MARCELON
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.267
Interessante
a questão levantada pelo primo escritor João Neto Chagas: “Como seu Marcelon
conseguia fazer picolés e sorvetes sem energia municipal?” Bem, para quem não
sabe, em Santana do Ipanema, no início da Rua Nova, salão comprido de esquina,
sorveteria do senhor Marcelon; bem defronte a Pracinha Emílio de Maia. Deve ter
sido um período da década de 50 e 60.
Como criança e adolescente, sempre pedia picolé, sorvete e salada de
frutas, produtos fabricados naquele lugar. Não me recordo das feições do dono e
nem possível nome do estabelecimento. Recordo as feições do segundo dono: José
Ricardo Sobrinho. Mas digo ao primo velho, meu contemporâneo, juntamente com
outro escritor, Luís Antônio, o Capiá, que havia um reservado e eu já havia
entrado algumas vezes ali, onde sempre havia um barulhozinho, quase permanente
de máquinas trabalhando; barulho esse semelhante à de motor de geladeira, de ar-condicionado,
por aí assim, ouvido por nós até ao passar pela calçada da sorveteria no lugar
mais próximo do reservado.
Ora,
então é claro que o homem já possuía motor particular apropriado. É parecido
com o caso Maneca. A geladeira do café/bar do Maneca era uma das poucas da
cidade, mas já havia energia na urbe e
muitos elogios à qualidade da geladeira do homem que vendia o gostoso vinho
marca “Raposa”. Sim João, o assunto talvez só interesse aos santanenses, mas
não deixa de ser acontecimento do passado em todo o interior.
O
filho de Marcelon, chamado Tonho Marcelon (Antônio Honorato) tinha um bar no
térreo do Hotel Central de Maria Sabão. Era o “Point” da elite da época. Tonho
era um dos maiores enxadristas de Santana e o maior chradista. Um esporte em
voga: matar charadas. Se bem que o maior enxadrista mesmo de Santana fosse o
Brás que morava na Rua Tertuliano Nepomuceno e trabalhava na “Sapataria Ideal”
do Sr. Marinheiro Amaral. De qualquer maneira, temos um miolo da história
santanense e as periferias que complementam a riqueza cultural da nossa gente.
Ora, se formos descobrir outras coisas, o Gilson Saraiva (Gilson Alfaiate, era
o melhor jogador de “Damas” da cidade, embora eu fosse muito bom. Por hoje é
só. Fica aqui o convite aos escritores contemporâneos João Neto Chagas e o
Capiá, para darmos um passeio pelo cenário real de hoje, inspirador no passado
do meu recente romance AREIA GROSSA, ainda inédito. Beijos no coração
PRACINHA
DA VIZINHANÇA DA SORVETERIA (FOTO:DOMÍNIO PÚBLICO, ARQUIVO B.CHAGAS/LIVRO 230) .