FORÇA DE VONTADE Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.857   O farinheiro Val...

 

FORÇA DE VONTADE

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.857

 



O farinheiro Valdemar Camilo, quase vizinho à nossa casa, nunca me chamou pelo nome na minha vida de adolescente e rapaz. Sempre me chamava de Pedro Melo. Quando parava um pouco diante de mim, exclamava: “Mais parece com Pedro Melo!” E assim jamais deixou de me cumprimentar por esse nome. Procurei, então saber quem era esse tal Pedro Melo. Havia sido um comerciante que negociava na Rua Barão do Rio Branco, no trecho chamado “os armazéns”, em Santana do Ipanema. Tudo indica, então, que era um comerciante de cereais e bastante conhecido na região. Mas esse comerciante não residia mais em Santana e assim não pude conhecê-lo. Sobre suas atividades profissionais, dissera a meu pai que também era comerciante, acho que em uma visita a terrinha.

“Cresci muito em Santana, mas cheguei a um ponto que não tive mais como crescer por causa do limite da ‘praça’. E como se falava muito bem do Recife, fui para lá. De fato, fui expandindo o meu negócio, mas também Recife ficou pequena para mim. Resolvi partir para São Paulo. Aí sim, encontrei um mundo ilimitado para as minhas atividades e até hoje ali permaneço sem nunca alcançar o teto”. Esse depoimento a meu pai, sempre me impressionou. Foi assim que resolvi mais uma vez falar sobre o caso e o homem querido por todos, progressista com visão de futuro e força de vontade. Um exemplo santanense a ser seguido, mas que sua trajetória ficou no anonimato; e homens dessa envergadura não podem permanecer na obscuridade.

O antigo corredor de armazéns de cereais e que foi apelidado por nós no Jornal do Sertão, de “Corredor do Aperto”, pelos constantes engarrafamento do trânsito, hoje é comércio variadíssimo. Não tem mais cereais. É trecho da Avenida Barão do Rio Branco, mas ainda não deixou de ser o Corredor do Aperto. Bem assim a força de vontade humana é coisa muito importante não só para persistir e desenvolver no comércio, mas em todas as ações da existência. Uma das piores coisas que atinge a pessoa é o desânimo. A força de vontade vem corrigir essa lacuna. Entretanto é bom o reconhecimento também dos méritos alheios que sem querer fabrica empregos e exemplos coruscantes que devem ser seguidos.

Viva a força de vontade! Viva quem tem visão de futuro!

 

 

 

 

  DE VOLTA AO CEPINHA Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.855 o sucesso do “Ca...

 

DE VOLTA AO CEPINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.855



o sucesso do “Café Filosófico”, promovido pelo Departamento de Cultura, em sua casa, veio um honroso convite para uma palestra na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, o famosíssimo “Cepinha”. No café, foi lançado o livro documentário, “Canoeiros do Ipanema” e que também será relançado para professores e alunos do Cepinha, no encontro agendado para o dia 20 de abril, ocasião em que estaremos falando sobre Santana do Ipanema. Estamos ainda na primeira fase do entendimento e não temos certeza se será uma palestra ou uma ampla entrevista pela plateia, modo da minha atual preferência. De qualquer maneira é um prazer enorme retornar àquela casa onde encerrei a minha carreira de Magistério.

Antes de tudo, o Cepinha era apenas uma oficina da Escola Estadual Deraldo Campos... Uma carpintaria onde os alunos aprendiam arte e tinham a assistência do profissional Abelardo, marceneiro que ali trabalhava pelo estado. Até hoje existe a lembrança forte da saudosa professora “Dodôra” que ministrava essas aulas de Educação Artística prática e fumava bastante. A carpintaria foi perdendo força como tal e passou a ser a base de fundação da Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão e que permaneceu com o mesmo apelido de antes e muito mais conhecida assim. A homenagem ao professor pela sua morte precoce, foi justíssima, mas achamos que deveria haver pelo menos uma sala com o nome da professora Dodôra que também partiu precocemente pelas ações do cigarro.

E para concluir, voltamos a lamentar a localização das três grandes escolas estaduais dentro duma área plana mas, insalubre, dominada pelas grandes enchentes do riacho Camoxinga, afluente do Ipanema. Ao lado das escolas, está o enorme terreno federal, desocupado, abandonado, não saneado aonde as águas de minação descem noite e dia vindo das partes altas (Rua das Pedrinhas) e imediações da COHAB NOVA. E os três colégios: Laura Chagas, Mileno Ferreira e Ernande Brandão estão no antigo entulho formado a milhares ou milhões de anos pelo bravo riacho Camoxinga. E desde há muitos anos quando as chuvas derrubou parte da murada que cerca as três escolas, que o abandono do terreno, com a parte caída ampliada não é coisa bonita de se vê.

Amor às coisas públicas?

Quem ama cuida!

CENTRO DE SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).

  VALORIZANDO O QUE É SEU Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.855 km   Dias ap...

 

VALORIZANDO O QUE É SEU

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.855 km

 

Dias após palestras sobre a parte física de países do Hemisfério Norte, resolvi fazer um teste de valorização. Dirigi-me até à periferia da cidade em visita ao açude do Bode. O açude é uma reserva hídrica construída pelo DNOCS no riacho do Bode, no início dos anos 50. Um lugar muito aprazível e esquecido após a chegada da água encanada do São Francisco. Seu sangradouro despeja na continuação do leito do riacho que atravessa a BR-316 e tem sua foz após o Bairro Bebedouro. Seu paredão é muito bem feito e a paisagem vista dali é deslumbrante. Tirei uma foto das suas margens repletas de florezinhas simples que nascem no campo.  As flores em primeiro plano, o espelho d’água em segundo. Posso afirmar que saiu uma bela fotografia.

Dias depois, em sala de aula, novamente, apresentei a foto em slide e foi óóóó!!! Geral. Indaguei, então de qual país do Norte seria aquela paisagem maravilhosa. E as respostas ficaram mais ou menos no Canadá, Estados Unidos, Noruega e Holanda. Então, depois de uma aula  de valorização sobre o que nos pertence, revelei que a foto representava uma paisagem do Brasil, de Santana do Ipanema e, precisamente do açude do Bode. Fez-se um silêncio total de incredulidade e eu fiquei muito feliz em ter alcançado meu objetivo. Confesso que não sei se aqueles representantes da juventude aprenderam a lição, sei, porém, que hoje eles são homens e mulheres que estão fazendo acontecer na sociedade. E o que muda com essa descoberta na vida de cada um e do meio em que se vive?

Acho que todo nós devemos possuir essa percepção de valores, mesmo sendo analfabetos, doutores ou “mobralinos”. O que não deveremos fazer é cair no ridículo da supervalorização e na empáfia. Mas fazermos um balanço de quem somos, o que temos e o mínimo da nossa importância, até porque pode se correr o risco de auto rejeição. Em relação à Pátria, à região, ao estado, ao município natal, assim como o bairro, a rua... Os sentimentos devem ser o mesmo de uma avaliação pessoal e muito íntima. Enxergando os nossos valores mínimos e os alheios, poderemos ser mais justos, mais animados à vida, mais ricos e mais modestos psicologicamente falando. “O rico fez sucesso com seus sapatos na festa, mas fui eu – engraxate – quem aplicou o brilho”.

AÇUDE DO BODE, VISTO DA REGIÃO HABITACIONAL DO BRISA DA SERRA. (FOTO B. CHAGAS).