LAMPIÃO E AS COMPRAS (VII) Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2015 Crônica Nº 1.459 “26.07.1938. (Terça-feira). Dia impo...

LAMPIÃO E AS COMPRAS (VII)



LAMPIÃO E AS COMPRAS (VII)
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2015
Crônica Nº 1.459

“26.07.1938. (Terça-feira).
Dia importante dentro e fora do coito.
Pela manhã, chega Manoel Félix somente com as agulhas. Não pode comprar o resto das coisas porque a polícia estava de olho nele”.
Pedro de Cândido está presente. Lampião entrega uma lista de compras a ele, inclusive a mescla. Manda-o vigiar a polícia. Pedro vai a Piranhas”.
O tenente João Bezerra está em Mata Grande e o sargento Aniceto em Pedra. Recebem telegrama de dona Cyra, esposa de Bezerra, dizendo sobre cangaceiros vistos na região de Piranhas.
Em Piranhas, Pedro faz as compras e não vê Bezerra nem Aniceto. Cochicha com a polícia e é visto por Eráclito. Disfarça mandando-o levar a mescla, o restante não.
No coito chegam o subgrupo de Corisco e o de Labareda. Festa de alegria.
Eráclito fala mal de Pedro, Corisco manda Virgolino matar a Pedro de Cândido, Lampião ameniza.
“À tardinha, Luiz Pedro cortava a mescla para calça, culote e bornais de José. Lampião mandou Vicente e Manoel Félix buscarem a máquina de costura na casa da mãe de Pedro de Cândido, ali nas Forquilhas, do outro lado do morro das Perdidas”.
Corisco não quis dormir ali e retirou-se para a fazenda do Velho Bié; Labareda foi dormir na fazenda Cuiabá, longe duas léguas. Os dois não confiaram no lugar em que havia apenas uma entrada, segundo eles. Moita Brava, alegando indisposição pediu para se tratar fora.
O tenente Bezerra chegou a Piranhas à noite.
Pedro havia entregado um bizaco de balas a Lampião com seu irmão Durval, mandado por Bezerra antes de sair de Piranhas. O autor Maciel diz que foi na quarta, dia de feira em Piranhas quando o bizaco desceu com outras mercadorias.
“O entendimento sobre os últimos preparativos para o veneno (se houve) deve ter acontecido na noite da terça, quando Bezerra chegou a Piranhas, ou na manhã da quarta, antes de deixar à cidade”.
·         Narrativa baseada no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B.  FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.

Continua amanhã.

LAMPIÃO RECEBE A VISITA DO SOBRINHO (VI) Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2015 Crônica Nº 1.458 “25.07.1938. (Segunda-fe...

LAMPIÃO RECEBE A VISITA DO SOBRINHO (VI).



LAMPIÃO RECEBE A VISITA DO SOBRINHO (VI)
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2015
Crônica Nº 1.458

“25.07.1938. (Segunda-feira).
Chega José, Sobrinho de Lampião, 17 anos, filho da irmã mais velha, Virtuosa. Viera de Propriá, onde conversara com seu tio João Ferreira. Contou as perseguições à família e que ele estava crescendo. Lampião lembra a ele que há dois anos, seu irmão mais novo e seu cunhado também haviam entrado no cangaço pelo mesmo motivo, e que este era o 6º Ferreira.
Lampião e Maria ajudam a José a armar a rede no grupo de Balão. Depois ele vai para o cimo do morro das Imburanas.
Lampião encarrega Manoel Félix, coiteiro irmão dos outros dois, Erasmo e João, de comprar agulha, linha, chapéu de couro e cinco varas de mescla, em Piranhas, parece que para fazer a roupa de José”.
A chegada de José atrasa a partida de Virgolino em um dia, o que seria fatal para o chefe de bando como se o próprio destino já tivesse de plano traçado. Lampião já estava descansando no riacho desde o dia 21. Como a grota da fazenda Angicos não estava muito distante do rio São Francisco, sua permanência no lugar ia ficando cada vez mais perigosa, mesmo com a confiança em está cercado de coiteiros. Pela frente, o rio era bem movimentado e alvo da sua vigilância com subgrupo de Relâmpago, mas que terminaria sendo completamente inútil. Por trás, havia a fazenda Logradouro do coiteiro Júlio Félix e outras que davam para o interior.
Para visitar Lampião não chegavam somente os coiteiros, mas outras pessoas que se interessavam em negociar com o bandido, informar, levar presentes ou simplesmente vê o homem de perto. Geralmente essas pessoas apontadas como de confiança, eram introduzidas no acampamento pelos próprios coiteiros como seus amigos.
Além disso, as feiras de Pão de Açúcar e Piranhas representavam maior movimento de canoeiros e barqueiros nas imediações, bem como cavaleiros nas terras áridas e pedregosas que margeavam o Velho Chico.
Manter segredos da sua permanência por ali, mesmo com seu aparato, parecia impossível.
·         Narrativa baseada no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B.  FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.

LAMPIÃO: OS CAÇUÁS DAS ENCOMENDAS (V) Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2015 Crônica Nº 1.457 “24.07.1938. (Domingo). M...

LAMPIÃO: OS CAÇUÁS DAS ENCOMENDAS (V)



LAMPIÃO: OS CAÇUÁS DAS ENCOMENDAS (V)
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2015
Crônica Nº 1.457

“24.07.1938. (Domingo).
Maria Bonita chora muito, nervosa, recostada a Lampião. Os dois sentiam o fim através das previsões de um vidente de Umã. Desde 1929 que Lampião tinha pressentimentos.
Os mais íntimos de Lampião sabiam nas duas margens do rio São Francisco, que Maria Bonita havia ido a médico em Propriá; não sabiam, porém, qual era a doença. Depois, também poucos souberam que era somente nervoso e nada mais.

Por aí se vê que Lampião estivera antes em uma das fazendas de Antônio Caixeiro (SE), aí convocara o bando inteiro para Angicos (SE), atravessara o rio para Alagoas, serra de São Francisco (AL) para despistar, depois voltara para Sergipe. AA.

Neste domingo, dia 24, para ninguém vê, Durval foi abrir, salgar e enxugar a carne, de canoa, no meio do rio. Depois de pronta, levou-a para Lampião e a ofereceu de presente. Sem aceitar, o cangaceiro pagou a posta de carne com cem mil reis. Como o boi inteiro tinha custado noventa e dois mil reis, o rapaz pensou que se Lampião demorasse mais com um negócio daquele, daria para qualquer um muito dinheiro (segundo seu depoimento). (Ótima carne, régio pagamento).
As coisas, carne e as outras encomendas, chegam num jegue com dois caçuás. As encomendas foram compradas por Erasmo Félix e, Durval teria feito as entregas no domingo à noite”.
Prossegue Lampião e seu bando acampados na grota da fazenda Angicos, de propriedade da família de Durval. O que Virgolino precisava da fazenda, usava para pagar quando se fosse retirar do coito a exemplo de bodes, cabras e cabritos. Quando queria complementar seus alimentos ou fazer uso de algum objeto de fora do coito, usava os coiteiros para compras em Piranhas ou em Pão de Açúcar, cidade alagoanas.
·         Narrativa baseada no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B.  FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.