quinta-feira, 28 de julho de 2022

 

JULHO/JULHO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.742


Acabando o prazo de validade, o mês de julho cumpriu o seu papel em solo sertanejo alagoano. Chuva, frio e festas por todos os lugares, apesar de tantas mortes nos últimos tempos. O frio ainda estar sendo de “torar os ossos” e alguns agricultores estão perdendo lavoura com a frieza. Agosto vem aí encangado para terminar o nosso inverno e quem sabe! Poderá ser ou não que resolva manter a escrita dos quinze dias mais frios do ano em sua primeira quinzena. Com a poderosa festa de Senhora Santana pedindo pelo sertão inteiro, poderemos almejar um agosto suave, amenizando assim a sua fama de mês das grandes tragédias. Água armazenada em açudes, barreiros... Tem muita por aí à fora, esperamos que seja o suficiente para chegar até as trovoadas, esperanças a partir do mês de novembro.

Ontem, 28, faz lembrar o dia 28 de julho de 1938, quando foi anunciado o fim do cangaceirismo no Nordeste. O fim de Lampião e seu bando, representou a vitória da sociedade e do bom senso sobre a barbárie. Batalhão alagoano formado e deslocado para Santana do Ipanema, chegou à cidade em 1936, para combater e extirpar o cangaço que deixava em polvorosa sete dos nove estados nordestinos. O comando do Batalhão pertenceu ao, então, tenente Lucena, pela sua bravura e experiência de combates ao banditismo no alto Sertão. Dois anos após a chegada do Batalhão em Santana – ele, que fora dividido em várias forças-volantes – usando três dessas forças, conseguiu acabar o chamado “Rei do Cangaço”.

 Faleceu o padre Cícero Romão Batista, no dia vinte também de julho. Lampião, célebre pela perversidade, Padre Cícero, famigerado pelas suas virtudes. Aliás, o chefe cangaceiro fora para a grota da fazenda Angicos, em Sergipe, para descansar, rezar e meditar durante a semana de morte do santo padre do Juazeiro do qual fora devoto à distância. Ali encontrou a morte na madrugada friorenta, tradição de julho. “Frio de matar sapo”.

Lucena foi promovido a coronel, chegou a ser prefeito eleito por Santana do Ipanema – sede do 70 Batalhão – foi   deputado e prefeito de Maceió e ganhou nome de avenida na “Rainha e Capital do Sertão”.

Julho era e é assim.

CAPA DO LIVRO LAMPIÃO EM ALAGOAS (FOTO B. CHAGAS)


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terça-feira, 26 de julho de 2022

 


ENCERRADOS FESTEJOS À PADROEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.741


 

Foi encerrada ontem, 26 de julho, em Santana do Ipanema, mais uma edição dos festejos à Senhora Santana, Padroeira do nosso município. Pela manhã houve missa solene com o presidente Monsenhor José Augusto Silva com a nave completamente lotada pelo povo e a presença de mais de dez padres da região. A missa aconteceu às 9 horas e 30 minutos, mas houve outra missa solene que marcou o período da tarde, celebrada pelo Bispo Diocesano, D. Manoel. Logo após a missa vespertina, teve início a tão aguardada e tradicional procissão pelas ruas da cidade. Com a Bênção do Santíssimo Sacramento e mais foguetório foi encerrada a Festa de Senhora Santana, neste dia de feriado municipal.

Essa tradição religiosa remota ao século XVIII quando Senhora Santana e São Joaquim foram introduzidos na região da Ribeira do Panema, pelo Padre Francisco José Correia de Albuquerque O casal de santos viera da Bahia especialmente para ser entronizado numa capela ainda a ser construída pelo padre Francisco nas terras do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia cujo solo formaria a futura cidade Santana do Ipanema.

Os festejos em pleno inverno santanense com tempo nublado, frio e um misto de estio e chuvas, acontece ao mesmo tempo no mundo inteiro onde a avó de Jesus for a padroeira. Desse modo não se pode mudar a data instituída pela Igreja Católica Apostólica Romana.

Durante o novenário, inúmeros santanenses retornam à terra em que nasceu para uma participação ativa nos movimentos sacros e profanos que caracterizam a Festa de Senhora Santana. Muitos chegam de outros município e estados movidos pela fé e para pagar promessas de graças alcançadas.

Santana do Ipanema encerra um período de dois meses de festas grandes e diversas que atraíram multidões, assoberbaram  pousadas e hotéis da cidade e do entorno. Continua a Rainha e Capital do Sertão, a convergir a gente sertaneja para suas ruas comércio, repartições públicas e templos disseminados pela cidade, crescendo no vigor e na fé da sua excelsa PADROEIRA.

