terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O SERTÃO AGRADECE



O SERTÃO AGRADECE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2016
Crônica Nº 1.505

Após quatro anos de seca, a alegria do alagoano voltou para os que vivem da Agricultura e da Pecuária numa região pouco favorável. É certo que as trovoadas sempre são esperadas entre novembro e fevereiro, principalmente para o mês de janeiro.  É ditado dos mais velhos que “as trovoadas de janeiro tardam mais não faltam”. Mas são trovoadas fortes e passageiras para juntar água para o gado e anunciar o bom inverno
Depois de vários janeiros secos e de temperaturas arrasadoras, surgiu um mês completamente diferente na capital. Um janeiro completo de chuvas quase todos os dias e mais com aspectos de tempo invernoso. Não me lembro de ter visto coisa semelhante em outras épocas.
O Sertão, como sempre, pega carona nas precipitações do Litoral e vai desenhando um quadro novo após os quatro anos de seca. Avisa que o ano será de bom inverno, deixando o homem do campo alvoroçado. Muitos se adiantam para o plantio do feijão-de-corda enquanto não chega o mês de março e sua época de semeadura. Rio Ipanema botou água, mandacaru florou, choveu no dia de São José, acabou a seca meu amigo!
Ontem à noite no Sertão o relâmpago cortou os ares sob o regougo dos trovões ameaçadores. Os mais velhos espiam o céu e sabem perfeitamente os lugares que estão recebendo chuva; um senso de orientação incrível. Vistos de Santana do Ipanema, os clarões dos ares pareciam indicar chuva na parte sul, imediações do município de Senador Rui Palmeira. Outros clarões apontavam para o Leste, bandas de Cacimbinhas ou Minador do Negrão. O certo é que em Santana chegou apenas a rebarba do grosso deixado por aí.
Mesmo assim, o Sertão permanece verde, ou mais pálido ou mais escuro, mas verde para alegrar até mesmo o badalo do sino.
Em tempos de cortesia, é praxe, ao bondoso São Pedro o Sertão agradece.


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domingo, 14 de fevereiro de 2016

GEOGRAFIA DE ALAGOAS



GEOGRAFIA DE ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas,15 de fevereiro de 2016
Crônica Nº 1.504


MACEIÓ EM TARDE CHUVOSA. Foto (Clerisvaldo).
Professor de Geografia por mais de 30 anos, tinha o desejo de jovem de escrever um livro “Geografia de Alagoas”. O desejo foi abafado pelo tempo, pelas próprias circunstâncias do dia a dia.
O último grande livro sobre o assunto, minha “Bíblia” geográfica, foi publicado em 1965. Daí para cá, livros pequenos e cheios de boa vontade têm aparecido, mas não trazem a enciclopédia dos anos 60, mesmo não atualizada, pois nessa Matéria, basta um dia para desatualizar algumas dos milhares de anotações.
 Mas não é que o desejo abafado voltou e explodiu! Pensei em formar uma equipe composta de um professor de Geografia, auxiliar, um cartógrafo (ou semelhante), um fotógrafo profissional e um motorista para planejar e percorrer todas as microrregiões do estado, dormir em pousadas e hotéis com base nos estudos de campo, mediante patrocínio. Para mim seria o último livro da literatura documental, após escrever tantos documentários, voltando às origens dos romances.
Não tive coragem, ainda de fazer os convites a essas pessoas que são de Santana do Ipanema, valorizando-as. Tenho na mente, porém, a professora de Geografia (ex-aluna) a qual convidarei e os demais. Aguardo apenas redigir a parte teórica que assoberba de tantas informações nessa Era da Internet.
Um trabalho do porte pretendido, não se gasta menos de um ano, considerando as diversas fases de um documento tão importante para o estado de Alagoas. Tendo iniciado nos fins de janeiro, debruçado noite e dia sobre várias fontes, praticamente acha-se terminada com ressalva a parte relativa à natureza: relevo, clima, vegetação, hidrografia, geologia e solo. O nosso conhecimento da parte Ocidental do estado e boa fatia da banda Oriental, tem facilitado em muito o trabalho que não deixa de ser penoso, solitário, mas divertido.
Dos meus professores de Geografia, Ernande Brandão, Alberto Agra, (Santana) Rildo e Danilo (Arapiraca) e José Pinto de Araújo (Santana), continuam vivos apenas Rildo e José Pinto. Pretendo entregar-lhes o livro pronto para apreciação, será!
Esse trabalho tem tirado a sequência diária de crônicas, apresentadas em sites e blogs. Fazer o quê? Livros são livros. As dificuldades são imensas para o êxito da empreitada, mas no baseamos na frase sertaneja: Não correr antes de conhecer o bicho. Tenho dito.

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O PAU COMEU



O PAU COMEU
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2016
Crônica Nº 1.503

        Depois de longa excursão, voltamos às bases, em Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas.
Hoje, quarta-feira de Cinzas, lembramo-nos do nosso conto lançado há décadas, “Carnaval do Lobisomem”. Pelo que ouvimos em um testemunho ocular, hoje, os lobisomens são outros, calcados pela droga e o desprezo à vida.
Em Maceió, os bandidos das grotas assaltam, queimam ônibus e tiroteiam com a polícia, levando menores perdidos pela própria circunstância.
Na última terça-feira de Carnaval, em Santana do Ipanema, por volta das 2.30 às 03 horas da madrugada, houve espetáculo de vândalos na Rua Pedro Brandão, Bairro Camoxinga e principal corredor para o Comércio.
Narra à testemunha que um arrastão formado de, aproximadamente, 30 pessoas, entre elas menores e mulheres, desceu da folia do Comércio e entrou na Rua Pedro Brandão. À medida que o bando avançava rumo ao Largo do Maracanã, menores soltavam palavrões e ordens para destruírem tudo que encontrassem pela frente. Enquanto gritavam, em desespero, jogavam pedras nas vidraças de residências e casas comerciais. Outros aplicavam coices nas portas de ferro dos estabelecimentos, onde a própria sede do Ipanema Atlético Club não foi poupada.
Os vândalos já estavam para derrubarem a porta de uma grande loja, recentemente inaugurada, quando correram entrando num beco estreito que dá acesso a BR-316. Era a presença de uma viatura que despontara do lado do Comércio.
A testemunha não viu mais o rumo dos marginais, supondo-se que a galera tenha descido pela Rua Pedro Gaia, rumo natural para o Bairro Pedrinhas, o Jacintinho de Santana.
A quarta-feira amanheceu calma na urbe, mas alguns moradores da Rua Pedro Brandão foram à contabilidade do prejuízo. E como nenhum lugar do País escapa das ações dos bandidos, é de se admirar: Até tu, ó Santana!




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