quarta-feira, 30 de novembro de 2011

EU VI OS PEDAÇOS DE LAMPIÃO

 EU VI OS PEDAÇOS DE LAMPIÃO
               Clerisvaldo B. Chaga, 1º de dezembro de 2011

         “EU VI OS PEDAÇOS DE LAMPIÃO”
07.08.1938. Santana/Piranhas (AL) “Três ou quatro dias após a remessa das cabeças para Maceió, chegava a Santana uma caravana da Faculdade de Direito do Recife, composta dos acadêmicos Alfredo Pessoa de Lima, Haroldo Melo, Décio de Souza Valença, Elísio Caribé, Plínio de Souza e Wandnkolk Wanderley, todos em excursão e desejando ir diretamente a Angicos.Coincidiu que estavam chegando notícias de que os abutres (urubus) viviam sobrevoando o local do combate, sinal de que os corpos não haviam sido bem sepultados.
O Tenente-Coronel Lucena resolveu então formar uma caravana com os acadêmicos e me disse que eu teria de acompanhá-los, menos como sargento do Batalhão, do que como correspondente do Jornal de Alagoas. Partimos, então para Angicos no dia 7 de agosto – (‘O Jornal nos Municípios’, Jornal de Alagoas de 188.38).
‘Com a chegada dos acadêmicos do Recife, tivemos de ir com eles a Angicos, local do combate, lá sepultar os corpos deixados à toa. Encontramo-los já meio ressecados, amarelecidos, a pele agarrada no osso como se a carne houvesse fugido. Já não tinham pelos e era difícil a identificação. À vista daqueles, em plena caatinga, o acadêmico Alfredo Pessoa fez um discurso capaz de comover até mocós e preás que andassem por ali. E só então tive uma pequena ideia da atrocidade da decapitação. Um corpo sem cabeça, onze corpos sem cabeça e o discurso do Pessoa: que coisa de arrepiar cabelos! (FRUTA DE PALMA, 168).’
Na realidade os corpos não haviam sido sepultados. Ficaram ali mesmo no leito do córrego, cheio de pedregulho. Amontoado os onze, a tropa havia simplesmente feito um montão de pedras por cima. Além de ser difícil cavar sepultura ali, a gana de Bezerra e de seus comandados pelos troféus dos cangaceiros lhes havia retirado todo o restinho de senso humano que possuíssem.
Ficamos ali quase um meio dia, a cavar uma vala comum no mesmo local, pois não havia condições de conduzir aqueles pedaços de gente para parte alguma fora do córrego.
O célebre coiteiro Pedro Cândido era integrante da Caravana e, além de nos descrever as principais fases do combate que ele engendrara, mostrou-nos o corpo de Lampião, da mesma forma identificado por três ou quatro pessoas que integravam a caravana e que também conheciam detalhes físicos do Rei do Cangaço.
Se não foi a única (e não foi), foi uma das poucas vezes em que observei emoções no rosto do Tenente-Coronel Lucena: ao ouvir o discurso do acadêmico, encarando os pedaços de Lampião.

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

PARABÉNS A VILELA

PARABÉNS A VILELA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2011

Apesar de sermos leigos no assunto, temos clareza suficiente sobre a importância que teve a Emater em Alagoas. Técnicos inteligentes e preparados estavam sempre à disposição do homem do campo, ocasião em que a Agricultura procurava encontrar o seu caminho. Além da assistência à chamada zona rural, havia esperanças aos estudantes de Agronomia por uma carreira promissora. Na época das vacas gordas o pessoal da Emater apresentava seu vencimento como três vezes superior aos dos professores do mesmo nível. Era uma situação humilhante para o Magistério que sempre foi nesse país, o famoso saco de pancadas que todo mundo quer bater. Mesmo assim todos reconheciam o órgão estadual como grande prestador de serviço à fonte básica da nossa alimentação. Com a quebradeira que teve início em certo governo, levando reflexos para os demais, o homem da roça, sozinho, acuado por todos os lados, via navios navegando em plena caatinga abandonada.
         O governador Teotônio Vilela, pelo que entendemos estar resgatando esse órgão vital para o setor agropecuário com o nome de Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável. Um nome complicado e longo para ser chamado facilmente por uma sigla, daí ser apontada simplesmente como Nova Emater. De fato vai ser uma festa boa em Arapiraca, amanhã, quando o governador sancionar a lei de criação do Instituto. O Clube dos Fumicultores deverá ficar minúsculo, quando se aguardam mais de mil agricultores para o evento. Naturalmente não foi mostrada para o público a novo estrutura do órgão para uma avalição popular. Não ouvimos nem vimos nenhuma manifestação a favor ou contra de algum antigo funcionário dessa repartição. Cremos que na solenidade de amanhã, haverá todo esclarecimento possível aos convivas e a outros interessados.
          Já era tempo, aliás, há muito que passou do tempo, desse resgate tão importante para Alagoas. Temos orgulho da Embrapa e das coisas extraordinárias que ela tem feito, resultando na admiração e respeito do mundo. Mas a velha Alagoas destruída foi ficando para trás, numa situação rota de dá pena. Com essa decisão do governo Théo, pode ser que o campo volte a entrar nos eixos, difícil, porém é recuperar o tempo perdido na Agricultura. Depois da festa de Arapiraca esperamos tempos melhores para o camponês alagoano. Nesse caso, PARABÉNS A VILELA.

























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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

COLÔMBIA E VENEZUELA

COLÔMBIA E VENEZUELA
            Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2011