VIVA SENHORA SANTANA!!!

 

 

 

 

 

 

 


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segunda-feira, 25 de julho de 2022

 

POÇO: TAPA NA TAIPA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.740



 

No médio Sertão alagoano, o município de Poço das Trincheiras dá um forte exemplo de boa vontade e civilização. Acaba de divulgar a substituição de 72 casas de taipa por residências de alvenaria. O prefeito, agrônomo Valmiro Costa, trabalhando no Programa de Controle da Doença de Chagas, da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), procura erradicar assim a doença causada pelo inseto conhecido como “barbeiro”. O barbeiro gosta de se alojar nas frestas desgastadas da casa de taipa, e em vários locais como o teto de palha de coqueiro Ouricuri. Essa investida do prefeito contra o transmissor da doença, além de ajudar na saúde dos seus moradores, dignifica a pessoa e aumenta sua autoestima com a casa nova de alvenaria.

 O inseto barbeiro se alimenta de sangue, pode picar animais e pessoas. Após a picada em humanos, o inseto defeca deixando o protozoário Trypanosoma cruzi, ao coçar no local, o protozoário vai para o sangue provocando a doença. Esse mal acontece mais na zona rural onde prolifera ainda hoje a casa de taipa que oferece todas as condições ao inimigo da saúde. Portanto, o exemplo foi dado na iniciativa sertaneja do prefeito Valmiro Costa, e que merece todo louvor a esse tipo de trabalho. As parcerias existem para isso, mas em não havendo interesse do gestor, ela não se realiza. Paisagem sertaneja sem casa de taipa fica mais bela e posa na foto com virilidade progressista. Esperamos que haja uma grande festa no município do Poço quando a última casa de taipa for erradicada. Queremos estar presentes.

Poço das Trincheiras é a cidade que fica mais perto de Santana.  Ambos os municípios são fronteiriços e amigos. Poço já pertenceu a Santana e representa o primeiro território alagoano que recebe o rio Ipanema. Suas terras planas e férteis desenvolvem a agropecuária, mas também se destacam pelos seus montes famosos em toda a região, como parte da serra do Poço e parte da serra da Caiçara que são destaques no mundo sertanejo. Atualmente Poço das Trincheiras criou fama regional quando o povo do sertão diz:” O Poço é um município organizado onde tudo funciona”.

Valmiro Costa, foi no início um dos grandes entusiastas e batalhador pelo Canal do Sertão. Pela primeira vez como gestor do Poço das Trincheira ergue a mão e dá um tapa na taipa.

Parabéns aos seus munícipes

CASA DE TAIPA (FOTO: AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 

 

 

 


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domingo, 24 de julho de 2022

 

CAVALHADA EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.738

 


  A cavalhada, folguedo é de origem portuguesa, brincou muito em Maceió e desapareceu. Surgiu na zona rural de Santana do Ipanema em lugar específico há mais de 30 anos e estava desaparecido também. A brincadeira foi resgatada e neste domingo (ontem) de Festa de Senhora Santana, apresentou-se no campo da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira. A cavalhada é também conhecida como “corrida de argolinha”, representa as lutas de cristãos e mouros na tradição portuguesa. Alas e cavaleiros vestidos de azul, ala de cavaleiros vestidos de encarnado (vermelho), entram em competição

Cavalhada é uma celebração de espetáculos públicos e mostra a destreza e valentia dos seus participantes que frequentemente envolvia temas do período da Reconquista. Era um torneio que servia como exercício militar nos intervalos das guerras e onde nobres e guerreiros cultivavam a praxe da galanteria.

No Brasil, esse torneio tem suas variedades, sendo algumas muito mais vistosas nos trajes e acessórios de cavalos e cavaleiros. É folguedo ativo em algumas regiões e inexistente em outras. A corrida de argolinha em Santana do Ipanema, parece ser a mais simples de todas, resumida no básico. Os cavaleiros disputam as provas tentando retirar as argolinhas penduradas num fio, usando o cavalo em velocidade e uma “lança” na mão. Existem ainda outras observações durante a prova, porém, a habilidade e destreza na hora da argolinha é a parte mais empolgante da brincadeira.

Os personagens principais são os cavaleiros, vestidos de azul (cristãos) ou vermelho (mouros) e armados de lanças e espadas. A corte é representada por personagens como o rei, o general, príncipes, princesas, embaixadores e lacaios, todos vestidos com ricas fantasias. Mas, como foi dito acima, nem todos os lugares procedem assim. A cavalhada de Santana do Ipanema, é simples e não possui os adereços e o luxo apresentados no Centro-Oeste, por exemplo. Mas, a corrida de argolinha sempre alcançou um bom número de espectadores no sítio Caracol, onde participamos há três décadas, como curioso. Um resgate muito bom que empolga o homem do campo carente de diversões.

