segunda-feira, 31 de maio de 2021

 

PADRE FRANCISCO CORREIA

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.544




Após a construção da capela à Senhora Santana, em 1787, em terras do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e com auxílio deste, o padre Francisco José Correia de Albuquerque, Contava na ocasião com 30 anos de idade. Filho de Penedo, do Bairro Seboeiro, o padre era um visitador das extensas mangas de Alagoas e Pernambuco ao qual nosso território pertencia.

O chamado santo Padre Francisco, passou 8 anos centralizado em Santana do Ipanema. Ausentou-se com 38 anos, portanto, para atender em outros lugares.

Tempos depois, o padre Francisco retornou à Santana do Ipanema, lugar da sua predileção, contando com 55 anos.

Aqui em Sant’Anna da Ribeira do Panema, permaneceu por mais 30 anos.

Quando novamente ausentou-se de Santana contava com 85 anos. Despediu-se dos arredores conduzido em rede.

O padre Francisco José Correia de Albuquerque, faleceu em 1848, com 91 anos de idade, no sítio Casinha, em Bezerros, Pernambuco.

Muitos anos depois, aberto o seu túmulo, o corpo estava intacto e exalava cheiro de rosas por todos os arredores.

O padre fazia sermões arrebatadores, era visionário e vários milagres foram atribuídos a ele. Foi da sua parte a providência como Conselheiro, de transformar o arraial de Sant”Anna da Ribeira do Panema à condição de Povoado Freguesia com os extensos limites das suas terras. Foi ainda o primeiro pároco de Santana e mudou a feira que era realizada aos domingos para os sábados até o presente momento.

O padre já fora visto pairando sobre as águas. Em um sermão no lugar hoje Poço das Trincheiras Interrompeu o tema para anunciar a Revolução Pernambucana que se iniciara, em 1817. Certa feita, na região do São Francisco, vindo montado por uma estrada perigosa, foi abordado por assaltantes em um lugar de muitas pedras. Um deles apontou-lhe uma arma e disse que só acreditaria no que ele pregava se aquelas pedras falassem. As pedras falaram e os meliantes correram como nunca.

Muito ainda se poderia dizer sobre o Santo Padre Francisco, escrito pelo seu Biógrafo, padre Theotônio Ribeiro.

GRUPO ESCOLAR PADRE FRANCISCO CORREIA, HOMENAGEM (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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domingo, 30 de maio de 2021

 

SANTANA CIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.543



 

Santana do Ipanema foi elevada à cidade em 31.5.1921, através da Lei N. 893. Governava o estado de Alagoas, interinamente, o padre e ex-intendente de Santana Manoel Capitulino de Carvalho, e que no momento era senador.

Santana do Ipanema, já estava completamente preparada para virar cidade. Tinha igreja, Cadeia, Correios, Escola, banda de música, coletoria, calçamento, iluminação pública através de lampiões de óleo de baleia e sobradões que atestavam o prestigio de vila em franco desenvolvimento.

 Naquela ocasião, a grande novidade foi a chegada da luz elétrica através de força motriz. Houve um convênio entre um grupo de investidores e prefeitura e foi criada a Empresa de Força e Luz que a princípio funcionou com seu grande motor alemão à Rua Barão do Rio Branco. Depois foi construído o prédio em que hoje funciona a Câmara de Vereadores para atuar com a parte técnica e administrativa da Empresa. Um ano após a emancipação, Santana do Ipanema iniciou o fornecimento dessa modalidade de luz. Era a gestão de Manoel dos Santos Leite.

Postes de madeira distribuídos pela cidade nova, recebiam energia do escurecer à meia-noite. Bem perto das 24 horas, usuários recebiam o sinal que o tempo estava se esgotando: três piscadelas apagam/acendem.

Esse sistema elétrico, durou até o ano de 1959, quando o motor, já bastante maltratado foi à exaustão.

Assim, Santana do Ipanema passou quatro anos no escuro e só veio gozar da eletricidade total bem adiante, após muitas mobilizações da sociedade. Até mesmo desfiles noturnos com velas e lanternas invadiram as ruas de Santana. Foi criada a rádio clandestina Candeeiro que em todos os dias bradava a fúria do povo santanense por falta da luz. A população somente foi atendida em 1963, com energia de Paulo Afonso (BA). Governava Alagoas o major Luiz Cavalcante, como interventor.

