quinta-feira, 17 de julho de 2025

 

NOVO LANÇAMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.272



 

O “Bairro Lajeiro Grande”, em Santana do Ipanema, é um dos mais altos e maiores da cidade. Foi originário de um milagre do padre Cícero Romão Batista. Tendo alcançado o milagre, o devoto chamado Hilário, construiu em agradecimentos ao vigário do Juazeiro, uma igrejinha no topo de um lajeiro enorme, em suas terras. O desdobrar dessa história formou o hoje Bairro Lajeiro Grande e a igrejinha passou por algumas reformas. Uma imagem do padre Cícero chegou defronte à igrejinha, vinda do antigo serrote Pelado (Alto da Fé), colocada na gestão do prefeito Isnaldo Bulhões e, até hoje ali permanece. Será esse o cenário de lançamento do livro “PADRE CÍCERO – 100 MILAGRES NORDESTINOS, no dia 20 de novembro.

Por questões que nem vale à pena citar, resolvemos fazer o lançamento do livro no Lajeiro Grande e não mais na Pedra do Padre Cícero, em Dois Riachos. O livro será distribuído gratuitamente entre os devotos e romeiros que testemunharam seus milagres para o citado livro e que estão devidamente numerados, titulados e textualizados individualmente. Os romeiros e devotos registrados ou seus familiares, receberão um livro cada e serão convidados através de uma rádio da cidade e de boca a boca. Faremos todos os esforços para haver missa, homenagem, música típica e fogos. No primeiro momento não haverá distribuição de livros para devotos e romeiros outros que não sejam os dos testemunhos do livro. Entretanto todos poderão participar do evento.

Estamos tentando fazer uma programação de lançamento, simples, mas muito significativa. O livro que será lançado tem depoimentos de romeiros de Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Ouro Branco, Cajazeiras e João Pessoa, Paraíba. Aliás, pessoas de Cajazeiras estarão presentes no dia do evento.   O livro já se encontra no prelo, istó é, na gráfica para impressão. E ainda este mês, os livros estarão prontos. Entre a solenidade simples que está sendo preparada, vai haver entre as homenagens, a entrega de título a um devoto ou devota com o reconhecimento dos seus esforços em prol do padre Cícero: MINISTRA (OU MINISTRO) DOS ROMEIROS.

Assim começamos o aviso a todos. prepare-se, então para comparecer no dia 20 de novembro ao Lajeiro Grande, para juntos homenagearmos o meu compadre e amiguinho padre Cícero.

LAJEIRO GRANDE

 


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quarta-feira, 16 de julho de 2025

 

ZÉ CHAGAS – UM HOMEM CRIATIVO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.270

 



Já falei sobre esse assunto.

Para não cansar o leitor contarei apenas três passagens engraçadas do saudoso primo Zé Chagas, muito trabalhador e muito espirituoso santanense.

Primeira: Certa feita estávamos na loja de tecidos do meu pai, quando chegou uma cartomante bastante conhecida na cidade, chamada Maria Galega; indagou aos presentes se queriam saber o futuro. E olhando para o “primo véi”, disse, “vou deitar as cartas para você”. Ajeitou o baralho e disse de primeira: “Estou vendo ouro na sua vida”, o primo gaiato respondeu de pronto: “Só se for ourina, Maria”

Segunda: No sertão temos o pássaro anu-branco e anu-preto.  Aliás, não sendo fácil atirar de espingarda ou peteca (baladeira, estilingue, assim conhecida em outras regiões) e matar um anu que pula muito quando estar sendo alvo, foi criado o ditado sertanejo: “Quem tem pólvora pouca não atirar em anum”. Pois bem, Zé Chagas, ao passar pelo comércio em hora de não expediente, encontravam-se sentados no batente da loja, dois homens pretos bastante conhecidos: Filemon e Zé Preto.

Zé Chagas, do tirocínio aguçado, assim que os avistou, falou para seu acompanhante, apontando para os dois: “Pia! (espia) onde tem um casal de anum preto!

