quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

 

SOB O CÉU AZUL DA SEMENTEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.822



 

Dia 28 de céu azul, limpo, maravilhoso e sol moderado, excelente para um passeio nos campos. Foi nesse tempo em que deixamos a cidade em busca da zona rural. Mato chovido e campos verdes, perfume da mata nas narinas ansiosas e árvores frutíferas por toda parte, íamos em direção ao sítio Sementeira localizar uma devota do padre Cícero Romão. Conseguimos o primeiro objetivo e fomos recebidos com intensa alegria e gentilezas, até conseguirmos da senhora procurada, um leque de depoimentos de graças obtidas por ela. A devota contava graças alcançadas, se emocionava, chorava e interrompia o diálogo, por minutos... Isso também fazia emocionar seus entrevistadores. Ao fim de uma longa conversa todos estávamos felizes, radiante com tudo que estava acontecendo.

Com mais duas graças alcançadas, catalogamos com numeração, título e foto, avançando assim em nossa proposta inicial, contínua e imutável. Passamos em mais da metade do livro que está sendo arquitetado “100 Milagres Nordestinos”, inéditos. Estamos bem próximo dos ¾ dos testemunhos propostos e ainda falta visitarmos a Associação de Romeiros da cidade de Ouro Branco, cujos associados vão a pé a Juazeiro todos os anos. Entretanto, ainda nos falta também uma visita a um sítio rural distante de Santana e ouvir um grande empresário santanense que também sempre está indo a pé a Juazeiro. Estamos prevendo que o livro estará encerrado antes da grande festa da pedra do Padre Cícero, dia 20 de julho, onde o livro será distribuído gratuitamente aos devotos em geral, aos depoentes dos milagres e ainda o envio do livro à Diocese do Crato, Ceará.

Como é prazeroso pesquisar! Pesquisar qualquer coisa a que você se propôs; e quando as descobertas são realizadas ao vivo na zona rural o prazer se apresenta dobrado. Mas é bom saber que são importantes o amor ao que se faz, paciência, algumas condições financeiras e de transportes, claro, além do tempo disponível. Mas como advertimos outra vezes, pesquisar é como pescar ou caçar. Dia não se pega peixe, é o dia do peixe. Dia você retorna abarrotado da sua pesca. Porém, não deveremos apenas confiar na sorte, mas sim, planejar o mínimo para o êxito que vai coroar o seu dia.  

Esquecemos de pedir autorização sobre divulgar o nome do nosso parceiro na Sementeira que estava com esposa e filho naquela empreitada.

ESTÁTUA AO PADRE CÍCERO DIANTE DA SUA IGREJINHA NO BAIRRO LAJEIRO GRANDE. (FOTO: B. CHAGAS).


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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

 

NO TEMPO DA CACHAÇA

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.821


Vamos escrevendo para uma cidade sem memória e uma juventude que não encontra a história do município. Com essa conversa atual de rota da cachaça, em Alagoas, lembramos mais uma vez que tivemos uma cidade fabril, inclusive com fabriquetas de aguardente. O senhor João Aquino tinha uma fábrica de refrigerante, “Guaraná Globo”. O senhor Júlio Pezunho tinha uma fábrica de colchões, o senhor Antônio tinha uma fábrica de vinagre. No bairro Floresta havia uma fábrica de cordas. Três fábricas de calçados, uma fábrica de bolos e duas fábricas de carne-de-sol. Quanto ao fabrico da aguardente, em Santana do Ipanema, servia bem para abastecer o mercado local. Quanto a qualidade, nunca ouvimos falar sobre se o líquido era bom ou ruim.

Na esquina da Travessa Antônio Tavares para a Rua Nova, casa comprida de Manoel ou José Lopez, dizia o povo que se produzia cachaça.  No comércio, muito mais abaixo da igrejinha de São Sebastião, o irmão do padre Bulhões, Antônio Bulhões mantinha uma fábrica de cachaça e fazia as entregas no caçuás em lombo de jumento. Por trás da atual Loja Maçônica, “Amor à Verdade”, havia a destilaria do senhor Sinval, morador da rua Nova, jovem ainda, bigode a Castro Alves e que gostava de recitar poesias do poeta Zé da Luz. Algumas dessa fabriquetas de aguardente também produziam vinagre. Ainda não vivíamos o auge de marcas de aguardentes famosas e fabricada em larga escala pelo estado vizinho de Pernambuco, mas já se falava numa tal de “Azuladinha das Alagoas”.

Quanto a fruta jurubeba, produz uma bebida também chamada jurubeba e está incluída nas bebidas alcoólicas do estado. Embora houvesse muitas plantas nativas jurubeba na região de Santana do Ipanema, a bebida era importada e de cunho popular. E nas margens da rodovia Palmeira dos Índios – Arapiraca, via Igaci, proliferava a planta jurubeba ao longo de toda rodovia. Surgiu uma fábrica no distrito Canafístula, Palmeira dos índios, cujo depósito de madeira era tão alto que parecia uma louvação à bebida. Tempos depois fomos visitá-la, mas a fábrica de jurubeba havia cerrado suas portas.