 No início do folguedo há uma visita à igreja ou a um santo que é colocado num pedestal e só depois começam as competições cheias de nuances. Os cavaleiros saíram da Matriz de Senhora Santana para o campo do Estadual em desfile com uma banda de pífano animando a brincadeira. Não podemos contar de certo, pois não estávamos por perto.

Parabéns aos que tiveram a ideia e aos que promoveram a volta da tradição extinta.

CAVALHADA NO CENTRO-OESTE (FUNDAJ).

 

 

 

 


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quinta-feira, 21 de julho de 2022

 

SERTÃO DAS FERRAMENTAS

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2022

Escrito Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.738

 

Como o Brasil é cheio de gírias, temos visto aqui no Sertão o nojo pelo sujeito manhoso, enganador, “cabra peste” que está sendo chamado de “picareta”, principalmente o tipo de político que se encaixa acima. Mas, por que chamam o indivíduo de picareta que é apenas uma das ferramentas usadas nas construções e na Agricultura? Talvez seja porque a picareta tenha duas extremidades de uso que servem para cavar a terra e arrancar pedregulhos também. Uma extremidade é pontuda, a outra é chata para o uso conforme a necessidade. A gíria pegou pelo Brasil inteiro e a ferramenta da roça ganhou notoriedade negativa. Foi não foi, você se depara com um picareta na política, na repartição, na vizinhança... Nas ruas.

E como estamos falando em ferramentas, utilizamos ainda no campo a faca, o facão, a foice, o machado, a enxada, o enxadeco, o livião...  O cavador. Algumas dessas palavras o dicionário nem registra, ferramentas, algumas delas, variam de pronúncia conforme a região brasileira. Essas ferramentas que ainda possuem o valor do ouro em nossa agricultura sertaneja nordestina, chegavam ao Sertão alagoano transportadas para os nossos ancestrais, primeiramente em navios vindos de Salvador ou do Recife que entravam pela foz do rio São Francisco e subiam até Pão de Açúcar que era o grande porto da época. Ali, frotas de carros de boi (até 20 carros) e tropas de burros desciam de várias partes do Sertão para o desembarque dos navios e também a fim de transportarem essas ferramentas para outros núcleos sertanejos, mas também abasteciam os navios com nossos produtos: couro, peles, carne-de-sol, madeira e muito mais.

Estradas para a Capital ainda não havia e todo percurso era feito pelo mar e Rio São Francisco. Mas as ferramentas não deixaram de aparecer nos armazéns que vendiam de tudo: ferramentas, charque. Bacalhau, arame farpado, querosene, munições e muitas outras coisas. Nessa época não se chamava ninguém de picareta. O sujeito ruim, manhoso, não confiável, era tido como cabra-de-peia, cabra de aió, cabra safado...

E assim o Brasil continua com suas gírias, criando várias em uma só e continuadas gerações. E se você é agricultor, vai dizer:

Coitada da picareta!

PÃO DE AÇÚCAR (FOTO: ALAGOAS NA NET).

 

 


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terça-feira, 19 de julho de 2022

 

USANDO O APRENDIDO

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.737

 


Quando estudávamos no Ginásio Santana, as provas eram ditadas pelo professor ou escritas por ele no quadro. Nós escrevíamos numa folha dupla pautada. Conforme o professor e a prova, podíamos usar totalmente a folha dupla ou não. O professor de Geografia, Alberto Nepomuceno Agra – ex-pracinha, fazendeiro, e dono de farmácia – costumava escrever no quadro apenas uma prova curta de cinco questões.  Ao entregarmos os testes, raramente usávamos a folha dupla. O professor cortava a folha ao meio e nos devolvia a outra banda não usada, dizendo mais ou menos assim: “Vamos aprender a economizar. Leve para casa essa parte em branco, você poderá precisar mais tarde”. Da mesma maneira procedia quando avistava um grampo de papel no chão. Extrapolava a Geografia, ensinando para a vida.

Comprávamos o papel de prova no centro comercial ou na bodega do senhor Oseas, bem pertinho do Ginásio e que também vendia “puxa” (doce pegajoso enrolado em forma de trança e macarrão). Era gostoso e ruim de mastigar. Enrolávamos a folha dupla em forma de canudo, passávamos um papel comum e mentalizávamos uma boa prova. Alguns espertos colocavam “filas” no meio das folhas e, vez em quando era surpreendido pelo professor.  O papel em forma de estêncil que facilitava a vida do aluno e do mestre só foi aparecer, se não estamos enganados, no Colégio Sagrada Família, atualmente extinto. Mas vamos voltar aos ensinamentos práticos de Alberto, meu Grande na Geografia e na vida.