Terceira: Zé Chagas tinha uma casa de jogo à rua Tertuliano Nepomuceno, chamada “Bafo da Onça”. Defronte, do outro lado da rua, havia uma funerária. O dono da funerária, então, pediu a Zé Chagas que ficasse tomando conta do estabelecimento enquanto ele iria resolver um problema e logo retornaria. Zé Chagas aceitou a incumbência, mas pediu os preços dos caixões de defuntos, poderia chegar alguém querendo comprar. Ora, logo, logo, chegaram dois homens, pai e filho. Havia morrido uma senhora, mãe de um e esposa do outro. O viúvo olhou o mostruário, escolheu um caixão e indagou quanto custava aquele. Zé Chagas deu o preço. O cidadão perguntou se ele não daria um abatimento. Mas a gaiatice de Zé Chagas, não perdoava nem a morte! Disse para o homem: “Se o senhor levar dois caixões, eu faço menos”. Não levou uma sova de pai e filho por exclusiva sorte.

E assim, havia mais dois na cidade semelhantes no raciocínio rápido e piadas instantâneas; Expedito Sobreira e Costinha.

 


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JAPONA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.269



 

Não tem para onde correr meu amigo, enquanto a juventude estar se divertindo na Festa da Juventude, o frio estar cortando em Santana do Ipanema. Estou no momento, armando esta crônica enrolado com uma camisa, um esquente e dois casacos além de um par de meias, para poder atravessar noites e dias do mês de julho. Isso faz lembrar os grandes invernos do Sertão e a Festa de Senhora Santana em plena frieza bruta. Cada qual se defendia do frio como podia, até que chegou a Santana do Ipanema um tipo de agasalho chamado “japona”. Bastava aquele casacão pesado que ia até as coxas para resolver o problema. Um ex-marinheiro dizia que aquilo era o casacão de frio usado pela marinha do Brasil.

Não é possível deixar de lembrar dessa década de 1960, dos grandes parques armados na cidade, das bandas musicais nas festas, de tantas e tantas diversões profanas, de frio exagerado e de inverno até o dia 15 de agosto, das lagartas que nesse mês atacavam a lavoura que morria de frio e das investidas daquelas pragas. Entretanto, ainda hoje, o povo chega aos pés dos palcos de cantoras e cantores famosos, com chuva ou sem chuva, com frio ou sem frio e os espetáculos prosseguem até as quatro da madrugada com o mundo caindo gelo. Incrível como o globo vive carente de diversão!  Mas no caso da “japona”, nunca mais apareceu por aqui esse tipo de agasalho. Há muito sumiu misteriosamente.

Mas se a “japona”, desapareceu, continua a fileira de festas contínua em Santana do Ipanema: São José, Juventude, Senhora Santana e São Cristóvão.  Cada uma melhor do que a outra, satisfazendo muito bem os que procuram a fé e os vários tipos de brincadeiras. E quem gosta dessa frieza que vai até os ossos, passa batom nos lábios, escova os cabelos ou calça jeans e camisa colorida e aprumam pela porta da frente. Pular, beber, namorar que o tempo urge. E de hoje para amanhã tem a procissão dos carreiros que abre a festa da padroeira. Pelo menos isso para preencher o vazio deixado pela Festa da Juventude.

Vai chegar junto?

MATRIZ DE SÃO CRISTÓVAO (FOTO; B,CHAGAS/LIVRO 230).


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segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

O CARROSSEL DE SÃO JOSÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.265



 

Sim, fiquei surpreso ao passar pela festa do santo no Bairro São José. Parque de Diversões armado, inclusive a roda gigante, não esperava encontrar ali o carrossel semelhante ao da minha infância, aquele dos cavalinhos. Pode até ter havido alguma diferença, mas a essência era a mesma. Por trás do “sobrado do meio da rua”, nos fundos das casas comerciais “A Triunfante”, do Senhor Manoel Constantino e da “Arquimedes, autopeças”, em todas as festas de Senhora Santana, era armado o Curre e a Onda, além de soltura de balões. Assim o carrossel era chamado: “Curre”. A “Onda”, mais rude, muito primitiva, era um redondo grande de tábuas presas com ferro e o conjunto ligado ao centro de um pedestal sustentado por vários raios de vergalhão.

