quarta-feira, 31 de agosto de 2011

OS DEFUNTOS DO PREFEITO


OS DEFUNTOS DO PREFEITO
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de agosto de 2011.

           É meu amigo. O humor negro está por todo canto. Ninguém escapa das brincadeiras da Terra que envolvem o além. Certa feita foi o camarada que pegou carona na carroceria de um caminhão, numa noite escura. Começou a chover. Sem lona nem outra coisa para se amparar, o carona notou um caixão funéreo novinho no canto da carroceria. Não contou conversa e entrou no caixão. Adiante um grupo de pessoas pediu carona, o que foi concedido pelo condutor. Ao ver o caixão todos cismaram, mas era tarde. Dois três quilômetros adiante, o passageiro do caixão abre a tampa e vendo aquele povo pergunta: “Já parou de chover?” Foi um espanar de gente que virou horror saltando do caminhão em velocidade. Bem assim foi no cemitério de uma cidadezinha do interior. Havia muitos cajus maduros num cajueiro do cemitério, encostado ao muro da rua. Um amigo do vigia costumava jogar baralho com ele à noite, ali em cima das tumbas. Certa feita, ao terminar o jogo, foram tirar cajus para tomarem uma bicada. Colhidos alguns frutos, começou a conversa: “esse é meu, esse é seu”. Um bêbado, não tão bêbado assim, ia passando e resolveu descansar justamente sob a galhada do cajueiro que dava para a rua. Ao cair um caju madurinho na calçada, o vigia do cemitério disse para o amigo, quebrando o longo silêncio da noite: “O do lado de fora é meu!” Agora leitor, imagine o fiapo de carreira do “bebão” com os olhos acesos! Já no velório de um coronel que apenas estava sem sentidos, o falso defunto abriu os olhos, Ficou sentado derrubando flores e castiçais e dizendo: “Já cheguei do inferno!” Os gritos e as canelas enferrujadas fizeram sucesso numa tremenda corrida de rua!
          “Funcionários do Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo permanecem em greve. Cerca de quinze pessoas guardam o transporte de corpos de conhecidos para o cemitério. Houve muita conversa entre funcionários e a Administração, porém não se chegou à conclusão alguma. Velórios e sepultamentos foram marcados para a manhã de hoje, mas até agora não havia previsão de quando iria chegar alguém para levar os corpos para o cemitério”.
          Como se não bastasse greve de médicos, estudantes, professores e juízes, entram também na mesma ciranda os papa-defuntos de São Paulo, prejudicando a entrada das almas no céu, inferno e purgatório. Dizem que ninguém pode ir para o mundo sem estar legalizado, inclusive, portando CPF e atestado de óbito que os grevistas teimam em não expedir. “Sem documento na mão, não há salvação”, dizem faixas e cartazes das almas dos que já se foram. Se existe greve dos agentes funerários daqui, deve haver greve dos agentes de lá por causa da burocracia dos vivos, ora bolas! Assim não dá! Lá em cima não existe problema com salário, o que é o impasse na prefeitura do estado rico. Seria bom que as autoridades não brincassem com assunto de quem já morreu negando-lhes o direito de ser enterrado. Hã! Mas um impasse para o governo enfrentar: OS DEFUNTOS DO PREFEITO.





















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terça-feira, 30 de agosto de 2011