Atualmente se fala muito em rota da cachaça na região agrestina, porém, Santana do Ipanema não possui mais nenhuma fábrica de aguardente.

Entretanto, com fábrica ou sem fábrica, com destilaria ou sem, os bebinhos da Terra de Senhora Santana continuam sem trégua na rota da cachaça.

DESTILARIA

 

 

 


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segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 

CUTIA, PACA, CUTIA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

                                                         Crônica: 2.820




                                                       

Em solo sertanejo, geralmente uma confusão longa é iniciada com o ditado ainda em voga: “gente vai ver cu de cutia assoviar!”.  Ditado bastante antigo, citado até por pessoas que nunca viram uma cutia na vida, importando apenas o sentido em que a ira avisa que haverá bastante desassossego. Mas quem diabo inventou tão feio jargão?  E se o lugar tão sensível da cutia é capaz de assoviar, só quem conhece de perto o animal é capaz de saber. A paca é menor do que a cutia, são ambos roedores, ariscos e selvagens. Também não é do nosso tempo a existência desses bichos nas matas de Santana do Ipanema, bem como a ausência da Capivara. Isso faz lembrar a declaração de um amigo vigilante de escola que dizia criar duas pacas no quintal, na margem direita do rio Ipanema.

 

Mas o que chama atenção mesmo é o criatório de pacas e cutias numa fazenda em Minas Gerais. Com autorização do IBAMA, o criatório único com os dois bichos tem toda a assistência de profissionais que ajudam a desenvolver o empreendimento. Assim deveria ser com o mocó, o preá, a ema e veado galheiro, entre outros porque a extinção dos bichos selvagens caminha a passos largos. Todos querem experimentar o sabor de carne exótica, além de ajudar na preservação da espécie em criatório. Até as mulheres sensuais eram comparadas: “redondinha que nem uma paca! E quem quer criar clandestinamente, é um olho no quintal e um olho na Lei. A multa é pesada de tirar a calça pela cabeça além de possível prisão em flagrante.

Dia nublado e frio esse de Natal, em Santana do Ipanema, fomos quebrar a monotonia tentando fotografar os arredores. E nas ladeiras do Bairro São José em direção ao rio, o costume rural de criar aves à solta ainda permanece. Nos terrenos baldios, nos monturos, passeiam descontraídos os galináceos: pintos, galinhas, galos e até mesmo o guiné.  Vez em quando quem deseja leva uma galinha, mas esse criatório tradicional persiste indiferente ao furto. É ali mesmo sob a folhagem rasteira e o lixo caseiro jogado que os bichos reproduzem, crescem e se divertem. Vamos fotografando ainda, a beleza verde dos montes mais distantes, cercando as cercas de arame farpado que nada cercam. Mas dessas andanças em busca de coisa interessantes, nem notícia de capivara, cutia e paca.

 Dia monótono e profundamente triste. Até mesmo lúgubre.

PACA E CUTIA (PACA DE LATERAL BORDADA)

 

 


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domingo, 25 de dezembro de 2022

 

MERGULHÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.819

 



Chamando-nos atenção na internet, o mergulhão, pato selvagem, também faz lembrar as coisas do cangaço quando havia um cangaceiro chamado Mergulhão. Em nossa juventude pelas caatingas de Santana do Ipanema, víamos chegar aves selvagens nos barreiros e logo estavam deslizando nas águas em meio às chamadas, orelhas-de-burro. Mas nada de lembranças do pato selvagem Mergulhão. Tudo que aparecia era a chamada galinha-d’água ou marreca, que deve ser a mesma coisa. Ave simpática e pequena e que não sabemos se tinham o hábito do mergulho. Tem também o pássaro Martim e que muita gente o chama de Martin-pescador. Mergulha nos açudes a barreiros em busca de caçar o peixe da alimentação. Em Santana existe um sítio rural de nome Martins, porém, ainda não sabemos a origem do nome.

O pato selvagem mergulhão (Mergus octosetaceus) é parente de cisnes e marrecas e aprecia o habitat úmido do Cerrado, gosta de rios de planaltos e corredeiras. É uma ave elegante, bela, mas que atualmente se encontra em processo de extinção. Quando afirmamos acima nunca a ter encontrado na caatinga santanense, não quer dizer que a ave não tenha existido por aqui. Mesmo sendo típica de outros biomas, sempre surgem por essas bandas, inúmeras espécies de arribação. Chegam de repente e desaparecem como chegaram. E agora com o intenso desmatamento em todos os biomas, são sem conta as espécies nunca mais vistas como no passado. O pato selvagem também complementava o cardápio difícil do sertanejo. E agora como tudo é crime, é crime também se avistar um pato mergulhão onde quer que seja.