Ambos os brinquedos se enchiam de gente e começavam a girar iluminados por candeeiros de flandres e animados por sanfoneiros e seus outros complementos. Muita gente da zona rural. Mas, não era fácil arranjar uma namorada matutinha. Em determinada hora da novena de Senhora Santana, algumas pessoas traziam um balão de papel sedoso, procuravam arrumá-lo sempre na esquina do “sobrado” do meio da rua”, bem na porta dos fundos da “Casa Triunfante”, bem pertinho da “onda” e do curre, E assim o balão subia bonito sobre a festa da padroeira. Chegava à novena também a banda de música do maestro Miguel Bulhões que entrava na festa tocando e assim penetrava na Matriz para acompanhar a novena com suas páginas musicais.

Os cavalinhos do curre eram de madeira, se não me engano, os da Festa de São José podem até ser de outro material. Mas como sabemos, no caso da roda-gigante, ainda continua no mundo de hoje, ficando cada vez mais alta e desafiadora em todos os lugares do   mundo, isto é, continua na moda. Eita, que até bairros e povoados ganharam o direito de festas com parques de diversões. Que bom! O povo dos sítios também chamava o carrossel além de “curre”, “estrivolim”. É isso, se não existir um nome, o povo inventa. E voltando ao Bairro São José, o santo mesmo podia não ter carrossel, curre ou “estrivolim”, mas a sua festa mesmo sim.

FUNDOS DO “SOBRADO DO MEIOS DA RUA”, ONDE SE ARMAVAM “CURRES”, ONDAS E FAZIAM VOAR BALÃO. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230).

 


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domingo, 13 de julho de 2025

 

MARCELON

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.267



 

Interessante a questão levantada pelo primo escritor João Neto Chagas: “Como seu Marcelon conseguia fazer picolés e sorvetes sem energia municipal?” Bem, para quem não sabe, em Santana do Ipanema, no início da Rua Nova, salão comprido de esquina, sorveteria do senhor Marcelon; bem defronte a Pracinha Emílio de Maia. Deve ter sido um período da década de 50 e 60.  Como criança e adolescente, sempre pedia picolé, sorvete e salada de frutas, produtos fabricados naquele lugar. Não me recordo das feições do dono e nem possível nome do estabelecimento. Recordo as feições do segundo dono: José Ricardo Sobrinho. Mas digo ao primo velho, meu contemporâneo, juntamente com outro escritor, Luís Antônio, o Capiá, que havia um reservado e eu já havia entrado algumas vezes ali, onde sempre havia um barulhozinho, quase permanente de máquinas trabalhando; barulho esse semelhante à de motor de geladeira, de ar-condicionado, por aí assim, ouvido por nós até ao passar pela calçada da sorveteria no lugar mais próximo do reservado.

Ora, então é claro que o homem já possuía motor particular apropriado. É parecido com o caso Maneca. A geladeira do café/bar do Maneca era uma das poucas da cidade, mas já havia energia  na urbe e muitos elogios à qualidade da geladeira do homem que vendia o gostoso vinho marca “Raposa”. Sim João, o assunto talvez só interesse aos santanenses, mas não deixa de ser acontecimento do passado em todo o interior.

O filho de Marcelon, chamado Tonho Marcelon (Antônio Honorato) tinha um bar no térreo do Hotel Central de Maria Sabão. Era o “Point” da elite da época. Tonho era um dos maiores enxadristas de Santana e o maior chradista. Um esporte em voga: matar charadas. Se bem que o maior enxadrista mesmo de Santana fosse o Brás que morava na Rua Tertuliano Nepomuceno e trabalhava na “Sapataria Ideal” do Sr. Marinheiro Amaral. De qualquer maneira, temos um miolo da história santanense e as periferias que complementam a riqueza cultural da nossa gente. Ora, se formos descobrir outras coisas, o Gilson Saraiva (Gilson Alfaiate, era o melhor jogador de “Damas” da cidade, embora eu fosse muito bom. Por hoje é só. Fica aqui o convite aos escritores contemporâneos João Neto Chagas e o Capiá, para darmos um passeio pelo cenário real de hoje, inspirador no passado do meu recente romance AREIA GROSSA, ainda inédito. Beijos no coração

PRACINHA DA VIZINHANÇA DA SORVETERIA (FOTO:DOMÍNIO PÚBLICO, ARQUIVO B.CHAGAS/LIVRO 230) .