 Finalmente sai alguma coisa de útil da boca do dono da Venezuela. A Colômbia é o maior aliado dos americanos na América do Sul, enquanto a Venezuela é justamente o contrário. As declarações polêmicas de Chaves contra os Estados Unidos podem ser olhadas como uma busca bizarra de notoriedade mundial. O anonimato incomoda muita gente, por isso algumas pessoas procuram aparecer diante da mídia de qualquer maneira. Não encontrando lugar na extensão da ceia larga, faz o papel de estafeta de notícia ruim. Depois de tanto tempo do caudilhismo na América Latina, vivemos na região, no geral, um clima de união e respeito. Quando as aventuras do nacionalismo exacerbado subiam à cabeça da liderança, lá vinham confusões, uma atrás das outras, entre as nações irmãs. Assim a América meridional não progredia, vivendo sempre no atraso do analfabetismo crônico e na pobreza extrema. Alguns órgãos criados nos últimos tempos entre essas nações foram estreitando os laços de amizades, despertando consciências, mostrando que o nosso inimigo comum era apenas o atraso e não o presidente vizinho.
          Para quem brigava como gato e onça, Colômbia e Venezuela, pelo menos por enquanto, vão gozando uma nova fase que é a do entendimento. E se comemoram juntas a prisão do chefe do tráfico da região, é melhor ainda. A droga saída da América do Sul acabou, no modo de dizer, com a juventude americana, assim com está acabando com a juventude brasileira. Segundo notícias, “o traficante colombiano Maximiliano Orozco, de 39 anos, conhecido como Valenciano, foi detido na noite de domingo na localidade venezuelana de Valencia, disseram Juan Manuel Santos e Hugo Chávez durante uma reunião em Caracas”. Não saiu, porém quem embolsou a recompensa pelo indivíduo, estipulada em US$ 5 milhões. Valenciano é acusado de embarcar várias toneladas de cocaína para os Estados Unidos. Serviam de ponte a Orozco, quadrilhas especializadas igualmente a mexicana Zetas. Com a prisão do homem na Venezuela, antes acusada de dá cobertura a esse tipo de gente, houve troca de figurinhas entre Santos e Chávez.
          “Jamais permitiremos a violação da nossa soberania por qualquer grupo ou pessoa, sejam traficantes, guerrilheiros ou paramilitares”, foi isso que disse de utilidade o presidente da Venezuela em entrevista coletiva ao lado de Santos em Caracas. Diante de tantas declarações esdrúxulas e fuleiras, essa última representa um equilíbrio que o senhor Chávez não costuma utilizá-lo. Desconfiados iguais a burros de pestanas brancas, aguardemos as relações futuras entre COLÔMBIA E VENEZUELA.







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domingo, 27 de novembro de 2011

REZE POR ELES

REZE POR ELES
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2011

 Você gosta de areia? E praia? Conforme o momento e o lugar, a areia tanto serve como atrapalha. Quem ainda possui o hábito de ir a Juazeiro, caminhando, partindo de pontos longínquos do Nordeste, sempre vence léguas das grandes sobre areia que emperra a caminhada. O romeiro vai a pé, cortando caminho, na tentativa de romper a distância que faz parte da sua devoção. Já sabe dos riachos secos, dos areais, das longas e medonhas travessias que metem medo nos mais fracos. Bem dizem os cânticos que descrevem os sofrimentos dos que procuram espantar os males visitando a Meca brasileira. Antes ainda havia a fartura da caça, quando animais os mais variados cruzavam as estradas, os caminhos, as veredas. As alpercatas de rabicho, as sandálias de dedo e até os pés calejados, saíam copiando as vitórias a cada etapa vencida. Havia também o caminhão pau de arara aonde se compartilhava a solidariedade com maior rapidez.
          No caso dos romeiros a areia fazia parte do ritual do merecimento. O indivíduo creditava o sacrifício em seu favor na hora de fazer os seus pedidos ao padre Cícero Romão e, mesmo após a sua morte, em 1934, à igreja do Socorro, ao horto, a sua imagem descomunal ou às moitas dos caminhos, aonde paravam para as orações. E se o sertão, antes, era um deserto de gente, hoje é um deserto de bichos e de pé de pau. A farinha seca com rapadura, banana e queijo dos bornais, foi ficando apenas na lembrança dos mais velhos que gostavam de contar as suas aventuras. Foram surgindo explorações às margens das rodovias asfaltadas, desviando antigas rotas com os romeiros à moda renovada.
          A areia da praia também continua a mesma, porém, os mares carregados de lixo, óleo dos navios e esgotos urbanos, não permitem mais o orgulho do velho sonho da casa de praia. Ou você parte para lugares ermos ou fica somente esquentando a pele, com medo danado de pegar uma hepatite, se pular na água, um câncer de pele se permanecer na areia. Você não tem mais o Sertão pleno, nem as praias da felicidade. Tiraram tudo, tudo.
          Bendito os que colocam areia em sua vida. São os indicados para as provações que lhe deixarão no alto. REZE POR ELES.
















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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

MINHA TERRA

MINHA TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2011

 Essa conversa de divisão de estados parece com as emboscadas do cangaço. De vez em quando os bandidos davam uma incerta para pegar o inimigo no cochilo. Às vezes nada conseguia. Outras ocasiões davam certo, como aconteceu com uma família de Mata Grande, Alagoas. Ali, quando os bandoleiros passavam na região, não deixavam de visitar membros dessa família que ia sendo dizimada aos poucos, resultando em cerca de dez pessoas trucidadas pelo sistema das emboscadas periódicas e incertas.
          Depois de o Brasil ser todo dividido, vez por outra ressurgem as emboscadas das divisões ou das adesões. Assim houve a celeuma de se unir Sergipe e Alagoas, separados pelo rio São Francisco, em um só estado. Imagine o leitor as conversas e discussões que saíram sobre esse melindroso assunto. Depois de assanharem o formigueiro, calaram completamente sobre o tema. Veio à divisão do Mato Grosso em dois. Vigorou o corte que fez brotar o Tocantins e, há pouco tempo falaram em dividir os estados da Bahia e de Minas Gerais que são enormes. A vez agora é passar a faca cega no Pará, arrumando-o em três fatias, certo ou errado? Em havendo êxito, com certeza viriam outros argumentos para fazerem o mesmo com o estado do Amazonas. Talvez queiram chegar a uma divisão perfeita territorialmente, como se as unidades da federação fossem cubos de gelo de uma caçamba doméstica. O danado é que as cabeças pensantes pouco aparecem, dando a impressão aos brasileiros que tudo não passa de boatos. Você sabe a história do “João sem braço”, se colar colou.
          Geralmente a divisão ou união proposta, não levam em conta a naturalidade individual, tradição, usos, costumes, sentimentalismo pelo estado em que se mora e aversão ao estado vizinho. O fuxico, o boato, a fumaça, espalha-se de repente, mas trás a sabedoria popular de que “onde há fumaça há fogo”. Consolidado o fato, vem o trauma que até os cartórios agem como gente, cheios de sentimentos e opiniões. Ainda não temos conhecimento de que exista uma pesquisa falando da parte psicológica e social do cidadão comum, após o choque da separação. Uma espécie de laudo depois da cacetada na cabeça do paciente.
          Como vai ser no Pará? E o açaí? E a castanha? Com quem ficará a Virgem de Nazaré? Enquanto querem dividir o grande estado brasileiro, parece que nada muda na atenção do povo ao combate da corrupção em Brasília. Está difícil agora mudar o foco sobre fortunas fáceis. E quem vê a divisão do estado alheio, põe o seu de molho. Está certo que foi em Belém que Jesus nasceu, mas para a capital do Pará, os interessados estão mandando “Jisus”, um carregador de saco da MINHA TERRA.





