De qualquer maneira é muito gratificante, para o homem rural, acordar cedo e no abrir da porta, encontrar bando de pássaros diferentes fazendo algazarra nos arvoredos próximos. Assim também se enche de alegria a alma do caboclo ao deparar-se no açude, no barreiro, casais selvagens de marrecas, de paturis... De mergulhões. Na simplicidade dos campos toda singeleza enriquece a mente e volta o velho jargão dos humildes: “não tem dinheiro que pague”.

O tempo nesta véspera de Natal está nublado, frio e chovido, o que faz levar os pensamentos para sítios, fazendas, caatingas e povoados.

E mesmo levando em conta a extinção da espécie, quem não deseja um naco de pato assado na Ceia de Natal?!

Nem precisa ser do Mergulhão.

PATO MERGULHÃO (WIKIPÉDIA).


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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

 

ELE ESTÁ PRA CHEGAR

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.818

 



Para a tradição sertaneja, foi uma agradável surpresa o pé-d’água do dia 22, início do verão, em Santana do Ipanema. Geralmente nessa época, o sertanejo estar preocupado com a possível escassez da água no início dos tempos de calor forte, principalmente se o inverno tiver sido fraco. Muitas vezes a interrogação é em cima das possíveis trovoadas que complementam o inverno. Mas às vezes essas trovoadas demoram e somente vão aparecer no fim de janeiro. Por isso foi importante essa chuvada robusta que durou em torno de uma hora, ontem (22) à tardinha. No mínimo, vai ajudar a ornamentação da flora para o Natal e Ano Novo. Se o inverno já havia sido bom, Deus acrescentou um abono de verão no crédito do campo.

Dessa maneira, não foi possível juntarmos uma equipe de amigos do padre Cícero para visitarmos três lugares altos que circundam Santana para escolha de um para possível empreendimento particular, popular e religioso. Uma ideia, um sonho, uma realidade. A ideia que ainda não pode ser totalmente divulgada, partiu da nossa mente e já encontrou terreno fértil para segura, seguir adiante. A princípio queremos visitar o pico da serra da Remetedeira, parte altíssima e rochosa debruçada em direção e aos pés do sítio Salobinho. Dali se avista a parte oeste da cidade de Santana do Ipanema. Para se chegar ao monte, a estrada ´pelo Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Mello, sempre subindo a ladeira e seguindo em frente.

Um pequeno monte antes do pico da serra, também está para ser visitado. E um terceiro ponto, mais distante daquelas localidades, fica além da última rua do loteamento Colorado, parte mais alta, hoje Bairro Isnaldo Bulhões. Além da última rua, existe um prolongamento do terreno que continua alteando até uma deslumbrante paisagem para o riacho João Gomes e sítios rurais, já dentro de uma fazendinha que compõe a vizinhança do Colorado. Quem sabe, poderá ser um dos pontos escolhidos para algo inédito em Santana do Ipanema que, caso seja realizado, a cidade nunca mais será a mesma.

Ele está...

Pra chegar...

Na realidade, este escrito é mais para mim mesmo do que para o público. Mas os enigmas logos serão decifrados.

ALTO DO COLORADO (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 


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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

 

AINDA COSTINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.817

 


Recontando as presepadas de Costinha e que fazia rir toda a cidade de Santana do Ipanema, trazemos três passagens em diferentes ocasiões. A mais famosa de todas, surgiu contada pela população quando este escritor ainda era adolescente, passou por gerações e gerações na boca do povo. Antônio Alves Costa teria sido comerciante na Rua e Bairro São Pedro.  Certa feita, chegou uma senhorita mulata puxando por um “S” enjoativo e prolongado. Mostrava ser ou ter ido ao rio por temporada. Perguntou toda boçal: “Seu Cosssssta, tem passsta?” outros falam que a mulata perguntava por manga rosssssa”. Não havia essas leis de hoje, e Costinha respondeu, talvez mais pelo esse de que pela cor: “Tem não, nega besssta... tem bossssssta, gossssssta?”.

Segunda passagem, essa contada a nossa pessoa pelo próprio Costinha: Morava o nosso prático de veterinário na Rua Benedito Melo (Rua Nova). Todos os dias, muito cedo ainda, passava um pãozeiro com seu carro de pão e uma buzina estridente, buzinando sem parar e tirando todas as pessoas da cama. Costinha estava irritado e, querendo dar uma lição no pãozeiro. Gostava de chamar todos os indivíduos de “coisa boa”. Tocaiou o homem do pão para a manhã seguinte e ficou à espera. Mal o dia tinha amanhecido, Costinha ouviu novamente a buzina estridente do padeiro que não estava disposto a deixar ninguém na cama. Desceu correndo os degraus da casa, ala mais alta da rua, aproximou-se do homem e disse: “Ô, coisa boa, dê licença um instantinho”. Pegou a buzina do pãozeiro, mirou no ouvido do cabra e saiu imitando o vendedor de pão pelo menos por alguns minutos. Apavorado com a agressão aos seus tímpanos, o pãozeiro animado deixou de vende pão na Rua Nova.