Assim vamos ainda hoje, longe da sovinice, economizando grampo, papel, palavras ofensivas, orgulho, egoísmo, iras e invejas, esbanjando, porém, amor, caridade, fé, generosidade e setas indicativas do seguimento da existência. Vamos lembrando outros mestres que nos ajudaram a subir a montanha e falar do cimo para o resto do mundo. Vamos levar para o nosso futuro os tesouros acumulados na mente, no coração, no currículo terreno.

Ginásio Santana, escola de vida.

Professor, guia nas trevas com archote perene.

Gratidão: Sentimento impagável na condição humana.

GINÁSIO SANTANA EM 1963 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)


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segunda-feira, 18 de julho de 2022

 

ABENÇOADO CACHIMBO

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.736




Vez em quando aflora em nós, lembranças que não podemos e outras que podemos contar. Foi o caso de lição de futuro e finalmente aprendida.  Em Santana do Ipanema, havia dois garotos que residiam no outro lado do rio (ainda não muito habitado). O local era de uma pobreza extrema chamado Cachimbo Eterno e que inclusive já foi motivo do porquê desse nome nesta página. Tempos de muita fome nas periferias da cidade. Muitos pedintes nas ruas, atrás de comida e de tudo. As duas crianças irmãs, sempre apareciam em nossa casa pedindo comida. Se havia almoço, eles almoçavam sobre a laje de uma cisterna subterrânea que tínhamos. Se ainda não tinha almoço, eles diziam na porta da rua: “Quarquer coisa serve...” Era comovente!

Os anos se passaram e fomos deixando a infância para trás, entrando na responsabilidade adulta da vida. Num piscar de olhos chegou essa tal de terceira idade a quem agradecemos intensamente ao nosso Soberano.  Uma daquelas crianças morreu, a outra foi se desenvolvendo e caiu no gosto de inúmeras pessoas da sociedade que foram ajeitando, lapidando aqui e ali o garoto.  Alguns chegaram ao ponto de – mais como gozação de que ajuda – lançá-lo candidato a vereador. Lógico que não deu em nada. Aquela figura baixinha e simpática, mas não de cabeça completamente no lugar, continuou na sociedade servindo a um e a outro. Aquela criança ainda vive, anda bem vestida e parece esbanjar saúde.

Feliz quem vai vivendo e aprendendo as lições do cotidiano que a vida oferece. É assim que vamos ficando mais rico em espiritualidade e sabedoria.

Pois, em momentos hesitosos com os supérfluos da vida, chegam rapidamente lições que aprendemos ainda naquela infância. E Quando queremos algo que poderia encher a nossa vaidade pessoal e fica difícil a meta desejada, lembramos da lição das crianças do Cachimbo Eterno. Vamos nos conformando com o naco menor que Jesus nos deu: “Quarqué coisa serve...”

Abençoado Cachimbo.

SENHORA DE 110 ANOS, FUMANTE DESDE OS 10. (CRÉDITO: CANAL DO SISAL).


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quinta-feira, 14 de julho de 2022

 

A CASA DO PADRE BULHÕES

Clerisvaldo b. Chagas, 15 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2. 734

 

O riacho Camoxinga, ao se aproximar do rio Ipanema, vai rasgando o solo nos últimos metros da sua jornada, formando uma espécie de ravina até chegar à sua foz que é do tipo estuário (foz sem obstáculos, ilhas). Ali nos seus estertores o riacho passa numa altura de cerca de 15 metros de altura e despeja no rio Ipanema. Quase sempre, existe coincidência entre as cheias do riacho Camoxinga e o rio Ipanema que nesse caso dificulta o escoamento do riacho, represando-o. O nome desse afluente deu origem ao maior bairro de Santana, o também Camoxinga. Foi na margem direita dessa foz onde conhecemos o casarão em que morou o padre Bulhões (depois cônego). Bem no alto da ravina, o casarão puxava muito em área coberta para os fundos.

A história não conta quem construiu aquela mansão e nem o muro de arrimo feito com muretas na ravina para proteger a casa. Veja como faz falta os registros históricos para os pesquisadores do futuro. Na era 60, porém, dava impressão de uma casa muito antiga e construída por quem tinha bastante dinheiro talvez no tempo de vila. Quando o padre Bulhões chegou à Santana, por certo fora morar de primeira naquele casarão onde também adquirira toda área de terras dos arredores, como a do atual Bairro Artur Morais, antes chamado “Matança,” pois, era ali a céu aberto onde abatiam as reses para o Mercado de Carne da feira dos sábados. Nas últimas agonias do casarão, abandonado no todo, funcionava em um dos cômodos da frente, uma marcenaria do marceneiro conhecido como Negão.

