segunda-feira, 31 de julho de 2023


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NÃO CORRA SEM VÊ O BICHO

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.937

 



Bem dizia a grande líder comunitária, dona Joaninha: “Não corra sem vê o bicho”, pois foi assim que fomos para uma entrevista com um deles. O coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão (coronel Lucena) era o homem mais temido do Sertão Alagoano. Comandante do Batalhão de Polícia, cujas volantes deram fim a Lampião e Maria Bonita. Lucena fora o primeiro prefeito de Santana do Ipanema, eleito pelo voto direto, na Era Vargas. E no dia da Eleição, o comerciante Manoel Celestino das Chagas, meu pai, fora convocado como presidente dos mesários de uma daquelas sessões. Por coincidência, era eleitor naquele salão o tão famigerado coronel Lucena. Tudo normal se não fora o esquecimento dos documentos de votação por parte do comandante.

E na hora do registro de comparecimento às urnas, “Seu Manezinho”, não pestanejou diante da fama de valentia de Lucena e falou: “coronel, para o senhor assinar, estar faltando o documento”. Lucena – um trovão para muitos – educadamente exclamou: “Eita! Você tem razão. Esqueci, vou buscar”. E assim procedeu sem causar nenhum transtorno. E com o resultado do pleito, o coronel exerceu a função de prefeito de Santana do Ipanema. O homem de bem é manso, anda com a verdade e o destemor. O homem sábio pode ser pacato, pode ser valente, a sabedoria não o deixa de acompanhar.

Os tempos de dirigentes nomeados, governadores e prefeitos, foram de uma época conturbada de exceção. Para um ditador entrar é ligeiro, para sair dar trabalho, igualmente a uma doença difícil de se curar. Imaginamos que os problemas com dirigentes nomeados, os prefeitos com várias denominações, aconteceram em todo o país. Em Santana, o governador nomeado, nomeava também o prefeito. Alguns desses indicados não conseguiam chegar ao fim do tempo de nomeação. Muitos não passavam de 24 horas, outros não ultrapassavam a um mês. Uns não tinham competência, outros desagradavam gente de prestígio político e outros ainda eram acusados de roubo. O negócio só foi tomar rumo novo, após as eleições livres com a despedida da ditadura maior. Mesmo assim, muitos vícios ainda deram trabalho no início da democracia. A ambição de poder e do poder continua destruindo almas que se regozijam na terra e se perdem no espaço.

CORONEL LUCENA, (LIVRO LAMPIÃO EM ALAGOAS).


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domingo, 30 de julho de 2023

 

INHAPI

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.936

 



Inhapi, é um município alagoano, situada no maciço de Mata Grande e dela emancipado. Estar situado numa média de 400 metros de altitude e seu título possui origem indígena tupi: “buraco na pedra”, referência aos lajeados côncavos que acumulavam água da chuva. Sua sede é progressista, mesmo sendo muito nova e sem indústrias de porte, tem mais de 18.000 habitantes, o que ultrapassa muitas cidades sertanejas famosas mais que não passam de 10.000 mil pessoas. Inhapi vive da agropecuária e do comércio urbano e seus munícipes são denominados “inhapienses”. Possui um relevo plano e de ladeiras suaves, sendo atualmente uma cidade bastante visitada que não fica de fora para os que querem conhecer os municípios alagoanos do extremo oeste.

Festas e mais festas acontecem em Inhapi. Uma delas é a da Emancipação que acontece na data de 22. 08. A Festa dos Reis no dia 6 de janeiro é um grande atrativo, mas a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário, celebrada em 7 de outubro dia da Santa, atrai toda a vizinhança e faz o povo inhapienses vibrar muito durante os seus festejos. Existem outras festas que adquiriram fama e já se tornaram pontos de encontros dos sertanejos do Alto e Médio Sertão. Todo ano tem o encontro dos Carreiros fazendo com que toda a região participe com seus carros de boi, de Carneiro, de bode, carroceiros e cavaleiros.  A culinária sertaneja de Inhapi e a sua paisagem campesina, alimentam o turista de novidades, gosto pela terra e vontade de voltar continuadamente.