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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O RABO DA MÃE DELE

O RABO DA MÃE DELE
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2011

 Segundo um agrônomo amigo, da “Princesa do Sertão”, havia um doido em Palmeira dos Índios, cidade alagoana, que sempre repetia: “Respeito é bom e eu gosto!”. Os nossos pais nos ensinavam a respeitar a todos, com ênfase: crianças, os mais velhos e as autoridades. Quando a ira ou o insulto partem de uma pessoa despreparada, ficamos apenas no lamento da sua ignorância. Todavia, quando palavras e gestos de baixo calão saem da boca de pessoas cultas ou escoladas, autoridades ou gente de destaque, aí sim, ficamos de queixo caído, abismados mesmo com a falta de preparo do indivíduo para o cargo. Felizmente não temos falta de educação todo dia, por exemplo, dos políticos que geralmente são manhosos, mas educados.
          É surpreendente o artigo de Nádia Guerlenda (Brasília) sobre o diretor do Teatro Oficina José Celso Martinez Correa (dá nojo até colocar o nome dessa peça em nosso trabalho) que ao reclamar da presidenta Dilma, na última quarta-feira, passou a criticá-la chamando-a de “tecnocrata”. Até aí tudo bem, é o direito da crítica. Mas logo o nojento disse que, segundo Nádia, “Temos que mudar radicalmente, temos que botar fogo no rabo dos congressistas, da Dilma. Quero acender um rojão nessa mulher”. O imundo estava na Câmara que pedia mais verba para o setor cultura. Fora convidado a integrar a mesa composta principalmente de políticos da base governista. Os gestores culturais e artistas haviam sido convocados pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-Rj) presidenta da Frente Parlamentar da Cultura, para pressionar os congressistas por emendas.
          O caso acima leva a pensar que um cabra desses é diretor de alguma coisa. Lembramos que em uma grande cidade de Alagoas, no Sertão, um candidato a prefeito tinha como “slogan”, o número do seu partido acrescentado “no rabo deles”. Ganhou por falta de opção é verdade, porém nunca mais conseguiu se reeleger junto à cambada que tirou o juízo do povo. Assim, o miserável Celso, não satisfeito, ao término da reunião, ainda mandou levar o isqueiro para entregar a Presidenta. A nossa indignação não é por ser Dilma, é pela autoridade que ela representa como poderia ser o Temer ou outro qualquer.
          Se fosse dizer isso com certos deputados que conhecemos, no mínimo teria levado uma pisa em bunda limpa. Até já perdemos tempo demais com esse p. que se fosse aqui no Sertão, um desbocado sem letras despacharia  o troco de mandar colocar o rojão “Na velha p. No RABO DA MÃE DELE!”.


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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MEDO NO INTERIOR

MEDO NO INTERIOR
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2011

 É incrível saber como anda grande parte da nossa juventude, completamente perdida no mundo negro do crime. Em um balanço dos assaltos ou nas prisões efetuadas, por roubos em geral, o grosso da idade é de jovens e, em adultos, é de trinta, trinta e cinco anos. Quanto mais oportunidade o governo oferece para o trabalho e estudos, mas parece expandir a bandidagem em nosso país. Antigamente poucos tinham o privilégio de estudar. Hoje existem em grande quantidade escolas gratuitas, transportes, livros didáticos, merenda de qualidade, organizações estudantis e tantos conselhos ainda para incentivar que só vendo! Entretanto é bem conhecida a frase que “ninguém quer nada com a vida”. Não foi somente na Rocinha ─ favela carioca ─ encontrado um bando de rapazes no áspero mundo do crime. É em todo lugar a praga dos que não querem mais trabalhar em nada. Se a coisa já estava sem controle desde cedo, após a entrada maciça do craque no Brasil satanás de fato quebrou suas correntes.
          Persiste o medo e a falta de segurança no interior, notadamente, no Sertão alagoano, onde se mata bandido todo santo dia, mas não se sabe de qual buraco surgem tantos outros meliantes. A falta de estrutura para o combate a essa marginalidade vai perdendo de goleada e fica a eterna briga entre o cidadão de bem, desprotegido, e as valentias, por falta de boas cacetadas, dos que tiram a paz das famílias. Os que acham bonitas as ações de marginais que ficaram famosos, partem cedo para o mundo do crime metendo a mão no alheio seja em que objeto for. Roubam-se no Sertão aparelhos de som, bodes, carneiros, vacas, mercadinhos, celulares, farmácias, residências, fora o “toma tudo” nas rodovias e estradas vicinais. Os ramos da malandragem estão à frente das inúmeras especialidades médicas e advocatícias. Em Santana do Ipanema, “Capital do Sertão” alagoano, a população festeja quando grupo de extermínio sai matando pela cidade. Ninguém dá mais jeito em nada. Nem religião, nem escolas, nem polícia e nem governo. A lei rigorosa para quem anda armado, somente atinge o homem de bem. O bandido anda sempre armado numa regalia extraordinária diante da fragilidade do estado.
          As cidades do interior estão vivendo esse momento aflitivo que muda completamente hábitos tradicionais. Os exterminadores, ao invés de aguardarem as vítimas em lugares isolados, fazem escancaradamente em qualquer hora ou lugar. O que já é errado fica mais errado ainda.  Mas é conveniente dizer que ninguém é a favor da morte. Entretanto, no momento, parece não existir outra lei a não ser essa que se vê nas ruas. Ou se mata o bandido ou o bandido mata o pai de família. Daí, poucos aplausos em público, muitas palmas veladas aos que fazem limpeza na clandestinidade. Aliás, existe e cresce o MEDO NO INTERIOR.

