ONDE ELES ESTÃO?
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de maio de 202
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.535
Procurando um
retelhador em Santana do Ipanema para prevenir goteiras na casa durante o
inverno. Quem disse que tem? Profissional exclusivo extinto com a evolução das
cidades. Extintos como os alfaiates que não se encontram mais, salvo o último
deles em Santana do Ipanema, Gilson Saraiva que ainda faz sua roupa sob
encomenda lá no beco São Sebastião. Para retelhamento de casa, cabra velho,
somente o tipo pedreiro que também se arvora na arte de retelhar residências,
dessas que ainda não têm estuque. Como ainda faz falta o “Seu Tô”, antigo e
mais famoso profissional da minha juventude! Mas também para vasculhar casas,
tirar a sujeira da parte inferior das telhas, extirpar casas de aranha... Com
vara cumprida e vassoura de palha vendidas na feira, também é zero. O dono e a
dona-de-casa não podem mais apelar para Maria Lula e nem seguidores.
A galega que morava
perto da Rua da Praia, usava cocó e parecia com uma alemã, era a mais
solicitada para este mister; apesar de beber uma cachacinha e ficar vermelha
que só açafrão! A galega solteirona (acho) que abastecia sua casa de taipa
trazendo água do Panema em pote de barro e rodilha na própria cabeça. Seus
descendentes profissionais despareceram. Também nesses tempos modernos quase
Santana fica sem barbeiros e foi preciso haver cursos profissionalizantes para
evitar a extinção. Os jovens aproveitaram bem e em cada bairro não falta mais
barbeiro que agora quer ser chamado de cabeleireiro. Alguns nem barba querem
fazer mais.
A chamada sociedade vai
se transformando, deixando obsoletos inúmeros objetos, mas no meio desses
objetos muitas características de seres humanos que parecem únicas.
A falta de retelhadores
faz lembrar a quadrinha do folclore nordestino:
Têm quatro coisas no
mundo
Que atormentam um
cristão
Uma casa com goteiras
Cavalo feio e choutão
U’a mulher ciumenta
E um menino chorão.
ESCADA E VASSOURA DE
PALHA PARA VASCULHAR (FOTO: B. CHAGAS).
Caro escritor, e amigo Clerisvaldo B Chagas, qero iniciar meu comentário sobre esta crônica, parabenizando-o pela foto que a ilustra, que se não estou enganado, é de vossa autoria: ESCADA E VASSOURA DE PALHA. Afirmo: a foto é uma obra de arte, esta técnica deve ter até nome: Flagrante,Cotidiano, Paisagem, natureza morta. Não sei. Quando trata-se de um conjunto de fotos é chamado de iconografia, como o é sua obra: "360", onde se fotografou prédios públicos, novos e antigos com intensão de transformar o motivo (modelo) fotografado, em algo de valor, histórico e cultural. Sobre o título da crônica, cujo motivo principal são profissões extintas, na virada do século XX para XXI: Vasculhador de casa, alfaiate, entre outras. Sabemos o cronista já abordou noutros momentos muitas outras: funileiro, vendedor de fubá, vendedor de cavaco chinês, raizeiros etc. A lista é extensa, Amolador de tesoura, Desentupidor de fossa (Raça dos Bius) vendedor de suspiro, chaveiro, abridor de cofre, dentista protético, Flauzeiro, Geladinho, doceiro, Descobridor de onde tem água numa propriedade rural. A MULHER DO ÓLEO DE PIQUI virou música de duplo sentido na voz do forrozeiro ZENILTON etc. ass: Fabio Campos 25.005.2021.
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