Com Alagoas total asfaltada, fica fácil chegar até Inhapi saindo da capital Maceió e percorrendo uma distância de 271 Km pela BR-316, passando por Santana do Ipanema. Vindo pela dorsal AL-220, serão percorridos 298 Km, pelo Agreste de Arapiraca, Bacia Leiteira, Olho d’Água do Casado, etc.  O presente é que as cidades sertanejas não estão tão distantes uma das outras, permitindo se conhecer várias delas com um só destino. Em todos os lugares, atualmente, proliferam as pousadas, que são hospedagens mais simples, econômicas e objetivas onde o turista fica completamente à vontade. Em Inhapi não deve ser diferente.

Diga: “vamos ao Sertão de Inhapi”, e venha mesmo conhecer o buraco na pedra.

INHAPI (FOTO: PORTAL FÉRIAS)

 

 

 


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terça-feira, 25 de julho de 2023

 

FARMÁCIA IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.935

 



A busca por ervas curativas sempre foi prestigiada por aqueles que precisavam de saúde.  Os nossos antepassados, não tendo médico na redondeza, apelavam para alguns conhecimentos dos donos de antigas farmácias chamadas boticas, era o boticário. Mesmo na época do boticário e antes disso, o sertanejo doente se fazia na reza e no mato. E quando falamos em mato, era a raiz, as folhas, as cascas, as flores e os frutos que curavam todos os tipos de mazelas. Porém, como ainda hoje, essa farmácia natural depende muito ainda dos conhecimentos do homem rural, cuja faina diária o torna um especialista no ramo, fica difícil. Muitos desses medicamentos milagrosos, como os antigos, ainda os encontramos no leito seco do rio Ipanema. Remédio para tosse, lombrigas, diabetes, pancadas, afinar o sangue, pedra na vesícula, aborto, menstruação, dor de cabeça e tantas outras mazelas que afligem o sertanejo.

Raramente um tipo de erva do leito seco do rio Ipanema e árvores encontradas, não são medicinais. Numa passada recente num determinado trecho do rio vimos carrapateira (mamona) Muçambê, urtiga, unha-de-gato, cardinho, vassourinha, quebra-pedra, capim-santo e tantas e tantas outras espécies. Mas como era bom andar nas trilhas com o garrafeiro (raizeiro) saudoso Ferreirinha que conhecia a serventia do mato como a palma da mão. A falta de médico até mais da metade do Século XX, fez criar fama raizeiros, parteiras e rezadores. Embora esses profissionais tornem-se cada vez mais raros, nunca deixaram de existir

Para quem quer fazer um balanço entre o passado sertanejo e o presente, pode sim, notar uma diferença até gigantesca, porém, a carência médica continua, independente de SUS, de hospitais, de clínicas particulares... Assim o homem do campo e da periferia ainda grita para a mulher: “Maria, vai ali no mato e me traga olhos de velame para afinar o sangue. Aproveite e pegue raiz de urtiga para fazer chá... “.

É verdade que a Educação teve uma melhora e tanta em todas as regiões sertanejas, embora o ideal ainda precise ser conquistado, mas na saúde ainda falta tanta coisa que uma relação bem feita iria hoje parecer sonho impossível.

É por isso que o leito seco do rio Ipanema continua sendo um celeiro de medicamentos.

LEITO SECO DO RIO IPANEMA FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 

 


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segunda-feira, 24 de julho de 2023

 

CARRO VOADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.934

 



Quando eu era rapazinho, um cidadão de fora colocou uma casa de aluguel de bicicletas que funcionava no “prédio do meio da rua”. Ah! Isso era uma grande novidade para a juventude que não tinha acesso à compra de uma bicicleta nova e, nem sequer havia lugar de venda na cidade. Andar de bicicleta era coisa rara e quase fantástica, assim como muitos e muitos anos depois, a irmã holandesa Letícia usava esse veículo para se deslocar ao trabalho. Com o hábito de freira sem nada atrapalhar, a irmã passeava de bicicleta com a maior desenvoltura chamando atenção de todos os santanenses. Costume da Holanda posto em prática por aqui, cuja população jamais vira uma freira naquelas condições. Os hábitos da irmã surpreendiam até na hora de tomar um cafezinho sem açúcar.