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quinta-feira, 10 de julho de 2025

 

SANTANA – ÁGUAS BELAS

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.266

 



Santana do Ipanema, possui três saídas-entradas oficiais, ao modo de falar. Uma rumo a Maceió (Leste); uma rumo ao alto Sertão (Oeste): e outra rumo Arapiraca. (Sul). As duas primeiras pela BR-316 e a terceira pela AL120. Ora, e uma saída-entrada pela parte Norte, tem? Tem sim, muita antiga estrada de terra que passa pelos sítios rurais: Barroso, Poço Salgado Sem Terras, Poço Salgado, Camoxinga Limpa, Camoxinga 2, Troca Tapa, Camoxinga dos Teodósio, Pinhãozeiro e Malembá. Vai em direção a Pernambuco, tendo Águas Belas, como sua primeira cidade e daí ao Recife, se continuar subindo. Essa estrada foi aberta em 1938, pelo prefeito de Santana, então, Pedro Gaia. É uma estrada “por dentro”, (atalho) como diz o povo, para distinguir de uma rodovia oficial em longo rodeio por Maravilha, Ouro Branco ou pelo trecho Entroncamento Carié. Por dentro economiza-se dezenas e dezenas de quilômetros.

Ora, os feirantes de Água Belas vêm para feira de Santana e vice-versa. Existe uma irmandade secular entre as duas cidades, mas por que não uma ligação asfáltica por dentro, para facilitar a vida de milhares de pessoas? Simplesmente por falta de acertos políticos entre dois prefeitos e dois governadores, só. Uma porta ligeira para Garanhuns, Caruaru e Recife. Bem que houve um falatório na gestão santanense do então, prefeito Mário Silva, mas nada de concreto aconteceu. Poderia até ser uma boa alternativa para os povoados da região serrana São Félix e Óleo, num puxar de braço do asfalto a partir da passagem pelo sítio Pinhãozeiro. Mas... Mas... Mas... Você mesmo tire as conclusões.

A cobertura asfáltica passaria nos pontos famosos que poderiam ser levados ao turismo. No município santanense, um acesso íngreme às serras do Poço e do Almeida, as nascentes do riacho Camoxinga, à furna da onça e às terras férteis da região serrana. Em território pernambucano, margearia as terras sagradas dos índios Fulni-ô ou Carnijós. A maioria das pessoas que viaja para Garanhuns, Caruaru, Recife, tem como trecho a serra das Pias, pela cidade de Palmeira dos Índios. Veja que absurdo. Falta, e como falta, a parte do quadrante Norte da nossa cidade para complementar a Rosa-dos-ventos. A priori, entrada e saída seriam pelo Bairro Lajeiro Grande que tem asfalto no prolongamento até o sítio Barroso.

“Ê... meu fio...” canta na seca o Acauã.

PREFEITURA DE SANTANA  REFORMADA EM 1938 E DEPOIS DE 1980 (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230)


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quarta-feira, 9 de julho de 2025

 

ALVÍSSARAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.265

 



Finalmente! Após séculos de sonhos e décadas de espera, começa a acontecer. A ponte imaginária sobre o rio São Francisco, entre Penedo (Alagoas) e Neópolis (Sergipe), no baixo São Francisco, começa a se materializar. Segundo divulgação, pilastras de cabeça da ponte, já estão erguidas e os trabalhos continuam sendo feito através de duas empresas. Sua extensão será de pouco mais de um 1 km, com uma largura de 21 metros. Em parte, isso se deve a influência do senador Renan Calheiros e a de seu filho Rennan Filho, hoje no Ministério dos Transportes. Vai terminando assim um longo período de angústia e descaso vivido pelo povo do Baixo São Francisco. Uma vitória das mais maiúsculas que existem, muito embora tardia.

