MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2014. Crônica Nº 1.226 Morche. Capa de trás, de livro. Tive o pr...

MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ



MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.226
Morche. Capa de trás, de livro.
Tive o prazer de receber em minha residência, a visita do grande escultor santanense, hoje radicado em Blumenau, Santa Catarina, Marcel Ricardo de Almeida. Isso veio trazer a lembrança da época em que trabalhávamos no Encarte Jornal do Sertão, quando fui o redator do matutino, Marcel e Roberval Ribeiro, diagramadores. Trazendo notícia daquele estado do Sul, Marcel falou-me dos seus irmãos, hoje escritores Marcello Ricardo Almeida e Morche Ricardo Almeida, cuja família dedicou-se às letras e às artes, vencedores longe do Nordeste.
Vou debulhando trabalhos presenteados pelo escultor como “O Dente Cariado de Monalisa” e mais um ensaio do ex-companheiro de jornal (gerente de vendas) Marcello Ricardo. Do escritor Morche, vieram juntar-se à “Bruxa do Ribeirão”, da sua autoria, “A Pândega do Boi”, o programa oficial da 20ª Feira do Livro, realizado em Florianópolis, com a participação do escritor de Santana e mais um mini folheto que conta a origem do mundo visto através do povo africano. Este último trabalho, leva o título de “Vovô Jejê-Nagô e o mito afro-descendente dA ORIGEM DO MUNDO”. É que o amigo Morche é historiador e africanista em Blumenau e vive no ambiente da Educação e nos salões da Literatura.
“A Pândega do Boi” é um livro destinado a cinco contos, puxados pelo “Pândega” que trata da tão conhecida nacionalmente “farra do boi”.
Faz parte da literatura dos Almeida, também, a mãe dos escritores acima, Maria do Socorro Farias Ricardo, que resolveu enveredar pelas misteriosas e gratificantes veredas literárias, acompanhando os batedores.
O resultado é que a família produziu livros para todos os gostos, porém, o Marcel preferiu trabalhar na madeira. Suas obras são vendidas para vários países e, o escultor trabalha sob encomendas. Lembro-me que entrevistei Marcel e Maria do Socorro quando dispunha de um programa (Forró da Academia), na Rádio Cidade, em Santana do Ipanema.
Sucesso para todos os que fazem a família Almeida na pessoa do Morche e seu VOVÔ JEJÊ-NAGÔ.



BOI DA CARA PRETA Clerisvaldo B . Chagas , 22 de julho de 2014. Crônica Nº 1.225 (bumba-meu-boi.blogspot.com). Recentemente...

BOI DA CARA PRETA



BOI DA CARA PRETA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.225

(bumba-meu-boi.blogspot.com).
Recentemente, em uma roda de amigos, foi abordado o tema: aplicações de hormônios em carne de frango e, outros assuntos semelhantes que fizeram acumular boa quantidade de escuros vasilhames sobre a mesa.
Contei que essa desconfiança em relação à carne é até bem antiga. Nos anos sessenta correu o boato no Brasil que o homem não deveria comer do boi de Minas Gerais, justamente por causa de certos tipos de injeções nos rebanhos, daquele estado. Em Santana do Ipanema, mesmo, compadre, lá no sertão de Alagoas, as mulheres andavam preocupadas e os marchantes eram interrogados constantemente sobre a origem das reses abatidas. As senhoras tinham um medo danado de que os respectivos maridos extinguissem o vigor sexual. E o pior: virassem coluna do meio.  
Para esquentar o boato, chegou um sujeito à cidade e foi morar na Rua Nova. Era um cinquentão, tinha a cara quadrada, cabelo de índio, fumava bastante e, parece-me que se relacionava com música. Logo chegou o Carnaval e o sujeito improvisou um bloco que ele mesmo comandava, tocando violão à frente e, a “bebaria” pulando atrás. Sempre pensei que a composição fosse dele, mas em recente pesquisa, descobri que os autores eram: Paquito/Romeu Gentil e José Gomes. Foi cantada por vários cantores, como marchinha de carnaval, inclusive pelo grande Jackson do Pandeiro:

“Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta… (Menino)
Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta…

Coitado do Valdemar…
Tá dando o que falar…
Comeu carne de boi e falou fino…
E deu pra se rebolar… (Que azar).”

Vocês imaginem como ficaram as interrogações no Mercado de Carne e no curral do abatedouro!
Cinquenta anos depois desses vexames, volta à tela o produto que transforma o macho em pirobo (ô). Montado no presente e espiando o passado, com licença:

Olha O BOI DA CARA PRETA, aí gente!


MASTIGANDO A ENTREVISTA Clerisvaldo B. Chagas, 21 De julho de 2014. Crônica Nº 1.224 Escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto de a...

MASTIGANDO A ENTREVISTA



MASTIGANDO A ENTREVISTA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 De julho de 2014.
Crônica Nº 1.224

Escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto de arquivo).
Recebemos em nossa residência, final da semana passada, um grupo de jovens estudantes para uma entrevista curiosa. Queria o grupo de rapazes e moças saber os mistérios do gênero literário: “crônica”. A entrevista fazia parte dos acirrados estudos para as Olimpíadas da Língua Portuguesa.
Fomos logo rodeando o prato quente para o ataque final ao miolo. E, fazendo como o nosso saudoso mestre, Alberto Nepomuceno Agra, colocamos os conselhos à frente, mesmo lembrando das más línguas sertanejas: “Se conselho fosse bom era vendido”.
De fato, a crônica, essa narração curta produzida essencialmente para ser veiculada em páginas de jornal e revistas, agora também em livros e sites, deriva do Latim chronica.  No início do Cristianismo funcionava como um registro cronológico daqueles eventos. Com o desenvolver da imprensa (século XIX), a crônica passou a fazer parte dos jornais, desde 1799, em Paris. Ao chegar ao Brasil como forma literária, adquiriu novas características.
Nos jornais e agora nos sites, a crônica, geralmente ocupa o mesmo espaço e a mesma localização, fazendo com que os leitores possam se familiarizar com quem escreve. A crônica pode ser apresentada pelo jornalista que não deve alterar os fatos. Já o escritor trabalha entre as duas linhas, isto é, literatura e jornalismo, sempre com esse texto curto que pode ser o registro diário das coisas com um pouco de crítica e ironia. É como se o autor estivesse sempre dialogando com seus leitores. Os temas, entretanto, são os mais variados possíveis e o cronista imprime seu estilo de escrever que logo é identificado pelo legente costumeiro. O dia a dia é captado pelo escritor como o jornalista, mas o cronista põe os seus ingredientes próprios e a sua visão particular dos acontecimentos narrados.
Encontramos a crônica narrativa de fatos banais, a descritiva, dissertativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, poética, jornalística que pode ser policial, desportiva, como exemplo, e, até mesmo histórica.
Mas, voltando ao início, após algumas dúvidas, à altura das suas compreensões, propusemos uma crônica só, confeccionada por todos. Assim demos o título “Dia de Azar”, e rompemos o trabalho. Os estudantes iam acrescentando suas frases dentro do título proposto e assim compusemos juntos a crônica “Dia de Azar”, cujo desfecho foi belas gargalhadas e a segurança por parte dos jovens em tentar vários outros trabalhos sem ajuda.
E, se o importante não é fornecer o peixe, mas ensinar a pescar, desejamos sucesso aos estudantes santanenses e sertanejos em geral nas Olimpíadas da Língua Portuguesa.