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

BRASIL: VOTO SURPRESA


BRASIL: VOTO SURPRESA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2011

          De vez em quando a diplomacia brasileira vai fazendo surpresa, saindo e entrando na lógica do próprio país e dos seus observadores atentos. Nem sabemos a razão desses chega, mas não chega, pois a vontade de irritar país “X” ou “Y” com certeza não é. Às vezes, nós mesmos, os brasileiros, ficamos sem saber qual a posição oficial do Brasil em relação a temas mundiais polêmicos, assim como um bandeirinha de futebol indica um pênalti com atraso. Compara-se também a esses narradores de vôlei que ficam querendo tapear o telespectador, sem gritar o ponto, enrolando, até que a pontuação surge no placar. Àquilo repetido é tão irritante que podemos dizer igualmente ao Juarez (Bêinha), colega estudantil, “bem que merece u’a mãozada”.
          Nesta terça (22), o Brasil votou na ONU, contra a Síria no caso de violação de direitos humanos. Foram 122 votos a favor, 13 contra e 41 abstenções. Quando, então, se esperava a abstenção do Brasil, este vota com a maioria, agradando, inclusive, a americanos e União Europeia. É bom lembrar que da última vez o Brasil “ficou em cima do muro” como se diz por aqui. A situação da Síria vai ficando cada vez pior; como outros dirigentes no deleite do céu na terra, o ditador sírio parece não enxergar o que estar acontecendo em torno da própria sombra. Continua apegado ao poder como cachorro brigando com semelhantes e pessoas, mas não quer largar o osso suculento. Como mandar em todos, ser o senhor de todos, envelhecer bajulados por todos numa mordomia prestigiosa e infinita e de repente sair correndo como rato, assim como ratos viraram seus parceiros?  Mesmo nesse aperto terrível após as mortes de três mil e quinhentas pessoas na repressão e mais mil nas forças de segurança, Bashar Assad, o rapaz do pescoço comprido, continua com apoio da Rússia e da China, países que gostam dessas coisas não é somente de hoje.
           O regime sírio já foi isolado da própria Liga Árabe, mas sempre conta também com eles, aqueles de sempre: Venezuela, Cuba, Irã, Vietnã e mais os outros dois anteriormente citados. Ditador é bicho peste! Mesmo com esse apoio ideológico e interesseiro que se apresentam dificilmente um bichinho desses continua no poder. Não tem como. Os exemplos dos seus vizinhos e a fúria crescente das multidões, com certeza descolarão os fundilhos de Assad da cadeira de marfim. Se o antiaderente não entrar pela cabeça, sobe pela boca da calça, tal ratazana de esgoto ou catita de residência. Mas, enquanto não assarem Assad, Assad assará o povo. Daí ter sido bom o VOTO SURPRESA.























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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

TOMARA!

TOMARA!
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de novembro de 2011

Claro que faz gosto apreciarmos a multidão fazendo compras no comércio de Maceió. Não somente pelos movimentos multicores dos transeuntes com suas modas diversificadas e chamativas; mas também pela preparação de cada loja para atrair a clientela em clima natalino. A ideia do calçadão que envolve algumas ruas da capital deixou o centro muito mais bonito e seguro, incentivando os lojistas aos ornamentos e às reformas significativas que foram buscar de volta os fregueses que haviam sumido para as novidades dos centros de compras. Com a revitalização do comércio e o desencanto do preço no luxo dos “shoppings”, Maceió volta a preencher as suas ruas comerciais como antigamente. A beleza dessa nova etapa, ainda caminha junto com os ambulantes que vão ocupando as passagens dos pedestres que se livraram dos veículos, porém, não dos “camelôs”. A poluição sonora ainda é um dos pontos fracos, cujos órgãos responsáveis usam a frase jovem costumeira e descompromissada: “Não tou nem aí! Não tou nem aí!” Rapazes empurram os seus carrinhos de CDs piratas por ruas e becos sem limite sonoro nenhum.
          Adiante é o crente que faz pregação com aparelhos prometendo o céu. Os pedintes que não querem mais gastar a goela diante dos recursos modernos. As lojas que deixam as caixas de som na porta da rua, infernizando os ouvidos dos passantes... Assim, os frequentadores do comércio perdem a tranquilidade necessária, até mesmo a concentração nas compras. Às vezes os órgãos que deveriam tomar conta da paz urbana, parecem repressivos, outras vezes, sumidos de vez, deixando os visitantes da “Cidade Sorriso” a mercê dos hábitos agrestes e chatos de passado recente. Mas, pelo menos no instante o que vale é a satisfação maior de enxergar homens e mulheres gastando seu dinheiro e fazendo planos para o Natal e as diversas festinhas de confraternizações entre família, amigos, colegas de repartição... Presentes mergulhando desde já nas bolsas e pacotes que saem dos estabelecimentos cheios de desenhos, fitas coloridas e outros babados.
          Queremos lembrar, apenas, da prosperidade em que estamos vivendo no Brasil, enquanto nações ricas e tradicionais, infelizmente, vão se aproximando de um Natal de desemprego e incertezas, como na Grécia, Estados Unidos, Itália e Espanha. É aquele costumeiro desequilíbrio entre nações que imitam a velha gangorra, brinquedo traiçoeiro da nossa juventude. E se agora estamos com essa euforia de novembro, apelemos, então, para o Criador que o Natal seja motivo real de confraternização, prosperidade, paz e esperança em um futuro bem melhor para todos. Torna-se muito importante uma corrente geral de pensamentos positivos para manter longe a crise, chamar dinheiro, saúde e amor neste fim de ano. TOMARA!

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domingo, 20 de novembro de 2011

THARIR DE NOVO

TAHRIR DE NOVO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2011.