DINHEIRO ABENÇOADO


DINHEIRO ABENÇOADO

Clerisvaldo B, Chagas, 31 de agosto de 2011

           A violência ainda não deixou de ser o principal tema de muitos jornais. Parece que a concorrência vai obrigando os senhores gerentes ao sopro no lixo. Tudo vira notícia para fechar a página do dia, sem nenhum cuidado ético com o que se publica e assim vão enchendo a cabeça ou o bucho do povo de porcaria.  O que faz um jornal de nome colocar coisas tão pequenas, tão ínfimas, falando de um simples buraco, ou de lama, ou de uma trouxa de maconha que um soldado encontrou numa longínqua casa pobre de periferia. É muita gente besta que não tem a menor noção de um jornalismo sério, dando a notícia de que um cachorro mordeu o pedestre e não que o pedestre mordeu o cachorro. E com a imprensa assoberbada de tantas tolices, o resultado naturalmente reflete no medo das pessoas mais fracas saírem de casa. A violência está por todos os lugares, disso aí ninguém tem dúvidas. As leis que beneficiam os “coitadinhos”, continuam tão culpadas das coisas quanto os pobres “coitadinhos”. O que tem de gente sem querer trabalhar, vivendo somente para tomar o alheio, não tem cálculo que acerte nesse Brasil de meu Deus! A disseminação das drogas em todas as camadas sociais desgraçou completamente tudo. Mata-se por um tênis, por um relógio, por um real ou por nada, unicamente na base do mau instinto estimulado pela droga e pelas boazinhas leis.
          Não sabemos, porém, como os jornalistas sérios estão se sentindo com essa ralé de notícias baratas sem nexo algum da profissão. E o povo vai ficando atolado até o pescoço de tanta coisa podre que pode provocar sérios danos à saúde. A onda negativa, a onda de baixa qualidade invasora dos lares, vai solapando como a própria droga e as leis que favorecem aos “bonitinhos”. Jovens e maduros vivem num clima de salve-se quem poder que vai lotando consultórios e hospitais em todos os lugares.
          Vamos salvar a notícia de que dois homens armados invadiram a igreja matriz do Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Pariconha; renderam o padre e levaram cerca de R$ 4 mil reais.
          Foi lá em Pariconha que Lampião entrou certa vez, ainda no tempo do cangaceiro Antonio Porcino e fez grande bagaceira no, então, povoado. Quer dizer que agora Pariconha mantém a tradição de saco de pancadas de bandidos! Dizem que o padre e uma funcionária ficaram presos dentro de um quarto, enquanto os meliantes empreendiam fuga. Agora nem o alto Sertão escapa, nem mesmo a simpática e fértil Promissão. Na boca do revólver escora-se, doutor, empresário, mulher, transeunte e até o representante de Cristo dentro da própria casa do Senhor. Talvez esse tipo de assalto seja para também sair na mídia, do baixo ou do alto clero. E se alguém pergunta ao bandido por que levar o dinheiro da igreja, a resposta até parece feita: pelo menos é DINHEIRO ABENÇOADO.













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ADORADORES DE BOIS


ADORADORES DE BOIS
                 Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2011.

           Nem sabemos, nem queremos saber qual é o lucro da cidade de Barretos, na Festa do Peão. Coisa pouca não deve ser. Que é um festão, não temos dúvidas. Com suas várias modalidades de provas e uma projeção internacional cada vez maior, Barretos oferece um tipo de divertimento baseado na tradição brasileira do boi. O ruminante ocupa todas as regiões, inclusive a Norte, com seu prestígio, mitos, festas e lendas. Quando se falava na “Farra do Boi”, os contras partiam para acabar de uma vez por todas com aquela forma de lazer.  Não queremos, nem hoje nem nunca, defender os sofrimentos aos animais, principalmente os indefesos. A “Farra do Boi”, que vinha passando de geração a geração, como a vaquejada nordestina e os rodeios Sul/Centro-Oeste, não deixaram de carregar maus-tratos aos bichos como bois e cavalos, principalmente, mas a saída em nosso modo de entender, não é partir para o radicalismo: acabar de uma vez com a Festa do Peão. O caminho não nos parece o mais correto, mesmo respeitando os princípios de ONGs interessadas. O que estar faltando é mudança de regras na estrutura. Sentar à mesa todos os interessados, discutir erros e acertos e definir o que deve ser mudado, em relação ao bem estar dos animais. Uma vez definidas novas regras, cabe ainda uma fiscalização rigorosa no que ficar acordado e continuar a tradição, até com muito mais segurança e conforto para bichos e gente.
          Um touro ficou paraplégico, um bezerro morreu! Algo estar errado, não tenham dúvidas. Mas daí a extirpar a brincadeira, é uma radicalização sem tamanho. Quanto à atração da festa para ladrões, beberrão e prostitutas, isso acontece em todos os lugares. Ou você conhece, leitor amigo, festa sem ladrão! Bebida também não pode faltar, juntamente com outros fatores negativos. Mas assim não haveria Carnaval, grande fonte de prazer e de tudo que não presta. Então, vamos acabar o Carnaval, ópio do povo? Vamos ficar somente com festa de santo?
          A vaquejada também, para proteger os animais tem que ser mudada, pois logo começará as pressões dos que procuram proteger os bichos brutos. E por que não mudar logo alguns itens que garantam a segurança das reses? Tem até um ditado que diz: “brasileiro só se previne depois de roubado”. É essa mania de andar sempre depois do previsto. A19ª nona edição da festa de Barretos, pode ter até saído arranhada com os dois incidentes ou acidentes tão bem explorados pelos jornais, mas que é um sucesso crescente, não se põe em xeque. É a tradição regional ganhando espaço. Acima as nossas tradições, modificadas, porém, a benefício de todos. No modo terrível ao pé da letra fraseada não, mas até que nós, brasileiros do interior somos mesmo ADORADORES DE BOIS.