Quanto a água encanada só veio chegar em Santana do Ipanema no ano de 1966 captada no rio São Francisco em Belo Monte. Daí em diante, todos os ventos sopraram em seu favor e a cidade Rainha do Sertão confirmava  o seu favoritismo em ser o polo do semiárido alagoano. Já foi chamada “Terra dos Carros de Boi” e Terra do Feijão.

Orgulho em ser santanense!!!

S ANTANA CIDADE (FOTO: B. CHAGAS).

 


 

 

 

 


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quarta-feira, 26 de maio de 2021

 

 PEREGRINANDO COM ELA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.542  

 



Saindo de uma visita literária ao Departamento de Cultura de Santana do Ipanema, a convite do diretor Robson França, uma leitora nos pede que falemos das migrações da Biblioteca Municipal. Após a visita altamente proveitosa, prometemos a amiga leitora fazer um trabalho a respeito do seu pedido.

Após a criação da Biblioteca, esta iniciou seus trabalhos no prédio da Prefeitura, ocasião em que a intelectual Nilza Marques fora fazer um curso no Rio de Janeiro para dirigi-la. Após mudar-se da Prefeitura, a biblioteca passou a funcionar no primeiro andar do Casarão do deus mercúrio, no primeiro andar da Loja Esperança do Senhor Benedito V. Nepomuceno. Casarão este construído pelo Coronel Manoel Rodrigues da Rocha.

 Anos ou décadas depois migrou para o primeiro andar da Cooperativa Agrícola de Santana do Ipanema – CARSIL. Após a CARSIL, a Biblioteca Pública funcionou no primeiro andar do “casarão de esquina”, vizinho à Matriz de Senhora Santana, também construído pelo Coronel Manoel Rodrigues da Rocha e onde fora o “Hotel Central” de Maria Sabão.

Daí do primeiro andar, a biblioteca desceu os degraus de madeira e foi parar no outro lado da rua e praça. Ficou abrigada no casarão em que fora o Banco do Brasil, Banco da Produção e Coletoria Estadual. Casarão este, construído pelo comerciante Tertuliano Nepomuceno.

Sua última migração foi para a Casa da Cultura, defronte o Colégio Divino Mestre, à Rua Coronel Lucena e bem pertinho da Prefeitura. É nesse local onde hoje funciona e parece ter encerrado a sua peregrinação.

Pode até ser que haja um erro acima, na sequência, porém, o importante mesmo é funcionar e levar conhecimento à toda a população, notadamente aos estudantes de todos os níveis.

Importante também seria a distribuição de bibliotecas em todos os bairros de Santana, mesmo tendo uma estrutura mais simples, à disposição tanto de alunos quanto de cada uma dessas comunidades. Abrir bibliotecas é fechar pontos de ociosidade. Louvemos, então, a Biblioteca Adercina Limeira, no Bairro São Pedro, ao lado da igreja. Reza e Cultura, Cultura e reza nunca fizeram mal a ninguém.

Que venha a casa de livros para o Bairro São José, tremendamente precisado. O terreno ao lado do Posto de Saúde à espera.

BIBLIOTECA DO BAIRRO SÃO PEDRO. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)

 

 

 


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domingo, 23 de maio de 2021

 

FINAL DE EXPEDIENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.539

 


Saudoso das nossas andanças pelas ruas da cidade, fomos à noitinha visitar a região do quadro da feira. Ficamos a contemplar o início da noite na boca da Rua Tertuliano Nepomuceno que, popularmente já foi chamada de Rua do Cabaré, Rua dos Porcos e Rua das Toldas. O seu nome oficial homenageia o, então, comerciante Tertuliano Nepomuceno. Essa via talvez tenha sido a primeira iniciada após o quadro comercial propriamente dito, para comércio pequeno. A rua era muito curta ainda quando abrigou algumas casas de prostituição da cidade. Em dia de feira, esta se prolongava adentrando uns cem metros por ali. Passos adiante do Mercado de Carne, a Rua Tertuliano abrigava a feira de galináceos, de artesanato de palha (abanos, chapéus e esteiras de piripiri e de caboclo); artesanato do barro (quartinha, panelas, jarras, potes, brinquedos como bois e éguas de caçuás); varas de ferrão e cangas para carro de boi; fileira de toldas para almoço e café. Mais adiante, na entrada lateral para a Rua do Barulho, à tradicional feira dos porcos com suínos grandes e bacorinhos nos engradados.  

