A CASA
DO PADRE BULHÕES
Clerisvaldo
b. Chagas, 15 de julho de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2. 734
O
riacho Camoxinga, ao se aproximar do rio Ipanema, vai rasgando o solo nos
últimos metros da sua jornada, formando uma espécie de ravina até chegar à sua
foz que é do tipo estuário (foz sem obstáculos, ilhas). Ali nos seus estertores
o riacho passa numa altura de cerca de 15 metros de altura e despeja no rio
Ipanema. Quase sempre, existe coincidência entre as cheias do riacho Camoxinga
e o rio Ipanema que nesse caso dificulta o escoamento do riacho, represando-o.
O nome desse afluente deu origem ao maior bairro de Santana, o também
Camoxinga. Foi na margem direita dessa foz onde conhecemos o casarão em que
morou o padre Bulhões (depois cônego). Bem no alto da ravina, o casarão puxava
muito em área coberta para os fundos.
A
história não conta quem construiu aquela mansão e nem o muro de arrimo feito
com muretas na ravina para proteger a casa. Veja como faz falta os registros
históricos para os pesquisadores do futuro. Na era 60, porém, dava impressão de
uma casa muito antiga e construída por quem tinha bastante dinheiro talvez no
tempo de vila. Quando o padre Bulhões chegou à Santana, por certo fora morar de
primeira naquele casarão onde também adquirira toda área de terras dos
arredores, como a do atual Bairro Artur Morais, antes chamado “Matança,” pois,
era ali a céu aberto onde abatiam as reses para o Mercado de Carne da feira dos
sábados. Nas últimas agonias do casarão, abandonado no todo, funcionava em um
dos cômodos da frente, uma marcenaria do marceneiro conhecido como Negão.
Ainda
conseguimos tirar uma foto dos últimos dias daquele casarão histórico (logo
após, foi demolido) de tanta relevância para os anais de Santana do Ipanema.
Hoje o terreno foi transformado em inúmeras atividades que logo mudam para
outras. O município perdeu uma rica história que daria mais de quinhentas
páginas sobre o casarão e o padre Bulhões entre as eras de 1920 e 1950. Ainda esperamos que algum descendente da
família do sacerdote, escreva essa história santanense que se refugiava na
batina e no casarão do padre. O terreno ainda oferece condições para um
Memorial histórico, cultural e turístico de tudo em que ali foi representado.
Vacilaram!
Deixaram a Cultura morrer.
CASARÃO
DO PADRE BULHÕES EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)
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