O cenário no Baixo São Francisco é belo em todos os municípios e romântico com balsas e canoas, mas a construção de pontes é uma exigência do crescente progresso do mundo. Vale salientar que Penedo foi o primeiro núcleo habitacional de Alagoas, teve sua região invadida por holandeses e os expulsou da região com muita luta. Penedo é uma cidade histórica, limpa, atraente, cheia de casarões antigos e excelente fonte de pesquisas. Para nós santanenses, Penedo e suas regiões são como se fossem um outro mundo. O sertanejo fica abismado com inúmeras coisas que ele nunca tinha visto antes. É um mundo seco vendo um mundo molhado. Agora, lhe digo, cabra velho, é longe, é muito chão entre Santana do Ipanema e Penedo, seu avô.

Em Santana, ao ser feita uma ponte do Comércio para a margem direita de rio Ipanema, em 1969, o que era região desabitada, transformou-se rapidamente em cinco bairros e agora o nascedouro de mais dois.  Porém, ainda no trecho urbano do rio, ainda faltam duas pontes sobre o mesmo rio Ipanema: uma pela rua São Paulo, às antigas olarias, velha estrada de rodagem saída para as cidades circunvizinhas do Sul. Outra, pela Avenida Castelo Branco, Bairro Camoxinga, ao Bairro Paulo Ferreira, imediações do Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. A espera talvez possa se igualar a mesma de Penedo. Para meus bisnetos ou tataranetos?

INÍCIO DE CABEÇA DE PONTE EM PENEDO (FOTO: AQUI ACONTECE).

 

 

 


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PORRÃO – PURRÃO

Clerisvaldo B. Chagas 9 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.263

 



Mas menino! Não é que encontrei no dicionário a palavra Porrão! É que estava vendo algumas panelas de barro e fui transportado para o meu tempo de criança e adolescente quando via os adultos comprando na feira, panelas de barro, potes, jarras e porrões. Brinquedos de barro, pratos, panelas, cuscuzeiras, potes, jarras e porrões, eram vendidos, mas será que um jovem ou uma jovem sabe o que significa “porrão” (porrão, sem safadeza) que se pronunciava “purrão”? Pois bem, o pote de barro era bojudo e baixinho para carregar e armazenar água. Esse todo mundo conhece. A jarra, era semelhante ao pote, porém, muito maior três ou quatro vezes. E “porrão”, com a pronúncia “pu”, era a mesma jarra, porém, maior e mais bojuda. Cabia mais água que para passar à semana fazia grande diferença. Tudo era abastecido com água do Ipanema ou do Panema.

Vejo o adulto comprando o porrão na feira, batendo com os nós dos dedos na parte bojuda, experimentando o objeto. Vejo o botador d’água despejando sua ancoreta no porrão com a boca de filtro improvisado, de pano. Ouço a rãzinha rapa-rapa cantar por trás do porrão e a matuta dizer: “Escute, vai chover”. Vejo o senhor Filemon, fazendo feijoadas em pratos de barro, contratado pela sociedade. E por fim, vejo a feira das panelas após o “Beco do Mercado” e sua mudança para outro ponto, muito mais acima, na feira. Revejo a visita que fiz com meus alunos às fabricantes de panelas, no povoado Alto do Tamanduá, em Poço das Trincheiras

Querem pesquisar o tema, este é o começo.

Não precisa registrar a EMOÇÃO.

Porrão (foto: Pinterest).


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segunda-feira, 7 de julho de 2025

 

ESCURO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.263



 

Quando Santana do Ipanema passou à cidade, em 1921, um grupo de pessoas criou uma companhia de abastecimento de luz. No ano seguinte, 1922, a companhia começou a funcionar através de um grande motor alemão. A cidade era abastecida pela eletricidade motriz, a partir das seis horas até a meia-noite. Havia três piscadelas na energia quinze minutos antes de apagar. E o restante, era escuridão até o amanhecer. Postes de madeira pelas ruas, mostravam a dignidade de início da urbe. O motor de abastecimento começou abrigado em um prédio da Rua Barão do Rio Branco, quase na última esquina que dá para o rio Ipanema. Hoje é casa comercial. Depois foi construído um prédio exclusivo para a Companhia à Avenida Nossa Senhora de Fátima, hoje, Câmara de Vereadores, após reforma.