A luta pela democracia não é coisa fácil em lugar nenhum do mundo. Mesmo, muitos que pregam essa bendita democracia, lutam por ela, derramam sangue por ela e por ela se expõem ao máximo. É assim que até alguém se torna um líder admirado que adquire o respeito dos seus seguidores, empolgados com os embates em  busca de melhoramentos para  os semelhantes. Acontece, porém, em vários casos, esse tipo de liderança conseguir os objetivos da luta, em que tantos tombaram pelo caminho acreditando na vitória. As orientações, entretanto, após a chegada ao ponto desejado, vão repetir os mesmos erros dos seus antecessores, frustrando o povo e chutando os sonhos a lugares completamente inacessíveis. É a própria natureza humana da maioria fraca que não resiste à sedução do poder, como nas aventuras de antigos gibis ou de filmes modernos de ficção.
Volta o povo à Praça Tahrir, na capital egípcia, decepcionado com as ações poucas da junta militar que governa o país após o famigerado Mubarak. Lá vai a polícia novamente às ruas fazer a mesma coisa da figura anterior. Jogar bombas de gás nos manifestantes, usar seus cassetetes e, se preciso, acionar as máquinas de guerra contra os que apenas reivindicam uma justiça rápida para os que cometeram absurdos. O Egito é o mais importante país do norte africano que exerce uma liderança inconteste sobre os outros que também estão vivendo momentos de tensões. O que acontece no país das pirâmides influencia para o bem ou para o mal os vizinhos daquela grande e estratégica região.  Dizem que duas pessoas já foram mortas no confronto de sábado passado para o domingo, uma no Cairo outra em Alexandria. Entre os feridos, calculam em mais de setecentos, nas diversas cidades das manifestações.
Na Síria, enfrentam-se os tanques, às doidices do ditador. No Egito, escondem-se os peitos às balas de borracha. A situação do norte africano é a pior possível, acrescentada ao socorro que falta de uma Europa garroteada pela crise econômica. Tudo vizinho! Multidões saindo às ruas cometendo atos de vandalismo em protestos sem fim. A exportação dos levantes chega aos Estados Unidos que vão proibindo a massa desempregada do xixi coletivo nos logradouros de luxo das metrópoles. Tudo isso ainda é a busca do homem pela sua felicidade, condição que vai entrando no lenço do mágico e sumindo sob a chuva da insatisfação. Os místicos acham que é o início do fim. O jogador aposta, porém, que é apenas o final de uma partida. Breve tudo recomeçará. Um olhar ao passado... Um THARIR DE NOVO.






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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

FIM DE SEMANA

FIM DE SEMANA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de novembro de 2011.

O Sol quer se esconder por trás da lagoa Mundaú. A Natureza vai retirando as brancas nuvens, deixando um esplendor prateado a ofuscar os transeuntes que marcham para o oeste, na “Cidade Sorriso”. O forte azul do centro bebe o desbotado da periferia celeste. Balançam-se os coqueirais gigantes e românticos na paisagem vespertina. Farfalham as longas folhas num acalanto sereno, saudoso e murmurante para as bandas do mar de Maceió. Nos quintais estreitos, nos sítios urbanizados, nos jardins enriquecidos, reduzidas aves canoras acompanham a chegada do crepúsculo, procurando os ninhos. Chega pelas sombras das calçadas à serena brisa navegando pelos becos, entrando nos corredores, penetrando nas janelas solitárias dos apartamentos. As águas quase adormecidas peitam levemente o baixo ventre do cais. Vergam-se caniços na restinga comprida. Folhas secas brincam no ar como se fossem algodão seda das terras sertanejas. E longe, bem longe... Nas alvas areias da praia, morena de vestido amarelo parece trocar beijos com a espuma que lhe envolve os pés.
Movem-se apressados veículos modernos. Há pressa, pela pressa fugidia da tardinha. Roncos de caminhões fazem mossas na delicadeza feminina do turno. Motos vadias procuram quebrar a maciez do tempo no asfalto quente. E o vento fininho agita com gentileza o pano branco da tapioca, do bolo de milho, da cocada dos tabuleiros à sombra das avenidas. O boêmio à moda antiga escora-se no poste, olhar esconso nas bundas grandes que trafegam sob saias coloridas. Sobe fumaça de chaminé estreita. Aroma deixam as padarias em busca das narinas dos transeuntes. A aproximação da noite procura acalmar o trânsito de vidros foscos. No meio do progresso razoável, um homem conduz sua carroça de burro, onde ele mesmo é burro, onde ele mesmo é o burro. Lá dentro vai um bêbado, talvez amigo do dono do burro, que não sabe que é burro. Pelos muros baixos das casas, jorram mangueiras nas plantas de luxo, nas pedrinhas redondas, nas terras pretas vindas do âmago das grotas. A coroa assanhada puxa o cachorro na rua; um padre passa a passos largos e um tipo importante acerta a gravatá, entrando no veículo importado.
Estranho carro estacionou no meio-fio. Uma belíssima dama saiu de trás, dando a impressão que seria uma espécie de noiva, tal à semelhança das suas vestes. Andou alguns metros pelo passeio sombreado como se deslizasse, irradiando simpatia. Quem viu, encheu-se de felicidades. E àquele vulto tão elegante e prateado, de repente sumiu como uma miragem. O rapaz do poste riu e disse como se estivesse falando para todos: “Era a poesia em sua folga de FIM DE SEMANA”.. 

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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ENTRAR NA CATINGUEIRA

 CANGAÇO E VOLANTES
Entrar na catingueira
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de novembro de 2011

Pela fama do cangaço que escorria pelos jornais da época e pela boca do povo, foi surgindo o mito Lampião. Só ultimamente os pesquisadores começaram a valorizar as ações dos verdadeiros heróis esquecidos das caatingas. Homens brutos como os cangaceiros, conhecedores da geografia, da fauna e da flora regional. Muitos ganhavam pouco e passavam meses para receber o soldo; compravam seus próprios uniformes e amedrontavam tanto quanto os bandidos. Enfrentando as adversidades da natureza e sociais, esses perseguidores de cangaceiros, muitas vezes passavam semanas dentro do mato, sujeito às cobras, às formigas, às onças, lutando contra sede, fome e emboscadas que ceifaram a vida de tantos defensores da sociedade. Antes havia apenas poucos soldados nos destacamentos de algumas cidades interioranas. Depois surgiram as chamadas “forças volantes” com a exclusividade de combater o cangaço. Várias forças volantes foram criadas nas áreas de atuações de cangaceiros como Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco. Inúmeros comandantes dessas forças ficaram famosos e somente nos últimos anos, exaltados por escritores, talvez cansados de apresentarem somente Lampião.
Brilharam na campanha muitos guerreiros do governo até mais valentes do que Virgolino e por ele mesmo, admirados e respeitados. É o caso de homens da estirpe de um Manoel Neto, de um José Rufino, dos irmãos Flor e outros dignos no Sertão do título de “Homem Macho”. As volantes também tinham momentos de felicidades, tristezas e situações inusitadas. Certa feita, ocasião de seca e fome mexia com os nervos das tropas do tenente João Bezerra da Silva. Viajando a pé, em coluna, Bezerra foi atraído por uma discussão travada entre dois volantes. “Filho de uma puta para lá, filho de uma égua para cá; sustente o que disse!” e o apelo imediato às armas. O tenente ordenou a entrega dos fuzis, pelos dois valentões. Em seguida, sem pronunciar uma só palavra, pegou o facão, entrou no mato e saiu com dois bons cacetes de catingueira, arbusto Família: Leguminosae (Caesalpinia pyramidalis). Entregou a cada soldado briguento, um desses pedaços de pau e disse: “Pronto, podem se matarem! Menos com fuzil”. Como diria a minha avó: foi o santo remédio! Os dois enjoaram de vez a arenga besta que poderia terminar em baixa. A partir daquele momento, quando dois desinformados queriam arengar, os mais experientes diziam: “Tão esquecidos dos dois cacetes seus fios da peste! Querem entrar na catingueira?”
 Não sei dizer os nomes dos soldados do tenente João Bezerra. Talvez um se chamasse Adair. O outro pode ter sido Lupi. Mas que momento tão bom para ENTRAR NA CATINGUEIRA!





