domingo, 31 de março de 2024

 

O BOI NA UNEAL

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de abril de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 029

 



 Após sucessos de lançamentos do livro “O Boi, A Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”, o BOI será lançado também na Universidade Alagoana, no Campus da UNEAL, em Santana do Ipanema. Sob a égide do confrade e professor Carlindo Lira – que também esteve no lançamento no Restaurante Sushi – o BOI promete berrar com fartura para os acadêmicos que querem mergulhar na história completa da “Rainha do Sertão” e consequentemente na história de todo o semiárido alagoano.  Santana do Ipanema é a mãe de oito municípios que a ela pertenciam. Portanto, a curiosidade acadêmica é fundamental para debates, pesquisas e surgimento de novas janelas enriquecedoras do nosso acervo santanense e sertanejo.

Recebemos inúmeras felicitações pela qualidade da Obra trazida a lume à sociedade nordestina e brasileira. Agradecemos as diversas manifestações de carinho do povo alagoano e de outros estados para onde o BOI foi exportado, tendo como exemplo, Paraíba e Rio Grande do Norte. Pena que algumas pessoas do grupo fechado dos 100, tenham se distraído e faltado ao compromisso assumido com o grupo e com a gráfica. Mas o Boi, a Bota e a Batina, com os poucos livros que restam, procuram sair de águas escassas para águas mais profundas. Assim, no próximo dia 17 de abril, se assim o bom Deus nos permitir, estaremos no Bairro Lagoa do Junco, onde se encontra o majestoso edifício da UNEAL à margem da BR-316, saída para Maceió.

Aliás, o Bairro Lagoa do Junco que abriga inúmeras repartições públicas importantes, é descrito no livro acima sobre seu surgimento e expansão. Cada página da História de Santana é uma novidade, uma surpresa, mina de diamantes para os amigos do conhecimento e da cultura geral. Desde quando o rei de Portugal proibiu a criação de bovinos na zona da Mata canavieira, que o boi vagueia pelos sertões nordestinos e que nós continuamos a agradecer a Providência divina em virarmos todos vaqueiros diretos ou indiretos desse animal sagrado que tanto impulsionou a nossa Economia.

Boi Bumbá, Boi Mamão, Bumba Meu Boi...  BOI NA UNEAL.

Viva o novo lançamento do Boi, a Bota e a Batina...

LANÇAMENTO NO RESTAURANTE SUSHI.


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terça-feira, 26 de março de 2024

 

A GALINHA E O OVO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.028

 



Já se foi o tempo em que o criatório de aves nos terreiros de sítios e fazendas saltava aos olhos. Galinhas, pintos, galos, pavões, perus, frangos, guinés, patos e até marrecas obstruíam o caminho dos passantes. Eram as chamadas galinhas de capoeira. Um misto de inúmeras espécies, que ornamentavam a zona rural. Após esse desaparecimento, o vazio e, depois do vazio uma nova tentativa de criar galinha para produção de ovos em quantidade no Sertão e Agreste de Alagoas. Não é fácil transformar qualquer região sertaneja alagoana num São Bento do Una e imediações, onde as granjas estão consolidadas.

Mas já aparecem na região, ovos de galinhas caipiras vindo de cooperativas de Santana do Ipanema, Olivença e de formação em São José da Tapera, além de ovos de granja (o branco) do povoado Laranjal de Arapiraca. Esses ovos vêm em embalagens belas, modernas e higiênicas que parecem que estão desbancando os ovos que chegam de Pernambuco com suas embalagens de papelão rude e anti-higiênicas. Que bom que está sendo diversificada a economia regional no império do boi. Pelo visto o homem sertanejo alagoano também quer criar o Poder Granjeiro como o do estado vizinho. É preciso muita persistência, assistência técnica, capital e muita tecnologia de ponta. Será que conseguiremos?

A galinha branca de granja, todos conhecem. A galinha de capoeira é aquela de qualquer raça criada nos quintais e nos terreiros de sítios e fazendas. Possui ovo branco igual ao da galinha de granja. E a galinha caipira é aquela marrom, cujo ovo também é marrom claro ou escuro. Mas o miolo do assunto é mesmo a Economia. Já pensou em várias granjas no seu município, produzindo 30.000 ovos/dia, vendendo e exportando através de cooperativas? Quanto dinheiro não entra! Quanto em dinheiro circula... E o número de empregos nas granjas e na cadeia produtiva?  Pois chegou a hora de tornar o Sertão independente de ovos, um dos alimentos mais ricos do mundo.