À medida que o progresso foi chegando, a rua se foi estirando até o chamado Aterro (hoje, trecho urbano da BR-316). Levou com elas as casas de prostituição para a antiga Matança e entorno do Aterro. A Tertuliano Nepomuceno, de muita pobreza, começou a ser valorizada quando o Sr. Frederico Rocha, antigo interventor de Santana na década de trinta e já em decadência social, construiu ali a sua nova moradia, única com primeiro andar. Houve muitas modificações de lugares de artigos de venda da feira que migraram para outros extremos.

Atualmente a Rua Tertuliano Nepomuceno, tornou-se importante desafogamento do Centro Comercial, lotado. Possui um movimento de comércio popular bastante intenso, embora ainda seja considerada uma via apegada ao passado.

Boca de noite, cães vadios ladram, brigam e namoram nas imediações do Mercado de Carne, onde buscam restos de comida. Mototaxistas vão abandonando seus pontos e se recolhem. Um supermercado aguarda já sem movimento a hora de encerrar a faina do seu dia.  Começa agora um movimento descansado para outros personagens que compõem o mundo noturno.

Esse escritor solitário fotografa, recorda e testemunha a rua que resistiu à História.

FINAL DE EXPEDIENTE (FOTO: B. CHAGAS).


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quinta-feira, 20 de maio de 2021

 

LAJEIRO GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.538





 

Uma cidade surge de uma simples fazenda de gado, de um garimpo, de um engenho... De uma capela, de uma fonte d’água ou de outra coisa qualquer conforme sua predestinação não permitida aos humanos. Maceió veio de um engenho, Santana do Ipanema veio de uma capela e assim por diante. Assim também se formam os bairros de qualquer cidade. Veja: Olaria (Rio de Janeiro), Serraria (Maceió), Monumento (Santana do Ipanema).  Revisando novos arquivos, fomos encontrar o Bairro Lajeiro Grande em Santana que foi desdobrado do grande Bairro Camoxinga e já se desdobrou em outros como Pedrinhas e Quilombo, ainda não oficiais.

Uma igrejinha foi erguida no topo do maior lajeiro daquela extremidade do Bairro Camoxinga em 1958. Havia sido uma promessa do Sr. Adeildo Nepomuceno Marques, cidadão que chegou a ser prefeito de Santana do Ipanema por três vezes, alternadas. Tempos depois, o industrial do algodão, Domício Silva, fez doação de um sino para a citada igrejinha. Com o passar dos anos, a igrejinha foi ampliada. As terras do seu entorno foram colocadas à venda por alguns proprietários da localidade. Muitas casas foram construídas e mais tarde as ruas receberam pavimentação em paralelepípedos. A expansão foi enorme. O Lajeiro Grande passou a ser nome de bairro, expandiu-se e deu origem a outras localidades. A implantação da Cohab Nova defronte ao Cemitério Santana Sofia, foi um elo importantíssimo entre o antigo Bairro Camoxinga e o Lajeiro que se agigantava.

Atualmente a igreja não é mais do padre Cícero, mas sua imagem continua defronte a igrejinha colocada ali pelo, então, prefeito Isnaldo Bulhões, transferida do Alto da Fé (Serrote Pelado). Formou-se ao fundo da Cohab Nova um comércio dinâmico que emenda com à Rua Santa Sofia e desce até o Centro Comercial da cidade. Lajeiro grande adquiriu muito vigor no seu desenvolvimento. Seu comércio é básico mais dinâmico: mercadinhos, restaurantes, salões de beleza, entregas de água e gás, farmácias, bares e outras prestações de serviço que ajudam a circular o dinheiro que desce e sobe a Avenida Santa Sofia.

Sua marca registrada continua sendo o lajeiro que o caracteriza. Como essa região é muito alta e plana, o seu mini clima é excelente.

Visite o Bairro e sinta o seu palpitar.

LAJEIRO GRANDE COM IGREJA REFORMADA (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO.


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quarta-feira, 19 de maio de 2021

 

OS TRÊS DA HISTÓRIA SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.537 



Destacamos hoje três edifícios despercebidos, esquecidos, invisíveis que participaram ativamente da história cultural e da Educação do povo de Santana do Ipanema.

O mais velho do trio, é o prédio multiuso, fundado na Avenida Nossa Senhora de Fátima, defronte o hoje Restaurante Xokante’s. Fundado em 1951, pertence à prefeitura e funcionou com inúmeras funções, entre elas abrigou o museu que se iniciava em 1959. Continua funcionando, não sabemos, porém, com que atividade. Trabalhou muito na parte educacional, inclusive servindo também de depósito de material escolar.