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terça-feira, 15 de novembro de 2011

FALTANDO TIRA-GOSTO

FALTANDO TIRA-GOSTO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2011

Gostei e ri bastante com a reportagem de Juliana Sayuri, com o título “Bebendo história”. Juliana fala sobre um arqueólogo que, rastreando bebidas milenares conseguiu recriar, pelo menos cinco tipos de cervejas. Olhando direitinho, o mestre cervejeiro, Patrick McGovern, teve uma paciência tão grande quanto à do personagem bíblico, Jó. Duas décadas rodando o mundo em busca das suas convicções, mostra que o homem é persistente mesmo e amante da “lourinha suada” que, para ele, transformou-se em “garota” de várias cores. McGovern saiu recuperando receitas em suas investidas, usando as técnicas de escavações e o aprendizado em análise de vestígios de bebidas. Quer dizer, coisa muito mais elevada de que o faro finíssimo dos melhores detetives. Diz a citada reportagem que foi recuperada receita de até nove mil anos. O mel é sempre um dos ingredientes da “geladinha” que deve ser uma delícia, degustada na varanda de casa, sob as árvores da fazenda ou mesmo naquela roda bebança de amigos. Diz ainda Juliana, que o arqueólogo Patrick McGovern é diretor científico do Laboratório Arqueológico Biomolecular do Museu da Universidade da Pensilvânia. E que o cidadão teria firmado acordo com a cervejaria Dogfish para criar a linha Ancient, só de cervejas milenares.
Ô! Meus velhos amigos sertanejos! Quanto vale uma garrafa dessa cerveja dos tempos do antigo Egito? Você pagaria quanto por um cervejão desses? Que sacrifício do senhor Patrick, para degustar suas fórmulas! A mais antiga seria a de 7.000 anos a. C., achada em uma vila chinesa. Malte, arroz, mel e uva, 10% de álcool, combinação doce à azeda de nome “Chateau Jiahu”. Mas tem também a “Theobroma”, do Peru à base de cacau; a “Ta Henket” e a “Midas Touch”. Sei não! Mas para quem gosta de uma birita aos domingos, acho que esse pesquisador seria muito aplaudido no Brasil, onde a disputa pela “pólvora amarela” não cansa nunca. Bebe-se na rua, em casa, nos bares, nas praças, na pescaria, no aniversário e até em nascimento de menino e velório de padre velho. E esse costume de beber tudo que se encontra pela frente, imagine! Vem da antiguidade, irmão! Agora pense nos diversos apelidos da branca e da loura nas bodegas da Índia, do Egito, da China... E os imortais degustando de taça em taça, de copo em copo, até chegar ao sacrificado Brasil de Cabral!
Geografia, Arqueologia, Geologia, todas agradam a minha vocação natural com certeza, mas ainda não tinha pensando nessa ramificação “bebedoresca” do eminente arqueólogo da Pensilvânia. Sinto não poder chegar a seu escudeiro assistente, quando poderia criar a ramificação arqueológica dos petiscos. Quais seriam os salgadinhos usados pelos nossos antepassados? Amendoim, ovo de codorna, torreiro? De qualquer maneira uma excelente cerveja mumificada de 7.000 anos, já está de bom tamanho! Vamos aplaudir o homem, mesmo com a danada geladinha FALTANDO TIRA-GOSTO.





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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

HOJE É DEODORO

HOJE É DEODORO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2011

Manuel Deodoro da Fonseca nasceu na antiga cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro) em cinco de agosto de 1827, fez uma carreira militar brilhante, proclamou a República Brasileira, sendo seu primeiro presidente e faleceu no Rio de Janeiro em 23 de agosto de 1892. Deodoro era filho de Manuel Mendes da Fonseca e Rosa Maria Paulina da Fonseca. Por sinal, seu pai também era militar e chegou a tenente-coronel. Deodoro tinha muitos irmãos: duas irmãs e sete irmãos, dos quais, três morreram na guerra do Paraguai. Entrando na carreira militar, sua primeira ação aconteceu durante a Revolução Praieira, insurreição promovida pelos liberais de Pernamuco. Com 33 anos de idade, Deodoro casou com Mariana Cecília de Souza Meireles, não tendo filhos desse casamento. Era capitão, quando em 1864, participou do cerco a Montevidéo. Comandou o 2º Batalhão de Voluntários da Pátria, contra o Paraguai. Em 1868, foi promovido a tenente-coronel por ato de bravura. Também foi promovido a coronel por ato de bravura. Chegou a brigadeiro. Em 1885, foi comandante das armas do Rio Grande do Sul, pela segunda vez, foi presidente interino dessa província e recebeu a patente de marechal-de-campo. Sua vida militar é vasta, rica e vitoriosa.
Era amigo de D. Pedro II, porém, por circunstâncias políticas, terminou derrubando o velho Imperador, proclamando a república e sendo o seu primeiro presidente, no dia 15 de novembro de 1889. Assim o Brasil deixa de ser Império e entra no sistema republicano. Foi modificada a bandeira e, ficaram na história várias outras decisões do marechal Deodoro. Apesar de ser herói de guerra, a habilidade maior do presidente provisório era mais com as armas de que com a política. O Brasil passou por uma série de dificuldades e problemas com o próprio governo antes da sua renúncia. Houve a “grande naturalização”, para estrangeiros no país. Foi decretada a separação entre a Igreja e o Estado. O próprio estado deixou de intervir na Igreja, ato que era chamado “padroado”. Foi institucionalizado o casamento civil e proibido o ensino religioso nas escolas públicas.
Rui Barbosa, ministro da Fazenda, complicou a economia que entrou em crise, surgindo à palavra “Encilhamento”, que foi uma desastrosa especulação financeira que arruinou numerosos investidores. Entre crises e desentendimentos, em 24 de fevereiro de 1891, foi solenemente promulgada a Constituição republicana. Após um período duro e conturbado, envolvendo o Congresso e a primeira Revolta da Armada em 23 de novembro de 1891, com o almirante Custódio de Melo, Deodoro terminou renunciando, entregando o poder ao vice-presidente, Floriano Peixoto, também alagoano, e que ficaria famoso como o “Marechal de Ferro”.
Hoje é feriado, HOJE É DEODORO.


