quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

OS QUATRO DA MODA DE ONTEM


OS QUATRO DA MODA DE ONTEM
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.836

FEIRA DE SANTANA ANOS 60. FOTO: (DOMÍNIO PÚBLICO).
Aproveitando marca de sapato exibida no Face pelo nosso compositor Remi Bastos, resolvemos reagir com este trabalho saudosista. Vamos relembrar quatro objetos que atuaram fortemente no modismo do Brasil, particularmente em nosso Sertão das Alagoas, em torno dos anos 60, não necessariamente pela ordem.
Um deles foi um pente longo e preto, dito inquebrável. Era muito maleável e vendido na feira de Santana do Ipanema. Vendedores e rapazes adquirentes do objeto dobravam-no e faziam outras piruetas com ele e o pente na quebrava. Na época predominava a moda da cabeleira farta e fazia sentido comprar, usar e exibi-lo. Dos falados de boas cabeleiras, lembramos apenas de alguns como o Gilson Alfaiate, o Pascoal de José Urbano, eu e um barbeiro, cujo nome não me recordo, mas havia pelo menos uns dez na disputa. Também não me chega à marca do objeto que foi após o pente menor e elegante marca “Flamengo”. Era o tempo da brilhantina.
Outra moda marcante foi a do relógio “Seiko” mesma época do “Oriente”. Os rapazes jogavam-no longe como uma pedra e nada acontecia a ele. Lembramos ainda o Jorge de Leusinger, fazendo isso na Rua São Pedro.
Teve também a moda – como escreveu o Remi – do sapato “Passo Doble”. Todo mundo queria comprar esse tipo de sapato que a novidade trazia como infinitamente durável, inclusive, seguido de boa propaganda que não era enganosa. Durava tanto que parecia sem fim! Muito bom para nós os estudantes (ginasianos) destruidores de sapatos. Era confortável, preto e sem beleza. 
E finalmente, a camisa mimosamente azul, manga comprida, elegante e também indestrutível chamada “Volta ao mundo”. Lindérrima e meu sonho de consumo.
Pense num rapaz: cabeleira vasta com brilhantina Coty, camisa Volta ao Mundo, calça de linho, pente Flamengo, meias Lupo, lenço italiano, cinto Ypu, sapatos Samello, relógio Oriente e perfume francês!
Ah! Somente no antigo Reino de Monte Mor.


                                                                                                             


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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

UMA CRÔNICA DOMINGUEIRA



UMA CRÔNICA DOMINGUEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.835
BARRAGEM A JUSANTE

BARRAGEM A MONTANTE
Acordei com os passarinhos, montei nos dois pés e fui andar pela periferia, como sempre faço. Conversar, inquirir, curiar... Desci até à barragem, pensando que a rua que margeia a BR-316 (DENIT à barragem, rua de antigos quebradores de pedra) estivesse calçada. Nem vou dizer o que ouvi. Difícil andar por ela. Tive que ir para o asfalto, encolhendo-se para não ser atropelado na pista muito movimentada. Foi assim que passou um maluco numa moto, com um doido na garupa, acelerando, gritando e perseguindo seus cavalos soltos no asfalto. Nunca tinha visto um negócio daquele e por pouco não sofri acidente grave. Os cavalos do bandido, aterrorizados e olhos fora de órbitas, entraram em estrada vicinal na cabeça da ponte, com uma velocidade das “mile” e uma peste!
O cabra da moto deu um cavalo-de-pau e retornou em direção ao centro. Passou dois motoqueiros com pessoas na garupa, pegando corrida (em dupla) por cima da ponte.
Cheguei à barragem apenas para bater algumas fotos e fazer contato com a Natureza. O assoreamento do antigo lago artificial no rio Ipanema, de mais de um quilômetro de espelho d’água, formou um bioma particular semi pantanoso naquele local. Fios d’água, poços, florezinhas multicores, areia grossa, vegetação rasteira, arbustos, arvoretas e árvores com até 20 metros de altura. Na parte inferior da barragem, também um panorama de encher os olhos, desde as pedras do rio, aos batentes da serra da Remetedeira, com sopé de barro vermelho no verde da paisagem. De repente perdi a coragem de encarar a estrada rumo ao riacho Salobinho ou a trilha que leva ao Poço Grande.
Nem irei falar do que estar acontecendo ali, sobre o meio ambiente nas areias do rio que já é de amplo conhecimento de todos. Apenas procurei gozar ao máximo o que a Natura poderia me oferecer. Respirei o mato verde, tomei o Sol da manhã, conversei com muita gente humilde, matei a saudade para não ser morto por ela e, ainda cedo da manhã do domingo (21), retornei ao lar, feliz como quem havia escalado o Pico da Neblina.


