O
CARROSSEL DE SÃO JOSÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.265
Sim,
fiquei surpreso ao passar pela festa do santo no Bairro São José. Parque de
Diversões armado, inclusive a roda gigante, não esperava encontrar ali o
carrossel semelhante ao da minha infância, aquele dos cavalinhos. Pode até ter
havido alguma diferença, mas a essência era a mesma. Por trás do “sobrado do
meio da rua”, nos fundos das casas comerciais “A Triunfante”, do Senhor Manoel
Constantino e da “Arquimedes, autopeças”, em todas as festas de Senhora
Santana, era armado o Curre e a Onda, além de soltura de balões. Assim o
carrossel era chamado: “Curre”. A “Onda”, mais rude, muito primitiva, era um
redondo grande de tábuas presas com ferro e o conjunto ligado ao centro de um
pedestal sustentado por vários raios de vergalhão.
Ambos
os brinquedos se enchiam de gente e começavam a girar iluminados por candeeiros
de flandres e animados por sanfoneiros e seus outros complementos. Muita gente
da zona rural. Mas, não era fácil arranjar uma namorada matutinha. Em
determinada hora da novena de Senhora Santana, algumas pessoas traziam um balão
de papel sedoso, procuravam arrumá-lo sempre na esquina do “sobrado” do meio da
rua”, bem na porta dos fundos da “Casa Triunfante”, bem pertinho da “onda” e do
curre, E assim o balão subia bonito sobre a festa da padroeira. Chegava à
novena também a banda de música do maestro Miguel Bulhões que entrava na festa
tocando e assim penetrava na Matriz para acompanhar a novena com suas páginas
musicais.
Os
cavalinhos do curre eram de madeira, se não me engano, os da Festa de São José
podem até ser de outro material. Mas como sabemos, no caso da roda-gigante,
ainda continua no mundo de hoje, ficando cada vez mais alta e desafiadora em
todos os lugares do mundo, isto é,
continua na moda. Eita, que até bairros e povoados ganharam o direito de festas
com parques de diversões. Que bom! O povo dos sítios também chamava o carrossel
além de “curre”, “estrivolim”. É isso, se não existir um nome, o povo inventa. E
voltando ao Bairro São José, o santo mesmo podia não ter carrossel, curre ou “estrivolim”,
mas a sua festa mesmo sim.
FUNDOS
DO “SOBRADO DO MEIOS DA RUA”, ONDE SE ARMAVAM “CURRES”, ONDAS E FAZIAM VOAR
BALÃO. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230).
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