domingo, 19 de fevereiro de 2017

VIVA A AÇÃO NO GOITI



VIVA A AÇÃO NO GOITI
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.638


AÇUDE DO GOITI. Foto: (baixaki.com).
O rio Perucaba, cujo início em Arapiraca havia sido transformado em açude, foi urbanizado. O seu entorno, virou área de lazer e, em beleza, nada deve a nenhum semelhante do Brasil. O simples açude redescoberto passou a se chamar “Lago do Perucaba”. Essa área de lazer tão bela é hoje o principal atrativo da cidade e motivo de intenso orgulho do povo arapiraquense.
Apenas complementando, o rio Perucaba despeja no rio São Francisco, após formar a lagoa do Banguê, na Marituba de Baixo, em Penedo. Gostou do detalhe informativo?
Pois bem, em Palmeira dos Índios existe o açude do Goiti, no centro da cidade e que possui uma longa história desde o Século XIX. Mesmo urbanizado, muitas coisas ainda faltam para que o local se transforme no segundo Lago Perucaba.
Mas nessa luta humana contra e a favor da Natureza, chega uma ótima notícia de Palmeira dos Índios. As autoridades deram início a uma grande limpeza no açude e no entorno. Quando terminarem todo serviço mais grosseiro, será a vez da retirada do assoreamento. Falam em iluminação, pintura e tudo o mais.
De acordo com o secretário de urbanismo Marcos Bezerras, até o final do ano será feito uma passarela ao redor de todo o lago, que servirá como área de lazer para a população:
 “As pessoas vão poder fazer caminhadas ao redor do Lago, que já estará iluminado e limpo, com o trabalho de nossas equipes. Também existe um projeto para revitalizar toda a área do Lago, ou açude, como muitos conhecem. Queremos que esse, que é um dos nossos cartões postais, realmente atraia turista e seja um ambiente de lazer para os palmeirenses (...)”. (Tribuna de Alagoas, 18.02.2017).
A propósito, Goiti é a serra em cujo sopé fica o açude. No cimo, como foi colocada uma estátua do Cristo com os braços abertos, passou o local à denominação popular: “O Cristo do Goiti”, bem como “O Açude do Goiti”.
A serra do Goiti faz parte, geograficamente falando, do relevo de Alagoas da Escarpa Ocidental.
Depois contaremos mais.





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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O BODE CHEIROSO



O BODE CHEIROSO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.637

Bode. Imagem divulgação.
 Já disse o poeta e repentista Sebastião da Silva:

“Carneiro do meu sertão
Quando sua orelha esquenta
Dá tacada em baraúna
Que a casca fica cinzenta
Sentindo o gosto de sangue
Descendo no pau da venta”.

Desde menino que ouço no Sertão: “um carneiro pode matar um boi de repente. Basta agitar-se e partir com uma cabeçada na barriga do touro para a vítima estrebuchar”. Na verdade, dão a esse perigoso ataque o nome de “marrada”. O carneiro mostra ser mais perigoso, eficiente e arisco do que o bode. Mas a marrada de um ou de outro pode fazer grandes estragos no ser humano que vai desde a fratura de ossos até o óbito instantâneo.
Seria cômico se não tivesse sido trágico a teoria da Polícia Militar sobre a morte do cidadão de Pariconha ─ município situado na zona serrana do Alto Sertão alagoano.
José de Souza, um agricultor de 79 anos, foi encontrado morto na sua propriedade no povoado Corredores. O corpo com alguns ferimentos e rastros de sangue, levou a polícia a desconfiar que o idoso tivesse sido morto por um bode. O corpo foi levado para o IML de Arapiraca, informaram os policiais.
A notícia é muito simples, mas inusitada. Não é todo dia que um bode mata uma pessoa. E se foi um bode mesmo que derrubou o agricultor o que foi que houve antes? Bem, se somente estavam ali os dois, o homem e o bode, não é fácil saber. Defunto não fala e  bode bodeja.
Os apresentadores de TVs confundem sempre burro com jumento e bode com carneiro. A falta de informação é cruel. Chamar um carneiro de bode é uma afronta. Tira-se um símbolo cristão, coloca-se a marca do diabo. E se o bode representa o que não presta, deve ter vindo mesmo da farta invenção do homem, porque a buchada é mais valiosa do que a do concorrente.
Ê cabra velho, vamos navegar nesse sertão medonho e queimado, pois, quando um cantador rural o elogia o outro citadino responde:

“Cala-te com teu sertão
Teu sertão é monturo
A água do teu sertão
É mijo de bode, puro”.

Dizer o que, camarada? É mais um fim de semana para se conversar miolo de pote.





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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