  


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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

BATALHA E O LIVRO DE YSNALDO


BATALHA E O LIVRO DE YSNALDO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1834

CENTRO DE BATALHA. FOTO: (ÂNGELO RODRIGUES).
Somente agora se acha em minhas mãos, o livro “Resquícios de minha temporada em BATALHA, capital da bacia leiteira alagoana”. O livro do bancário e advogado – hoje desfrutando sua aposentadoria – José Ysnaldo Alves Paulo, teve seu lançamento no final do ano passado, em Batalha, em comemoração ao aniversário daquele importante município sertanejo. Foi impresso na Fonte Editorial e consta de 299 páginas em papel fosco e amarelado o que motiva o conforto dos olhos do leitor.
Estamos agradecendo a sua referência ao nosso livro “Ipanema, um rio macho”, às páginas 125, 126, 127, 128 e 129 e também como uma das fontes de pesquisa à página 289. As gordas citações referem-se ao rio Ipanema e, quando da passagem da nossa expedição por aquele festejado município.
Todos os autores têm suas preferências dentro da própria área dos seus escritos. Assim acontece no livro BATALHA, quando o foco de Ysnaldo estar dirigido para o social, num mergulho profundo naquela organização batalhense. O autor faz algumas incursões pela parte física, mas o forte são as pessoas da sua convivência e das pesquisas realizadas que, finalmente conta a história da urbe por este ângulo.
O livro, boa capa e ótima encadernação, traz a polêmica origem do nome do município em algumas opções. Para nós continua valendo o que dissemos ao autor por telefone ainda em sua fase de pesquisa. O próprio Ysnaldo encontrou a nossa referência em fonte segura que a mim, como curioso, parece a mais aceita, descrita na íntegra por ele. Entretanto, a escolha ficou em aberto para os filhos de Batalha.
O homem de Viçosa, levado a Batalha pelas circunstâncias da vida, durante uma década, amou, procurou entender, pesquisou e soube presentear à sociedade que o acolheu como funcionário de um banco da cidade. O autor deve estar muito feliz e, muito mais vibrante ainda, deve estar o povo da cidade sertaneja que teve sua história documentada. O livro “Resquício de minha temporada em BATALHA, capital da bacia leiteira alagoana”, além do objetivo principal, torna-se também grande fonte de pesquisa para as novas gerações que procuram entender Batalha no todo sertanejo. Louvem-se à coragem, o desempenho e à determinação de José Ysnaldo Alves Paulo.
Batalha continua festejando.


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domingo, 28 de janeiro de 2018

PROCURANDO SOLUÇÕES





PROCURANDO SOLUÇÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.833

VIDA E MORTE DE UMA  LAVANDERIA. FOTO: (B. CHAGAS).
Embora não seja nossa atribuição apontar as mazelas da terra, surgem determinadas coisas que pedem encarecidamente uma força para solução de problemas. Mesmo com o número de vereadores aumentado de nove para onze, tem alguma coisa errada com os fiscais do povo. Nada fomos investigar, pois como dissemos acima, não é da nossa alçada, embora qualquer cidadão possa apontar e reivindicar sobre o lugar em que mora. Mas quando o absurdo é grande demais, não se pode fazer outra coisa a não ser berrar em favor dos humildes contra os ouvidos moucos. É preciso um olhar mais aceso das autoridades para a população carente que é filha do mesmo pai que criou o mundo.
Passamos pelo chafariz construído para lavanderia do povo mais pobre, no Bairro São José. Construção ainda feita pelo, então, prefeito Nenoí Pinto e que muito serviu à população carente. Encontramos a outrora lavanderia abandonada em estado lastimável, praticamente em ruínas e servindo de estábulo. Um fedor insuportável no seu interior, deterioração generalizada, inclusive telhado/peneira. São, entre dez e doze boxes divididos em duas alas, cujos azulejos estão praticamente irrecuperáveis. Não existe vigia do bem público e os aproveitadores estão perto da demolição completa do prédio. A reclamação com o descaso é motivo de revolta surda do povo que utilizava a lavandaria quando decente e conservada.
O chafariz dentro do lixo e do abandono ainda funciona, quando várias pessoas para o local se dirigem em busca de água doce. Entre os onze vereadores santanenses, três são do próprio Bairro São José e moram em torno da citada lavanderia em raio de menos de duzentos metros. Como simples cidadão também do bairro, estamos apelando para as autoridades assim como alguns moradores que não sabem mais o que fazer. Será que é preciso reportagem da televisão? A lavanderia está implantada por trás de escola municipal servindo de péssimo exemplo público que vem se arrastando por algumas gestões.
Quanta falta de sensibilidade!




