segunda-feira, 26 de junho de 2017

FORROZINHO! FORROZINHO!



FORROZINHO! FORROZINHO!
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.689


Atirei no que vi, matei o que não vi, diz o jargão popular. Pesquisando para encerrar meu recente romance do ciclo do cangaço, fui para 1927. Deparei-me de repente com um artigo que considero histórico e sagrado para a música alagoana, nordestina e brasileira, muito embora não faça parte desse seguimento.
Foi em um texto de Renata Arruda, Agência do Governo, com o título “Choveu na Minha Roça”, acompanhado do subtítulo: “Primeiras manifestações de forró em Alagoas surgiram em 1927, diz presidente da Associação dos Forrozeiros”.
Após falar sobre a festa atualizada do período junino em Maceió, diz o texto apresentando José Lessa como presidente da Associação dos Forrozeiros, em foto, com suas declarações importantíssimas. Veja:
“Para José Lessa, presidente da Associação dos Forrozeiros, as primeiras manifestações de forró surgiram em Alagoas em 1927, com a música ‘Choveu na minha roça’, de Gerson Filho, sua primeira composição quando tinha apenas 12 anos de idade, gravada somente em 1953”.
Veja outras declarações para a história da música forró:
“Eu já ouvi diversos artistas como Joci Batista, Gennaro, Chameguinho, Benício Guimarães, Afrísio Acácio, Sandoval, entre outros, e todos concordam que Gerson Filho foi o percursor do forró como gênero musical”, afirma.
Veja mais:
“Segundo Lessa, Gerson Filho também foi o precursor da sanfona de oito baixos e o músico que introduziu o forró nas quadrilhas, uma vez que a polca, ritmo de origem alemã, era quem balançava até então as quadrilhas juninas”.
Mais:
Outros artistas alagoanos de relevância no forró foram Jararaca, Augusto Calheiros e Zé do Bambo, com a composição de rojão ‘Do Pilá’, gravada em 1938.
Mais ainda, essa maravilha:
“Alagoas é o estado que mais influenciou o forró no Brasil. São muitos os alagoanos que contribuíram com o movimento e nós temos que assumir o papel de precursores no país”, enfatizou José Lessa.
E de quebra, termina o artigo:
Ainda conforme o presidente da Associação dos Forrozeiros, a palavra forró deriva do Francês “faux-bourdon”, um tipo de composição musical que deu origem ao termo “forrobodó”, usado em alusão a baile popular, arrasta-pé, festança, bagunça, confusão, como consta no Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo.







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sábado, 24 de junho de 2017

SÃO JOÃO DIFERENTE



SÃO JOÃO DIFERENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2017
Escritor Símbolo de Santana do Ipanema
Crônica 1.688
 
(Folha Vitória).
Tantas vezes já escrevi sobre o São João que perdi a conta. Mas tenho impressão que o ápice se encontra no livro “O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema” onde descrevo com detalhes o São João da Rua Antônio Tavares onde quase nasci e fui criado. Ali tem uma rua de fogo em duas alas, desde a Cadeia Velha até chegar ao Bairro São Pedro, inclusive, com vários nomes de moradores da época e os costumes da citada rua ─ a primeira de Santana.
Mas hoje, depois de tantos e tantos anos com o clima modificado, morando em outro lugar, já não posso falar em São João com a qualidade de antes. Aconteceu muita chuva e frieza ontem à noite, não permitindo acender a madeira encharcada, em muitas residências. Na minha rua mesmo ninguém fez fogueira ficando a lenha na calçada com a chuva cortando a noite toda.
Não gosto de sair de casa em véspera de Natal e São João. Mas o não sair de casa ontem significava, agasalho, frio, confinamento. Nenhuma fogueira foi feita na minha pequenina rua e, como se diz por aqui, nem mesmo um pé de pessoa.
Algumas bombas e foguetes foram ouvidos na cidade, mas coisa sem força, assim como forró furando os ares sem lugar preciso.
O tal modernismo vai modificando tudo, mexendo até com o São João. O desmatamento proibido da caatinga reduziu enormemente o número de fogueiras que ficaram reduzidas a meia dúzia de paus. A carestia com a ambição dos que vendem fogueiras, também não permitiu acesso à compra de quem gostaria. Outro fator, sem dúvida, foi o asfaltamento em parte da cidade onde ninguém quis colocar fogo no chão.
E, finalmente, o próprio desestímulo oficial fez reduzir a festa que passou de pujante à sofrida.
Passada a véspera, o dia chegou, nublado e frio. Nem sei se vai dar para acender fogueira hoje ou se as bebidas irão continuar sem manuseio. Afinal, isso aqui não Caruaru e nem Campina Grande.
Garganta fraca não pode gritar: Viva São João!





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quarta-feira, 21 de junho de 2017