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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

UM CROQUE NOS ESTADOS UNIDOS


UNS CROQUES NOS ESTADOS UNIDOS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de agosto de 2011

           Croque no Nordeste: “cascudo”; pancada curta e vigorosa na cabeça, com os nós dos dedos da mão fechada. Embora a expressão em voga “vou dar-lhe uns croques” (no menino); também foi usada para amenizar a maldade humana. No lugar do coronel dizer: “Vou dar uma surra, vou dar uma pisa em fulano”, suavizava a frase, mas a intenção era a mesma, dá uma surra grande, de preferência com chibata de couro cru, de bater em cavalo. Uma surra, uma pisa de juntar bicho. Pisa de esfolar as carnes a ponto de apodrecer as feridas. Melhor dizer com sadismo: “Vou dar uns croques em Beltrano”.
A poderosa nação do norte, enriquecida com a primeira industrialização, as vendas da Segunda Guerra e as reservas minerais não levadas por colonizadores como na América do Sul, dominou o mundo sozinha quando do abandono da União Soviética à concorrência ideológica. Acostumada a mandar as cartas, sozinha, assim passou dezenas de anos, absoluta como xerife do mundo e uma vontade danada de pular para a cadeira cravejada de dono. Mas na terra, com duração maior ou menor, todo império tem sua limitação. Assim foi a China, com a Itália, com a União Soviética e com a Inglaterra que era tal “Rainha dos Mares”, fazendo também seus absurdos, acobertada pela riqueza da industrialização, exploração dos povos e poderosa marinha. O poder ficou com os Estados Unidos que, gastando trilhões e trilhões sem parar com suas guerras particulares pelo mundo todo, agora se encontram em situação econômica difícil. Essa nação faz até lembrar um cidadão de Alagoas que era vigilante e ganhou uma “bolada” na loteria. Deixou imediatamente o emprego e começou a gastar. Advertido para a gastança sem freio, o pobre rico nem ligava para os conselhos bem intencionados. Quando se viu sem um centavo e um monte de dívidas às costas. O vigilante ficou de fazer a buscar o mesmo tipo de emprego do tempo das vacas ossudas.
          Com a economia combalida, recolhendo os cacos das guerras feitas no Iraque, no Afeganistão e companhia, devendo demais e vendo a crise solapando as nações, Os Estados Unidos vão tentando o equilíbrio da famigerada corda bamba. Para agravar as dívidas e o desemprego, a Natureza também parece entrar no páreo dos castigos terrenos com seus furacões. “Quero enfatizar que os impactos dessa tempestade, serão sentido por algum tempo. E o esforço de recuperação durará semanas ou mais”, disse o presidente.
         A grande nação poderá até se recompor, mas não percamos o foco da história tendo Itália e Inglaterra, como exemplos. É a vez da China, Índia e Brasil. Apesar do chique americano, a Terra do Tio Sam não tem deixado de levar uns machucões, uns ganchos na face, frutos das suas próprias ações que se voltam e dão UNS CROQUES NOS ESTADOS UNIDOS. 











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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CACIMBINHAS


CACIMBINHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2011

          Empenhado em nossa organização de livro sobre Virgulino Ferreira da Silva, temos referências várias sobre a nossa tão querida cidade Cacimbinhas.  Município alagoano localizado no meio do caminho Santana do Ipanema ─ Palmeira dos Índios, Cacimbinhas foi ponto de descanso e referência de quem transitava do alto Sertão à Maceió e vice-versa. Tempos das estradas de terra, buracos e solavancos, poeira e lama que enganchavam as viagens sertanejas à capital. Originária no sítio Choan, o atual município recebia caçadores de Pernambuco ─ com o qual faz fronteira ─ que acampavam no sítio, nas proximidades de uma cacimba onde havia um limoeiro. Com mais pessoas parando por ali para descanso, outras cacimbas foram cavadas gerando, assim, a denominação do município. Quem nasce em Cacimbinhas é cacimbense. E quem é cacimbense tem orgulho de sua fundação que aconteceu em 19 de setembro de 1958. Atualmente o município faz parte da Microrregião de Palmeira dos Índios e da Mesorregião do Agreste Alagoano. Possuindo uma área de 272, 978 km2, com a distância de 177 km da capital, Cacimbinhas tem como sua padroeira, Nossa Senhora da Penha, celebrada em 8 de setembro. Com mais de dez mil habitantes, o município conta com atrações, além da festa da padroeira, como Festa de Santos Reis, Baile do Sábado da Aleluia. Forró Fest, emancipação política e ainda o Baile Macabro realizado em novembro. Para quem quer fazer visita turística, a recomendação é a serra do Cruzeiro com a capela de São Francisco e o castelo medieval da fazenda Alfredo Maya.
          No início da década de vinte, Cacimbinhas recebia um bando de cangaceiros chefiados por Pedro, um dos famigerados irmãos Porcino, cujo bando abrigou o mais célebre, Lampião. Isso gerou dor de cabeça para o governo que convocou o comissário de Palmeira dos Índios e enviou tropas para Cacimbinhas. Além da década de vinte, Lampião usou Cacimbinhas outras vezes nos anos trinta, pela sua proximidade fronteiriça com Pernambuco. Ali foi sempre a porta de saída de Virgulino que geralmente entrava em Alagoas por Água Branca ou Mata Grande, via Piranhas, saída Cacimbinhas em busca de Bom Conselho (PE), e imediações.
          Dizem os historiadores que os primeiros habitantes chegaram por volta de 1830. Após os primeiros habitantes, chegou a Cacimbinhas José Gonzaga que se associou a Clarindo Amorim par a construção da linha do telégrafo, ligando Palmeira dos Índios a Santana do Ipanema. Gonzaga, além desse feito histórico sobre comunicações, criou a primeira feira, com bastante movimento.
          Dos tempos da estrada de terra, o que mais me chamava à atenção era a linha do telégrafo margeando a estrada, em cujo tempo de inverno, víamos passarinhos encolhidos sobre o fio. Ainda hoje quando passo entre Cacimbinhas e Palmeira dos Índios, nunca deixei de procurar com a vista os postes históricos e o fio que parece que foram retirados. Por que não estão em um museu municipal em uma das três cidades do trajeto? Aproxima-se o tempo de festa. Cacimbinhas entrou também em dois romances meus ainda inéditos: “Deuses de Mandacaru” e “Fazenda Lajeado”, com os personagens fictícios Né de Zeca e João de Brito, respectivamente. Ah! Mas isso são outras histórias. Bênçãos a CACIMBINHAS.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A FERROVIA DO DIABO


