domingo, 29 de junho de 2014

A TURMA DO FUNIL



A TURMA DO FUNIL
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2014
Nº 1.217
Lá nos idos da era 60, surgiu uma marchinha de Carnaval, entre tantas outras, simpática e que deixava eufórico o participante da brincadeira. Numa composição de Mirabeau, M. de Oliveira e E. Castro, a música carnavalesca chamava-se “A Turma do Funil”. Na minha terra foi formado um bloco com esse nome, tendo a marchinha como carro-chefe. Desfilando pelas ruas e entrando nas casas dos influentes, lá ia à rapaziada:

Chegou à turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Ai, ai, ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles ficam tontos (BIS)

Como jovem adolescente eu pensava como seria bom fazer parte da Turma do Funil. A maioria fantasiada, alguns com os rostos cheios de farinha de trigo, todos conduzindo garrafas e funis. Sempre havia um trio musical composto, geralmente, à base de sanfona, pandeiro e triângulo. Aquela latomia pelas ruas e avenidas da cidade iniciava cedo e se prolongava até às 13 ou 14 horas quando a turma começava a se dispersar.
Não tinha quem não acompanhasse a musiquinha;

Eu bebo, sem compromisso
Com meu dinheiro
Ninguém tem nada com isso
Aonde houver garrafa
Aonde houver barril
Presente está à turma do funil.

Ao ver o jogo Grécia X Costa Rica, o sofrimento dos latinos, veio imediatamente à imagem do funil do vestibular, o objeto de zinco mais temido da época. E o bloco de Carnaval da “Rainha do Sertão” também veio à tona.
As etapas da copa se afunilam e, só os privilegiados rompem a parte delgada do instrumento infundíbulo.
Queiramos ou não, todos nós pertencemos À TURMA DO FUNIL.


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quarta-feira, 25 de junho de 2014

A CORAGEM DE JOÃO PUÇÁ



A CORAGEM DE JOÃO PUÇÁ
Um conto na esteira de caboclo
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2014
“Crônica Nº 1.216”

Foto (Clerisvaldo).
João Puçá não mais suportava a pressão do coronel Cantídio Fula. Homem direito, trabalhador e pobre, Puçá vivia quase escondido receoso das ameaças do coronel. Além de não conseguir deixar a penúria, por falta mesmo de sorte, João meditava em como escapar à pobreza desse mundo. Fora acusado de furto nas terras do coronel, pelo próprio ladrão, jurara inocência, porém, Cantídio Fula, entre a verdade e a dúvida, preferia ir jurando o trabalhador braçal.
Não podendo mais continuar daquela maneira, João inspirou-se num sonho, resolveu deixar os esconderijos e falar diretamente com o fazendeiro Cantídio. Fora enviado um portador à fazenda do homem que dava às ordens em uma grande extensão de terras. Voltou o estafeta dizendo a João Puçá: “O homem tá disposto a recebê-lo, João”.
João partiu para a fazenda do poderoso senhor encontrando-o numa antiga cadeira de balanço, rodeado por vinte enfarruscados capangas. Com poucas palavras, João chamou o coronel para uma aposta. Cantídio Fula só faltou engolir o charuto com a surpresa apresentada por João. “Mas o que é mesmo que você estar me propondo, homem?!”.
E Puçá, resoluto disse: “Hoje Brasil joga com a Argentina, não é? Eu aposto num palpite, o Brasil ganha. O senhor aposta em dois palpites: vitória da Argentina e o empate”.
O coronel, conhecido matador de gente, arregalou os olhos diante daquela ousadia. Puçá continuou: “Se o Brasil ganhar o senhor me paga, isso aqui”, e lhe mostrou a quantia escrita num papel e que não era tão alta assim. Cantídio puxou uma tragada longa e, rodeado pela curiosidade dos jagunços, indagou como ficaria se o Brasil perdesse ou empatasse.
“Eu deixarei de viver escondido, venho aqui para o senhor me matar. Só peço que não me judie e mate de bala”.
O coronel Fula jamais havia ouvido coisa semelhante e, ainda surpreso indagou: “E se o Brasil ganhar, você acha mesmo que eu lhe darei essa quantia? Veja esses homens aí, tudo sedento de sangue...”.
João respondeu que sim, “pois eu nunca ouvi dizer que o senhor faltasse com a palavra e eu também, não”.
Um silêncio enorme aguardava o sim ou não do coronel Cantídio Fula. Mais de dez minutos se passaram como se não houvesse um só vivente por ali.
Por fim, o coronel levantou-se, entrou em casa deixando a expectativa lá fora. Um cabra alto, moreno e enfarruscado, chamado Marcello Fausto, aproximou-se de Puçá e cochichou: “Não dou destões por sua vida”.
Quando o coronel retornou à varanda trazia uma chave na mão e foi dizendo a Puçá:
Tome essa chave. É da fazenda Serrote Preto que das dez que eu possuo é a melhor; está sem morador. Ela é sua com tudo que tem dentro e ainda hoje vou providenciar a documentação. Não precisa fazer aposta. Um homem que tem uma coragem desta veio enviando das coisas do outro mundo. Quando você tiver na sua fazenda quem vai lhe chamar de coronel sou eu”.
E assim, até os cordelistas enfeitaram o mundo com A CORAGEM DE JOÃO PUÇÁ.