Viva as cooperativas que representam a força de vontade do produtor guerreiro do sertão. Vamos dar preferência aos nossos produtos. Viva a galinha e viva o ovo!!!

GALINHAS CAPIRAS

 


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domingo, 24 de março de 2024

 

O CANGACEIRO MOCIDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 027

 



Para quem gosta dessas ladainhas de cangaceiros, cumpre-me trazer a lume um cabra dos anônimos do bando de Virgolino Ferreira, o Lampião. Neste espaço, tenho me referido ao Filemon, homem do povo, simples, educado e muito calmo, devagar. Não sabemos se era de Santana ou chegara a Santana. Quando conheci o casal, Filemon e Júlia foi em torno dos anos 60. Ela possuía banca na feira, onde vendia comida caseira. Muita desbocada, dona Júlia. Ele, Filemon, era alto, escuro igual à mulher e poderia ser localizado na casa dos 60 anos de idade ou mais.  Sobre sua atividade, só conhecemos o ato de fazer saborosas comidas para festas, para clubes, sendo mestre na feijoada, no abate e preparo de cágados (jabutis), muito apreciados na época.

Ele nos contava: era padeiro em vila Mariana, Pernambuco. Certa feita, Lampião passou por ali com o bando, convido-o.  Convite aceito partiu com o bandido sertão afora. Recebeu todos os equipamentos de guerra e passou a ser conhecido por  MOCIDADE. Passou a cozinhar para o bando e participou do sequestro de coronel famoso em Águas Belas. Explicou por que Lampião não matou o coronel e toda a sua explicação coincide com livros que falam do assunto. Seis meses do seu ingresso no bando, fugiu, afirmando a si próprio que não nascera para aquela vida. Por ser calmo e paciente, servia às vezes de chacota para o amigo Zé Chagas, homem piadista nato, em Santana do Ipanema. A vida do primo Zé Chagas, daria um livro completo, por sinal, rimos muito no lançamento do livro em Maceió, lembrando suas brincadeiras inusitadas. Fo ali que descobri o nome do CANGACEIRO, através de outro primo, Zé Ormindo.

Pois, estão aí agora, os dois únicos cangaceiros santanenses que se tem notícia. Gato Bravo e Mocidade. Com estilos completamente diferentes, possuem a coincidência de fuga de cangaço. Entretanto, a nossa cidade nunca alimentou histórias de  cangaceiros. Sempre foi um limbo total na tradição do município desde a grande festa de cabeças de 1938. O nome descoberto e apresentado à sociedade e aos estudiosos foi apenas um desencargo da consciência de quem teve acesso.

Estamos indo, fui.

CAPA DE LIVRO (FOTO: B. CHAGAS).


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quinta-feira, 21 de março de 2024

 

AFOGADOS

Clerisvaldo B. Chagas,  21 de março de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 025

 



Pequei uma quadra e fui  a uma tardinha conhecer a barragem do riacho João Gomes.  O riacho é um afluente do rio Ipanema e contorna Santana pela margem direita numa distância entre dois e três quilômetros. As nascentes do riacho, duas, estão situadas no município de Carneiros, imediações do sítio Serrote da Furna. O seu nome tudo indica, deriva da planta denominada beldroega, também antigamente chamada João Gomes. As águas ficaram represadas no Alto Riacho que conta também com uma bela ponte asfaltada e toda a estrutura para um balneário.  O Médio Riacho, muito abaixo da represa, corta a AL-120 e desce para o Baixo Riacho em busca da sua foz no sítio Barra do Panema. Era nessas imediações do Baixo João Gomes, que morava a família PIO, lugar de origem do grande escritor Oscar Silva. (“Água do Panema”, romance, “Fruta de Palma”, crônicas e outros mais).

Parece-me que já houve na Represa um afogamento, lembrando a mais famosa fonte de lazer de Santana, o Poço dos Homens.  Contamos desde a nossa infância até o abandono do poço em 1969, cerca de 20 afogamentos, citados pelos mais velhos e os da nossa geração. Entre os afogados, o mais falado era de um cidadão apelidado “Tinteiro”, que se não nos enganam, morava nas imediações do poço. Falava-se muito também de tal Zé Belebebeu ou Jabobeu, que teria sido o primeiro afogado e que de vez em quando puxava na perna de um bahista para o mesmo destino.