Mas voltando ao aluguel das bicicletas, pouco tempo depois, o cidadão daqueles serviços deixou o “prédio do meio da rua” e mudou-se para um compartimento à Rua Coronel Lucena, defronte ao chamado Beco de seu Abdon. Era uma beleza! O preço do aluguel por uma hora era bastante razoável e cabia no bolso da meninada sequiosa por algo novo em suas diversões, além dos jogos de ximbras, pinhões, bola, gangorra, e banhos no rio Ipanema. Além do aluguel barato, o dono do negócio era muito paciente e tranquilo, coisa que transmitia segurança. Era ele mesmo quem consertava e ajustava as peças do veículo de duas rodas. Lembranças vêm de um dos dentes da corrente que penetrou no meu dedão do pé e deu um trabalho danado para sair.

Diante do anúncio nacional em que a Embraer via iniciar sua fabricação de carro voador, em São Paulo, fizemos uma comparação dos anos 60, no caso dos veículos. E lá atrás cada carro diferente comprado por alguém da cidade, era notado de pronto nessa urbe cujo tempo passava devagar. O carro de boi continuava em evidência, o cavalo esquipador, o carro lustroso de praça, ou a sopa que fazia o trajeto interior – capital. Até mesmo o famigerado “Zepelim” – balão dirigível em forma de charuto – foi sucesso absoluto por aqui. Tudo isso sem contar com a correria de adultos e adolescentes para contemplarem de perto os aviões tipos teco-teco que aterrissavam no campo de aviação a 3 km do centro da cidade. Será que a EMBRAER vai colocar em Santana do Ipanema, uma CASA DE ALUGUEL DE CARRO VOADOR?

 

AVIÃO TIPO TECO-TECO.

 


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domingo, 23 de julho de 2023

 

OURO BRANCO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.933

 



Ouro Branco faz parte do Alto Sertão de Alagoas, cuja cidade mais próxima é Maravilha e no mesmo roteiro. Como lugarejo era chamado de Olho d’Água do Chicão ou simplesmente Chicão. Chicão progrediu com suas terras de areia branca, enfrentou a diversidade do clima, virou povoado. O povoado evoluiu e se emancipou de Santana do Ipanema, no dia 21 de junho de 1962. Ouro Branco está situado a 380 metros de altitude e faz divisa com Canapi, Maravilha e Pernambuco. Sua distância à capital corresponde a 241 km e tem acesso a partir da BR-316. Seus habitantes são chamados de ouro-branquenses e, o título da cidade, após Olho d’Água do Chicão, (povoado) passou a ser Ouro Branco devido a sua produção de algodão, plantações bem adaptadas às suas terras brancas de sílicas. Possui uma população um pouco mais de 11.000 habitantes.

O padroeiro de Ouro Branco é Santo Antônio, celebrado no dia 13 de junho, em torno da praça Siloé Tavares e na Igreja Matriz. Apesar do clima rigoroso do semiárido e Alto Sertão, a cidade mostra-se progressista, aproveitando sabiamente a sua topografia plana que se estende muito além do perímetro urbano. Sua redondeza acha-se bastante habitada com chácaras e fazenda, notadamente em direção a Pernambuco. O município é cortado pelo riacho Capiazinho, afluente do rio Capiá, o mais importante do Alto Sertão. Ouro Branco cria gado bovino, ovino e caprino e produz feijão, milho e ainda insiste no produto que lhe deu o nome. Sua culinária é típica do Alto Sertão e o turismo se deleita com o aspecto de planura branca e lajeado que a cerca. Podemos afirmar que é uma bela cidade.