Terceira. Já com idade avançada e morando no Bairro Monumento, Costinha mantinha seu vigor físico descendo e subindo a grande ladeira da Rua Coronel Lucena, Comércio e vice-versa, correndo.  Era uma admiração geral. Ali morava uma professora que sempre discutia com o marido e contava tudo a quem achasse conveniente. Em uma dessas manhãs, Costinha descia correndo para o Comércio, como sempre, quando a professora atravessou a rua e parou o homem para fofocar: “Costinha, Costinha, para aí”. Costa parou e indagou o que era. “Eu e o meu marido brigamos muito ontem à noite. Você sabe, Costinha, o pênis de fulano é deste tamanho...” E mediu o dito cujo com as duas mãos, deliberadamente. Costinha nem deixou a professora terminar, cortou a conversa, acelerou a marcha e disparou dizendo: “A peste é quem sabe!!!

DESTE TAMANHO.

 

 


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QUEBRADEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 20/21 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão alagoano

Crônica: 2.816

 


Parece coincidência, mas tudo na natureza acontece em ciclos repetidos em meses, em anos, em séculos, mesmo com outra roupagem, mas com todas as características anteriores. Quando encerramos o nosso trabalho “Santana, Reino do Couro e da Sola”, após chegar a parte final, explicando a quebradeira que aconteceu com os curtumes e as fábricas de calçados de Santana do Ipanema – na época o prefeito era Adeildo Nepomuceno Marques, o governador era ainda Lamenha Filho e o presidente era Costa e Silva, do regime militar – são estampadas quebradeiras de fábricas de calçados famosas na Região Sudeste e na Região Sul, inclusive na  famigerada capital dos calçados do Brasil: cidade de Franca. Coincidência ou ciclo que a natureza faz repetir?

Centenas de empregados foram demitidos, segundo as notícias, gerando constrangimento e dor. Imaginem em Santana do Ipanema, esse fenômeno acontecendo com as fábricas de calçados que existiam, pelo menos três, que acompanharam a quebradeira dos seus fornecedores de couro e sola, os curtumes dos subúrbios Maniçoba e Bebedouro. Muitos santanenses viveram a época, mas é como diz o livro documentário: era uma atividade invisível e até agora, fora o nosso trabalho de resgate, jamais foi escrita uma linha apenas sobre o tema.  Um cala-boca vergonhoso sobre a nossa história em que tivemos papel de arqueólogo para “Os canoeiros do Ipanema”, “A igrejinha das Tocaias” e “O Reino do Couro e da Sola”.

Será que tem alguém registrando a quebradeira das fábricas calçadistas do Sul/Sudeste. Quisemos mostrar apenas que não existe coincidência nas coisas pessoais e coletivas desse mundo. Nesses momentos cresce a Filosofia, ciência chata, mas necessária para fazer o ser humano pensar.

Agora falta receber uma avalição do escritor Marcello Fausto, à guisa de prefácio, um pente fino no que foi dito e uma interrogação como publicar. De qualquer maneira já foi resgatado o ciclo do couro e da sola em Santana do Ipanema.

Deixe-me curar uma virose para conversarmos melhor.

PARCIAL DE SANTANA DO IPANEMA. IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO. (FOTO: B. CHAGAS).

 


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domingo, 18 de dezembro de 2022

 

MÃE-DA-LUA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.815


Um dos maiores encantos do mundo é uma noite de lua no Sertão rural nordestino. São as “noites enluaradas” fontes inspiradoras permanentes de poetas, escritores, viajantes e demais apreciadores dos milagres de Deus. Entre as noites enluaradas são especiais as da Lua Cheia que transformam a noite em dia como estradas em imensas faixas brilhantes de areia. Os filhos do Sertão costumam viajar para longe, apreciando o tempo. Alguns preferem visitar a vizinhança, voltando logo para dormir cedo. E outros, ainda acham melhor a contemplação do alpendre da fazenda. Mas nem tudo no Sertão é somente noite enluarada. Conforme a fase da lua as noites são escuras “de meter o dedo no olho”, dizem os seus nativos. E de fato, são.

É neste último cenário onde surgem com mais frequência os bichos noturnos, destacando-se os feiosos de canto horripilantes e que são chamados de agourentos. O canto é apenas para se comunicar com seus semelhantes. São inofensivos e caçadores de insetos, roedores e outros pequenos animais. Todavia, por serem feios e de cantos sinistros, fazem correr muita gente que têm medo da fama do mau-augúrio. São estes animais: João Corta-pau, a Coruja, a Mãe-da-Lua, a Peitica, o bacurau... Apenas para falar nos mais famosos da noite. Assim o grande Luiz Gonzaga, intérprete de todos os momentos sertanejos nordestinos, com seu fiel escudeiro Zé Dantas imortalizaram essas aves noturnas na belíssima e sensível página musical “Acauã”. (Pesquise e ouça rapidamente na Internet). Vejamos apenas uma estrofe:

 

“Toda noite no Sertão

Canta o João Corta-Pau

A Coruja, a Mãe-da-Lua

A Peitica, o Bacurau...