Ainda conseguimos tirar uma foto dos últimos dias daquele casarão histórico (logo após, foi demolido) de tanta relevância para os anais de Santana do Ipanema. Hoje o terreno foi transformado em inúmeras atividades que logo mudam para outras. O município perdeu uma rica história que daria mais de quinhentas páginas sobre o casarão e o padre Bulhões entre as eras de 1920 e 1950.  Ainda esperamos que algum descendente da família do sacerdote, escreva essa história santanense que se refugiava na batina e no casarão do padre. O terreno ainda oferece condições para um Memorial histórico, cultural e turístico de tudo em que ali foi representado.

Vacilaram! Deixaram a Cultura morrer.

CASARÃO DO PADRE BULHÕES EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)

 

 

 


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terça-feira, 12 de julho de 2022

 

                                                  TAMBÉM AS COBRAS                                   

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.733

 



Em solo sertanejo nordestino, encontramos alguns tipos de serpentes identificadas por quase todos que habitam os campos. A base das espécies mais vistas e identificadas popularmente, são a cobra jiboia (a maior de todas), a cascavel, a salamanta, a coral, a corre-campo, a papa-ovo, a caninana, a de cipó, a verde e a cobra preta.

Quem não se lembra da música: “Os zoio da cobra verde, hoje foi que arreparei/se arreparasse há mais tempo/não amava quem amei”? Pois bem, até as cobras inspiram cantores e compositores brasileiros. Também Gilberto Gil que fala da cobra corá (l).

Floro Novais, o famoso vingador sertanejo, costumava nomear todas as suas armas. A um revólver 45 ele o chamava de cobra-preta.  Indagado por um amigo, o porquê desse nome, “se cobra-preta não tem veneno”, ele respondeu: “Não tem veneno, mas engole as outras”. E é uma verdade. Por mais perigosas que sejam as outras serpentes como a cascavel e a salamanta são engolidas por ela.

Nesse momento toda a vegetação do Brasil passa por situação difícil: a Floresta Equatorial (Amazônica), a Floresta Tropical (Mata Atlântica), o Cerrado, os Campos Limpos e Sujos, a Vegetação Litorânea, os mangues e outras. A Caatinga resistiu o quanto pode, mas hoje está pelada com pequena percentagem do original.  Desaparecida a mata, desaparecidos os bichos. A quantidade de cobras era proporcional a caatinga, hoje, o perigo de ser picado por uma delas, foi muita reduzida. Mesmo assim, ainda se encontram as espécies citadas acima.

Quem anda pelas trilhas, apesar da raridade de  animais selvagens, “Não pode andar com a cara para cima” como diz nosso matuto. Foi não foi, pode se deparar com uma cascavel nos pedregulhos, nas touceiras de cactos, ou nas caçadas noturnas. Também foram desaparecendo com a mata e as serpentes, o curador de cobra que se apresentava nas feiras, curando no rastro e nas orações. Dificilmente você vai encontrar o curador que cura contra cobras na fazenda; os homens que ainda perguntavam para você por onde quer que as cobras saiam da sua propriedade.  

Vez em quando encontrávamos um caçador de serpentes encomendadas pelos institutos de vacinas. Hoje coisa rara.

Neste final de mundo, as cobras mais venenosas estão perdendo feio para a raça de bandidagem em duas pernas, desse torrão brasileiro.

INSTITUTO BUTATÃ (FOTO: DIVULGAÇÃO).


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segunda-feira, 11 de julho de 2022

 

TIRADOR DE COCO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.732


 

Quem convive com o Sertão, conhece muito bem a urtiga, a planta mais temida da caatinga, capoeiras e caminhos. É uma erva de 60 a 70 centímetros de altura com uma boa variedade. Pertence à família das Urticaceae. Pelo menos três espécies são muito comuns na área: uma baixinha de folhas largas e verdes, outra baixinha de folhas largas e vermelhas e uma terceira, caneluda de caule pelado e folhas pequenas nas extremidades, assemelha-se à favela. São terríveis ao triscar em qualquer parte do corpo e faz coçar desesperadamente.

Peia é um trançado forte de corda que se coloca numa pata de trás e outra na da frente das cavalgaduras, para que elas não se distanciem muito na folga do trabalho.

É chamado no Sertão: “cabra- de-peia”, aquele indivíduo ruim, que não vale nada. E que merece levar uma pisa, surra de peia, peça de corda.

 E, de um modo chulo, não se sabe a razão: peia=pênis. “entrar na peia”, copular. Os cantadores costumam ameaçar colegas nas cantigas desafios: “você vai entrar na peia”, mas com sentido normal da peça usada nas cavalgaduras.