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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

ALBERTO AGRA E A PRAÇA DO TOCO


ALBERTO AGRA E A PRAÇA DO TOCO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.832

ALBERTO. Foto: (Adriana Marques).
Tive três bons professores de Geografia em minha vida, mas Alberto Nepomuceno Agra foi o maior deles e o responsável pelo meu amor à profissão. Intelectual, austero, professor, fazendeiro, dono de farmácia e ex-pracinha, Alberto não era de elogiar ninguém e economizava o riso. Este cidadão foi ainda um dos pioneiros dos transportes coletivos Santana – Maceió, fundador de Companhia Telefônica na cidade, um dos fundadores e diretor do Ginásio Santana, da Rede Cenecista. Além disso, prestou inúmeros outros relevantes serviços à sociedade e sempre esteve presente em todos os grandes acontecimentos municipais.
Certa feita nos encontramos no Comércio e eu – todo acanhado diante daquela autoridade – fui surpreendido quando ele me disse: “Já corrigi as provas, coloquei a sua como uma das primeiras”. Quase não dormi à noite, ante aquela inusitada deferência. Vários anos depois, já atuando como professor de Geografia em várias escolas de Santana, novo encontro.   E ele: “Não me chame Seu Alberto, e sim, Alberto”. Fiz ver ao mestre a minha admiração pelo seu trabalho na matéria geográfica e ele me respondeu com a maior naturalidade: “Você me superou”. Atônito, respondi apenas: “Que é isso, Alberto!...”.
Mas a afirmação de Nepomuceno foi como se eu tivesse escutado o espocar de mil foguetes no alcance do meu objetivo: Desde a adolescência que eu queria atingir um dia a intelectualidade dos três homens que eu considerava os mais inteligentes de Santana e ficar na mesma plataforma: Alberto Nepomuceno Agra, Aderval Tenório e Eraldo Bulhões.
O tempo passou e o meu Velho Mestre partiu deixando a Geografia em minhas mãos, em minha cabeça e no meu espírito.

XXX

As autoridades, criminosamente ignorando o valor histórico da única praça original de Santana do Ipanema, construída na década de 1940 para homenagear um deputado federal que muito ajudou a nossa cidade, Emílio de Maia, destruíram quase tudo na fúria de trator. Para serem agradáveis, retiraram o nome do primeiro benfeitor para colocarem o nome do meu mestre que se fosse vivo jamais teria consentido semelhante aberração.
Mais uma vez a ignorância venceu a racionalidade. Atualmente o santanense perdeu as duas homenagens: nem Emílio de Maia e nem Alberto Nepomuceno Agra. A Praça agora estar sendo chamada PRAÇA DO TOCO.
As autoridades atuais precisam corrigir a injustiça transferindo o nome de um dos maiores santanenses da nossa história, para um lugar decente que até poderia ser uma futura ponte sobre o Ipanema, a futura Praça de Eventos ou mesmo um futuro calçadão no centro da cidade, sem cometerem o mesmo erro. 
PRAÇA DO TOCO! QUE AFRONTA A QUEM DEU TUDO POR SANTANA!







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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

TEMA EM DÉCIMA


TEMA EM DÉCIMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica” 1.831
Para a sensibilidade de Remi, Fábio Campos, Goretti Brandão, Kélvia, Lícia Maciel, Vasko, Mendes e Lúcia Azevedo.

Tema em décima:
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador
ILUSTRAÇÃO: ROSTAN MEDEIROS

Meu pai é mandacaru
Minha mãe é macambira
Meu doce é de jandaíra
Meu feijão é o andu
Meu vizinho é mulungu
Xiquexique é professor
Alastrado é meu senhor
Minha bebida é a pinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Sou primo do espinheiro
Não gosto de gerigonça
O meu cavalo é a onça
Creme dental juazeiro
Vaga-lume é candeeiro
Rasga-beiço meu credor
Pinhão roxo é meu doutor
Meu colchão é sacatinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Minha irmã é urtiga
O meu mano é cansanção
Meu chamado é o trovão
Minha comadre é formiga
Jararaca minha intriga
Meu jumento é inspetor
Maribondo o vingador
Quando espanto ele se vinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Barriguda é meu ciúme
Meu comandante o facheiro
O guará meu companheiro
Bom angico meu curtume
A jurema meu perfume
Furão meu farejador
Coleira meu cantador
Mosquito agulha e seringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Grossas como baraúna
Da morena são as coxas
Por flores brancas e roxas
Sabiá faz a tribuna
Minha aroeira é coluna
Meu instinto é pegador
Meu cachorro é caçador
E a minha reza é mandinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Meu escudo é o gibão
Gitirana é minha Juba
Minha sombra é timbaúba
Imbuá meu anelão
Cascavel meu Lampião
Papagaio é locutor
Meu canário é o cantor
O meu estilo é coringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

