dia não aguenta mais. Tudo o que se precisa em determinadas épocas é apenas um simples palito de fósforo. A mãe de todos os desmandos, sem dúvida alguma é a corrupção. Enquanto o bandido das ruas vai ao assalto armado, direto, disposto a matar, o homem da gravata faz a mesma coisa com os cofres públicos porque não tem a coragem exposta do bandido. Age nas sombras com o nosso dinheiro, cada vez mais se aperfeiçoando na arte de levar a verba do povo. A cachorrada começa com os salários exorbitantes que somente eles têm direito, enquanto o povo vai para o salário mínimo.  Somente aí já é uma sangria enorme no país, mas protegido por leis criadas por eles mesmos, à coisa se torna legalizada. Depois vêm as verbas extras para comprar isso e aquilo e mais emendas e emendas e propinas obesas em licitações dos que entram no mesmo baile. Abusam da paciência do povo e apodrecem com tantos bens acumulados. Um dia, um dia, porém, poderá acontecer como a Revolução Francesa e, a fúria da plebe tornar-se guilhotina nas invasões às sedes dos dirigentes públicos. Um simples protesto com pneus queimados pode se tornar uma grande tragédia nacional. Mas os que desonram o nome a todo o momento, chafurdando na lama microbiana monetárias do suor alheio, nem percebem os ruídos iniciais das massas.
A quebradeira que se viu ontem pelo Brasil inteiro pode terminar mansa como a brisa ou prosseguir e causar estragos como terremotos. Todos os protestos têm como pano de fundo a corrupção que se apresenta com várias outras denominações. É muito difícil segurar um movimento pacato sem partir para a violência. No Brasil de outrora e mais recente não havia comunicações. Agora o sino que toca em um ponto repica imediatamente nos quadrantes. Diante do que vamos acompanhando através de anos, pelas notícias cotidianas, viemos mostrando. O Brasil não tem mais como recuar. Para se tornar um grande país de fato e de direito, vai evoluir à tolerância zero com a parte podre dos seus “teatros”. Isso nos parece apenas uma furiosa ADVERTÊNCIA.  

LAMPIÃO, GATO BRABO E SANTANA Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2013. Crônica Nº 1035 SANTANA NA ÉPOCA DE LAMPIÃO. Aind...

LAMPIÃO, GATO BRABO E SANTANA



LAMPIÃO, GATO BRABO E SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2013.
Crônica Nº 1035

SANTANA NA ÉPOCA DE LAMPIÃO.
Ainda hoje quem tem uma noção da história cangaceira por essas bandas, ainda pergunta por que Lampião não entrou na cidade de Santana do Ipanema. Lá vêm as teses batidas pela tradição, mas ninguém tem certeza mesmo de nada. Em 1926, ao descer de Juazeiro do Norte, o homem vinha espumando de raiva porque fora enganado com patente de capitão que valia apenas para alimentar a sua vaidade de bandido. Como o território santanense era o maior do estado, na época, Virgolino varreu alguns sítios e fazendas e foi despejar sua ira na vila de Olho d’Água das Flores, pertencente a Santana e distante da sede 22 quilômetros. É bem verdade que ao chegar à notícia do cangaceiro aproximando-se, várias famílias deixaram o Ipanema, retirando-se até mesmo para Palmeira dos Índios, início do Agreste. Um grupo de homens resolutos, porém, organizou a resistência com civis, poucos soldados da polícia e vinte e cinco recrutas do Tiro de Guerra local que funcionava no antigo “sobrado do meio da rua”. Sacas de lã e areia foram improvisadas à Rua da Poeira e a espera pelos cangaceiros parecia sem fim. Tempo de inverno, o dia amanheceu radiante após uma noite inteira dos defensores nas trincheiras. Nada de Lampião.
Depois veio o conhecimento de que Virgolino havia assaltado sítios e fazendas e passara o dia na vila de Olho d’Água onde praticara várias atrocidades, amenizadas por um empresário chamado Francisquinho. Não houve mortes na vila, mas o prejuízo material e moral foram enormes, exasperando o governador Costa Rego. Uns dizem que o bandoleiro não entrou em Santana devido ser a avó do Cristo, padroeira, sua madrinha. Outros dizem que por causas das orações, além mais versões. Tempos depois, o cangaceiro Gato Brabo, diz em jornal do Recife que foi graças a ele Gato Brabo, o cangaceiro santanense, que Lampião cismou. Não conta detalhes. Mas se foi por ele, por que Gato Brabo, Josias Mole, que foi preso em Santana e apanhou na cadeia quis livrar o povo da terra? Não acreditamos nessa versão. É mais sensato pensar que Lampião não quis enfrentar a farda verdinha do Exército. Guerrear contra uma defesa formada também pelo Tiro de Guerra, assanharia o Batalhão de Caçadores em Maceió e Lampião queria enfrentar satanás, mas o Exército, não. O exército só larga quando termina o serviço como cães de caça. Portanto, melhor pegar os indefesos da vila para suas estripulias.
Nas trincheiras civis de Santana estavam homens como o historiador oral Pedro Agra, Joel Marques, Joaquim Ferreira e até mesmo o vigário José Bulhões. No dizer de um contador de histórias, matuto, Virgolino deve ter pensado: “Quem vai lá é a peste!”. Sim senhor, poucos escreveram sobre LAMPIÃO, GATO BRABO E SANTANA.