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terça-feira, 24 de junho de 2014

ACEITA UMA MORDIDINHA?



ACEITA UMA MORDIDINHA?
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2014
Crônica Nº 1.215

Diz o mestre alagoano que mordida é uma dentada. Aurélio escrito tem razão e o seu dono deve ter pensado numa dentada supimpa na hora de catalogar a coisa. Dentada é caso interessante, pois todos mordem, tanto os animais quanto os humanos. A mordida pode ter vários significados dependendo do momento e da vítima. Morde-se por amor, por ódio, pelo prazer sexual, pela ternura e muito mais.
O jumento morde a jumenta, o homem morde a amante, Mike Tyson morde Holyfield e por que o Soares, uruguaio, não poderia plantar o par de queixos 32 em seu adversário de Copa do Mundo?  A pior dentada, todavia, é a do rei dos animais. Dentadas das “mile peste” que são capazes de desmontar qualquer devedor de imposto de renda e, que logo depois, fica com os “quartos” desmantelados.
O mundo inteiro mostrou, através da mídia o flagrante equino de Soares. Não temos autoridade para dizer se a dentada do homem foi bonita ou feia. Para os comentaristas, o ato medonho do jogador teria sido condenado como fora do desporto no geral. Mostraram a nódoa da investida e, se não deu para notar as marcas dos dentes, pelo menos estava lá no ombro da vítima o vermelhão. Um vermelhão que parecia um beijo com batom de propaganda.
Que tipo de mordida teria sido aquela, meu amigo leitor? Uma mordida de desespero? Uma mordida de fúria? Uma dentada de admiração? Um grito disfarçado de: “Eu te amo, seu peste, por que não presta atenção em mim?” Só sabemos que a incomum botada de Soares, causou grande sucesso no mundo. Se o ato foi positivo ou negativo para a FIFA e para a Terra, o brado retumbante deixou o atleta sul-americano em evidência, gerando inúmeras oportunidades de sucesso.
Quantas dentadas ainda vão aparecer na copa? É que se a moda vinda do Uruguai pega, iremos terminar como A Copa das Mordidas.  
Estar pensando em quê, você que vai curtindo uma geladinha nos bares da cidade? Ao chegar a casa ou à esquina, quando sua namorada ou esposa perguntar: “ACEITA UMA MORDIDINHA?”. Aceite logo, seu besta, que o negócio é bom.

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segunda-feira, 23 de junho de 2014

E O TIRA-GOSTO, MANÉ?



