ALBERTO
AGRA E A PRAÇA DO TOCO
Clerisvaldo B.
Chagas, 26 de janeiro de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.832
ALBERTO. Foto: (Adriana Marques). |
Tive três bons
professores de Geografia em minha vida, mas Alberto Nepomuceno Agra foi o maior
deles e o responsável pelo meu amor à profissão. Intelectual, austero,
professor, fazendeiro, dono de farmácia e ex-pracinha, Alberto não era de
elogiar ninguém e economizava o riso. Este cidadão foi ainda um dos pioneiros
dos transportes coletivos Santana – Maceió, fundador de Companhia Telefônica na
cidade, um dos fundadores e diretor do Ginásio Santana, da Rede Cenecista. Além
disso, prestou inúmeros outros relevantes serviços à sociedade e sempre esteve
presente em todos os grandes acontecimentos municipais.
Certa feita nos
encontramos no Comércio e eu – todo acanhado diante daquela autoridade – fui
surpreendido quando ele me disse: “Já corrigi as provas, coloquei a sua como
uma das primeiras”. Quase não dormi à noite, ante aquela inusitada deferência.
Vários anos depois, já atuando como professor de Geografia em várias escolas de
Santana, novo encontro. E ele: “Não me
chame Seu Alberto, e sim, Alberto”. Fiz ver ao mestre a minha admiração pelo
seu trabalho na matéria geográfica e ele me respondeu com a maior naturalidade:
“Você me superou”. Atônito, respondi apenas: “Que é isso, Alberto!...”.
Mas a afirmação de
Nepomuceno foi como se eu tivesse escutado o espocar de mil foguetes no alcance
do meu objetivo: Desde a adolescência que eu queria atingir um dia a
intelectualidade dos três homens que eu considerava os mais inteligentes de
Santana e ficar na mesma plataforma: Alberto Nepomuceno Agra, Aderval Tenório e
Eraldo Bulhões.
O tempo passou e o
meu Velho Mestre partiu deixando a Geografia em minhas mãos, em minha cabeça e
no meu espírito.
XXX
As autoridades,
criminosamente ignorando o valor histórico da única praça original de Santana
do Ipanema, construída na década de 1940 para homenagear um deputado federal
que muito ajudou a nossa cidade, Emílio de Maia, destruíram quase tudo na fúria
de trator. Para serem agradáveis, retiraram o nome do primeiro benfeitor para
colocarem o nome do meu mestre que se fosse vivo jamais teria consentido
semelhante aberração.
Mais uma vez a
ignorância venceu a racionalidade. Atualmente o santanense perdeu as duas
homenagens: nem Emílio de Maia e nem Alberto Nepomuceno Agra. A Praça agora
estar sendo chamada PRAÇA DO TOCO.
As autoridades atuais
precisam corrigir a injustiça transferindo o nome de um dos maiores santanenses
da nossa história, para um lugar decente que até poderia ser uma futura ponte
sobre o Ipanema, a futura Praça de Eventos ou mesmo um futuro calçadão no
centro da cidade, sem cometerem o mesmo erro.
PRAÇA DO TOCO! QUE
AFRONTA A QUEM DEU TUDO POR SANTANA!
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