JULHO/JULHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 29 de agosto de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.742
Acabando
o prazo de validade, o mês de julho cumpriu o seu papel em solo sertanejo
alagoano. Chuva, frio e festas por todos os lugares, apesar de tantas mortes
nos últimos tempos. O frio ainda estar sendo de “torar os ossos” e alguns
agricultores estão perdendo lavoura com a frieza. Agosto vem aí encangado para
terminar o nosso inverno e quem sabe! Poderá ser ou não que resolva manter a
escrita dos quinze dias mais frios do ano em sua primeira quinzena. Com a
poderosa festa de Senhora Santana pedindo pelo sertão inteiro, poderemos
almejar um agosto suave, amenizando assim a sua fama de mês das grandes
tragédias. Água armazenada em açudes, barreiros... Tem muita por aí à fora,
esperamos que seja o suficiente para chegar até as trovoadas, esperanças a partir
do mês de novembro.
Ontem,
28, faz lembrar o dia 28 de julho de 1938, quando foi anunciado o fim do
cangaceirismo no Nordeste. O fim de Lampião e seu bando, representou a vitória
da sociedade e do bom senso sobre a barbárie. Batalhão alagoano formado e
deslocado para Santana do Ipanema, chegou à cidade em 1936, para combater e
extirpar o cangaço que deixava em polvorosa sete dos nove estados nordestinos.
O comando do Batalhão pertenceu ao, então, tenente Lucena, pela sua bravura e
experiência de combates ao banditismo no alto Sertão. Dois anos após a chegada
do Batalhão em Santana – ele, que fora dividido em várias forças-volantes –
usando três dessas forças, conseguiu acabar o chamado “Rei do Cangaço”.
Faleceu o padre Cícero Romão Batista, no dia
vinte também de julho. Lampião, célebre pela perversidade, Padre Cícero,
famigerado pelas suas virtudes. Aliás, o chefe cangaceiro fora para a grota da
fazenda Angicos, em Sergipe, para descansar, rezar e meditar durante a semana
de morte do santo padre do Juazeiro do qual fora devoto à distância. Ali
encontrou a morte na madrugada friorenta, tradição de julho. “Frio de matar
sapo”.
Lucena foi promovido a coronel, chegou a ser prefeito eleito
por Santana do Ipanema – sede do 70 Batalhão – foi deputado e prefeito de Maceió e ganhou nome de
avenida na “Rainha e Capital do Sertão”.
Julho era e é assim.
CAPA DO LIVRO LAMPIÃO EM ALAGOAS (FOTO B. CHAGAS)