UM DIA DIFERENTE



UM DIA DIFERENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.636
Santana do Ipanema. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Hoje fomos despertados pelos espanta-boiadas que em bando fazia seu taralhar pelos terrenos baixos do rio Ipanema. Que alegria imensa era aquela, minha gente, que repassava para nós como se fôssemos receber boas novas. E para sertanejo, alvíssaras é a mudança de tempo azul para o cinza das nuvens carregadas.
Nos últimos dois dias, o vento soprava mais forte no período vespertino e as nuvens formavam-se rodeando os municípios sertanejos. Uns achavam que as chuvas viriam, outros pensavam ser apenas enganação. Barreiros e açudes vazios representando a tradição imorredoura das secas apresentam-se no cenário crestado sertanejo. O cinza dos garranchos endurecidos transmite a cor da tristeza ao solo poeirento e nu onde as magérrimas reses passam os beiços no nada.
O Médio Sertão sofre desesperadamente com o tempo de estio prolongado, mas o Alto Sertão mostra até inúmeras casas de fazenda fechadas, cujos proprietários e moradores arribaram.
Como não ficar alegre, muito mais eufórico do que os próprios arautos das noticias, os espanta-boiadas! Com o aviso de mudança chegou mesmo uma garoa a muito desaparecida molhando as telhas da cidade perto do amanhecer. Mesmo assim prossegue o dia nublado no Sertão, onde se aguarda o grosso escondido nas trovoadas que não vieram em janeiro. Sabe-se, porém, que durante esse tempo, chuva fraca por aqui é sinal que em outros lugares da redondeza receberam o líquido dos céus em abundância. Só poderemos confirmar essa versão quando os pássaros humanos do semiárido atestarem metendo a boca no mundo.
Mesmo assim, a garoa trouxe esperanças e no mínimo amenizou a temperatura que estava danada e constante.
Daqui de Santana do Ipanema, a “Capital do Sertão”, vamos tentando captar novos sinais concretos de satisfação climática. Ô mundo bom!

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

AS DESASTROSAS INCONSEQUÊNCIAS



AS DESASTROSAS INCONSEQUÊNCIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.635

Lago Poopó após o desastre. Foto: (BBC.com).
Os destruidores do mundo continuam agindo contra a Natureza e a própria humanidade. E vamos buscar um passado recente quando os professores nos falavam dos maiores lagos, rios e montanhas do mundo. Somamos a isso um senhor que havia em minha terra, apelidado “Lelé”, grande decoreba geográfico. Até bêbado, segurando pelas paredes respondia as perguntas de quem o queria testar. “Qual o maior lago do mundo, Lelé?”. E o senhor, cabelos brancos e barriga repleta da ”marvada”, respondia: Tá cara da peste! Tá cara da peste! Não é o Baiká na Sibéria com...” E dizia até o tamanho do referido lago.
Mas a Natureza foi perdendo terreno para as inconsequências das autoridades e do povo. Foi assim que mataram o mar do Aral, um imenso lago, o quarto do planeta, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia. O lago que equivalia ao Rio de Janeiro e Alagoas juntos com 66 mil km2 sofreu, dito por todos os jornais, o maior desastre ecológico do mundo. Isso a partir dos anos sessenta.
Recentemente repetiram a dose na Bolívia com um dos lagos que nós costumávamos declinar na escola como os mais altos e famosos da Cordilheira dos Andes: Titicaca e Poopó. Assassinaram o Poopó, o segundo maior lago da Bolívia que se transformou em um deserto de sal.
São tantos os motivos que levaram a extinção do lago e às perdas irreparáveis que nem queremos seguir por essa vertente.
Em Alagoas os alertas estão ligados desde os fins do século passado. Muitas lagoas do São Francisco desapareceram, inúmeras interiores também e o futuro das duas grandes lagoas do nosso território está seriamente ameaçado. E se dois dos maiores lagos do mundo foram extintos, quanto mais as nossas lagoas e seus assoreamentos, partes já virando pântanos, conforme denúncias de jornais.
Deus dá, o homem destrói e depois vai chorar nos pés do Senhor. Ô mundo velho de porteiras corrompidas!









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domingo, 12 de fevereiro de 2017

O PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU



O PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.634
Vale do Catimbau. Foto: (centroverdedevida_com.br).

Vale do Catimbau. Foto: (Tokdehistoria.com.br).
Quantas e quantas vezes passamos por ali beirando Tupanatinga e Buíque, em busca do Saber. Mas nessas jornadas que nos consumiram mais de dois anos, ainda não sabíamos da existência do Parque Nacional do Catimbau. Trata-se de um parque no estado de Pernambuco criado em 22 de agosto de 2002 que se estende pelos municípios de Buíque, Ibimirim, Sertânia e Tupanatinga, com uma área de 62.294 hectares.
Entre o Agreste e o Sertão pernambucano, o parque tem a aparência rochosa do Raso da Catarina no estado do Bahia. Atualmente é considerado o segundo maior parque arqueológico do Brasil, perdendo apenas para a serra da Capivara, em Raimundo Nonato no Piauí.
Uma das versões do nome é apontada como catimbó e rituais que se faziam em sua região. Acredita-se que o também chamado Vale do Catimbau, tenha sido um fundo de mar. Com vegetação de caatinga preservada, o local mostra encostas abruptas, vales abertos, montanhas e muitas formações rochosas desenhadas das mais diferentes formas.  O parque apresenta cerca de duas mil cavernas e vinte e oito cavernas-cemitérios. Suas rochas são formações de arenitos em diferentes cores que ajudam no atrativo aos visitantes. Os estudiosos ali acharam vinte e sete sítios arqueológicos e pinturas rupestres que rompem os 6.000 anos de aplicações.
O Parque Nacional do Catimbau é uma aula aberta para a Geografia, Arqueologia, História, Biologia, Química, Antropologia e outras ciências que procuram riquezas de conhecimentos.
É bom dizer que mais de cento e cinquenta espécies de aves são conhecidas no Catimbau.
É muito fácil chegar à região para uma visita inesquecível. Estradas estão por todos os lugares permitindo conforto ao viajor. E, particularmente, quem está no Sertão de Alagoas, é somente cruzar a fronteira, passar por Águas Belas e adiante subir o planalto de Garanhuns para chegar a Tupanatinga.
Bem ali, um leguinha de beiço...


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