(FIM)








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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS

OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.830

FOTO: (DIVULGAÇÃO).
O coronel Delmiro Gouveia construiu por conta própria 520 km de estradas, trechos em Alagoas e Pernambuco. De Pedra a Quebrangulo, passando por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios tinha ramal Bom Conselho – Garanhuns e mais outras em Alagoas. Em Santana do Ipanema ela passava pela Rua da Poeira, Comércio, Antônio Tavares, Rua de São Pedro e Bebedouro/Maniçoba. As estradas começaram em 1911 e, no primeiro semestre de 1912, Delmiro chegava a Santana com seus automóveis. (O primeiro automóvel de Alagoas foi o do coronel). O encontro de Delmiro com o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, foi considerado o “Encontro do Século”. A feira do sábado acabou-se nesse dia com tanto matuto correndo com medo do automóvel e outros querendo conhecê-lo e até “matá-lo”, dizendo que era a besta-fera. Os carros da comitiva eram: um “Fiat”, um “Austim” maior, um “Austim” menor e mais um N.A.G. imenso.
Em 1915, fins de julho, o ministro da Agricultura Dr. José Bezerra e o governador de Alagoas, João Batista Acióli (daí o nome da antiga escola Batista Acióli, o “Bacurau”, da Rua São Pedro, em homenagem ao governador) vieram de Quebrangulo para uma visita à cachoeira. Passaram pela Pedra com três automóveis. Em meados de 1916, na qualidade de governador de Pernambuco, Manoel Borba veio em comitiva com Delmiro Gouveia e o próprio coronel Manoel Rodrigues da Rocha para a Pedra e jantaram em Santana do Ipanema no sobradão do coronel, no dia 22 de agosto.
Essa é apenas uma fração da história do Sertão alagoano que teve repercussão e influência Nacional. Mas, as nossas escolas não ensinam a História de Santana do Ipanema, produzindo gerações e gerações de ignorantes sobre a própria terra em que nasceram. Quantas e quantas vergonhas os nossos jovens passam por não saberem nada ABSOLUTAMENTE nada do nosso passado. AUTORIDADES! FAÇAM ALGUMA COISA antes que seja tarde demais. Capacitar professores sobre a história de Santana é uma necessidade. Cidade sem história é lixo.






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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO


JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.829
LOT DE JUMENTOS. FOTO: (NÃO IDENTIFICADA)

Lembro-me bem quando era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”. O empregado analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões, cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.
Podemos transportar a problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer. Quando não acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade (analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão da Terra e da Pátria.
Nem só a honestidade faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer fazer. E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis. Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras, porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.
Continuamos vendados. Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes e Minervas.




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domingo, 21 de janeiro de 2018

BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO


BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.828
FOTO: (ALBERTO RUI/ASCON).
Finalmente o Alto Sertão entra numa festa esperada durante mais de 40 anos. Demagogias sucessivas e vitórias para muitos mentirosos povoaram as cabeças da população sertaneja de alma simples e muita crença. Mas o próprio homem do semiárido sempre afirmou diante das dificuldades que “tudo tem o seu dia”. E foi montado no ditado popular dos mais velhos que a rodovia BR-316 sacudiu, literalmente, a poeira e os catabios dessa eternidade de 40 anos. Assim a BR-316 desenterra a cabeça de burro fincada entre o entroncamento do povoado Carié (Alagoas) e a cidade de Inajá (Pernambuco) com cerca de 47 quilômetros de sofrimentos. Chamada por nós de “Estrada de Lampião”, por ser a escolhida pelo bandido para entrar em Alagoas vindo do estado vizinho, era margeada de bela e exuberante vegetação de caatinga.
Retomada às obras após recesso de fim de ano, apenas 03 quilômetros faltam para o término da obra que terá sete pontes com acostamentos e passeios de pedestres. É bom saber que os danos ao meio ambiente também estão sendo acompanhados para proteger o bioma tão massacrado durante décadas quando muitas espécies vegetais e animais desapareceram. A BR-316 em Alagoas, é uma longa rodovia federal que corta o estado no sentido Leste-Oeste, desde Maceió até a ponte sobre o rio Moxotó que separa os dois estados e deságua no São Francisco. O extremo oeste-norte de Alagoas é bastante seco tendo até fatia com clima desértico. Para quem quer conhecer uma beleza agreste diferente, é bastante trafegar pela BR-316 com espírito aventureiro e desbravador.
Além do escoamento da produção sertaneja, facilidade em alcançar os maiores centros e comunicações diárias com as demais cidades, a BR irá ajudar também os grandes eventos religiosos ou não há muito consolidados que motivam ampla mobilidade populacional. Como o turismo está em alta, o Sertão tem muito a oferecer como os cânions do São Francisco, histórias de cangaceiros, artes e arquiteturas sacras, festas de padroeiros e acontecimentos diversos ligados à Economia de cada município.