E O TIRA-GOSTO, MANÉ?
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2014
Crônica 1.214
PARA O ESCRITOR FÁBIO CAMPOS

FotoSearch.
Bons tempos aqueles em que trabalhamos juntos no Encarte Jornal de Alagoas. Com as redações feitas, escolhia a que interessava e pedia ao companheiro Roberval Ribeiro que desenhasse a charge da matéria, sempre dando a ideia. A inteligência privilegiada do desenhista (hoje, empresário dono da ROBRAC) saía sempre como as melhores de Alagoas, superando veteranos da capital.
Fez-me falta no momento o Jornal e o chargista, pois iria pedir ao artista plástico que desenhasse São Pedro vestido de verde e amarelo com a bola do Brasil debaixo do braço e mais os acessórios de expressões e vitória. Como a goleada do Brasil foi à véspera de festa do santo “nordestino”, várias outras situações imaginárias por certo iluminariam a equipe do encarte.
Mesmo assim poderemos dar um mote ao amigo Fábio Campos, desenhista e escritor “mentiroso” para mais uma das suas crônicas de ficção a que ele chama de contos: Um sujeito estava assistindo o jogo Brasil x Camarões, estressado e roendo as unhas. Na hora em que Neymar foi chutar a gol, faltou energia. Lá fora, o cabra da Companhia Energética, descia do poste, pois cortara a sua luz por falta de pagamento. O resto da história fica por conta do amigo escritor, o estressado e a foice que estava atrás da porta.
Admirando muito o futebol africano, pois ele é alegre, veloz e parecido com o futebol brasileiro, não tive como torcer em favor daquele continente. Temos a impressão de que o futebol africano tem tendência sul-americana e não vai à frente porque é treinado por técnicos europeus.
De qualquer jeito, perante a vitória maiúscula do Brasil, vamos à confraternização geral em procura de alguma coisa forte para beber. Como dizia um galego, até aguarrás serve. Mas nesse dia arretado de São João a resposta para os donos de bar é uma só após a  pergunta safada que se esconde por trás da ironia: E O TIRA-GOSTO, MANÉ?

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domingo, 22 de junho de 2014

SÃO JOÃO, UM SANTO NORDESTINO




SÃO JOÃO, UM SANTO NORDESTINO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2014
Crônica Nº 1213

Entre os quatro santos mais populares do Nordeste brasileiro, está São João, celebrado hoje em todos os nove estados dessa banda do mundo. Para a Igreja católica ele foi o último profeta; para o Espiritismo, a encarnação de Elias, para o Nordestino, o santo da preferência geral.
“Com satisfação lembramos a santidade de São João Batista que, pela sua vida e missão, foi consagrado por Jesus como o último e maior dos profetas: ‘Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista… De fato, todos os profetas, bem como a lei, profetizaram até João. Se quiserdes compreender-me, ele é o Elias que deve voltar’. (Mt 11,11-14)”
“Filho de Zacarias e Isabel, João era primo de Jesus Cristo, a quem ‘precedeu’ como um mensageiro de vida austera, segundo as regras dos nazarenos.
São João Batista, de altas virtudes e rigorosas penitências, anunciou o advento do Cristo e ao denunciar os vícios e injustiças deixou Deus conduzi-lo ao cumprimento da profecia do Anjo a seu respeito: ‘Pois ele será grande perante o Senhor; não beberá nem vinho, nem bebida fermentada, e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe. Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus: e ele mesmo caminhará à sua frente… ‘ ( Lc 1, 15)
São João Batista desejava que todos estivessem prontos para acolher o Mais Forte por isso, impelido pela missão profética, denunciou o pecado do governador da Galileia: Herodes, que escandalosamente tinha raptado Herodíades – sua cunhada – e com ela vivia como esposo.
Preso por Herodes Antipas  em Maqueronte, na margem oriental do Mar Morto, aconteceu que a filha de Herodíades (Salomé) encantou o rei e recebeu o direito de pedir o que desejasse, sendo assim, proporcionou o martírio do santo, pois realizou a vontade de sua vingativa mãe: ‘Quero que me dês imediatamente num prato, a cabeça de João, o Batista’ (Mc 6,25)

Desta forma, através do martírio, o Santo Precursor deu sua vida e recebeu em recompensa a Vida Eterna reservada àqueles que vivem com amor e fidelidade os mandamentos de Deus”.
Com a vitória do Brasil, hoje, vamos todos curtir SÃO JOÃO, UM SANTO NORDESTINO.
·        Fonte: Canção Nova.




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