O URSO
PRETO DE SANTANA
Clerisvaldo B.
Chagas, 11 de janeiro de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica
1.821
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Bloco do urso em Vitória de Santo Antão. Blog do Pilako. Acervo IHG. |
Os carnavais mais
remotos de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, foram registrados pelo
escritor santanense Oscar Silva no livro Fruta
de Palma. Nomes de blocos, masculinos e femininos, cânticos e ações, surgem
maravilhosamente narrados. Temos que tenham acontecidos na década de 1920. Mas
o bloco carnavalesco mais antigo da minha lembrança é o bloco do urso preto. Um
homem vestido de urso acorrentado e seu domador. Conjunto regional tocando
(sanfona, pandeiro, zabumba) e grupo não muito grande de foliões bebendo e
cantando atrás:
E como
foi
E como é
O urso
preto
Vem da
barca de Noé...
O urso preto (Ursus americanus) é encontrado desde o
Alasca ao Norte do México, alcança 2.20 m de comprimento e 1.10 m de altura com
um peso até 360 kg. Mas por que foram buscar o animal da América do Norte para
os nossos carnavais? Não sei. E lá vai a turma complementando a segunda
estrofe:
Todo mundo já dizia
Q’uesse urso não saía
Esse urso anda na rua
Com prazer e
alegria...
E repetiam infinitamente os primeiros versos.
O urso do Norte come
frutos, nozes, gramíneas, raízes, seiva de árvores, peixes e pequenos
mamíferos. Mas o de Santana comia ou come tira-gosto em casa de pessoas
influentes e cachaça, muita cachaça. O mais famoso domador foi o dono de
farmácia, Cariolando Amaral, chamado Seu Caroula), homem seríssimo com sua
gravata borboleta, mas nos carnavais... O “urso” em destaque era o marginal Zé
Nogueira. Existe até uma peça engraçada entre o urso, seu domador e uma dor de
barriga no animal. Não foi do meu alcance a participação nos carnavais com o
coronel Lucena. Depois veio o outro domador, Chico Paes com o urso seu sobrinho,
mecânico Josinho, em que existe passagem mais engraçada ainda quando foliões
tentaram estuprar o urso.
Depois que os
carnavais sertanejos levaram um tombo, nem sei se o urso preto conseguiu
sobreviver à dor de barriga e a tentativa de estupro.
Ah! Meu Sertão, meu
sertãozinho!
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