A conclusão da BR-316 é uma vitória alagoana sem par. E se tudo tem o seu dia, teve o dia também da “Estrada de Lampião”.

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PESQUISANDO COM O PADRE JACIEL

PESQUISANDO COM O PADRE JACIEL
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.827

PADRE JACIEL SOARES E ESCRITOR CLERISVALDO B. CHAGAS. FOTO: (B. CHAGAS).
Como complemento do livro ainda inédito: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, resolvemos pesquisar junto à Paróquia de Senhora Santa Ana. Apesar de inúmeras informações sobre o mundo católico local, registradas no livro acima, fomos despertados para as origens e tudo o mais sobre os sinos e o relógio da Matriz. Assim marcamos um encontro com o padre Jaciel Soares Maciel, titular da Paróquia e procedente do sítio Olho d’Água do Amaro. Com a urbanidade do pároco, fomos para o único livro Tombo que escapou do desaparecimento, mas, infelizmente nada encontramos sobre os sinos e o relógio. Fica assim a História de Santana, devendo essa lacuna particular, específica e de grande significado para a nossa população.
Com a grande e segunda reforma da Igreja Matriz de Senhora Santana no final da década de quarenta e início da próxima, o relógio da Matriz passou a ser indispensável ao comércio e a todos os bairros santanenses. Já o conjunto de sinos complementava a maravilhosa visão da magnífica torre de 35 metros de altura; principal cartão postal da cidade e frontal de igreja mais belo de Alagoas. Com o tempo, o relógio foi perdendo as forças e o desgaste passou a não compensar mais a sua recuperação. Quanto aos sinos, teve o seu grande mestre Luís, apelidado “Major”, como o maior de todos os sineiros. Mas como tudo tem fim, foi embora o ciclo tão bonito, para o início de outro como acontece com as gerações das pessoas.
De qualquer maneira, ficamos honrados pela receptividade do padre Jaciel Soares Maciel, pessoa acolhedora e sábia cujo carisma tem conquistado o povo católico da Paróquia e o santanense em geral. Nossa conversa foi longa sobre a história da Igreja e de Santana, enriquecendo nosso bate-papo e aparando equívocos em favor de fatos verdadeiros. Ganhei um mês inteiro no diálogo com o padre Maciel. Senti tristeza apenas quando me dei conta que a interlocução riquíssima poderia ter tido pelo menos100 pessoas interessadas em nossa História, presentes.
Quem sabe, outros encontros virão! Talvez muito mais proveitosos em benefício da nossa cultura e do nosso povo.



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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

OS PROFETAS DA CHUVA

OS PROFETAS DAS CHUVAS
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.826


Meu pai dizia que “muita gente vê, mas não enxerga”. E para quem pensa que ambas as palavras querem dizer a mesma coisa, está completamente enganada. Em todos os sertões nordestinos sempre existiu e existem pessoas experientes que vivem da agropecuária. São pessoas especiais que aprenderam com os antepassados ou por conta própria a leitura do tempo com animais, plantas e os sinais dos céus. Mas creio que esses observadores também estão distribuídos pelo Agreste, Zonas da Mata nordestina e mesmo na zona rural do Brasil inteiro. O Ceará foi o primeiro a valorizá-los, convocando-os anualmente em paralelo com a ciência para ouvi-los, comparar e planejar ações para a estação chuvosa. Ali essas pessoas foram apelidadas, “profetas das chuvas”.
Não sabemos se o termo “profeta das chuvas” é um elogio ou uma ironia, mas sempre tivemos por aqui no Sertão alagoano, pessoas formadas nos presságios. Muitas frases que vieram desses verdadeiros doutores da Natura persistem fortemente no semiárido. O próprio Gonzaga dizia: “Mandacaru quando fulora na seca...”. Em nossa região: “Trovoada de janeiro tarda mais não falta”; “quando Ipanema bota cheia, leva um”; “o ano será bom se chover no dia de São José”; “se correr água no Ipanema no início do ano, o inverno será bom”; “quando o joão-de-barro fizer o sua casa com a entrada para o nascente, não haverá inverno”; “a migração de formigas dos aceiros para os lugares mais altos, indica chuvas”; “e se a rãzinha rapa-rapa, rapar no verão, chegarão às águas”; “se a rasga-mortalha passar costurando, é doença, mas se passar costurando e rasgando, morte na família”; “se um cão uiva a noite inteira, é morte, geralmente trágica”.
Dificilmente essas previsões deixam de acontecer, não podendo assim ser chamadas de superstições pelos que moram longe dessas terras, nas capitais e que não conhecem os mistérios, nem a inteligência dada por Deus aos seus filhos mais rudes dos sertões. Tenho minha própria experiência através da Zoomancia, técnica criada e usada por mim mesmo, como posso, então, duvidar dos “profetas das chuvas”?