Quando ainda era Chicão e Olho d’Água do Chicão, o lugar era frequentado por Virgulino Ferreira (antes de ser o Lampião), mas atuando no bando dos Porcino. Gostava de demorar por ali. Inclusive, houve tiroteio entre uma volante de voluntários de Santana do Ipanema com o bando dos Porcino naquele lugar (Lampião em Alagoas). Estando em Santana do Ipanema e querendo chegar até Águas Belas (PE), tanto você ir “por dentro” (atalho por estrada de terra) ou indo por Maravilha, Ouro Branco, por asfalto, e aí, na saída da cidade ouro-branquense, conectar-se à rodovia que leva a Garanhuns. É muito prazeroso rodar pelo sertão de Ouro Branco, tanto no inverno quanto no verão porque a paisagem verde ou crestada tem suas particularidades brilhantes e imorredouras.

O ouro é realmente branco.

MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO, EM OURO BRANCO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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quinta-feira, 20 de julho de 2023

 

O LEITE DE CADA DIA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de julho de 2023

Escritor símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.932

 

Sim, é um altíssimo privilégio em um município pertencer a Bacia Leiteira de Alagoas. Sabemos, é óbvio, que o critério de um município para pertencer a chamada Bacia Leiteira de Alagoas, é produzir leite, isso todo mundo sabe.  Mas, levando-se em conta que todos os municípios do Agreste e Sertão de Alagoas se cria gado junto à lavoura, todos, então deveriam estar incluídos na Bacia. Todo proprietário rural é agropecuarista. Lógico que a quantidade de vacas leiteiras depende da quantidade de terras e do poder aquisitivo. Mas todos têm a vaca leiteira no seu espaço. Não encontramos uma fonte que explicasse o porquê do seu município fazer parte desse privilégio. Consultando duas fontes distintas, fomos encontrar uma Bacia Leiteira com 11 municípios e 2.782,9 Km2.

Anotamos os municípios de Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Izidoro, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Palestina e Pão de Açúcar. Porém, na segunda fonte, o número de municípios salta para 16 e amplia a área para 5.053 Km2. Acrescente-se Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Igaci, Olivença e Palmeira dos Índios. No primeiro caso temos somente municípios sertanejos. No segundo caso, parte do Agreste faz parte com Estrela de Alagoas, Igaci e Palmeira dos Índios. Dois Riachos e Olivença são município do Sertão. Bem, pode ser que seja uma Bacia Leiteira atualizada.  Mas isso fica para uma terceira e definitiva pesquisa. Leite tem uso estadual e para exportação.

A Bacia Leiteira de Alagoas é a maior do Nordeste. O estado é o maior produtor de leite dos estados nordestinos. Isso quer dizer que não é possível faltar leite a uma criança no estado de Alagoas e, se faltar será motivo de descaso público. Além dos empregados de qualquer uma das fábricas de leite, ainda temos os que trabalham com o gado leiteiro, o corpo técnico dos rebanhos, os transportadores do produto das fazendas para a recepção e os transportadores do leite industrializado para outros centros. O que importa mesmo além do desenvolvimento, é o emprego com origem no campo que acalma e dignifica milhares de pessoas, pais e mães de família que louvam a atividade e o pão de cada dia.

O tema ainda merece ser estudado e visto de CARA NOVA.

VACA GIR LEITEIRA (FOTO: PINTEREST).

 

 

 


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quarta-feira, 19 de julho de 2023

 

PASSANDO O MÊS

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.931



 

Após uma semana de trégua, as chuvas voltaram a cair em Santana do Ipanema. Um solzinho para tirar o mofo das coisas e de nós, uma semana de varal lotado, sem frio excessivo e Sol moderação. É certo, porém que as chuvas que caem em nossa terra desde o mês de maio, são suaves, serenas, pingadeiras e pouco apressadas. Mas hoje, dia 19, o céu amanheceu completamente cor de marfim com a chuva moderada voltando à cena. O Sol luta para atravessar as névoas e, provavelmente, teremos novo dia ensolarado, mas a partir das 9 ou 10 horas do primeiro turno. Ainda bem que a procissão dos carreiros, domingo passado, abriu os festejos à Senhora Santana no estio de parada estratégica dos céus. Muito bom o tempo.