A FERROVIA DO DIABO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2011

          Um terremoto de magnitude 7,0 atingiu nesta quarta-feira (24) o Peru, com epicentro perto de Pucallpa, próximo à fronteira com o Brasil. O tremor aconteceu 82 quilômetros ao norte de Pucallpa, região de floresta amazônica peruana. Entretanto esse tremor foi sentido no estado brasileiro do Acre. A cidade acreana de Cruzeiro do Sul, por ficar mais perto da fronteira, 180 quilômetros, captou um tremor através da fiação da iluminação pública que começou a balançar sem vento algum. Em um dos supermercados da cidade, mercadorias caíram das prateleiras. Rio Branco, capital do estado, mesmo estando distante do epicentro mais de 600 quilômetros, sentiu um leve tremor, deixando as pessoas apavoradas, desocupando os prédios com rapidez.
          E por falar em Acre, vem à tona os trabalhos de um esforço hercúleo para a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, um dos episódios mais tristes da história do Brasil. As terras do Acre pertenciam a Bolívia, mas eram constantemente invadidas por brasileiros em busca da seringa, o látex, a seiva da seringueira que se transforma em borracha. Quase houve naqueles tempos uma guerra entre Brasil e Bolívia, evitada graças à intervenção do ministro para o Exterior Barão do Rio Branco. Após diversas negociações diplomáticas, foi assinado o Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903. Conforme o acordo, o Acre foi cedido ao Brasil, mediante o pagamento de dois milhões de libras. O governo brasileiro se comprometeu, ainda a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, para escoar a borracha produzida pela Bolívia.
         As empresas contratadas para a construção da ferrovia desistiram após inúmeros casos de malária e os constantes ataques de indígenas. Essas obras paralisadas só foram retomadas em 1907 pela empresa Madeira-Mamoré Railway CO., que contratou cerca de 30 mil trabalhadores. No meio, muitos imigrantes. Centenas de trabalhadores, porém, morreram nos primeiros três meses de trabalho. Havia ainda os ataques dos índios caripunas. Esses índios arrancavam os dormentes dos trilhos, dando um trabalho medonho à empresa. Com um gesto meio maluco, a empresa resolveu eletrificar os trilhos matando eletrocutados, assim, centenas dos índios caripunas. Foram registrados diversos casos de loucura dentre os que conseguiram escapar às doenças tropicais.
          Finalmente, em 1912, a ferrovia foi construída, mas custou a vida de quase todos os trinta mil trabalhadores. Depois de tantas infelicidades, não havia mais o que transportar porque Bolívia e Brasil haviam perdido competitividade para a borracha da Ásia, cujas sementes do Brasil haviam sido levadas como contrabando pelos ingleses. Os irmãos cearenses muito sofreram como soldados da borracha naquela região amazônica. São páginas de um heroísmo triste na FERROVIA DO DIABO.





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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O JUMENTO DO MARANHÃO


O JUMENTO DO MARANHÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2011.