Mas voltando ao riacho João Gomes, o espelho d’água da Represa, visto de pontos mais elevados, estende-se riacho acima por vários sítios, beneficiando tanto a montante quanto a jusante os inúmeros deles que ficam diretamente às margens ou nas suas imediações. Além do banho domingueiro dos seus frequentadores, o pôr-do-sol é uma atração à parte que permite concorrência entre fotógrafos amadores e profissionais. Isso reduziu muito as viagens de santanenses em busca do rio São Francisco em fins de semana, tanto em Pão de Açúcar quanto em Piranhas.

Vamos ao banho!

ENTARDECER NA REPRESA (FOTO: BIANCA CHAGAS)

 

 


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sexta-feira, 15 de março de 2024

 

A EXUBERANTE FESTA DO BOI

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3024



 

 Êxito retumbante do lançamento do livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, em Maceió.  A Estaiada Choperia e Drinkeria, do meu sobrinho Felipe, ficou lotada de tantos santanenses e de pessoas dos mais diversos lugares. Pareceu mesmo uma festa de confraria, sem rigidez de formalidades. O riso frouxo no salão; a presença de quatro escritores, dois de Maceió, um de Santana e outro da região de Olho d’Água das Flores/Santana; vários ex-alunos do Ginásio e do Colégio Estadual Mileno Ferreira; amigos de longas datas; familiares e pessoas do grupo dos 100 e outros de fora atraídos pela noite de Cultura, abrilhantaram a festa numa verdadeira apoteose.  

 Foi muita alegria, muito carinho e rasgados elogios, inclusive do próprio mestre-de-cerimônia, ex-aluno, intelectualizado, inspirador e aniversariante do dia. A oração oficial foi assegurada com o mestre Antônio Sobrinho (Tonho Cupim), ex-funcionário do Banco do Brasil, orador maçônico arrebatador e que muito ajudou no evento colocando a cereja no bolo. A noitada do intelecto, permitiu um êxito de venda extraordinário, com rendimento de histórias individuais narradas  que se formaram em  grupos, após, permitindo novo material para outros livros no porvir. E no meio da conversa que vem, da conversa que vai, acabei descobrindo o nome de guerra do ex-cangaceiro Filemon, coisa muito pesquisada e já considerada perdida.

Agora vamos para a segunda etapa de lançamento que será realizado no miolo de Santana do Ipanema, no Restaurante do outro Sobrinho, Cleber, no “Santo Sushi”, Bairro Domingos Acácio. “O Boi, a Bota e a Batina”, que tem início no Brasil Colônia, segue rigorosamente  por ordem  cronológica de todas as fases políticas e históricas brasileiras até desaguar no ano de 2006, quando foram encerrados esses trabalhos, com 436 páginas e mais de 360 ilustrações.

Amigo, amiga, você se comprometeu com o grupo. Pode esquecer de comparecer, mas não esqueça do compromisso do PIX. A gráfica é um contrato coletivo.

 


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quarta-feira, 6 de março de 2024

 

DIÁRIO ALAGOAS

Fernando Valões

Jornalista e sociólogo

                      05.03.2023

 



O ilustre escritor e acadêmico Clerisvaldo B. Chagas está prestes a honrar o cenário literário com o lançamento da sua mais recente obra na capital alagoana, Maceió, bem como na cidade de Santana do Ipanema. Este evento marca uma ocasião de significativa importância cultural e intelectual, notadamente após uma dedicação de 18 anos de concepção da obra.

A revelação oficial de “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema” está agendada para ocorrer em primeiro momento na Estaiada Choperia e Drinkeria localizada na região de Jatíúca, Maceió no dia 13 de março. Subsequentemente o lançamento será replicado em Santana do Ipanema, especificamente no Restaurante Santo Sushi situado no Bairro Domingos Acácio, no dia 20 de março. Este livro, fervorosamente aguardado por entusiastas da história regional em todo o sertão de Alagoas, promete ser uma contribuição inestimável ao patrimônio cultural e historiográfico da região.