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domingo, 13 de novembro de 2011

UM GRANDE DESTINO

UM GRANDE DESTINO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2011

Vamos, todos os brasileiros, acompanhando os primeiros benefícios da copa no Brasil. As melhorias no trânsito e as construções civis aparecem mais, principalmente no Rio de Janeiro, cidade atrativa por excelência. Além de novas pousadas, hotéis, restaurantes, embelezamento, estádios e outras obras gigantescas, chega também o mais precioso dos bens: a liberdade. A ocupação das favelas dos morros cariocas, pela polícia, parece até uma coisa inverossímil.  A quase incredulidade é baseada nas décadas e décadas de mando criminoso vergando o espinhaço do povo humilde e trabalhador que puxa as fábricas, o comércio, a prestação de serviços desse dinâmico estado brasileiro. Sempre ficávamos tristonhos quando os pensamentos se voltavam para as favelas do rio, sem compreendermos como é que as autoridades permitiam tanta gente escravizada pela droga, pela bandidagem, sobretudo pelo medo. Sim, que havia corrupção civil e policial. Onde existe dinheiro, existe corrupção, mas sempre ouvimos das próprias massas populares a frase de que “quando o governo quer, faz”. Tudo o governo pode quando quer. Quando não quer, nada pode, nunca pode, afogando seus cidadãos na tristeza da impotência nos direitos mais sagrados.  
A libertação da Rocinha é apenas uma das grandes e boas notícias do Brasil de hoje. Um Brasil que caminha a passos largos para o desenvolvimento, sem deixar de afirmar que muito ainda precisa ser feito. Saneamento básico e Saúde pesam muito na mala de reboque e ainda não dão oportunidade de recebermos o diploma de primeiro mundo. Enquanto o atendimento, apesar dos esforços, continuar mostrando as chagas do descaso e dos desvios milionários, o país ainda será pequeno por não ter conseguido resolver o básico do seu povo.
Um exemplo notório vem do campo, quando as próprias usinas de cana-de-açúcar procuram eliminar a queimada de uma vez por todas, investindo em máquinas como colhedoras modernas. Se uma colhedora faz o serviço de oitenta homens, haveria como certo o desemprego de milhares de cortadores de cana. Entretanto, além da mão de obra ser absorvida na indústria agrícola, as próprias usinas estão qualificando os temporários do campo em vários outros setores, desde o manejo diversificado das máquinas, a cursos agrícolas que deixam o homem apto à vida do trabalho. Exemplos formidáveis, ao lado de tantas notícias negativas.
No esporte, de vez em quando as derrotas da seleção de vôlei. Mas do outro lado, o título de campeão mundial para Cigano, no UFC. É assim que o Brasil num todo vai caminhando para UM GRANDE DESTINO. 

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

LAMPIÃO: O COMBATE DA CANOA

LAMPIÃO: O COMBATE DA CANOA
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2011.

 (Para o professor Marcelo Fausto)

Desde o início das suas ações em Alagoas, Lampião agia no extremo oeste do estado, precisamente na região serrana de Matinha de Água Branca (hoje Água Branca) e Paulo Afonso (atual Mata Grande), principalmente. Mesmo em suas ações esporádicas, no decorrer da sua vida cangaceira, essa região tinha a preferência por ser rica em serras, ficar perto da fronteira e ser conhecida dele e de Corisco (filho do lugar). Além disso, a fertilidade das terras, a produção agrícola e o clima, favoreciam as suas investidas. Já perto do fim, acossado pelas forças de Sergipe, Bahia, Pernambuco e Alagoas, Lampião achava-se espremido em trechos do rio São Francisco, dançando com muito cuidado entre as margens sergipana e alagoana e a região de Mata Grande e Água Branca.

No fim de 1931, o futuro matador de Virgolino, era delegado em Piranhas (Al) “cidade presépio” na margem do rio São Francisco. Havia um intenso comércio nesse lugar ribeirinho servido por linha férrea. Houve desentendimento entre o delegado e o prefeito. Este, baseado no prestígio do poder econômico, mandava e desmandava na cidade. Bezerra impediu que os empregados do prefeito andassem armados na cidade e os considerava no mínimo, cangaceiros mansos favoráveis a Lampião. Denunciado como arbitrário, João Bezerra foi mandado recolher-se ao Regimento. Ao juntar seus poucos objetos para partir, ainda estava numa canoa que desceria para Pão de Açúcar (Al), quando acontece uma ironia. Um dos empregados do prefeito vem pedir socorro, pois Lampião estava queimando o quartel de polícia de Canindé, do outro lado do rio, onde o prefeito possuía uma fábrica de curtume.

05.01.1932. Jerimum (Se). Data aproximada. Bezerra, para não ser chamado de covarde, foi socorrer o seu desafeto. Mandou retirar couros que estavam em uma canoa e desceu o rio disfarçado de “coringa”, chapéu de palha à cabeça, acompanhado de oito soldados. O ferrador do bando José Baiano havia ferrado várias pessoas em Canindé. No lugar denominado Jerimum, travou-se o combate entre a pequena força que atirava amparada na canoa, e os bandidos por trás de pedras, em terra firme. Eram oito soldados contra quarenta e oito cangaceiros. O auxiliar da tropa, José Bagaço foi atingido gravemente. Após dez minutos de tiroteio, com os soldados atirando de ponto, água na cintura, por trás da canoa, Lampião retirou-se deixando rastros de sangue como pista.