O segundo prédio corresponde a uma escolinha acanhada, construído no antigo Bairro Barragem às margens da BR-316. Foi inaugurado em 1956, com o título de Escola Manoel Xavier Acioly e tinha o intuito de educar a criançada daquela região periférica de Santana do Ipanema. Passou por reformas não está com tanto tempo assim, melhorando também seu visual externo. Foi a pioneira na área além da Ponte da Barragem e sua contribuição, embora invisível pela distância do Centro e das grandes escolas continua altamente relevante primordialmente para os Bairros Barragem, Clima Bom e boa parte da área rural.

O terceiro prédio, ainda mantém na sua fachada o nome Escola Branca de Neve, é apertado, parede e meia entre residências situado à Rua Delmiro Gouveia. Fundado em 1976, fica defronte ao atual e conhecido Restaurante Zé de Pedro. Atualmente a Escola Branca de Neve funciona como anexo da Escola Durvalina Pontes, bem como a escola da barragem.

Esses prédios, como foi dito acima, tornam-se indiferente aos transeuntes, aos distraídos e aos indiferentes, porém têm um alto conceito educacional (as escolas) na hierarquia municipal da Educação e no segmento pais de alunos. Para a sociedade, geralmente as escolas pequenas não chamam atenção como a de edifícios volumosos, entretanto, a qualidade do ensino está sempre em destaque entre os componentes da Educação. Ambas as escolas continuam prestando relevantes serviços à população santanense. Uma visita de cortesia alegra visitas e visitados. Experimente! Quanto ao prédio multiuso, o nome já diz tudo. Só em ter sido a primeira sede do museu já procede sua bela história particular.

Conhecer a terra em que nasceu, faz um bem danado!

A propósito, você sabe quem foi Manoel Xavier Acioly?

ESCOLA MANOEL XAVIER ACIOLY (FOTO: B. CHAGAS/ LIVRO 230).

 

 

 


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terça-feira, 18 de maio de 2021

 

ONDE ELES ESTÃO?

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de maio de 202

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.535

 






Procurando um retelhador em Santana do Ipanema para prevenir goteiras na casa durante o inverno. Quem disse que tem? Profissional exclusivo extinto com a evolução das cidades. Extintos como os alfaiates que não se encontram mais, salvo o último deles em Santana do Ipanema, Gilson Saraiva que ainda faz sua roupa sob encomenda lá no beco São Sebastião. Para retelhamento de casa, cabra velho, somente o tipo pedreiro que também se arvora na arte de retelhar residências, dessas que ainda não têm estuque. Como ainda faz falta o “Seu Tô”, antigo e mais famoso profissional da minha juventude! Mas também para vasculhar casas, tirar a sujeira da parte inferior das telhas, extirpar casas de aranha... Com vara cumprida e vassoura de palha vendidas na feira, também é zero. O dono e a dona-de-casa não podem mais apelar para Maria Lula e nem seguidores.

A galega que morava perto da Rua da Praia, usava cocó e parecia com uma alemã, era a mais solicitada para este mister; apesar de beber uma cachacinha e ficar vermelha que só açafrão! A galega solteirona (acho) que abastecia sua casa de taipa trazendo água do Panema em pote de barro e rodilha na própria cabeça. Seus descendentes profissionais despareceram. Também nesses tempos modernos quase Santana fica sem barbeiros e foi preciso haver cursos profissionalizantes para evitar a extinção. Os jovens aproveitaram bem e em cada bairro não falta mais barbeiro que agora quer ser chamado de cabeleireiro. Alguns nem barba querem fazer mais.

A chamada sociedade vai se transformando, deixando obsoletos inúmeros objetos, mas no meio desses objetos muitas características de seres humanos que parecem únicas.

A falta de retelhadores faz lembrar a quadrinha do folclore nordestino:

 

Têm quatro coisas no mundo

Que atormentam um cristão

Uma casa com goteiras

Cavalo feio e choutão

U’a mulher ciumenta

E um menino chorão.

ESCADA E VASSOURA DE PALHA PARA VASCULHAR (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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LAJEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.535




 

Lajeado, lajeiro, lajedo, são palavras que definem o afloramento no solo de pedra extensa, fixa, e de variadas formas. No Sertão chamamos simplesmente, lajeiro. Conforme o seu formato pode abrigar furnas de onças, abrigos de preás, mocós e cobras. Quando elevado ou rente ao chão pode acumular água da chuva em simples depressões, rachaduras ou em formações de caldeirões e panelas. É usado para descanso, para lavar roupa, ponto de lazer. O lagarto teiú gosta de tomar o sol da manhã nesses lajeados. Nas suas rachaduras ou em qualquer lugar de falha na sua croa, surgem os cactos sertanejos como o xiquexique, o alastrado, a coroa-de-frade. Pode apresentar o facheiro ou o mandacaru, mas a preferência é pelos três primeiros apontados acima.