                                                                                                                                  

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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

MEDICINA ALAGOANA, UM PONTO NEGATIVO

MEDICINA ALAGOANA, UM PONTO NEGATIVO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1825

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO JOSÉ LOPES. FOTO: (SANDRO LIMA).
O encerramento das atividades, dezembro passado, do Hospital Psiquiátrico José Lopes, foi um golpe violento em toda a Medicina alagoana. Segundo a reportagem de Evallin Pimentel (Tribuna Independente de 10.01.2018), teria havido mais de cem demissões, onde estavam entre cinquenta e setenta pacientes. Fala-se em falta de verbas do SUS, divergências entre sócios e mais que fizeram cerrar às portas do conceituado e tradicional lugar que adquiriu fama e respeito no Brasil inteiro. Sem entrar no mérito dos problemas e possíveis contendas, estamos lamentando apenas a supressão em nosso estado, do ponto de referência chave nesse complexo ramo da Medicina.
O Hospital Psiquiátrico José Lopes, além do prédio que faz parte do patrimônio histórico de Maceió, serviu por muitas e muitas décadas à população alagoana de pobres e ricos da capital e de todo o interior. Vários profissionais militantes do casarão do Bebedouro tornaram-se notórias figuras da Psiquiatria brasileira. É muito triste saber que perderemos esses serviços de valores inestimáveis com um final problemático que nem o Hospital e nem a clientela merecem. O que pensarão os jovens que irão estagiar na área? Parece surgir no momento um divisor importante na história da Psiquiatria alagoana dos antes e depois do José Lopes. Como será, então, daqui para frente?
Não estamos falando de um hospital qualquer, mas de um ponto único, magnânimo, respeitadíssimo e que já serviu a milhares de famílias do nosso território. Talvez se entendêssemos mais de Medicina, tivéssemos escrito um ensaio ao invés de uma crônica. Mas o Hospital Psiquiátrico tem história rica, abençoada e crescente. Deverá ser um acervo de narrativas e conhecimentos que supere em muito o imponente prédio que encanta pela beleza arquitetônica dos tempos de expansão da capital. Seja o que for que tenha acontecido, talvez seja a própria vez de reflexão profunda de donos e dirigentes para que uma luz firme e salvadora.
DEUS SALVE O REI.




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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O ARROZ NOSSO DE CADA DIA

O ARROZ NOSSO DE CADA DIA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.824

COLHENDO ARROZ. FOTO DIVULGAÇÃO.
Teve início, semana passada, a safra 2017/2018 do arroz, no perímetro irrigado do baixo São Francisco. Estar valendo o teste das 200 toneladas de sementes distribuídas pelo governo estadual através da Secretaria da Agricultura, Pesca, e Aguicultura – SEAGRI – em 2017. A colheita está acontecendo no município de Igreja Nova, capital do arroz em Alagoas. Como tudo deu favorável, aguarda-se uma produção que irá superar a média nacional de produção por hectare. A perspectiva é de uma colheita de 24 toneladas em uma área de três hectares. Esse é um projeto ligado ao rio Boacica. Segundo se comenta a produção é atribuída à qualidade das sementes e da água da irrigação, além dos tratos culturais no perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba. A média da produção nacional é de 6.100 quilos por hectare. A produção agrícola e a agropecuária são geridas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODESVASF.
O arroz, constituído por sete espécies, é uma planta da família das gramíneas e alimenta mais da metade da população humana do mundo. É a terceira maior cultura cerealífera do globo, apenas ultrapassada pelas de milho e trigo, sendo rica em hidrato do carbono. Sua cultura necessita de água em abundância e se desenvolve bem, mesmo em terreno muito inclinado, o que não é o caso de Igreja Nova com suas longas várzeas marginais ao São Francisco.
O município acima pode não contar em roteiro turístico, mas é muito visitado pelos que procuram estudar e conhecer o perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba, que se espraiam pelas terras baixas e planas. Também a vida selvagem e específica do lugar atraem pesquisadores para a área tão perto da foz do “Velho Chico”. Para quem deseja conhecer a região, pode-se chegar até ali através de Arapiraca e São Sebastião ou através de Coruripe, Penedo. 
Como a notícia da safra é muito boa, aguarda-se mais qualidade à mesa do alagoano e do Brasil. Não precisa ser chinês, para mergulhar num prato de arroz com bode assado.
Ê mundo “véi”, quanta coisa boa!
