Embolador ou tirador de coco, é aquele indivíduo que canta na rua com pandeiro fazendo versos de emboladas ou coco, com um parceiro, em desafio.

Pois bem, um coronel do Sertão, fazendeiro abusado e matador de gente acabara de perder um profissional tirador de cocos dos coqueiros da fazenda. Fora embora para São Paulo. A colheita de coco rendia bastante dinheiro ao coronel que vendia aos caminhões para todos os lugares. Com as mãos à cabeça o fazendeiro não sabia o que fazer. Para subir num coqueiro e tirar cocos ninguém se atrevia que a missão é muito pesada. Pois bem, certo dia chegou um sujeito por ali e pediu emprego e comida. O coronel perguntou o que ele fazia na vida e o homem respondeu que era tirador de coco. Imediatamente ficou empregado, encheu a barriga do bom e do melhor até que o coronel disse: “Pronto, vá descansar que amanhã bem cedo você começa a tirar coco naqueles coqueiros da baixada”.

O novo empregado respondeu: “Eu não sei subir em coqueiro, coronel”. E o patrão de boca aberta “Oxente! você não disse que era tirador de coco?” “Sou tirador de coco de embolada, coroné. – Puxou o pandeiro de um saco que servia de mala.

O coronel ficou mais vermelho do que pimenta. “Como é a história, cabra! Eu não vou mandar lhe dar uma surra de peia, mas vou mandar lhe dar uma pisa de urtiga de bunda limpa, cabra da peste!" Um capanga já estava preparado e fez o serviço mandado pelo patrão. Após a pisa de urtiga, o embolador saiu correndo, correndo e se coçando numa agonia triste.

Daí em diante, o embolador podia tirar abacaxi, manga, banana, mas não queria nem saber de falar que era tirador de coco.

EMBOLADAS. (DIVULGAÇÃO).


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domingo, 10 de julho de 2022

 

DEFININDO OS FENÔMENOS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.731



Vamos aproveitando o tempo invernoso cheio de manifestações atmosféricas para entendermos o que é neve, granizo neblina ou nevoeiro e geada. O engano sobre eles é costumeiro.

Você pode dizer: está caindo neve, porque ela vem de cima. Isso corresponde a precipitação do vapor d’água sob a forma de cristais de gelo, que se aglomeram produzindo flocos de neve. Nos níveis em que a nuvem tem origem a temperatura situa-se obrigatoriamente abaixo do ponto de congelamento: 10 graus.

O granizo a que chamamos também pedra de gelo (choveu pedra) provem da precipitação do vapor d’água contido nas nuvens que, caindo em forma de pequenas gotas, em contato com uma camada de ar mais fria, acabam por se congelar.

Deu para notar a diferença?

A neblina, também chamada nevoeiro, corresponde a uma formação de nuvens pouco espessas, próximas da superfície, provocadas pelo resfriamento e condensação do ar úmido, também próximo da superfície. Ela ocorre normalmente em noites claras, de céu límpido, sobretudo no inverno e no outono. O solo, perdendo calor rapidamente provoca o resfriamento do ar das camadas contíguas à superfície, e a umidade condensada aparece sob forma de nevoeiro, que tende a acumular-se nos vales e nas planícies, porque o ar frio, sendo mais pesado, geralmente se concentra nas partes baixas do relevo. Fenômeno muito comum em nossa região, mas, geralmente não entendido.

Pulando a pauta: Lampião tinha importante cabra no bando, chamado Nevoeiro.

Orvalho, aparece quando o ar, durante à noite resfria-se abaixo do ponto de saturação. Esta forma de condensação ocorre muito próximo da superfície e pode ser observada nas plantas e nos objetos ao amanhecer. Quando, porém, a condensação ocorre com temperaturas inferiores a zero grau, surge a geada, representada pela formação de uma camada fina de gelo sobre a vegetação e outros objetos. Ao contrário da neve, você não diz: está caindo geada porque ela não vem do alto. Nós, sertanejos, chamamos a condensação da noite de sereno e a do amanhecer de orvalho.

E se você quiser medir a quantidade de chuva que caiu no quintal da sua casa, mede em um aparelho chamado pluviômetro e que pode ser feito até com garrafa pet.

Esperamos que tenha gostado.

Texto baseado em Elian Alabi Lucci.

NEBLINA EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: CLEMILDA/ARQUIVO)


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quarta-feira, 6 de julho de 2022

 

BANQUISAS

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.730

 

 Com esses alertas da marinha de ventos e ressecas no mar de Maceió, recordamos que a diferença entre oceano e mar é que o Oceano é toda a massa de água salgada e o mar representa apenas uma parte do Oceano, a parte que fica perto da praia até onde nossa vista alcança.