Havia três compartimentos. Um grande, do motor, um pequeno, de gerência, outro médio, dos tanques d’água que abasteciam o motor. No pequeno, pagávamos a conta da luz a um dos sócios, Valdemar Lins. Em 1959, o motor exauriu e nós santanenses passamos quatro anos no escuro. Sim, eu estava com treze anos lia à noite com candeeiro de flandres ou com placa de parede, também à querosene. Ferro de engomar na janela avivando as brasas de carvão, pela parte de trás; quartinha com água refrescando o conteúdo. Em noites enluaradas, histórias de Trancoso e assombrações, aprendizado dos nomes de estrelas e constelações. Em tempo mais frio, lençóis brancos e história de almas na calçada escura.

Por incrível que pareça, a cidade nunca deixou de progredir. Quando o cansaço bateu na paciência do povo foi iniciada uma campanha que tomou conta das ruas e repercutiu em Maceió, pela luz elétrica de Paulo Afonso. O governador sentiu o baque e com pouco tempo trouxe a energia que o povo reivindicava na Rádio Candeeiro, improvisada e clandestina no Tênis Clube e as procissões de lanternas, velas e candeeiros pelas avenidas escuras de Santana.  Com poucos anos depois também chegou água encanada do rio São Francisco e aposentou os mais de cem jumentos que botavam água nas residências trazidas das cacimbas do rio Ipanema seco. E essas duas lutas foram apenas o início de outras grandes. Depois eu conto.

Afinal, escuro só presta para ladrão e para... Aquilo.

MINHA RUA MADRUGADA (FOTO OBRA-DE-ARTE DE B. CHAGAS).


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domingo, 6 de julho de 2025

MACEIÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.262

 



“Às vezes a gente enfrenta um elefante e se engasga com um mosquito”, é assim que diz mais um ditado sertanejo. Além de estudar por um bom tempo na capital, desde criança que a frequentava, isto é, desde os tempos do trem de ferro em Palmeira dos Índios. Estudei, pesquisei muito, solitariamente, como sempre, mas não consegui conhecer de perto dois lugares e rever mais um.  E não eram coisas do outro mundo não, mas quando o destino não quer, é porteira fechada. Alguns pontos famosos de época, bem consegui visitá-los como o “Gogó da Ema”, o “Farol da Jacutinga” que emitia feixes de luzes alternadas vermelhas e azuis, o “Bar das Ostras”, no seu ocaso. As três coisas ainda a serem citadas me faltaram, porém.

E vamos a elas: o Parque Municipal, que é uma boa parte da Floresta Tropical ou Mata Atlântica. A Bica da Pedra + a Estação do Catolé e uma segunda visita muito mais consistente ao Porto do Cais. Esses eram os pontos famosos de Maceió, que eu nunca consegui visitá-los. Ao cais fui somente com um colega de República de Estudantes, de carona na cabine de um caminhão transportando melaço de uma usina de Rio Largo. Pense! Tudo para mim era novidade. Fiquei impressionado com a região do cais, porém, nunca voltei ali para matar a minha curiosidade e anotar coisas. E sem conhecer o Catolé, suas águas e seus banhos, ponto alto da capital, parti para outros lugares. Do Parque, só tive conhecimento da sua existência, muito tarde e nem tive oportunidade de abraçá-lo. Hoje em Santana do Ipanema, ainda penso na frustração.

Mas, ainda baseado em mais um ditado sertanejo, “a gente só faz o que pode”, misturei-me às multidões e perambulei muito pelas ruas, avenidas, pontes, vielas, praias e lagoa sempre procurando meus alvos, meus objetivos. Muitas vezes, em busca de atenções da Medicina mesmo, aproveitava e transformava o possível estresse em novas pesquisas e assim ia ampliando os meus horizontes literários.   Lembro-me até como fiquei feliz em realizar uma pesquisa em plena Estação Ferroviária e o carinho como uma senhorita encarregada me recebeu. Tudo isso agradeço à vida. Continuo pesquisando e escrevendo até a hora do desembarque...