 

A mãe-da-lua, é também chamada em outras regiões de Urutau. O que faz com perfeição é sua capacidade de disfarce. Arranja um toco de árvore da sua cor, ali se planta, ergue o peito para cima e parece fazer parte da árvore. Somente especialistas conseguem percebê-lo assim. Tem a boca grande parecida com a do sapo e com ela aterroriza seus predadores. Seus olhos são amarelos. O bicho é encontrado em todas as partes do Brasil.

Agora, quanto ao Pai-do-sol, só ouvimos brincadeiras e não sabemos se também é bicho do mato.

Conhece de perto a mãe-da-lua?

UMA DAS SETE ESPÉCIES DE MÃE-DA-LUA (FOTO: WIKIPÉDIA).

 


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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

 

MEU PAI TINHA MEDO...

Clerisvaldo b. Chagas, 14 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.814



 

Nesta época em que está havendo vacina contra aftosa, vem à tona as lembranças de uma época em que não havia veterinário em Santana do Ipanema. Para vacinar o gado, era uma novela, porém, com todas as dificuldades que havia, o ato de vacinar o gado bovino virava uma festa em algumas fazendas. O proprietário rural convidava seus amigos para o ato da vacina como se tivesse convidando alguém para um batizado ou casamento. Estamos falando daquele que tinham mão-aberta. Para o prático veterinário, seus auxiliares e amigos, havia almoço, bebida, farras e ofertas de produtos da fazenda, como frutas, ovos, galinhas, guinés... Além de passeios pelos açudes e visitas em pontos aprazíveis.

O cidadão Antônio Alves Costa, conhecido por Costinha, era um desses veterinários práticos. E de fato entendia muito bem dessas doenças que atacavam os animais. Era bem humorado e tinha um raciocínio veloz para uma resposta, a quem chamam de tirocínio. São inúmeras suas aventuras, muitas delas contadas pelo próprio Costinha. Foi comerciante, soldado do exército e diretor de disciplina no Ginásio Santana, em nosso tempo de estudante por ali. Gostava de conversar conosco e contar as coisas. Certo dia Costinha foi chamado para vacinar o gado na fazenda Santa Helena, da nossa família... E foi. E como falamos acima, havia de tudo para agradar amigos também convidados.

O tirocínio de Antônio Alves da Costa estava sempre em evidência. Onde ele se encontrava, os presentes tinham riso frouxo. Na hora da vacina, um vaqueiro chamado Chico, muito forte, laçava a rês, dominava-a e, Costinha encostava com a seringa da vacina. (Já contei essa passagem por outro viés). Não hora de laçar o touro, foi uma luta muito forte entre Chico e o possante. Mas até aí, Costinha se mantinha apena aguardando sua vez de entrar em cena. Foi, então, que o caboclo laçou uma vaca que deu um trabalho enorme para se acalmar. Costinha ficou à distância até que o vaqueiro o chamou: “Chegue, Costinha, que a vaca é mansa”. O veterinário prático mal deixou o vaqueiro fechar a boca e respondeu na bucha: “mansa? Mansa era minha mãe e meu pai tinha medo dela!”.

Foi uma gargalhada geral.

E no fim, missão cumprida com o “filósofo do improviso e comediante sem ribalta, Costinha.

Ô Sertão bonito!

VACINANDO O GADO (Foto: m.gov.br.).

 

 


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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 

ARAÇÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.813

 



Vamo-nos voltando para o mundo sertanejo, indo para o interior na continuada pesquisa literária. Convidado por amigo, se Deus quiser estaremos no sítio Curral do Meio I, onde nossos interesses imediatos estão em compasso de espera. E num tour pela zona rural deveremos descobrir secundariamente se uma fruta da região já foi extinta. Isso porque iremos também a uma comunidade chamada Araçá. E quando se fala em Araçá, no município de Santana do Ipanema, temos que distinguir entre três lugares longes um do outro com a mesma denominação, saber qual é o rumo que deve ser seguido. Araçá é o fruto do araçazeiro, arvoreta de cerca de 6 metros de altura e que havia em abundância em nossa região. Hoje parece extinto e representa apenas a denominação dos três sítios que atestam sua antiga existência.

O araçá, dizem os que o conheceram, tem a aparência de uma goiaba, pode ser vermelho ou amarelo e é rico em vitamina “C”. Do araçá também se faz licores e sorvetes, supondo que seja um fruto bastante saboroso. Em um dos sítios Araçá, foi construída uma barragem que era considerada a maior do município, gestão Nenoí Pinto. Sempre no balançamos para conhecê-la, mas faltou oportunidade: Atualmente foi a barragem superada pela moderna represa construída no riacho João Gomes. Diz o amigo que o nosso rumo será para o sítio Araçá que fica na região do povoado São Félix, antes denominado Quixabeira Amargosa. E se iremos outra vez à zona rural é porque a força extraordinária do padre Cícero Romão Batista continua viva e atuante na cidade e no campo do nosso Nordeste.