“Durante o inverno grandes massas de águas superficiais dos mares próximos aos polos se congelam.

 As camadas e gelo formadas nessas regiões alcançam quilômetros de espessuras e vário quilômetros de extensão.

 Estes gelos polares, constituídos por grandes placas ao se unirem cobrindo grandes extensões dos oceanos e mares, denominam-se Banquisas.

Com a chegada do verão, a banquisa polar se funde, e grandes massas de gelo são arrastadas pelas correntes marítimas até os mares de latitudes médias.

“Esses blocos de gelo, entretanto, não devem ser confundidos com os icebergs, que constituem grandes blocos de gelo de água doce, desprendidos dos glaciares. Sua origem é, portanto, terrestre, e suas dimensões são enormes, aparecendo sobre o nível das águas apenas uma pequena parte do seu conteúdo”.

Mas não somente estão aparecendo muitas novidades descobertas pela Ciência nas regiões polares, mas sim também no mundo inteiro. Apesar de países como Estados Unidos, China e outros mais, focarem suas descobertas no espaço, cientistas surpreendem cada vez mais com novas descobertas nos mares, nos oceanos e mesmo nos mais áridos desertos do globo. Mas existe um problema arraigado no Brasil: a falta do gosto pela leitura e que muitas vezes impede o crescimento em diversos setores do jovem que deveria ser um grande competidor em todos os sentidos da vida.

Mas como hoje falamos dos mares gelados, vai minha lembrança e homenagem ao professor Douglas Apratto e suas belíssimas aulas despertando as nossas curiosidades no antigo Colégio Guido, de Maceió

Regiões geladas e professor quente, também são coisas da Natureza.

BANQUISAS (FOTO: GOOGLE).

 


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terça-feira, 5 de julho de 2022

 

PONTE MOLHADA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.729

 



Para os construtores, ponte molhada é uma passagem baixa feita de cimento, para lugares de travessias e riachos. Se um tronco de árvore deitado serve para se atravessar uma vala, um riacho, é chamado do triste nome de pinguela, pois a passagem molhada é um pouco melhor do que a pinguela. Só serve mesmo para o verão quando os riachos estão secos porque evitam a passagem dos transeuntes por cima da areia. No inverno, as cheias, como agora, cobrem até pontes de verdade quanto mais essas invenções ridículas do tempo em que prefeituras viviam na “pindaíba”. Ora! Os riachos não estão respeitando nem pontes de concreto quanto mais pinguelas e passagens molhadas! Mas, por que hoje as prefeituras do Brasil – nadando em dinheiro – não constroem pontes de vergonha!?

Lembro de uma presepada dessa bem no Centro Comercial de Caruaru alguns anos atrás. O Poço das Trincheiras tem uma sobre o rio Ipanema, inclusive com passagem para o povoado Quandu, mas que agora, com a pista asfáltica que deverá acontecer por esses dias, vem junto uma ponte de verdade. Quem não lembra da antiga “pinguela” para o Colégio Estadual, em Santana do Ipanema? Um sufoco! Foi sendo melhorada devagar e também passou pelo triste estágio de passagem molhada, mas terminou em ponte bonita e de verdade construída pelo saudoso prefeito Isnaldo Bulhões. Porém Santana ainda resiste com duas antigas dores de dente: uma sobre o rio Ipanema, que é do início de Santana/cidade e a outra no Bairro Artur Morais, um “cala-boca” de gestão do tempo dos arranjos.

Há muito, baseadas em suas florestas (matéria-prima), o que mais existe nas Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil são pinguelas e pontes de madeira, outra desgraça que não mais se coadunam com os tempos modernos do Século XXI. E aqui no estado de Alagoas, mesmo, temos muitas pontes de concreto, muito baixas, estreitas, de épocas em que um automóvel na rua era novidade. Serviram bem naqueles tempos e, agora, “esquecidas” pelo poder público, estão facilmente em ações de mergulhos nas cheias deste inverno, basta viajar de Santana a Maceió e você verá. Esperamos que as coisas melhorem em nosso País.

Oxente!

PONTE MOLHADA (FOTO: PREFEITURA DO POÇO DAS TRINCHEIRAS/DIVULGAÇÃO).


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segunda-feira, 4 de julho de 2022

 


IFAZEANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.728

 

Obras paralisadas há bastante tempo, o esqueleto físico do que seria o IFAL Campus Santana, defronte o Batalhão de Polícia na Lagoa do Junco, margem da BR-316, em Santana do Ipanema virou construção fantasma. Após gastarem uma fortuna interromperam a obra, com alegações sobre o terreno. O tempo passou com a obra esquelética à vista dos passantes e o IFAL – Instituto Federal de Alagoas – passou a funcionar em prédio de terceiros na AL-130, saída para Olho d’Água das Flores. Somente agora o novo governador garantiu verbas para a construção do IFAL, entretanto a divulgação não fala se será a retomada das obras ou nova construção em outro terreno. Fala-se em 1,6 milhão para construção da nova sede.