Bem diz o sertanejo: “Mês miou (meou) mês findou”. E vamos contemplando essa segunda quinzena do mês mais tradicionalmente, chovedor no Sertão de Alagoas; esse ano, porém, como já foi dito acima. Assim a festa à Padroeira vai acontecendo todas as noites, com os eventos religiosos celebrados por padres diferentes, convidados especiais para as pregações. E até agora os profetas das chuvas vão acertando 100% nas suas previsões: bom inverno, mas com pouca chuva por aqui. Ainda temos esse restante de mês com eventos internacionais que nos interessam de perto como a Seleção Brasileira de Futebol Feminino, a expectativa da Bienal Internacional, em Maceió e os encontros de turistas e estudiosos do cangaço, em Piranhas e visitas a Angico, em Sergipe, pelo aniversário de morte de Lampião e Maria Bonita. Um mês cheio de eventos... Porém, nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio.

Particularmente temos agendas para os lançamentos de livros do escritor e jornalista Fernando Valões, entrevista na Rádio Cidade e pente fino no tema que será discutido em Maceió na Bienal. Provavelmente não teremos crônicas entre a próxima terça e a sexta-feira, nas arrumações para essas agendas. Segunda-feira, traremos a cidade de Ouro Branco como sequência de um município sertanejo por semana em nossos trabalhos. Vamos curiando esse tempo do mês de julho, talvez o mais aguardado do ano que é ele o maestro inquestionável do nosso calendário.

AMANHECER EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).


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terça-feira, 18 de julho de 2023

 

SENHORA SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.930




 

Teve início a abertura da tradicional Festa de Senhora Santana, padroeira do município de Santana do Ipanema. O Evento se deu no domingo passado pela manhã, quando a tão aguardada procissão de carros de boi, deixou o Parque de Exposição Izaías Vieira Rego, em direção ao centro da cidade. A procissão dos carreiros percorreu 3 km pela rodovia AL 130, desde o Parque de Exposição até o centro da urbe, liderada pelo padre da paróquia, Jacyel Soares Maciel com a imagem de Senhora Santana e São Joaquim. Os carreiros assistiram à Santa Missa no Parque e, na cidade receberam a aspersão de água Benta. Muitos santanenses estiveram ao longo da rodovia na entrada da cidade para registrar o acontecimento.

Com 749 carros de bois, além de homens e mulheres a cavalo, desta feita o número de carros de boi foi muito reduzido, pois de outras vezes chegara quase aos 2.000 veículos. Prosseguem os festejos até o próximo dia 26 com encerramento de procissão e descerramento da bandeira da festa. Veja o resumo da programação:

1ª Noite – 17/07 (Segunda-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Cristovam Oliveira da Silva Júnior 

 

2ª Noite – 18/07 (Terça-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Dom Manoel de Oliveira Soares Filho 

 

3ª Noite 19/07 (Quarta-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Clarindo Lopes da Costa

 

4ª Noite – 20/07 (Quinta-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Humberto da Silva

 

5ª Noite – 21/07 (Sexta-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Roberto Benvindo dos Santos 

 

6ª Noite – 22/07 (Sábado)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

 

7ª Noite – 23/07 (Domingo)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Aderval Rodrigues Ferreira 

 

8ª Noite – 24/07 (Segunda-Feira)

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Tácito José Alencar Souza 

 

9ª Noite – 25/07 (Terça-Feira)

15h00min – Leilão no Parque de Exposição Isaías Vieira Rêgo

19h00min – Novena

19h30min – Santa Missa

 

Solenidade de São Joaquim e Sant’Ana –

26/07 (Quarta-Feira)

 09h30min – Santa Missa

Pregador: Pe. Adauto Alves Vieira

Coral: Senhora Sant’Ana

 

15h00min – Santa Missa

Pregador: Pe. José Paulo Rosendo da Costa

Coral: Filhos da Imaculada

16h00min – Procissão com as imagens de São Joaquim e Sant’Ana

Bênção do Santíssimo Sacramento e descerramento da bandeira

 

PROCISSÃO DOS CARREIROS NA AL-130 (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES/ARQUIVO B.CHAGAS).