           Rapaz! Jumento é um animal interessante que já foi cantado por Luiz Gonzaga e mais uma porção de outros cantores. Entrou na Literatura, saiu no lado oposto. Recebe apelido de todo jeito: é asno, babau, inspetor, jegue, jerico, cabeçudo e assim por diante. O falo faz inveja a muitos homens e, as mulheres... Deixe pra lá! O bichinho é obediente, serve muito nas fazendas do Nordeste carregando palma, lenha, capim, água, carvão, frutas... E gente! Sim, quando o jumento é de carga o sujeito vai à garupa. Quando bom de sela é brinco. Corre solto nos cercados ou em lotes, mordendo, escoiceando, divertindo-se. Persegue as jumentas por entre espinhos de macambira, zurra como um danado e nas horas vagas também procura as éguas. Quando você quebra o relógio, o babau avisa a hora. Se é meio-dia, a sombra desce para a barriga. Nos ataques da onça, o coice “vadeia”! Se enfrenta cavalo, a mordida come! Nas secas brabas, o bicho devora casca de pau, engorda e zomba do tempo. Se alguém o chama de burro ele não gosta. Burro é burro, jumento é jumento, ora bolas! Ele é bonzinho, bonzinho, mas quando empanca, ai, ai!... Só não sei se gosta de trator. A tecnologia deixou o bichinho desvalorizado. Tem jegue vagando por aí que não vale sequer um real. Anda emparelhado nas estradas, provocando acidentes de trânsito. Mas o Nordeste deve muito ao jerico que não enjeita trabalho, inclusive em Santana do Ipanema existe uma estátua na entrada da cidade em homenagem ao seu esforço, o grande ajudante da coragem humana.
          Ultimamente o jegue voltou às páginas. Em Santana, autoridades estadual e municipal preocupam-se com suas perambulações, ou será inveja do seu vigor? Um dos site da cidade mostra foto, ironiza a pauta do dia da Câmara, cujo vereador sem assunto resolve defender jumento. Agora o presidente do Senado, José Sarney, é criticado porque voa a passeio nas aeronaves do estado. Cada um que queira espetar o bigode de Sarney com denúncias sérias ou irônicas. Um defende outro ataca. O presidente se arma perguntando se quem o critica prefere que ele ande a jumento. E lá vai o jerico de Sarney marchando com toda pompa entre os belíssimos lençóis maranhenses. Lá em baixo o presidente sem espora vai acenando para os helicópteros, os jatinhos executivos, as aeronaves militares lá em cima, brincando com as nuvens.
       Apertam-se os laços contra os desmandos do país. Entre discursos, crônicas, charges e passeatas, as consciências civis vão saindo das fossas abissais, emergindo nas águas da moral, para forçarem um tsunami de ordem na anarquia secular. Pelo menos simbolicamente um quadrúpede ganha à mídia. Não importa se o babau é de Alagoas, Bahia ou Pernambuco, abaixo a mordomia do aeroplano, gritam eles, valorizemos o JUMENTO DO MARANHÃO!


























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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

BARBAS DE MOLHO


BARBAS DE MOLHO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2011

 Na expressão popular, o pau estar comendo na Líbia, cabra velho. O gosto pelo poder, o orgulho e a falta de senso, vão levando o homem que se julgava forte para o canto da parede, ou melhor, para os recantos das grades. Relembrando o Iraque, quando se pensava que o Sadam iria suicidar-se para não se entregar vivo, o homem deixou o orgulho de lado e foi preso num buraco à semelhança de rato. Como se comportará o ditador Líbio após a última batalha? Não existe a mínima expectativa de reação e vitória de Muamar. Mas esse tipo de gente sem juízo, não tem pena em sacrificar multidões nos rios de sangue territorial para continuar no poder. É como se não existisse nenhum tipo de remorso ou de amor por quem quer que seja. É muito difícil, talvez até para os grandes especialistas da Psquiatria, definirem como pensa, como age, o que falta e o que sobra na massa cinzenta dessas aberrações de dois pés. Como uma pessoa manda derrubar um avião repleto de passageiros civis inocentes que não tem nada a ver com suas crises? (Crises de Kadafi). Em Alagoas, Antonio Porcino, cangaceiro do oeste, matou um romeiro em plena procissão, somente porque o homem achara bonita sua cartucheira. Ao ser recriminado pelo próprio irmão mais novo, matou-o também. No caso do ditador da Líbia, como o do Iraque, matou centenas e centenas de nacionalistas ou não, sem remorso nenhum, numa calma enervante, comportando-se após como uma simples pedra de gelo.
        Antigo assentamento de povos díspares, a Líbia recebeu seu nome de colonos gregos, no século II antes da era cristã. Esse país do deserto foi povoado por árabes e nômades berberes e somente na costa e nos oásis estabeleceram-se colônias e cidades. É um país repleto de histórias, palco de muitas lutas desde os tempos antigos até o presente momento.
       As últimas notícias vão apagando o Quarto Crescente e a estrela da bandeira líbia, em arrastão à estrela de Muamar Kadafi. Os rebeldes estão nas ruas comemorando por antecipação a vitória final. Até que seria uma desmoralização generalizada a ONU (com tantos bombardeios e aviões de última geração) se fosse derrotada por um país que nem potência é. Dizem que a batalha para tomar o controle do complexo será feroz, mas qualquer um que estiver do lado de dentro tem pouca chance de escapar. Claro, muito claro mesmo que essa afirmação é verdadeira. Mas, tola mesmo é a ingenuidade de quem está dentro querer resistir até o último homem para salvar a pele já comprometida do senhor Kadafi. O desfecho, veremos em questão de horas, inclusive saberemos onde Muamar guardou a prepotência, diante da boca do fuzil. Se conseguir escapar vivo, o que o ditador falará para outros irmãozinhos seus do Oriente e da Venezuela? Aguademos mais um pouco para olharmos as expressões dos iguais... Com água, porque muitos “cabras marca peste” vão colocar as BARBAS DE MOLHO.