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domingo, 14 de janeiro de 2018

PARABÉNS VIÇOSA

PARABÉNS VIÇOSA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.823

Fase final de Matadouro. Foto: (Agência Alagoas).
Parece que o governo estadual vai mesmo cumprir o que falou ano passado, sobre a decisão de construir abatedouros modernos em cidades estratégicas de Alagoas. Anunciou que iniciaria por Viçosa. Muito bem, tivemos a grata satisfação em ter lido a reportagem e as fotos de Ronaldo Lima, Agência Alagoas, que anuncia para o final de março a conclusão do referido matadouro. Vamos reproduzir de outra forma as palavras de representação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura – SEAGRI. O Matadouro Regional de Viçosa – zona da Mata Alagoana – vai atender a nove municípios do Vale do rio Paraíba do Meio, conhecido como Vale do Paraíba.
O local terá instalações e equipamentos de última geração. O matadouro que também é chamado Frigorífico terá em sua estrutura: currais, salas administrativas, vestiários, caldeiras, subestação, bloco de abate, necropsia, pocilga, lagoas de tratamento dos resíduos e depósitos para cascos e chifres. Numa área de 2.300 m2, terá ainda câmara frigorífica, boxe de atordoamento automático, bloco para abate e processamento da carne. A capacidade é para o abate de 150 animais/dia entre bovinos, suínos e caprinos. Para isso o governo estadual investiu 9,6 milhões e promete ambiente adequado de abate, higiene e condições de trabalho, além de atender todos os requisitos exigidos pela legislação federal.
Santana do Ipanema constou da lista divulgada o ano passado, cujos municípios aguardarão na fila. Contudo, naquela ocasião não foi apresentada a posição de espera de cada um. Vamos aguardar a inauguração do primeiro abatedouro decente, para saber qual será o próximo município a ser contemplado. Não podemos continuar com a carne clandestina, de reses cancerosas e outras mazelas que bandidos disfarçados de marchantes tentam vender nos açougues públicos. É o primeiro passo para sairmos da Idade Média no tema tratado acima.

Parabéns Viçosa. Quando o “bichão” estiver pronto, com certeza iremos conhecê-lo.

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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

SANTANA RECEBE FACULDADE DE MEDICINA E INAUGURA PONTES.

SANTANA RECEBE FACULDADE DE MEDICINA E
 INAUGURA PONTES
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.822

ILUSTRAÇÃO: (MENSAGEM COM AMOR).
Eu estava lendo texto de um site santanense que dizia como manchete: Santana recebe faculdade de Medicina e inaugura pontes. O texto discorria: Hoje haverá grande festa em Santana do Ipanema com a inauguração de três pontes sobre o rio periódico que banha à cidade. A primeira delas fica entre a Rua da Praia e o Conjunto Eduardo Rita, região das antigas olarias e primeira rodagem de saída para Olho d’Água das Flores. Esta é uma reivindicação antiga que vai desafogar o trânsito de Santana. Quem vier de olho d’Água das Flores, São José da Tapera, Piranhas, Carneiros e toda área ao sul da cidade, cortará caminho pela citada ponte, se for em direção a Maceió. Chegando à Rua de São Pedro, pegará o asfalto que corta antiga estrada de carro de boi, até as imediações da UNEAL, sem passar pelo centro.
A segunda ponte vai desde a Praça Senador Enéas, em pleno Comércio até o Bairro Domingos Acácio, desafogando também o trânsito pelo “Corredor do Aperto” e a antiga Ponte General Batista Tubino, no Centro.
A terceira ponte a ser inaugurada liga o Bairro São José ao Bairro Floresta, passando pela Escola Helena Braga. Esta encurtará a distância em 4 km de quem vem pelo oeste: Canapi, Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, Delmiro, Inhapi e mais, em procura do Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. O trânsito pela Avenida Castelo Branco, também evitará engarrafamento no Centro da cidade, além de encurtar a distância acima.
Além da grande festa pela inauguração das três pontes, Santana do Ipanema acaba de receber faculdade de Medicina. Os empreendimentos citados vai permitir maior expansão da urbe com muito mais segurança e desenvolvimento. Além de ter sido dado passos importantes na infraestrutura, o curso de Medicina consolidará Santana do Ipanema como um grande polo acadêmico do Nordeste.
Em seguida, o texto falava da euforia dos santanenses, rasgava elogios aos políticos e dava a programação completa.

QUANDO ACABEI A LEITURA DO SITE, ACORDEI. HAVIA SIDO UM SONHO TÃO REAL QUE FIQUEI ENCABULADO EM TER QUE REGREDIR À TRISTE REALIDADE. 