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segunda-feira, 17 de julho de 2023

 

BATALHA – PARABÉNS ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.929

 



 

Nesse momento em que o Brasil está se preocupando com o leite importado, Alagoas consegue uma magnífica vitória no Sertão. Trata-se da fábrica de leite em pó implantada na cidade de Batalha que já começa a produzir os frutos de coragem do empreendimento. Com a tristeza prolongada da CILA, da CAMIL e da CAMILA, sucessivamente, parecia não haver mais esperanças para a Bacia Leiteira, e logo agora quando o Canal do Sertão está bem pertinho do núcleo da bacia! Foi anunciada há pouco a fábrica de leite em pó que funcionará em Batalha e já existe o anuncio que nesses quinze dias se dará a inauguração. A fábrica de leite em pó de Batalha, afirmam seus idealizadores, será a maior do Norte e Nordeste e congregará cerca de 5.000 produtores de leite no sistema cooperado.

A Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), prepara leite em pó na UBL de Batalha, cujos objetivos é produzir leite em pó, soro lácteo, leite condensado, doce gourmet, soro em pó, composto lácteo, etc., fazendo com que a CPLA seja destaque no Brasil. Foram investidos 35 milhões de reais e a visão sobre os cooperados é passar de 2.000 para 5.000 mil, com uma captação de 400 mil litros de leite/dia. São 200 funcionários trabalhando nos três turnos. Por tudo isso que foi divulgado nos principais meios de comunicação do estado, faz com que o alagoano confie na força e na capacidade de Alagoas, notadamente com empreendimento desse porte e no Médio Sertão do qual fazemos parte.

Isso nos faz lembrar quando fazíamos com que os nossos alunos (Geografia) trouxessem embalagens de produtos industrializados os mais diversos, para separá-los por estados e saber quais eram as maiores potências industriais entre eles. E nos lembra ainda das vibrações nossas quando formávamos um montinho de produtos industrializados de Alagoas, mesmo sendo pequeno nos fazia vibrar de orgulho. E como já foi dito, é grande a cadeia do leite e que estará sempre em expansão até mesmo fora dessa cadeia com novos empreendimentos que se complementam satisfatoriamente.

De Alagoas para o mundo! Aplausos! Só Aplausos.

ALDEMAR MONTEIRO, PRESIDENTE DA COOPERATIVA (ASSESSORIA)

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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domingo, 16 de julho de 2023

 

PARICONHA

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.928



 

Pariconha é uma cidade montanhosa do semiárido alagoano. Fica nos confins do estado e também faz divisa com Pernambuco. Podemos dizer que o município é muito novo ainda, emancipado de Água Branca em 5/10/1989. Com um pouco mais de 10.000 habitantes, localiza-se a 360 metros de altitude, no Maciço de Mata Grande. Da capital a Pariconha existe uma separação de 306 quilômetros, que podem ser vencidos tantos pela BR-316, via Santana do Ipanema, quanto pela dorsal do estado, via Arapiraca (sendo duplicada). O seu nome tem origem num ouricurizeiro, cujo fruto possuía duas conhas (polpas). Daí o nome evoluiu para Pariconha e tem o gentílico de pariconhenses.

É certo que a cidade é pequena e muito nova, mas procura modernizar-se, coisa que fez com a igreja local que é muita bonita. O município, devido ao clima semiárido mais forte dos extremos do estado, destaca-se com as lavouras tradicionais da região e a criação de gado miúdo, ou seja, caprino e ovino, mais resistentes ao clima. Seus festejos mais em destaques são a festa da Emancipação e as homenagens ao padroeiro, Sagrado Coração de Jesus. Pariconha, como antigo povoado, já sofreu ataques, pelo menos três, de Virgulino Ferreira, antes de se tornar Lampião e pertencente ao grupo dos Porcino (Lampião em Alagoas). Houve episódios dramáticos, cujo delegado da época foi muito maltratado. Em busca de pesquisas cangaceiras, essa região montanhosa é rica em narrativas e abrange todas as cidades do Maciço.

