segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

O CARROSSEL DE SÃO JOSÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.265



 

Sim, fiquei surpreso ao passar pela festa do santo no Bairro São José. Parque de Diversões armado, inclusive a roda gigante, não esperava encontrar ali o carrossel semelhante ao da minha infância, aquele dos cavalinhos. Pode até ter havido alguma diferença, mas a essência era a mesma. Por trás do “sobrado do meio da rua”, nos fundos das casas comerciais “A Triunfante”, do Senhor Manoel Constantino e da “Arquimedes, autopeças”, em todas as festas de Senhora Santana, era armado o Curre e a Onda, além de soltura de balões. Assim o carrossel era chamado: “Curre”. A “Onda”, mais rude, muito primitiva, era um redondo grande de tábuas presas com ferro e o conjunto ligado ao centro de um pedestal sustentado por vários raios de vergalhão.

Ambos os brinquedos se enchiam de gente e começavam a girar iluminados por candeeiros de flandres e animados por sanfoneiros e seus outros complementos. Muita gente da zona rural. Mas, não era fácil arranjar uma namorada matutinha. Em determinada hora da novena de Senhora Santana, algumas pessoas traziam um balão de papel sedoso, procuravam arrumá-lo sempre na esquina do “sobrado” do meio da rua”, bem na porta dos fundos da “Casa Triunfante”, bem pertinho da “onda” e do curre, E assim o balão subia bonito sobre a festa da padroeira. Chegava à novena também a banda de música do maestro Miguel Bulhões que entrava na festa tocando e assim penetrava na Matriz para acompanhar a novena com suas páginas musicais.

Os cavalinhos do curre eram de madeira, se não me engano, os da Festa de São José podem até ser de outro material. Mas como sabemos, no caso da roda-gigante, ainda continua no mundo de hoje, ficando cada vez mais alta e desafiadora em todos os lugares do   mundo, isto é, continua na moda. Eita, que até bairros e povoados ganharam o direito de festas com parques de diversões. Que bom! O povo dos sítios também chamava o carrossel além de “curre”, “estrivolim”. É isso, se não existir um nome, o povo inventa. E voltando ao Bairro São José, o santo mesmo podia não ter carrossel, curre ou “estrivolim”, mas a sua festa mesmo sim.

FUNDOS DO “SOBRADO DO MEIOS DA RUA”, ONDE SE ARMAVAM “CURRES”, ONDAS E FAZIAM VOAR BALÃO. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230).

 


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