A FAMA DO BOI Clerisvaldo B. Chagas, 7 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.288 BOI SALGADINHO.  (IMAGE...

A FAMA DO BOI


A FAMA DO BOI
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.288
BOI SALGADINHO.  (IMAGEM: YOUTUBE).

Iguaracy, lá para as bandas da região do Pajeú, Pernambuco, está criando fama no Brasil inteiro, através das redes sociais. Cidade com pouco mais de 12.000 habitantes, desafia Norte, Nordeste e todas as regiões brasileiras. O desafio é que possui em suas terras um boi revelação rei da caatinga e desmoralizador de vaqueiro desassombrado. Na vaquejada verdadeira também chamada pega de boi e pega de boi no mato, o boi Salgadinho vai completando suas 39 edições de carreiras e vaqueiro nenhum de inúmeros estados brasileiros, conseguiu lhe pôr as mãos. Vem gente de todos os lugares do Nordeste, uns para tentar a sorte outros atraídos apenas pela brincadeira e o histórico do boi. É grande o número de apostas de todo tamanho quando acontece cada uma dessas edições.
Todo o semiárido tem nos seus anais bois e vaqueiros invulgares cantados e decantados em prosa e versos através de décadas. Foi assim com o boi Saia Branca nos anos 1960, no povoado Várzea de Dona Joana, em Alagoas. Foi vencido pelo vaqueiro Zé Vicente que já era famoso e passou a ser glorificado. Mas agora em Pernambuco o boi Salgadinho estica suas vitórias desafiando excelentes cavalos e cavaleiros. Dizem que ele é treinado para se esconder com mestria dos seus melhores perseguidores. E se é difícil pegá-lo em mato seco, imagine na caatinga verde. O dono do boi também provoca a quem quiser apostar alto contra o animal. Porém, os mais famosos vaqueiros que foram derrotados por Salgadinho, não colocam desculpas esfarrapadas, mas sim, reconhecem a rapidez do ruminante de Iguaracy.
Músicas, aboios, repentes e talvez cordéis, exaltam as qualidades do bicho que não se deixa pegar. Até carro zero entra na jogada de premiação, conforme o que temos visto. Um veterano derrubador de gado falou: “Se um dia pegarem o boi Salgadinho, merece uma estátua em Iguaracy, o boi e o vaqueiro vencedor, porque esse será, sem dúvida, o rei de nós vaqueiros”.
É assim que se vai perpetuando a brincadeira bravia de homens intimoratos desde a chegada do gado nos sertões. Brincadeira essa filha das mangas dos antigos latifundiários criadores.
Você é vaqueiro? Pois tente pegar o Salgadinho, camarada.
Salve o eterno Ciclo do Gado nordestino.








O SILÊNCIO DAS PROCISSÕES Clerisvaldo B. Chagas, 6 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.287 IGREJA DE S...