Já passamos da metade da nossa proposta inicial de 100 milagres nordestinos, inéditos. E na certa, retornaremos dos sítios Curral do Meio (segunda vez) e Araçá, com mais 3 ou 4 relatos testemunhos para engordar o nosso trabalho sobre o “Patriarca do Juazeiro”, uma vez que já encerramos o nosso livro documentário Santana: Reino do couro e da sola e que está merecendo a apreciação e prefácio do escritor Marcello Fausto, também companheiro e devoto em nossas pesquisas sobre o padre Cícero.

Que pena, ainda não haver asfalto para os nossos outros povoados à semelhança de Areias Brancas, bafejado pela BR-316.

Saúde e paz! O resto a gente corre atrás.

ARAÇAZEIRO (FOTO: INSTITUTO BRASILEIRO).

 


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domingo, 11 de dezembro de 2022

 

ATACAMA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.812



 

Vamos fugindo do Brasil para o Chile e caminhar no deserto de Atacama, o deserto mais seco e mais alto do mundo. Tem o formado comprido norte-sul e possui cerca de 1.000 km de extensão, chegando até a fronteira com o Peru. Raramente chove no Atacama porque as correntes marinhas frias do oceano Pacífico, impedem que a umidade das nuvens chegue até a altura do deserto, fazendo com que a precipitação ocorra ainda próximo ao próprio oceano. A maior parte do deserto é composta por terreno pedregoso, lagos de sal (salinas) e areia Sua temperatura varia entre zero grau (noite) e 40 graus (dia).

Existem poucas vilas e cidades no deserto, uma delas, bastante conhecida, é São Pedro de Atacama, e que tem pouco mais de 5.000 habitantes. Está situada a 2.400 metros de altitude. Ali chega mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores, motociclistas e aventureiros. Possui vida noturna e agitada com seus bares e restaurantes.

O Atacama produz lítio e cobre, ambos importantes para a indústria mundial moderna.

Quanto a sua flora, podemos encontrar árvores de pequeno porte como a pimienta e o algarrobo; arbustos como chanhar e plantas anhanhuca e a brea, nos vales e nas precordilheiras e cactos nas serras, principalmente.

Os animais que compõem a fauna daquele deserto são: vizcachas (parecidas com chinchilas), o condor, o flamenco, o zorro, o puma, a Águila mora. Mas também, lagartos, cobras, pássaros e mamíferos como o guanaco.

A beleza que Deus criou acha-se espalhada pelo mundo inteiro, desde as regiões geladas às absolutamente castigadas pelo Sol. A riqueza também se encontra em várias formas em todas as regiões do planeta, na terra e no mar, depende da cobiça humana e das tecnologias de exploração. Veja como exemplo a nossa própria região sertaneja quando nos longos períodos de secas, o subsolo de rios e riachos secos alimentaram a população com a água salobra das suas entranhas.

O plano natural do planeta Terra é perfeito, mas depende do conhecimento e da ótica de quem enxerga.

DESERTO DE ATACAMA (FOTO: ISPENCER).

 

 


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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

 

OS METAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 8/9 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.811

      


 Vamos hoje mudar o foco Sertão, falarmos sobre metais e que talvez você goste. Com a revolução industrial ocorrida na segunda metade do século XVIII, o extrativismo mineral ganhou grande importância, devido ao consumo cada vez maior de produtos industrializados. Os minerais são utilizados principalmente na produção de metais e na obtenção de energia. Dentre os metais mais utilizados no mundo, destacam-se o ferro, o manganês e o alumínio.

O ferro, um dos metais mais abundantes da crosta terrestre, é bastante utilizado nas indústrias siderúrgicas para a fabricação do aço. São considerados minérios de ferro somente aqueles que possuem mais de a 40% do conteúdo metálico. Minerais do ferro que se destacam:

Magnetita – com mais de 70% de teor ferrífero;

Hematita – com 50 a 65 de teor ferrífero;

Limonita – Com 55 de teor ferrífero;

Siderita – com 40 a 50% de teor ferrífero.

São principais produtores de ferro: União Soviética, estado Unidos, França, Canadá e a Suécia.

O manganês também é de grande importância na fabricação do aço. Muito utilizado na indústria química. Suas jazidas têm destaques na União Soviética, África do Sul, Brasil e Austrália.

A bauxita – é o principal minério do alumínio.

Destacam-se ainda:

O cobre, o estanho e o níquel.

Cobre, de grande utilidade na fabricação de cabos e fios, devido a sua propriedade de conduzir calor. É encontrado na crosta terrestre sob forma metálica.

Estanho, extraído da cassiterita.

Níquel, utilizado na fabricação de aço inoxidável. Seus principais minérios dividem-se em três classes: sulfetos, silicatos e arsenietos.

Inúmeras profissões estão ligadas a esses assuntos, com muitas delas, tão específicas que o conhecimento comum nunca ouviu falar. Estão engajadas na Geologia, Geografia, Química, Metalurgia e outras afins que a curiosidade da vida revela.