Segundo noticiário, a Instituição contará com 12 salas de aula, 2 laboratórios de informática, auditório, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de vivência, quadra poliesportiva coberta, e laboratórios especiais. A nova sede vai irá atender a 1200 alunos de Santana do Ipanema e 16 municípios vizinhos.

Com IFAL, UFAL e UNEAL, a Capital do Sertão se consolida como um dos grandes polos educacionais do estado. As consequências são as atrações de inúmeros empreendimentos particulares e públicos nas imediações. Vem a pousada, o hotel, o posto de gasolina, a farmácia, o mercadinhos, os bares, os salões e assim em diante. E Novamente lembramos nosso amigo, bom empresário e sovina que só ele: “uma repartição federal na cidade é um despejar permanente de caldeirão de dinheiro. Todo mundo pega o seu quinhão”, direta ou indiretamente com a circulação de verbas.

Portanto Santana do Ipanema, mais uma vez está de parabéns, pois assim vai revitalizando bairros e gerando oportunidades em todos eles como um todo, facilitando a vida de milhares. As boas escolas ajudam a fixar o nativo no próprio município. É somente lembrar a época em que se terminava o Curso Ginasial em Santana e, ou aceitava-se o Curso de Contabilidade (Curso Médio, antigo 20 Grau), parava os estudos por aí ou se partia para Maceió ou Recife. Portanto, a chegada forte do IFAL na terrinha deve ser acolhida com dois pés como tirador de coco e com duas mãos como tocador de pife.

Salve o progresso!

IFAL SEDE NÃO PRÓPRIA (DIVULGAÇÃO/RQUIVO).

 

 

 

 

 


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domingo, 3 de julho de 2022

 

CAINDO GELO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.727

 



 Chegou o tão aguardado mês de julho, central de planejamento do comércio e da agropecuária sertaneja. O citado mês não negou a tradição de outrora e rompeu o dia primeiro com chuva suave o dia todo, desde as primeiras horas da manhã e, um frio avaliado por muitos: para as pessoas em geral: “um frio de lascar!”. Para pessoas mais velhas: “Tá caindo gelo!”; para minha sogra: frio de torar os ossos; e para muitos: “Eita que o nosso Sertão agora virou São Paulo”. Guardando as devidas proporções, está muito frio por aqui. Isso faz lembrar o cerco das forças volantes ao bando de Lampião no amanhecer do dia 28 de julho de 1938, na grota da fazenda Angico, em Sergipe: “frio de matar sapo”, falou um volante combatente. E assim vamos revivendo os velhos tempos do mês em curso, sobre a atmosfera.

“julho é o sétimo mês do ano no Calendário gregoriano, tendo a duração de 31 dias. Deve seu nome ao cônsul e ditador romano Júlio César, sendo antes chamado Quintilis, em latim, dado que era o quinto mês do Calendário Romano que começava em março. Também recebeu esse nome porque foi o mês em que César nasceu. Julho começa (astrologicamente) com o Sol no signo de Câncer e termina no signo de Leão. Na roda do ano pagã, julho termina Lughnasadh ou próximo dela no hemisfério sul.  É em média o mês mais quente na maior parte do hemisfério norte, onde é o sadhnas e segundo mês de verão, e o mês mais frio em grande parte do hemisfério sul, onde é o segundo mês de inverno. A segunda metade do ano começa em julho. No hemisfério sul, julho é o equivalente sazonal de janeiro no hemisfério norte”.

Julho em nosso Sertão, sempre acumulou a maior pluviosidade anual. Passou, porém uma boa temporada sem esse troféu. Todos os anos, agricultores, alguns, reclamavam de perda de lavoura com as chuvas, frio, lagartas e até gafanhotos do final de julho para o mês de agosto. Está com muitas décadas que não mais ouvimos esses relatos lamentosos. Mas agora tem gente perdendo a lavoura afogada pelas chuvas. Sobre este mês total, não sabemos ainda, todavia, o dia primeiro (sexta-feira) foi de chuva continuada desde a madruga ao anoitecer, entrando pela noite. Graças a Deus foi uma chuvarada boa, respeitosa e molhadeira, sem trauma.

Tempo de política: chuva na terra e dinheiro correndo frouxo. Amém! Amém.

CÉU MARFIM E CHUVA RESPEITOSA CONTINUADA (Foto: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 


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