O telégrafo nacional e a “Great-Westem” comunicaram-se com o estado todo. O capitão Liberato de Carvalho estava em Pedra (Al) e chegou de Caminhão. O capitão Manoel Neto estava em Jatobá (Pe) e desceu a Piranhas em “wagon” atrelado à locomotiva. Por último chegou o capitão Ramalho, do exército em Mata Grande. Bezerra deixou os capitães Neto e Liberato no campo da luta. Esses, com 75 homens, saíram nos rastros dos bandidos, encontrando o bando na fazenda Maranduba em Sergipe, onde ocorreu um dos dois maiores combates da vida de Lampião e que ficou conhecido como “O Combate da Maranduba”. Pois é, esse famoso duelo aconteceu cerca de uns três dias após o COMBATE DA CANOA.







































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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MORRA, PESTE!


MORRA, PESTE!
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2011

Depois da Segunda Guerra Mundial, consolidadas as tragédias em duas cidades japonesas, os donos do mundo recolheram suas bombas atômicas. À medida que o mundo foi ficando pequeno por causa dos meios de comunicações, espiões e cientistas passaram a agir também em segredos nucleares alheios que foram sendo descobertos e copiados, até com certos aperfeiçoamentos. E se os americanos pensaram que somente eles teriam o poder de destruir em massa, perderam essa aposta amplamente, pois o segredo uno virou clube de bomba com suas perigosas ramificações. As bombas estão na América do Norte, na Europa e na Ásia. Todos estão conscientes, porém, que a primeira que for jogada, além do grande poder de destruição na área, a radiação será levada imediatamente para inúmeros lugares do mundo, inclusive para o infeliz que tiver a ideia de jogá-la. Depois, virá à reação. Se o país atingido não tiver condições de reagir, certamente um dos seus aliados fará a mesma coisa com o agressor. O mundo inteiro sofrerá com apenas duas bombas. Mas aí ninguém sabe sobre as securas de disparos de bombas que tomarão conta do planeta.
Tanto brincam com fogo os israelenses, quanto os iranianos. E o pior é que os dois briguentos levarão o mundo com eles, tenham absoluta certeza disso, se a tal bombinha entrar no meio da questão. Em nosso modo de ver, caso Israel parta para destruir as instalações atômicas do Irã, somente, nada estará fazendo. Portanto, achamos que um ataque israelense ao Irã, só terá sentido se for total e com bomba atômica. Aí é onde o anjo vai gemer e o cão fazer a festa. O jogo de palavras entre as duas nações, em desafios constantes, vai esquentando e repelindo o assunto da crise na Europa que parece querer mais espaço com a dívida da Itália e a possível renúncia de Berlusconi. Que coisa, hem! A que ponto chegamos nesse mundo civilizado do Século XXI! Quando filtramos as notícias fumaradas dos dois países em questão, notamos uma vontade guerreira muito maior do que a textura branca da paz. É como se existisse uma ânsia pelos velhos tempos de Davi, Sansão, Golias, Dario, Xerxes e suas aventuras nas areias dos desertos.
Tudo isso, mesmo em pequena proporção, faz lembrar o célebre Floro Novais, um mito em Alagoas, anos 60. É que todos só falam em guerra desprezando a paz. Perseguido por alguns pistoleiros que tentavam emboscá-lo, o esperto oliventino, fazendo certa manobra estratégica por dentro da caatinga, eliminou os dois adversários. Enquanto ainda saía fumaça das armas, Floro advertia em vão a um dos defuntos: “Se não sabe matar, para que se mete! Então morra, peste!” Entre Israel e Irã não será tão simples, mas se querem brigar, um deles poderá até parodiar Floro Gomes Novais: Então, MORRA PESTE!





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UMA BALA PARA LUPE

UMA BALA PARA LUPI
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2011


A “Primavera árabe”, também chegou ao Brasil trazendo uma nova ramificação. A moda começa a confortar os brasileiros que por muito tempo esgoelaram-se em vão contra os desmando infames e descarados da administração pública. Certa feita, disse em segredo um prefeito do Sertão alagoano, ao voltar de Brasília em busca da ambicionada verba federal: “Eles me disseram lá na capital do Brasil que dinheiro existe para tudo que eu quiser. É bastante levar projeto que os cofres intumescidos se abrirão; mas eu terei que deixar x por cento para trazer o dinheiro”. As últimas denúncias que têm derrubado ministros, não são diferentes das denúncias do prefeito, à boca pequena nas rodas de amigos, há décadas. Eles, ministros, secretários e outros mais, ficam tão cegos diante da possibilidade de frações milionárias nos bolsos fundos das calças, que não enxergam o novo tempo das pressões populares e da Imprensa. Sempre houve roubo e haverá. Entretanto, à medida que o país vai evoluindo, a própria necessidade pressiona as fontes que vão estreitando aos poucos os seus gargalos.
Outra coisa, já foi comentada em nossa coluna, sobre o apego desesperador ao cargo, que muitas vezes resulta em assassinatos, como sempre aconteceu nas Alagoas de outrora e na atual, com fatos ainda quentes nas páginas informativas. Denúncia da revista “Veja” dá conta que três servidores e ex-servidores do Ministério do Trabalho estavam envolvidos num esquema de cobrança de propinas. Esse esquema semelhante aos da máfia italiana revertia recursos para o caixa do PDT, partido do nosso inocentinho Carlo Lupi. Agindo como outros ministros que tombaram nas desgraças das denúncias, Lupi não quer se afastar para um límpido caminho às investigações. Desesperado com a pressão das esporas nos vazios, o ministro Carlo Lupi recorre, então, à frase arrogante de valentia coronelista: “Duvido que a Dilma me tire, ela me conhece muito bem. Para me tirar só abatido à bala ─ e precisa ser bala forte porque eu sou pesadão”. Coitadinho de Lupão! Já está fora e ainda não sabe que saiu. De hoje em diante, pelo que já foi divulgado sobre ele, o ministro perdeu de vez a credibilidade. Caso a presidenta, tão zelosa pela moral à sua administração, não ponha para fora o ministro, começará o avanço sobre os dedos, quando pode agora ser apenas sobre os anéis.
Culpado ou inocente, o arrogante Lupi não tem mais condições de ser ministro, nem no Brasil, nem na Bolívia e nem mesmo na Ilha da Madeira. E se Carlos ainda aguarda o tiro que ele mesmo falou, deve estar com o juízo avariado diante dos escândalos bonitinhos que todos os dias ganham a mídia. E se ele ainda não sentiu, deve ser por causa do efeito retardado, mas já está escrito no “livro da degola”: UMA BALA PARA LUPI.






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