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O URSO PRETO DE SANTANA

O URSO PRETO DE SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.821

Bloco do urso em Vitória de Santo Antão. Blog do Pilako. Acervo IHG.
Os carnavais mais remotos de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, foram registrados pelo escritor santanense Oscar Silva no livro Fruta de Palma. Nomes de blocos, masculinos e femininos, cânticos e ações, surgem maravilhosamente narrados. Temos que tenham acontecidos na década de 1920. Mas o bloco carnavalesco mais antigo da minha lembrança é o bloco do urso preto. Um homem vestido de urso acorrentado e seu domador. Conjunto regional tocando (sanfona, pandeiro, zabumba) e grupo não muito grande de foliões bebendo e cantando atrás:

E como foi
E como é
O urso preto
Vem da barca de Noé...

O urso preto (Ursus americanus) é encontrado desde o Alasca ao Norte do México, alcança 2.20 m de comprimento e 1.10 m de altura com um peso até 360 kg. Mas por que foram buscar o animal da América do Norte para os nossos carnavais? Não sei. E lá vai a turma complementando a segunda estrofe:

Todo mundo já dizia
Q’uesse urso não saía
Esse urso anda na rua
Com prazer e alegria...

E repetiam infinitamente os primeiros versos.
O urso do Norte come frutos, nozes, gramíneas, raízes, seiva de árvores, peixes e pequenos mamíferos. Mas o de Santana comia ou come tira-gosto em casa de pessoas influentes e cachaça, muita cachaça. O mais famoso domador foi o dono de farmácia, Cariolando Amaral, chamado Seu Caroula), homem seríssimo com sua gravata borboleta, mas nos carnavais... O “urso” em destaque era o marginal Zé Nogueira. Existe até uma peça engraçada entre o urso, seu domador e uma dor de barriga no animal. Não foi do meu alcance a participação nos carnavais com o coronel Lucena. Depois veio o outro domador, Chico Paes com o urso seu sobrinho, mecânico Josinho, em que existe passagem mais engraçada ainda quando foliões tentaram estuprar o urso.
Depois que os carnavais sertanejos levaram um tombo, nem sei se o urso preto conseguiu sobreviver à dor de barriga e a tentativa de estupro.
Ah! Meu Sertão, meu sertãozinho!












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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

AINDA O RIO IPANEMA

AINDA O RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.820

Rio Ipanema e a eterna farra dos urubus. Foto: (AlagoasNanet - Arquivo).
Não custa nada repetir trecho de crônica do ano velho. O cidadão chamado Toinho, morador da Rua Professor Enéas, era exímio pescador de mandim a anzol. Eu diria mesmo que ele era absoluto. Descia para o Poço dos Homens, no rio Ipanema e, indiferente aos banhistas ou a outros pescadores de anzol e tarrafa, acomodava-se nas pedras do “estreitinho” (o poço era dividido em Estreitinho e Largo) onde iniciava sua tarefa. Mandim era um peixe difícil de ser fisgado a anzol, mas Toinho era especialista, atesta meu tempo de rapazote. Discretamente fazia o prato do dia, não se demorava e saía para casa. Toinho era baterista na época dos grandes bailes de Santana do Ipanema, no Tênis Clube Santanense e no clube AABB – Associação Atlética Banco do Brasil. Como o tempo muda, Toinho passou a ser consertador de máquinas simples e fogão quando passou a ser conhecido como: Toinho das Máquinas.
Pois bem, em rio com trecho urbano infernalmente poluído, mais de trinta famílias vivia (talvez ainda vivam) da pesca miúda, matadora de fome da pobreza. Foi Toinho quem descobriu que os peixes pescados por ele, estavam doentes de câncer ou coisa parecida. E indicava protuberâncias feias formadas no lombo desses animais. Abandonou de vez a pesca no rio Ipanema. Porém, todos os dias você vê pessoas pescando nos poços imundos, de anzol, de tarrafa, pequenas redes e manualmente futucando as locas. É a parte invisível do rio que as autoridades teimam em não vê.
Como despoluir o rio Ipanema? São duas as alternativas. A CASAL, responsável pelo saneamento tem obrigação de concluir os serviços de coletas de esgotos. Segunda, a prefeitura tem que fazer um projeto fazendo um levantamento de casas sem fossas em Santana. Todos os dejetos de casas sem fossas descem diretamente para o rio Ipanema ou através dos riachos Camoxinga e Salgadinho. Depois ela própria ajudar na construção de banheiros minimamente decentes. Em seguida monitorar todos os bairros, inclusive o Comércio, grande poluidor de lixo doméstico e até industrial. Somente depois de tudo isso, usar sua estrutura para limpar às margens do Panema, da Barragem à Rua da Praia. Verba federal não falta, faça e apresente o projeto.

·         O autor é Geógrafo, escritor e cidadão santanense.

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