O SILÊNCIO DAS PROCISSÕES


O SILÊNCIO DAS PROCISSÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.287
IGREJA DE SÃO PEDRO. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Padre Cirilo no comando, sacristão Jaime batendo a matraca e o longo cortejo sem fim, pela Rua Antônio Tavares. Respeito absoluto de Santana do Ipanema à Semana Santa em lutos milenares nos corações santanenses. Cântico tradicionais, imagens isoladas no roxo, rio triste e calado, na areia, nas águas, nas pedras... Um vácuo no mundo. Na prévia das casas o bacalhau, o peixe, coco, bredo,  beldroega e sentimento tocando à culinária. Vestido comprido, tule preto, cabeça descoberta, homens e mulheres comovidos na procissão transbordante de amor. A multidão se arrasta pelas ruas, praças e avenidas sobre o barro, sobre pedras quadriculadas. Charolas navegam naquele mar de gente entre calçados ricos e pés descalços.
Tocadas pelo temor e a cautela do novo assassino do planeta, as aglomerações retiram-se das vias citadinas. Esvaziam-se templos e logradouros numa transmutação do físico para o abstrato, dos edifícios para os sentimentos, da terra para o espaço onde moram as entidades. O homem confinado reflete e se refugia no destemor do espírito fortalecido. Roga por trás dos ramos caseiros do Domingo; na lembrança fugidia do Encontro da Quarta; e chora recolhido com a tragédia da Sexta. Não têm hinos, não ecoam as matracas, não têm os pés lavados, mas bate dentro de si um primitivo e forte sentimento das dores do Senhor dos Mundos. O ar é o mesmo, os pássaros da liberdade cantam para os recolhidos por trás das paredes, dos luzidios e metálicos portões do confinamento.
De nova maneira, a Terra vira tristeza. E pela primeira vez em décadas, não tem Semana Santa... Mas tem Semana Santa no coração que pulsa nos tecidos magnânimos. Não se enchem as ruas, mas se enchem a pele, a carne, os nervos no temor e no amor divino. Novamente as remembranças fazem desfilar um longo cordão de humanos nas vielas, nos becos, nas avenidas nos mesmos propósitos divinais da mente libertária.
Vamos fazendo em casa a Igreja do Deus Vivo.
Os templos estão dentro de nós.
Ontem foi domingo de Ramos, abrindo a Semana Santa, mas  nunca sairá do peito amoroso o ruído ou o SILÊNCIO DAS PROCISSÕES.


O RIACHO CAMOXINGA TEM JEITO? (II) Clerisvaldo B. Chagas, 2 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.286 RI...

O RIACHO CAMOXINGA TEM JEITO? (II)


O RIACHO CAMOXINGA TEM JEITO? (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.286
RIACHO REPRESADO PELO RIO. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

Continuação.
5. Invasão das águas. Foram invadidas pela tromba d’água do riacho Camoxinga que se forma perto da região serrana: Do primeiro entulho: Casario das ruas prof. Ernande Brandão e do Estadual (por trás); o Colégio Estadual (centro do entulhamento) Colégio Laura Chagas, Ginásio de Esportes Cônego Luiz Cirilo; murada do Complexo Educacional (pela frente); partes de duas ruas de trás do Colégio (pela frente e pela lateral por onde também escorre o riacho; várias residências até chegar a ponte sobre a BR-316, muito alta e estreita. Do segundo entulho: residências e casas comerciais da região da Ponte do Urubu e dos fundos da Ponte do Padre e calçada alta e mais a parte mais baixa do Bairro Artur Morais. Riacho represado pelas águas do rio Ipanema, invadindo tudo rapidamente.
6. Solução. Os problemas do riacho têm início ao penetrar na área urbana no início da rua prof.  Ernande Brandão, por trás.
Opção a. Retirar todas as construções pertencentes ao riacho,  uma área tão grande que seria praticamente impossível utilizá-la.
Opção b. Construir um canal em linha reta desde o início do Camoxinga urbano até o Ipanema. Impossível porque tudo já está ocupado, inclusive o comércio.
Opção c. Possível. Enlarguecer e aprofundar artificialmente as partes do trecho urbano que precisam desses serviços. Levantamento e acompanhamento da Geologia e da Engenharia. Mapeamento marcantes de cheias máximas e retiradas de construções dentro do perímetro. No lugar dessas construções seriam realizadas obras como praças, parques, etc., para evitar a volta das construções. Monitoramento constante e uso de lei. Construções extintas seriam avaliadas pelo Social e trocadas por outras em lugares seguros.
Toda essa opção “C”, é fácil de ser realizada. Precisa apenas que as autoridades tenham vontade em querer soluções. Dinheiro nunca falta aos governos.
Mesmo assim, a opção não é 100% garantida com as coisas da Natureza.
Opção d. Para desencargo de consciência. Serviço pesado de geologia e engenharia: desviar o curso do riacho Camoxinga de algum ponto da zona rural para o Ipanema abaixo da Maniçoba (uma espécie de Canal do Sertão de estudos profundos).
·        Tema exaustivo, não desejo mais voltar a ele. Obrigado.