Pariconha limita-se ao Norte com Tacaratu (PE), ao Sul com Delmiro Gouveia, a Oeste com Água Branca e a Oeste com Jatobá (PE). Isso supõe um intenso intercâmbio entre essas cidades do extremo Oeste do estado, mas tendo como ponto de convergência a cidade de Delmiro Gouveia, a maior do Alto Sertão. Ao conhecermos a região serrana, ficaremos no mínimo, impressionados com as paisagens de altitude. Inclusive, o pico mais alto de Alagoas está por ali em território de Mata Grande: é a serra da Onça com 1.016 metros de altitude, isto é, tudo nas vizinhanças de Pariconha. É sempre bom visitarmos regiões de altitudes, onde iremos encontrar hábitos diferentes, belas paisagens e não raras vezes, animais e vegetais, com características próprias do nicho.

Pariconha lhe aguarda.

PARICONHA (DIVULGAÇÃO).


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quinta-feira, 13 de julho de 2023

 

ZUMBI NO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.927

 



Eu ainda não havia ingressado no Ginásio Santana, quando alunos daquele Estabelecimento de Ensino, aproveitaram uma aula de história e montaram uma peça teatral sobre o herói negro Zumbi dos Palmares. Deve ter sido um grande sucesso, mas eu não me encontrava presente. Contudo, vi quando desceu do Ginásio aquela turma de estudantes pretos de carvão em direção ao banho noturno no rio Ipanema. O aluno Marcos, que fazia o papel de Zumbi, era muito alto, trabalhava nos Correios e, parecia ainda comandar os comaradas fora do palco. Desceram pela rua que antecede o Bairro São Pedro, onde havia a bodega de “Seu Carrito”, e foram para os poços e cacimbas limpar a cara do pretume. Nossa! Até à noite o Ipanema estava à disposição de quem dele precisava.

 

Quando as lavadeiras do rio Ipanema denunciaram na delegacia que os machos estavam tomando banho nus no poço dos Homens, o delegado civil José Ricardo, proibiu a prática no poço. Os gaiatos da cidade, todos “filhos de papai”, vestiram-se com terno e gravata e desceram para o poço dos Homens, conclamando a população para os acompanharem ao banho. Não vi o movimento, mas sim a notícia. O certo é que os rapazes mergulharam no poço dos Homens de terno e gravata, sim. A repercussão humorística ganhou todos os quadrantes de Santana do Ipanema e não faltavam risos frouxos na urbe. Foi terrível para o delegado. Não houve, porém, nenhuma consequência danosa a qualquer das três partes envolvidas. Somente comédia.  Muita comédia!

 

Tudo já foi contado por aqui. O Ipanema sempre abraçando e sendo o ponto de diversão santanense. Foi por isso que o famoso e boêmio sapateiro “Tarde Fria”, correu da polícia, por isso ou por aquilo, sendo perseguido de perto pelos policiais. Tempo de inverno, Panema cheio, e a polícia pega-não-pega “Tarde Fria”.  O sapateiro aprumou pelo Beco São Sebastião e foi bater nas pedras lisas do poço dos Homens. Dali pulou com terno e tudo e a polícia esbarrou na água. Na outra margem, surgiu o boêmio todo molhado e deixando a água escorrer tenho abaixo. Acenou para os soldados e saiu cantando para os lados onde morava: “Tarde Fria, sinto frio na alma, só você vem e me acalma...”.

Ah! Nunca é demais falar no rio Ipanema.

RIO IPANEMA (FOTO: SÉRGIO CAMPOS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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quarta-feira, 12 de julho de 2023

 

SISAL – AGAVE

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.926

 



Agave é um gênero de planta da subfamília Agavoideae, originária do México, Estado Unidos, América Central e América do Sul. Aqui no Brasil, tem a Paraíba e a Bahia, como grandes produtores. É planta, sim de região seca, fibrosa que nasce em touceira arredondada, folhas duras e longas com espinhos fortes na pontas. Aqui no sertão de Alagoas, chamamos o Sisal de Agave e. se tem alguma diferença nunca notamos nada. Nem todos os lugares do nosso sertão produzem agave. É uma planta que serve para fazer barbante, corda, tapete, sacos e artesanato. Uma extensa plantação visa vender o produto para se fazer cordas, principalmente em épocas que ainda não havia a corda sintética. Dizem que o México faz tequila com o agave, mas nunca vimos falar nessa invenção em nossas plagas.