A fim de assegurar a inclusividade e a ampla disseminação desta obra seminal, a organização do evento providenciará em sistema de distribuição de convites e a possibilidade de transições via PIX, destinados inicialmente a um grupo seleto de 100 pessoas. Todavia esforços adicionais serão empregados para garantir que indivíduos fora deste círculo também tenham oportuninadade de adquirir a obra, reafirmando o compromisso com a acessibilidade cultural.

Esta obra monumental abrangendo 436 páginas, oferece uma narrativa abrangente e meticulosamente cronológica da história de Santana do Ipanema, desde os seus primórdios habitacionais nas margens da Ribeira do Panema até os eventos transcorridos no ano de 2006. Trata-se de um estudo abrangente que atravessa diversos períodos significativos da história-brasileira, incluindo a era colonial, do vice-reinado e imperial, fornecendo um panorama detalhado das transformações sociais, culturais e políticas da região. Diferentemente das narrativas históricas convencionais centradas nas elites governantes, esta obra destaca a confluência de diferentes estratos sociais oferecendo uma perspectiva inclusiva e multifacetada da história local.

A capa do livro, uma obra de arte meticulosamente composta, simboliza elementos culturais e históricos de Santana do Ipanema, incorporando ícones locais como o Museu Darras Noya e a Igreja Matriz, bem como figuras proeminentes da comunidade; este aspecto visual não só enriquece a apresentação da obra, mas também serve como um convite visual para os leitores mergulharem nas profundezas da história e cultura de Santana do Ipanema.

Portanto, convidamos a comunidade acadêmica, entusiasta de história e o público em geral a se unirem a nós neste evento literário de grande envergadura, que promete ser não apenas uma celebração do legado de Santana do Ipanema, mas também um marco significativo no campo da historiografia brasileira.

MACEIÓ, 5.3.2023.

 


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segunda-feira, 4 de março de 2024

 

TRADUZINDO PARA VOCÊ

Clerisvaldo B, Chagas, 5 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.022

 



Até quase o final do século passado, o povo sertanejo alagoano usava bastante as palavras bogó, cabaça, aió e trempe. Você da capital sabe traduzir? Então, mãos à obra:

Bogó é uma bolsa de couro com boca estreita e dura. Serve para transportar água em viagens. Quanto mais quente é o tempo mais a água esfria. Por ser pesado estando cheio, é mais apropriado para ser transportado por animais como o cavalo, o burro, o jumento... Foi muito usado por vaqueiros e cangaceiros.

Cabaça fruto do cabaceiro, duro e cortado ao meio tem ínúmeras serventias. Inteira, tem a mesma função do bogó e que também foi muita usada pelos cangaceiros e forças volantes, na caatinga.  Também é usada em nome masculino como cabaço que se tornou pejorativo para a virgindade da mulher. O primeiro documento de Santana do Ipanema, menciona o rio dos cabaços, atualmente conhecido como Capiá, o mais importante do Alto Sertão alagoano.

Trempe é a junção de três pedras, fogo no centro, à lenha ou a carvão, geralmente no solo limpo onde será colocada a panela – a maioria de barro – para cozinhar a comida. Em algumas regiões do Nordeste a trempe também era chamada tucuruba, nome indígena, cuja diferença era que as tucurubas tinham o fogo no chão escavado, num buraco. Cangaceiros usaram muito as tucurubas.

Aió bolsa de tecido especial, entrançado, para ser pendurado na cabeça do animal cavalar, com ração, notadamente de milho. Foi muito usado por homens humildes do sertão, a tiracolo como se fosse uma bolsa de couro atual. Esses indivíduos eram discriminados e chamados com desprezo de “cabra de aió”. Isto é, sem confiança, sem caráter. Essa expressão foi muita usada pelos coronéis sertanejos – fazendeiros ricos, arrogantes e assassinos, cujos títulos vinham de patentes da Guarda Nacional, criada pelo padre Diogo Feijó. Assemelha-se às expressões: “cabra ruim”, “cabra peste”, “cabra safado” e “cabra de peia”.

Assim continua o terreno fértil sertanejo em aberto para os pesquisadores deste mundo encantado.

MUNDO ENCANTADO ENTRE JARAMATAIA E SERROTE DO JAPÃO (FOTO: B. CHAGAS)

 


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