 

 

 


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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

 

CACIMBAS DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.810

 



Não é questão de saudosismo, mas sim, de detalhes da história santanense. A foto apresentada, raríssima dos tempos em que Santana era abastecida de água por profissionais em jumentos, parece só existir com outra parecida, dos anos 60. Esta foto foi descoberta por nós na página 95 do livro do saudoso geógrafo Ivan Fernandes Lima, “Geografia de Alagoas”, publicado em 1965. Vamos a descrição:

Vê-se na fotografia, em primeiro plano, um buraco na areia, na verdade, uma cacimba. Como a boca é arredondada, supõe-se que ali era usado um tonel cilíndrico sem fundo para que a água da cacimba aflorasse e não fosse facilmente mexida e aterrada (costume da época). Vários jumentos e até um cavalo, mais distante, em outra cacimba, aguardam pela decisão dos botadores d’água. A foto foi tirada na pior hora para o tal livro: meio-dia em ponto, observe as sombras sob os animais.

O local é no rio Ipanema no trecho urbano vizinho a antiga estrada que seguia para Olho d’Água das Flores, região das olarias. Do lado direito da foto vê-se parte da cidade em galeria, perto do rio. Do lado esquerdo, a fotografia mostra uma casa à margem do Ipanema, caiada de branco. Pertencia o terreno ao senhor Marinho Rodrigues, pai do Dr. Clodolfo Rodrigues, primeiro médico santanense a clinicar na cidade.

No trecho urbano por onde o rio Ipanema passava, esse era o melhor para se apanhar água. Havia também no trecho urbano outro lugar muito utilizado pelos botadores d’água, era mais acima, no largo chamado poço do Juá, cujas cacimbas funcionavam bem, quando o poço secava.

A água dependia do lugar onde fosse retirada. Quase sem sal, salobra e excelente. Acima da barragem, muito acima, existe um sítio banhado pelo Ipanema chamado Marcela. Pagava-se um preço muito maior por uma carga d’água da Marcela, pois, além de ser longe da cidade, a água era excelente, sendo das mesmas areias do rio. A luta diária pelo líquido precioso envolvia toda a população, ricos e pobres viviam o mesmo drama diário. É certo que havia grandes cisternas em algumas casas, mas a venda era pouca. E o bom de tudo isso, é que o Ipanema nunca deixou faltar água para os seus filhos. Os transportes rudes também não faltavam, pois havia muito mais de cem botadores d’água em jumentos.

Valeu a foto?

 

 


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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

 

CURRAL DO MEIO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.809

 



Há muito sem transitar pela zona rural, domingo passado tivemos a oportunidade de novamente visitá-la. O objetivo era localizar mais uma romeira do padre Cícero Romão Batista e   colher graças alcançadas. Penetramos no mundo rural deixando a AL120 e rodando pelo antigo sítio Cipó, hoje engolido pela zona urbana. Fomos chegando ao sítio Curral de Meio (I) onde tem uma reserva ambiental do governo do estado, antiga estação agrícola experimental Sementeira. Isso em estrada de terra paralela a AL-120 e acabada pelas chuvas. Mas, antes de prosseguirmos cabe aqui não confundir com o sítio Curral do Meio (II) que fica mais distante da cidade. Além da alegria de estar rodando pelo paraíso, cheio de verde, de árvores, de riachos escorrendo e atravessando a estrada, víamos mangueiras em plena safra, completamente carregadas de frutos, ornando o caminho da Sementeira.

Fomos encontrar a pessoa indicada na associação comunitária onde iria começar uma reunião. Reservadamente conversamos com a mulher romeira que falava muito alto e entusiasmada com as graças que havia alcançado com o padre Cícero. Quem estava comigo, tomou a frente de tudo completamente embriagado pela beleza e os ares da zona rural. Acostumado em Maceió, foi como se tivesse rompido as amarras que a capital impõe, gozando o “clima” da Natureza plena. Nunca vimos tanta felicidade numa criatura que elogiava o sítio constantemente. 

Naqueles momentos éramos todos felizes: a senhora entrevistada, falando alto, só faltava flutuar de tanto contentamento. A associação comunitária recebendo visita de gente da rua e, o meu amigo também entrevistando a devota com entusiasmo, pois também alcançara milagre com o padre Cícero. Viagem curta e profícua em que foram, após, registrados mais duas graças do padre do Juazeiro, avançando assim em nossa proposta dos 100 milagres inéditos.

No retorno, mais uma pesquisa curta, na Rua São Pedro para fechar o outro trabalho: “Santana: Reino do Couro e da Sola”.

Pense num domingo de alto nível.