FRIO DE MATAR SAPO



FRIO DE MATAR SAPO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.687


Quando as três forças volantes alagoanas, unidas, foram ao último reduto de Lampião, era a noite do dia 27 de julho de 1938. Chovia muito quando os soldados desceram o rio em três canoas improvisadas em ajoujo. Sobre o tempo da madrugada do dia seguinte, os soldados contaram depois: “frio de matar sapo”.
Essa era a nossa típica fase chuvosa outono/inverno a quem o sertanejo sempre denominou de inverno. Estamos falando naturalmente do estado de Alagoas, cujos meses da fase apresentavam-se assim: maio com pouca chuva, quase nada; junho, com pouca chuva em cujos dias das fogueiras costumava cair uma garoa sobre elas; julho, toda a carga de chuva do período, inclusive com o frio de matar sapo ─ Lembra-nos até à moda do casaco “japona” para aguentar o frio das festas de Senhora Santana ─ agosto, mês que chovia até o dia quinze e com tanto frio que matava até os feijoeiros e produzia lagartas. A frieza era, portanto, maior do que a de julho.
Do final do século passado para cá, muita coisa mudou no clima alagoano. As regras foram quebradas não permitindo mais a rotina invernosa, talvez, multicentenária.
Estamos ainda no mês de junho. Você viu acima, caro leitor, que era apenas chuva pouca, acompanhada das garoas sobre as fogueiras dos dias de Santo Antônio, São João e São Pedro. Agora não. Já choveu tanto neste mês aqui pelo sertão que equivale ao antigo mês de julho completo. A água chega dos céus dias e noites seguidas permitindo à frase das volantes de 1938: “frio de matar sapo”.
Os homens da Meteorologia local continuam errando e acertando; certeza mesmo que é bom, através das avançadas tecnologias, ainda não garante totalmente as informações. Assim vamos dando crédito ao passado na floração do mandacaru, na movimentação das formigas, na construção da casa do joão-de-barro e mesmo nas águas que chegam pelo rio Ipanema.
E se é que endoidemos nós, já endoidaram o tempo.
Como será a noite de São João, não sabemos ainda, mas que importância isso tem mais do que um delicioso pratarraz de canjica!.




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terça-feira, 20 de junho de 2017

O BUTANTÃ SERTANEJO



O BUTANTÃ SERTANEJO
Clerisvaldo B. Chagas, 20de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.686

Trecho de “O Curador de Cobras”, Oscar Silva:
“São mesmo incontáveis os inimigos do sertanejo. Não é somente a seca o destruidor de suas energias. As epidemias, especialmente a varíola, fazem, de quando em vez, uma visita ao sertão e levam boas parcelas dessas energias; o banditismo, em suas diversas modalidades, arrasta consigo outra boa porção; a tamearana e os sáurios roubam também o seu quinhãozinho; aos maus governos toca a parte do leão ─ e o sertanejo abandonado fica apenas com a coragem de continuar lutando ou emigrar para o sul do País.
Como ocorre com o homem, o sáurio sertanejo parece mais faminto que os de outras regiões. Quando o sol permite, a lagarta ataca a lavoura com tamanha sofreguidão, que, em continuando a falta de chuvas, basta uma quinzena para que ela arrase tudo o que o homem levou dias e dias a plantar e cultivar. A obra sertaneja é de uma coloração magnífica: o lombo malhado da cascavel, as cintas vermelhas da coral e o papo amarelo da surucucu brilham com a intensidade à luz daquele sol cremador de caatingas. Esses belos ofídios não poupam, entretanto, uma só vez, um bode sequer de todos os que lhes passem ao alcance do certeiro bote ─ mordem, pelo instinto de morder; matam, pelo prazer de matar; ferem e abandonam a presa, certos de que esta se tornou agora um caso perdido. E o homem vai depois juntando os ossos ─ ossos de animais caídos pela sede ou pela fome e ossos de outros, cujo casco larga das patas à força da peçonha da cascavel, da papa-ovo ou da jararaca-vinte-e-quatro-horas.
Dos Butantãs o sertanejo raramente tem notícias. Completamente esquecido, desconfiados de todas as fachadas ilusórias, volta-se constantemente para os velhos processos e recorre à magia das curas: manda curar os animais que já foram mordidos e não morreram, curam os que nunca foram mordidos e, por fim, pede para ele próprio um habeas-corpus ao curador”.
·         SILVA, Oscar. Fruta de Palma. Educativa, Paraná, 1990. 2 ed. Pag.72.

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segunda-feira, 19 de junho de 2017

ATRAÇÕES NO MAR



ATRAÇÕES NO MAR
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.685
 
Falésia na praia do Gunga, Alagoas. (Imagem gov.)
E falando sobre o relevo submarino ele apresenta algumas regiões com sua profundidade e suas formas. Ramos da Geografia e ciências afins desvendam, aprofundam e esclarece os mistérios oceânicos. Aqui apenas limitamos o conhecimento mais simples, como uma puxada sem muito compromisso da terra para as águas.
E se os oceanos não nos despertam grandes interesses, mas pelo menos o seu encontro com a terra sempre foi um atrativo para todos.
Assim temos a plataforma continental que se estende pela orla marítima chegando a atingir duzentos metros de profundidade. Essa parte recebe sedimentos dos rios retirados dos continentes, inclusive alimentação para os peixes. Sofre as ações de geleiras, ventos, enxurradas e correntes marinhas. A maior parte da riqueza oceânica se encontra na plataforma continental como os animais aquáticos e o petróleo, por exemplo.
O talude continental vem logo após a plataforma, sendo uma região com grande declividade que pode chegar a três mil metros de profundidade.
A região pelágica é correspondente aos fundos dos oceanos podendo atingir até os cinco mil metros em sua fundura.
Considerando ainda a região abissal, pode se dizer que aí estão as maiores profundidades das águas marítimas. A região é formada pelas chamadas fossas submarinas com mais de cinco mil metros de profundidade, podendo chegar aos onze mil metros. Os estudos dizem que nessa região existem poucos seres vivos devido à baixa temperatura e também a falta de nutrientes.
Os pesquisadores apontam como o lugar mais profundo dos oceanos, a depressão Challenger pertencente à Fossa das Marianas, lado leste das Filipinas.
Como a riqueza do mar se concentra na plataforma continental, todos os países que têm condições de proteger seu mar da pirataria de outros países, reivindicam maior área na plataforma para proteger essas riquezas.
A Oceanografia (ciência do mar) fornece inúmeras respostas a quem deseja se aprofundar no assunto.

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