O município de Senador Rui Palmeira, quando ainda estava em formação, se chamava “Usina”, istó é, local de fazer corda, usina de fazer corda e cordão. A agave tem a vantagem de ser plantada em larga escala, enquanto outras plantas contribuem mais como espécies nativas coletoras.  Somente conheci em Santana do Ipanema, uma fabriqueta de corda a céu aberto, muito rudimentar e que se localizava no Bairro Floresta, margem do Ipanema. Mas ao mesmo tempo em que falo sobre esse tema, recordo da minha própria pessoa, montado numa cangalha de jegue, repleto de produtos da roça em caçuás e trilhando pelos caminhos de barro vermelho do roçado; tudo isso no sopé da serra Aguda. Sim, lembro que o tangedor do animal se chamava Cololô, filho de Sérgio, nosso caseiro.

E como já foi dito aqui sobre várias indústrias insipientes de nossa terra e do sertão inteiro, os proprietários dependiam unicamente da própria sorte. Nada de incentivo do poder público e, se havia algum incentivo de determinado “coronel” era para tomar-lhes o pouco que possuíam. Vez em quando precisamos de uma corda para colocar no punho da rede, um rolo de barbante... Mas que pena, estarmos comprando produtos de outros estados e de outras Regiões Geográficas, porque nunca houve a valorização pelo que é nosso. Já se fala (pesquisadores brasileiros) em novos e surpreendentes produtos feitos com a agave.

E agora José?

Morrer na faca cega.

PLANTAÇÃO DE SISAL – AGAVE (ROBSON DE ANDRADE SANTOS – WELLINGTON BRANDÃO).

 

 


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terça-feira, 11 de julho de 2023

 

ARTESÃO SELEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.925



 

Se um artesão já é uma pessoa inspirada e habilidosa, imaginem um artesão seleiro! É que um sela para chegar à vitrina, passa por várias etapas que impressionam em cada detalhe. E ao terminar o fabrico de uma sela, simples ou de alto luxo, podemos dizer sem errar que estamos diante de uma verdadeira obra-de-arte. Existem inúmeros especialista espalhados por todo o território nacional, nodadamente, em regiões onde o cavaleiro é um destaque nato. E nesse trabalho dos profissionais do couro, especialmente o seleiro, existem pequenas máquina que ajudam aqui ou ali, mas estamos mais focados no seleiro do sertão nordestino, aquele que confecciona à mão todo o seu trabalho.

Tivemos grandes artesãos do couro, em Santana do panema, como Mestre Alexandre, Gervásio e Nestor Noia, mas não podemos afirmar que eles fossem seleiros. Aliás, pegamos a imagem de Nestor Noia, do nosso tempo e, por ter sido um tipo marcante, demos a ele outro nome e o fizemos motorista de caminhão de couros e peles, no romance “Fazenda Lajeado”, (ainda inédito). Interessante na arte, são os nomes das inúmeras peças que compõem uma sela como: assento, estribo, suador, pito, barrigueira, paralama, virola, aba traseira, margarida, aba do suador, cabeça, garganta, argola dianteira, argola traseira, aba de assento e correia de paralama... Não iremos detalhar a função de cada peça que podem ter denominações diferentes nos vários tipos de selas e em outras regiões do país.

Uma sela tem validade pelo menos de uns quinze anos, dependendo também do zelo do dono. Pode custar na faixa entre 400,00 a 600 reais. Mas, conforme coisas extras que se pede, pode alterar bem os custos básico do artefato. Um trabalho bem feito exige qualidade, beleza e conforto, coisas que não faltam nas mãos de mestres famosos ou não. A beleza complexa da arte da sela, não deve encobrir a confecção da cangalha para animais cargueiros, pois nessa particularidade o artesanato, também têm seus mestres tão famosos e procurados quanto os seleiros. A cada ano aumentam as encomendas de sela no país para o vaqueiro, para o trabalhador da fazenda, para o esportista e para o competidor de corridas...

Deus semeou talento nos quatro cantos da terra.

SELA (IMAGEM PIXABAY).

 

 


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