JAPONA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.269
Não
tem para onde correr meu amigo, enquanto a juventude estar se divertindo na
Festa da Juventude, o frio estar cortando em Santana do Ipanema. Estou no
momento, armando esta crônica enrolado com uma camisa, um esquente e dois
casacos além de um par de meias, para poder atravessar noites e dias do mês de
julho. Isso faz lembrar os grandes invernos do Sertão e a Festa de Senhora
Santana em plena frieza bruta. Cada qual se defendia do frio como podia, até
que chegou a Santana do Ipanema um tipo de agasalho chamado “japona”. Bastava
aquele casacão pesado que ia até as coxas para resolver o problema. Um
ex-marinheiro dizia que aquilo era o casacão de frio usado pela marinha do
Brasil.
Não
é possível deixar de lembrar dessa década de 1960, dos grandes parques armados
na cidade, das bandas musicais nas festas, de tantas e tantas diversões
profanas, de frio exagerado e de inverno até o dia 15 de agosto, das lagartas
que nesse mês atacavam a lavoura que morria de frio e das investidas daquelas
pragas. Entretanto, ainda hoje, o povo chega aos pés dos palcos de cantoras e
cantores famosos, com chuva ou sem chuva, com frio ou sem frio e os espetáculos
prosseguem até as quatro da madrugada com o mundo caindo gelo. Incrível como o globo
vive carente de diversão! Mas no caso da
“japona”, nunca mais apareceu por aqui esse tipo de agasalho. Há muito sumiu
misteriosamente.
Mas
se a “japona”, desapareceu, continua a fileira de festas contínua em Santana do
Ipanema: São José, Juventude, Senhora Santana e São Cristóvão. Cada uma melhor do que a outra, satisfazendo
muito bem os que procuram a fé e os vários tipos de brincadeiras. E quem gosta
dessa frieza que vai até os ossos, passa batom nos lábios, escova os cabelos ou
calça jeans e camisa colorida e aprumam pela porta da frente. Pular, beber,
namorar que o tempo urge. E de hoje para amanhã tem a procissão dos carreiros
que abre a festa da padroeira. Pelo menos isso para preencher o vazio deixado
pela Festa da Juventude.
Vai
chegar junto?
MATRIZ
DE SÃO CRISTÓVAO (FOTO; B,CHAGAS/LIVRO 230).
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