PESQUISANDO GOSTOSO EM ESTRADA DE BARRO (FOTO: B. CHAGAS)

 


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domingo, 4 de dezembro de 2022

 

PILAR E A ESTÁTUA GIGANTE

         Clerisvaldo B. Chagas, 5 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.807

 



Passando para lá e para cá, Maceió – Santana e vice versa, desde longas datas, sempre com vontade de entrar no Pilar, conhecer de perto a laguna Manguaba e provar o bagre que ficou famoso além das Alagoas. Nunca realizamos esse desejo e vamos pondo a culpa na máxima: “quem é cativo não ama”. Pilar foi o último lugar do Brasil onde houve oficialmente um enforcamento como castigo.  Cidade que conta a belíssima história de Nossa Senhora e milagre ali acontecido. Banhada pela laguna Manguaba que faz conexão com a laguna Mundaú, foi palco de engenhos e de intensa navegação de época. Representa uma cidade histórica e que tem muitas coisas a ser contadas para que quiser ouvir. Tem até música do saudoso Augusto Calheiros que deixou a cidade imortalizada.

Mas, a novidade agora é que em breve será inaugurada uma estátua de Nosso Senhor Jesus Cristo, como a maior do mundo e de 70 metros de altura, conforme, noticia a imprensa. A prefeitura da cidade faz assim um acasalamento entre as belezas naturais e o impacto religioso que beneficiará o turismo na área lagunar.  Sabedoria, demagogia ou sentimento religioso, pouco importa para tão arrojado empreendimento. Assim como a estátua de frei Damião que acelerou o turismo no distrito palmeirense de Canafístula, com certeza terá grandes romarias em direção ao Pilar, até mesmo por curiosidade para conhecer a maior estátua de Jesus, do mundo, além de apreciar toda beleza natural que a cidade proporciona. Pilar merece de fato alavancar o seu desenvolvimento e reescrever   nos anais do Século XXI.

Nos últimos dez anos, temos visto até com admiração, formações habitacionais no acesso a Pilar, na BR-316. Antes, somente canteiro de acesso à cidade, atualmente, tantas casas como se fosse a formação de um novo bairro iniciando de fora para dentro da urbe. Quando se diz: “aqui é a Chã do Pilar”, é como se dissesse “aqui é a nova cidade do Pilar”. E que bom que seja assim. Uma expansão, uma localidade de esperança para muita gente que almeja mudar de ares, isto é, cansado do ambiente lagunar, procura uma região de tabuleiro.  Esperamos sucesso total nas ideias administrativas, não só do Pilar, mas de outras cidades que procuram quebrar as amarras da mesmice.

LAGUNA MANGUABA, NO PILAR (FOTO: TRIBUNA).


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

 

76 VEZES E MUITO MAIS, SENHOR, MUITO OBRIGADO!

AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

TODA HONRA E TODA GLÓRIA!!!

AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

TODA HONRA E TODA GLÕRIA!!!

AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

TODA HONRA E TODA GLÓRIA!!!


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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 

FIM DE MÊS

Clerisvaldo B. chagas, 1 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.807

 



Chega o final do mês de novembro, como foi previsto pelos espíritas “tudo vai mudar”, E não somos nós apenas que estamos notando as mudanças no mundo, principalmente sobre o tempo. Novembro, o mês dos ventos para nós do sertão, este ano não aconteceu tantos ventos fortes assim. Final de outubro, quis ensaiar os sopros consistentes, mas ficou por aí. E também sobre a secura do mês que geralmente não chovia e que poderia acontecer ou não uma trovoada, foi diferente. Um mês praticamente chuvoso com alternância dos dias, mas coisa nunca vista por aqui. Hoje mesmo, dia 30, o dia foi nublado com pancadas de chuvas e aspecto de inverno em algumas horas do dia. Quer dizer, tudo está bem diferente após os castigos divinos do Covid 19.

Em várias horas do período, vamos dar uma espiada na rua e até nos causa arrepios. Nem uma viva alma, nem um gato, nem um bicho... E retornamos ao interior da residência pensando: “Será que estamos sozinhos no mundo?”. Tudo, tudo de fato diferente. Quanto ao tempo para o campo, uma riqueza, coisa nunca vista pelos mortais de mais de 70 anos de zona rural. Por algumas poucas horas, os jogos da copa conseguem quebrar a monotonia que se abate pela urbe. E nem presta para engendrar ideias de como será o mês de dezembro na situação temporal da Terra, mas para esquecer as diferenças existenciais, podemos prever boa movimentação financeira no período natalino, com aquelas mesmas esperanças que insuflam a consciência no aniversário de Jesus.

E se os jogos da copa, não só do Brasil, mas de todas as seleções vão mostrando suas curiosidades, também correndo as lembranças dos jogos do interior; nas ruas, nos campinhos, nos areais do rio seco Ipanema. Bola cobrindo o adversário, era lance chamado “banho de cuia”. Bola passando por entre as pernas do oponente era drible “por debaixo da saia” e, bola por um lado e alcance por outro, chamava-se “arrodeio”. Estamos traduzindo o ontem do hoje, respectivamente: ‘chapéu”, “caneta” e “drible da vaca”, será que deu para entender? Estar bem pertinho de terminar essa euforia da copa. Será que a monotonia pós-Covid retorna ou vamos continuar levando da Natureza o drible da vaca?

Paciência, Zé.


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