SUBINDO O MONTE Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.097 SERROTE DO CRU...

SUBINDO O MONTE

SUBINDO O MONTE
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.097

SERROTE DO CRUZEIRO, EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
Passada a Semana Santa, paginando o Dia do Rio Ipanema (ideia nossa), estamos agora, 24, comemorando a festa da cidade de Santana do Ipanema, médio Sertão alagoano. Tudo no mês de abril. Para quem quer saber, abril tem 30 dias, é o quarto mês do calendário gregoriano e deriva do Latim Aprilis. Numa referência à germinação das culturas, Aprilis significa abrir.
Na sexta-feira e no Sábado de Aleluia, várias pessoas mantiveram a tradição em subir o serrote do Cruzeiro, nosso monte sagrado. Alguns subiram visando pagar ou fazer promessas. Outros, para fotografar do alto à cidade a seus pés. Matar a saudade, rever o panorama deslumbrante, conhecer ou relaxar são alguns motivos para botar os pés na vereda que leva ao cimo.
Ali, em cima da rocha aplainada, estar erguida a terceira capela no mesmo lugar das anteriores que não resistiram às intempéries. Além da capela, parte da pedra apresenta pequena baixa, onde se acumula águas das chuvas e serve à morada dos urubus. Lá por trás, avista-se o serrote Pintado que hoje faz parte da Reserva Tocaia. Na frente da capela abraça à cidade um cruzeiro (o segundo) erguido como marco da passagem do século XIX para o século XX. A capela homenageia Santa Terezinha, tendo sido erguida em 1915, como motivo de promessa, por um sargento de polícia chamado Antides. A segunda capela foi construída pelo deputado Siloé Tavares. A igrejinha atual é fruto de um grupo de pessoas abnegadas e tem estilo diferente das outas duas.
Mesmo não tendo prosperado o Teatro da Paixão de Cristo nas faldas do Monte, mas continua pelo menos a tradicional subida ao topo em rudes degraus e vereda de terra ladeada por capoeira que ocupa o lugar da mata original. Quem sobe o morro, sente uma paz suave e profunda no silêncio grande. E se não temos mais as multidões fervilhando por ali, mas temos ainda santanenses que não esquecem suas raízes e seus pontos históricos.
Ah! Subir a colina pelo menos uma vez na vida.
Meditação, melancolia... Êxtase.


ORGULHO SERTÃO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2019                                              Escritor Símbolo do Sertão ...

ORGULHO SERTÃO



ORGULHO SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2019
                                             Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.096

Barreiro entre sertão e agreste. Ao fundo, serrote de Japão. (Foto: Ângelo Rodrigues/Repensado a Geografia de Alagoas).
O ouro do meu sertão é a água. Transparente, barrenta, suja, é a esperança de barriga cheia, fartura e vida. Quando chove semiárido é paraíso, quando armazena, divinos aplausos. A armazenagem sertaneja é feita naturalmente através das depressões, caldeirões e rachaduras de lajeiros pela água das chuvas. Chamamos a esses lajeiros, “pilões de pedras”, encontrados em inúmeras fazendas. São muito usados para lavar roupa, porém, mitiga a sede de animais domésticos e selvagens; e ainda serve às necessidades do gasto doméstico. Os humanos bebem dessa água sem restrições.
Quanto à armazenagem feita pelo homem o “barreiro” é o mais popular. Geralmente é feito em lugar baixo para aproveitar as águas de enxurradas e riachos. Era feito em batalhão (mutirão) onde o terreno é escavado e esvaziado através de couro de boi. Modernamente esse trabalho é feito através de tratores e nunca sai barato para o agricultor. O barreiro tem a forma tradicional esférica, mas pode assumir outras formas.
O “açude” ou “barragem” é muito maior do que o barreiro e varia de 100 metros a quilômetros, 3, 4 e até mais. Ultimamente os governos vêm disseminando cisternas de alvenaria ou plástico rígido, individualmente, nos sertão e agreste. Nas estiagens essas cisternas são abastecidas através de carros-pipas pelo governo do momento.
As estradas, as comunicações, os transportes, tudo com muita intensidade, fazem com que não se ouça mais sobre mortes de ser humano pela falta d’água. Rebanhos ainda morrem no sertão, muito mais pela falta de alimento do que pela sede. Apesar dos pilões de pedras, barreiros, açudes... Muita água se perde no sertão e toda armazenagem ainda é pouca.
Nós, sertanejos, continuamos resistindo bravamente iguais ao mandacaru, facheiro, xique-xique, rasga-beiço e coroa-de-frade. Fincados nessa terra abençoada de Meu Deus, lutando contra as adversidades e beijando corolas como abelhas embriagadas pelo néctar.
Sim, orgulho em ser nativo...
Nativo do SERTÃO.

O PEIXE DE CADA DIA Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2019 Escritor S ímbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.095 CENTRO PESQ...

O PEIXE DE CADA DIA

O PEIXE DE CADA DIA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.095
CENTRO PESQUEIRO. (FOTO: MARCO ANTÔNIO/SECOM/MACEIÓ).
Quem passou pela última vez na chamada favela de Jaraguá, ficou ressabiado com o que viu. E o pior era que o lugar abrigava famílias que viviam da pesca, gente de trabalho honesto e decente. Não sabemos se ficaram satisfeitas com o deslocamento para outro ponto litorâneo, mas por certo estão esperançosos pela entrega do Centro Pesqueiro no lugar da favela, no próximo dia 6 de maio, pela Prefeitura de Maceió. Pescadores e comerciantes terão oportunidade de trabalho em lugar espaçoso, estruturado e dignificante, especialmente os que trabalham no Bairro Jaraguá da balança do peixe. Pelo menos no que se comenta, o novo espaço terá todas as condições de atender com estrutura tanto aos vendedores quanto a clientela do pescado.
O novo Mercado do Peixe contará com fábrica de gelo, estaleiros para barcos e depósito para o material de pesca, área de venda e armazenamento, lanchonete, oficinas, fabricação e consertos de redes de pesca, fabricação e conserto de leme e elétrica e motor para barco, além de sorveteria e outras prestações de serviços. O local ganhou um sistema de iluminação, instalado pela Superintendência Municipal de Energia e iluminação Pública (SIMA). Difícil é um lugar que vende peixe, atrair turistas, mas esta é uma das propostas, para o novo mercado que contará com a geração de cerca de mil empregos. Esperamos que toda a expectativa seja atendida para o bem dos habitantes maceioenses.
Emendam-se assim todos os benefícios das praias vizinhas como Jatiúca, Pajuçara, Ponta Verde e Cruz das Almas, ao grande empreendimento “turístico” do Bairro Jarágua, que ainda luta pela sua revitalização como o VLT – já presente na área – e funcionamento de órgãos públicos nos antigos armazéns que caracterizam a tradição aduaneira. Na próxima incursão à capital, iremos visitar a nova área da balança, isto é, o Centro Pesqueiro anunciado como maravilha.
Torcemos para que tudo dê certo e o Centro seja de fato um ganho real extraordinário para o alagoano. Mil empregos a mais com toda estrutura honram sim qualquer estado brasileiro.
O escritor não adora, mas não deixa passar em branco um aromático peixe assado.
(FOTO: MARCO ANTÔNIO/SECOM.MACEIÓ).