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domingo, 21 de agosto de 2011

CAFÉ BOM, BRASIL BOM


CAFÉ BOM, BRASIL BOM
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2011
            Excelente reportagem do Globo Rural de ontem sobre o café. Viciado na beberagem do produto e apreciador dos vários tipos de grãos e suas moagens fiquei satisfeitíssimo diante do que estar fazendo um grupo de produtores de café na Chapada Diamantina. Antes inóspita e esquecida, depois descoberta para o turismo brasileiro e mundial, a chapada também foi descoberta para um novo tipo de agricultura do café; trata-se da técnica “biodinâmica”. Com essa técnica, os agricultores estão conseguindo preços bem acima no mercado, produzindo grãos de alta qualidade, respeitando o meio ambiente. Foi emocionante ouvir um distribuidor inglês falando da qualidade desse tipo de café, classificando a determinação do trabalhador brasileiro, torrando, embalando e distribuindo o café torrado aos consumidores, em bela embalagem.
           Estamos sendo bombardeados pela mídia, diariamente, com dezenas e dezenas de casos de violência, corrupção, endeusamento dos valores trocados e putaria generalizada, por isso arrepia aos de bom senso quando surge uma reportagem limpa e de alta qualidade, como a exibida no dia de ontem.
          Encravada no coração da Bahia, com uma das paisagens mais belas do mundo, a Chapada Diamantina, tão nossa amiga da velha Geografia, apresenta-se com seus 31 mil quilômetros quadrados. O cultivo do café gosta de boas altitudes e ali na chapada ele vai encontrar regiões com mais de 700 metros, casando perfeita a intenção dos produtores. Homens como o agrônomo Adeodato Menezes, proprietário da fazenda Terramater, mudaram o sistema de monocultura que é muito vulnerável, sem equilíbrio ecológico. No município de Ibicoara, Adeodato fugiu da tradição e implantou o conceito da agricultura biodinâmica, que é uma modalidade de agricultura orgânica. Os agricultores baseiam-se na filosofia do educador Rudolph Steiner que “acreditava que homem e universo devem viver em harmonia e criou conceitos que misturam ciências e espiritualidade”. A biodinâmica também não usa veneno nem adubo químico industrializado. Ela, sim, procura sistema de produção que aproxima muito mais da natureza. Impressiona também a divisão da propriedade de Adeodato. Dos 90 hectares, apenas 22 vêm sendo usados. O cafezal tem pouco mais de quatro hectares e é todo sombreado por fruteiras e árvores nativas. O sombreamento reduz a temperatura e ajuda a conservar a umidade do solo. Folhas caídas mantêm a terra coberta e vira comida de planta. Frutas são transformadas em geleias orgânicas. Outros cuidados são realizados que só mesmo assistindo ao vídeo. Excelente!
          Os que gostam de um finíssimo líquido preto, puro e cremoso de alta qualidade e um país elogiável, no momento tem solução. É morar na Inglaterra, beber, degustar e dizer: CAFÉ BOM, BRASIL BOM.




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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O PADRE E A BONECA