Assim seja!

PELAS RUAS DE MACEIÓ (FOTO: B. CHAGAS).

 

                                                                       

 

 


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quinta-feira, 3 de julho de 2025

 

PARAÍSO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.261

 



Pense num inverno arretado!  Chuva e Sol se alternando no Sertão com temperatura agradável. As chuvas são moderadas, educadas e benfazejas; pode até não ser inverno de juntar água nos grandes reservatórios das fazendas, porém, está sendo muito bom e sadio. Estou escrevendo essa crônica na manhã do dia 28 de junho, véspera de São Pedro e São Paulo diante de um dia ensolarado, cheio de verde e com aspecto de paraíso. Foi não foi, uma olhadela na rua, nos montes, na Natureza. Um cafezinho para relaxar, um naco de bolo de milho e nova jornada no Book, vestindo a crônica do início de julho. Que belo dia inspirador de um passeio pelos campos, pelo asfalto, pelas serras. Um dia diferente, profícuo e cheio de alegria desejado por todos nós.

As ruas amanheceram penteadas da chuvarada de ontem à noite. Mas, ainda amanheceu nublado, fez desaparecer todos os pássaros do calçamento e das fiações. E o Sol, ao furar pouco a pouco o cerco das nuvens cor de marfim, esquentou os corações e trouxe de volta os pardais, as rolinhas, o bem-te-vi, refugiados da humidade.  Mal vou fechando esses pensamentos, amigo, amiga, o tempo, por birra quer mudar de novo. Ameaça voltar a chover e me empurra para o casaco costumeiro do refúgio. Ah, meus leitores, não tem como não retornar ao cafezinho. Teclado, café, café, teclado e... Asas ao pensamento. É preciso driblar a frieza do mês de julho, frieza imortalizada com a madrugada de 28 de julho de 1938, quando trucidaram o Rei do Cangaço.

Entretanto, segue o tempo “entre tapas e beijos” e importante é não haver tragédias por enchentes, deslizamentos e outras modalidades que se vê todos os dias na televisão do mundo inteiro. Certa vez disse o pároco da paróquia de São Cristóvão de Santana do Ipanema, hoje em Maceió na paróquia da Serraria, José Augusto, sobre as futuras chuvas: “que venham, mas venham mansas”. Pois, desde que o padre foi embora, há muitos anos, as chuvas nunca chegaram bravas. Nessa crônica feita em três tempos, já noiteceu e eu estou ouvindo o tamborilar da chuva educada nas telhas. Quanto a frieza desse momento, acha-se tão educada quanto a chuvadinha.

É melhor rezar o terço da Mãe de Deus e colocar água quente na garrafa. Estou indo...

PERIFERIA/PARAÍSO VERDE (FOTO: B. CHAGAS).

Ontem, dia 3, 18 graus na noite santanense.

 


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quarta-feira, 2 de julho de 2025

 

ENTREVISTA FEITA

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.260

 



Ainda sem recuperação total de um probleminha de saúde, como havia prometido, enfrentei o frio e a chuva e fui para a entrevista com senhora e senhoritas acadêmicas da UNEAL. Fomos para os estúdios de Podcast do jornalista Lucas Malta ao invés do Departamento de   Cultura, onde ocorreu o desenrolar da história de Santana. Muito proveitosa a palestra que fez movimentar os neurônios e que trouxe à superfície inúmeros fatos que reacenderam o passado e emocionaram entrevistado e entrevistadoras. O que faz a inspiração do entrevistado, é ao notar o interesse sincero, sem maquiagem dos entrevistadores e assim entregar o peixe como um rio generoso. Temos que passar o bastão para um sangue bom, pois, os fracos de espírito rejeitam os obstáculos da jornada.