Embora pareçam entre si o alastrado e o xiquexique para o sertanejo têm ligeiras diferenças. O xiquexique (Pilocereus gounellei) cresce com seus braços encurvado para cima em forma de candelabro. Já o alastrado (Cephalocereus gounellei). Cresce em forma de candelabro, mas também se alastram pelo chão e mostra emendas retas de um braço ao outro. Muitos cactos são usados para enfeitar praças, jardins e fachadas de casa. A coroa-de-frade que parece mesmo com uma coroa do religioso, é fã dos lajeiros e usados por donas-de-casa atrás da porta de entrada e no jardim, contra energias negativas (atenção redobrada com as crianças).

O grande lajeiro do sítio Laje dos Frades, além de bonito, armazena muita água pluvial, foi imortalizado por nós, no livro “Negros em Santana”. Fizemos nova visita ao loteamento Colorado (Luar de Santana) ainda em formação, registramos uma paisagem ímpar na primeira quadra a 340 metros de altitude. Além da paisagem de campo, um belíssimo conjunto de xiquexique que forma a cereja do bolo (ver foto). Pensamos em publicar sete fotografias de tirar o fôlego, descrevendo-as no lugar das crônicas durante a próxima semana. Colírio para leitores e descanso para o autor. Inclusive, a foto de hoje que retornará comentada.

Estes são alguns valores dos lajeiros sertanejos, olhados com visão inquiridora de amante e geógrafo do semiárido.

Sua interação é VIDA para o blog.

LAJEIRO E BELÍSSIMO EXEMPLAR DE XIQUEXIQUE. AO FUNDO, PARTE DE SANTANA DO IPANEMA E SERRA DO POÇO

(FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 13 de maio de 2021

 

OS CINCO NOMES DA TERRA SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.533

 


Como temos falado bastante em Santana do Ipanema, podemos também esclarecer sobre seus títulos anteriores, segredos ou detalhes importantes, despercebidos pelos filhos da terra. E o bom santanense deve se esforçar para conhecer melhor a torrão em que nasceu.

O primeiro nome da região aonde escorria o rio Ipanema, em Alagoas, era chamada de Ribeira do Panema. Leva-se em conta que a palavra “ribeira”, significa rio, pelo menos em todo o Nordeste, assim como a palavra “barra” é usada em todo o Brasil como “foz”, lugar onde um rio despeja suas águas. Essa denominação abrangente de Ribeira do Panema, perdurou até 1787, antes da construção da capela que deu origem à cidade.

É bom salientar que o rio tanto é chamado Ipanema, quanto Panema. Esta é uma forma carinhosa e popular em Santana.

Após a fundação da capela que recebeu a imagem de Senhora Santana como padroeira, a região passou a se chamar: Sant’Anna da Ribeira do Panema. Esta denominação foi de 1787 até 1836 quando Santana passou a Povoado Freguesia.

Quando Santana passou de Povoado Freguesia à vila (1875) teve novamente alterada sua denominação. Ficando nos anais Sant’Anna do Panema. Saiu o nome ribeira.

Desde Santana vila (1875) até 1921, Santana cidade, escrevia-se Sant’Ana do Ipanema. Santana perde um “N” e entra Ipanema pela primeira vez.

A partir de 1921, elevada à cidade, Santana passou a ser chamada e escrita SANTANA DO IPANEMA.

Santana, devido à Santana Ana, avó do Cristo.

Ipanema, água ruim, salobra, na língua indígena Fulni-ô.

O Sertão alagoano foi explorado através do rio São Francisco, quando os navios entravam pela sua foz e subiam até Pão de Açúcar. Dali os sertanistas penetravam pela foz do rio Ipanema, do rio Riacho Grande, Capiá, Traipu e outros que despejam no “Velho Chico”. O Sertão foi habitado por criadores de gado em consórcio com a lavoura, numa manobra autossustentável. As exportações e importações aconteciam através do porto de Pão de Açúcar, guando frotas de carros de boi embarcavam e recebiam mercadorias. A comunicação do semiárido com a capital, também só poderia ser feita por navios na rota, São Francisco, Penedo, Oceano, capital. Não havia estradas por terra Sertão-Maceió.

RIO SÃO FRANCISCO NO POVOADO BARRA DO IPANEMA, EM 1914. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 


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