O PADRE E A BONECA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2011

 Quem não estar lembrado do homem que recentemente ameaçava demolir uma capela, na região de Arapiraca? Agora é ao contrário. Os padres não querem ir à igreja de Barra Nova que está fechada e um inquérito policial rola por aí. Na verdade temos apreciado muitos abusos de padres como pedofilia, homossexualismo, avanço nas mulheres e arrogância. Mas falando desse último, são alguns desses padres arrogantes que botam a correr das suas igrejas pessoas esclarecidas. Pegam o microfone não sabe medir as palavras e ao invés da moderação, prega uma linguagem agressiva, como se todos os fiéis fossem suas bestas de açoites. Uma pessoa esclarecida fica mesmo se roendo para dá uma boa resposta ao padre, mas ele não larga o microfone para ninguém. Só ele fala. Esse é o tipo de sacerdote frustrado com ele próprio demolindo a sociedade em que vive. Temos exemplos desses tipos de arrogantes aqui no interior que se julgando imune e mais do que aquele a quem deveria representar, estar mais para Herodes de que para Jesus. Como diria uma ex-professora nossa do tempo de Admissão ao Ginásio, arrogante para seus alunos tal esses vigários, “infelizes das costas ocas”. Imagino como Jesus não fica envergonhado ouvindo esses imbecis às missas dos domingos dando esporro em suas naves como os carroceiros batem nos seus burros.  Querem demonstrar uma autoridade besta em cima da matutada quando deveriam estar em outra profissão ajudando escravagistas. Esses são os gafanhotos que só trazem a discórdia no lugar aonde chegam. É por isso que certos municípios não aceitam os senhores de engenho de batina. Católico praticante de tradição, fui me afastando da igreja para não ouvir a empáfia de certos almocreves que em nada somam, só destroem os edifícios. No interior já tivemos vários exemplos de maus pastores que não fazem outra coisa de que atacar como guarás chocos.
          Conhece-se o bom pastor pela sua mansidão e pelas suas ações. A minha igreja vai perdendo fieis por causa das atitudes nefastas dessa banda não boa que de vez em quando aparece. É bom que os bispos estejam atentos ao comportamento dos frustrados, tomando providências para que a Igreja tenha êxito. Padre, vereador, locutor, esse povo que fala através de microfones sem acesso na hora à comunidade, tem que ter cuidado na língua, pois “quem diz o que quer, houve o que não quer”. Esse caso da Barra Nova, o militar não pode está certo de ter tomado o microfone do padre para dizer o que disse ainda mais ao padre errado que pagou pelo outro. Porém, nenhum religioso tem direito de dizer o que quer sem medir as consequências. Coitada da minha Igreja, ao invés de nos abrigar dos Neros de fora, temos que ouvir os Barrabás de dentro. Leiam a vergonha nos principais sites de Alagoas, sobre o caso em Barra Nova, na comunidade de pescadores e entenda o PADRE E A BONECA.






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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

BARRIGUDOS DA POLÍCIA

BARRIGUDOS DA POLÍCIA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2011
           A chamada de atenção do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Sebastião Costa Filho à falta de preparo físico da tropa militar, repercutiu no estado. Aquilo que poderia ter sido uma chamada privativa caiu na Internet. Será que os praças barrigudos acharam bom? Acharam ruim ou levaram na “goga”, como diria um delegado já falecido? Quem tem problema mesmo com a saúde ou baixa a cabeça, envergonhado ou toma como conselho uma advertência pública e coletiva. O assunto faz recordar os soldados barrigudos farda cáqui, homens que destacavam no interior antigamente. As ocorrências eram poucas; o soldado sem muito compromisso com o corpo danava-se a comer galinha e buchada de bode na ociosidade das fazendas. Descansava na rede armada do quartel improvisado e deixava crescer a pança na vida modorrenta do interior. De vez em quando aparecia um magrinho fardado, “parecendo uma esperança”, o que os rapazes diziam: “Coitado, não aguenta nem u’a mãozada”. Surgia também dentro da farda o soldado doente, amarelo que parecia sem vida. Perguntava-se como aquele indivíduo iria prender um bandido perigoso. Mas o praça buchudo era comum no último furo do cinturão.
          Lá nas brenhas não era somente o soldado que era gordo. Havia comandantes mal feitos danados que adoravam comer, beber e dormir. Exercício? Ah! Os bandidos corriam demais pelas capoeiras abertas. Afinal, autoridade era autoridade, não é mesmo? O comandante-geral da Polícia Militar de Alagoas aceitou a crítica feita nessa terça (16). Ele tem razão quando fala que no universo de milhares de soldados, tem alguns que não se cuidam. Aliás, na hora de ingressar na Força, só aparecem atletas. Depois, com o tempo e com vários tipos de problemas que se vão acumulando, certas pessoas perdem de fato o controle sobre a própria grade. Mas é bom saber que a Corporação tem suas horas de física, academia, psicólogos, acompanhamentos diversos à disposição de todos. Quando o barrigudo não liga mesmo para nada, acomodado com a situação, é como se fosse uma pessoa com um vício que não quer largar. De qualquer maneira um civil qualquer não vai para frente do Quartel chamar os soldados de barrigudos. Só mesmo um presidente do Tribunal de Justiça. É pena que numa época de vaidade masculina em todas as idades, ainda se encontre a indiferença para o alinhamento.
          Sem querer zombar de maneira alguma da situação apresentada na Web, existe aí uma ótima oportunidade para o barrigudinho abrir os olhos e procurar ajuda.  Aliás, mesmo para os doentes, se houvesse uma ameaça ao pagamento dos obesos, muitos deles iriam ficar esbeltos do dia para noite, usando os diferentes métodos a disposição. É uma vergonha danada para um marginal atlético ser preso pelos BARRIGUDOS DA POLÍCIA.