Todo filho da terra deveria assumir um compromisso sério com o seu berço. Sim, nem todo mundo tem o pendor das letras, mas a sua terra pode ser exaltada de várias maneiras. Creio que o início de tudo é conhecer bem o município em que nasceu. Suas dificuldades, suas belezas, e todos os aspectos históricos e geográficos. Daí em diante você cria amor e vontade de fazer algo pelo seu torrão, na música, nas letras, no artesanato, na culinária, na política... Retribuindo em parte  seu nascimento na região. Existem ainda alguns aspectos de Santana do Ipanema que ainda não estão totalmente registrados, mas apenas citados superficialmente na tradição oral. Cabe aos mais jovens, descobrirem essas relevantes passagens históricas, desvendá-las e mostrá-las à sociedade.

Como dizia meu melhor professor de Geografia, Alberto Nepomuceno Agra: “O rio Amazonas é o maior do mundo, mas para nós o rio Ipanema é mais importante”. E eu repito aos jovens: “A serra do Mar é importante, mas para nós, mais importante ainda é o serrote do Cruzeiro, a serra Aguda, a serra da Camonga”. Ah, sim! Vamos estudá-las para saber o porquê. Ora, eu que sou professor e escritor, estive aprendendo com as minhas formosas entrevistadoras, quanto mais um aluno comum, o que terá que aprender!? E assim vamos tentando louvar o nosso Sertão intimorato, bravo, heroico, porém, mais doce do que o mel mais doce. Sertanejo com muito orgulho! Fé e resistência!

UM IDOSO NUM JARDIM (FOTO: EQUIPE DA UNEAL).

 

 

 

 


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terça-feira, 1 de julho de 2025

 

ALAMEDA

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.259

 



Sempre achei belíssimo o nome “Alameda”. Tanto é que em Maceió vi esse nome pela primeira vez, se não me engano no Bairro Jatiúca, por ali assim, quase pulo do automóvel para conhecê-la. Mas como estava em carro alheio, nada falei. E entre as vias de uma cidade, encontramos: Ruas, Avenidas, Becos, Vielas, porém, não é fácil encontrar o termo Alameda. Em Santana do Ipanema, mesmo, não tem. Rua, é uma via pública comum; Avenida, a rua principal e mais larga, às vezes, mais arborizada; Beco, uma pequena passagem de uma a outra rua; Viela, um beco sem saída. Em Santana do Ipanema têm todas elas e a viela nunca é chamada viela, mas sim, beco sem saída. Não temos o nome Alameda, que é uma via, geralmente, com alas de árvores em ambos os lados. Deve vir de Álamo, um bosque dessa árvore.

A Avenida Coronel Lucena, sempre foi a principal da minha terra e continua sendo, mesmo com a mania dos gestores em dividir uma rua, uma avenida longa em várias partes e mais títulos a esses trechos. Interessante também, em Santana eram quatro becos seguidos e contínuos, fazendo com que você saísse de um e entrasse imediatamente no próximo, era só atravessar a rua. Eram assim os quatro becos contínuos, denominados pelo povo, conforme cada habitante de esquina. E como os quatros becos eram ladeirosos, vamos denominá-los de baixo para cima: “Beco da Salgadeira”, “Beco de Seu Deoclécio”, “Beco de Seu Felisdoro”, “Beco de Maria Zuza”. Novamente de baixo para cima, ligavam pela ordem, as ruas: Prof. Enéas com a Antônio Tavares, Rua Nova (Benedito Melo) e a rua denominada popularmente de “Garagem de Sebastião Jiló”.

Mas existe uma via longa sem saída no final. Vai mais ou menos da Igreja de São Cristóvão em direção Oeste, paralela a BR-316. Parece-me que seu nome é Rua Joaquim Ferreira. E não sendo um beco, acho que ficaria denominada rua/viela.  Indo quase até o final, notei que é uma rua boa de se morar. Agradável, calçada com paralelepípedos e cheias de casas modernas. Mas bem que eu gostaria de morar numa rua/viela ou numa via com nome Alameda. Mas no momento o mais importante é se esconder desse frio de matar sapo seja em viela, alameda ou avenida. Arre!

RUA ANTÔNIO TAVARES (FOTO OBRA-DE-ARTE DE GLACILDA).

 

 

 


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