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terça-feira, 16 de agosto de 2011

A LUA DE ZERUBANO

A LUA DE ZERUBANO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de agosto de 2011.

          Quando os americanos anunciaram a chegada do homem a Lua, houve certa euforia no mundo inteiro, inclusive, com declarações dos astronautas. Esse assunto rendeu muito na mídia internacional. Os Estados Unidos disputavam com a, então, União Soviética, o domínio do espaço que na linguagem da nossa terra traduzia em cada um que quisesse ser melhor do que o outro. Nas escolas, nas ruas, nas praças, igrejas e restaurantes não se falava de outra coisa a não ser a incrível aventura do engenho americano que se cristalizava em sonho realizado. Entretanto, o nosso vizinho, em Santana do Ipanema, homem bastante rude e durão chamado José Urbano (conhecido como Zerubano) fincou o pé na parede dizendo que não acreditava de jeito nenhum que o homem havia pisado na Lua sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo. Difícil era a garotada encostar para convencer o incrédulo. Ora, se para os adultos já era difícil dialogar com o vizinho, imaginem para rapazes como nós! O tempo foi passando, a literatura espacial ganhou corpo, os Estados Unidos ganharam mais fama ainda e os soviéticos engoliram a bucha inchando o pescoço. A partir daí, ninguém mais ousou falar que também havia chegado à Lua. A chegada americana por àquelas bandas, deve ter sido em razão de um simples cochilo de São Jorge, um susto tomado pelo seu cavalo branco... O certo é que não se tratava de coisa corriqueira.
          Com o mesmo entusiasmo comemorativo ao feito, setores ligados ao assunto parecem ter conhecido a suspeita do nosso vizinho de Santana e começam fortemente a dar razão a Zerubano. Os artigos publicados na mídia, falam da grande farsa do século passado, analisando, argumentando tudo, afirmando que tudo foi montado para ludibriar o povo e baixar o astral dos adversários da corrida espacial. Nunca soubemos também da opinião de Seu Lunga, o homem de Juazeiro mais ignorante do Brasil, motivo de várias matérias. Se tivesse sido consultado igualmente a Zerubano, a resposta seria imprevisível, no mínimo chamaria o perguntador de “abestaiado”. De qualquer maneira estão os desmentidos, argumentos e provas que, segundo esses estudiosos, o homem nunca foi à lua. Em quem acreditar agora? Bem que o nosso falecido vizinho arranjou bons aliados para sua tese sertaneja: “Mentira desses fios da peste!”.
          Ontem foi dia de parada nacional dos professores, saco de pancadas dos políticos. Repetem-se pelas ruas desse país as famosas passeatas, protestos, faixas, cartazes e palavras de ordem. Militando no Magistério em mais de trinta anos, vamos retirando do baú os mesmos retratos de caras diferentes colecionados em décadas. É nossa tradição filosófica popular quem diz: “Quando Deus dá a farinha o diabo vem e rasga o saco”. E o pior é que o diabo nunca esteve tão ativo a espreitar o salário do professor com o tridente de furar sacos. O homem foi à Lua ou não foi? Um dia o professor irá ganhar dignamente ou não? Quem já foi otimista não está mais seguro assim; portanto a tendência de mais de trinta anos em desfiles de avenidas, vai pendendo gradativamente para a LUA DE ZERUBANO.
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BERRAR EM PAZ


BERRAR EM PAZ
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2011

            Depois de tanto atraso e miséria, o crescimento econômico do Nordeste tem atraído importantes indústrias para a região. Um exemplo muito bom é a montadora de veículos, como a instalada em Camaçari, na Bahia. Quando uma grande indústria instala-se em uma região, a tendência é nunca ficar isolada naquele território. Outros investimentos são atraídos pela primeira iniciativa, começando um círculo virtuoso que vai mudando a olhos vistos, o padrão de vida regional. Impulsionada a economia, amplia-se o nível de emprego, melhorando as condições de muitos trabalhadores.
          Olhando de perto o mapa nordestino, temos uma área de 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Isso equivale a mais ou menos a França, Alemanha, Grã-Bretanha e Itália reunidas. A população deve ficar em torno de 50 milhões de habitantes. Há pouco mais de dez anos, fabricávamos apenas produtos tradicionais em pequena escala. Está certo que o Nordeste sofreu muito, mas já é possível vislumbrar um progresso crescente, muitas vezes até acelerado como se fosse uma mentira bem contada. Esse progresso não vem homogêneo nos estados, mas o preenchimento da onda que não para, termina acontecendo em toda extensão nordestina, até por que os ramos da economia vão se completando em todos os territórios. Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba, conquistam benefícios industriais para a periferia de suas cidades polos. Já houve até um estancamento da sangria migratória para o Sudeste, graças a esses novos motivos. São os fixadores dos jovens a própria terra através das oportunidades para quem estuda e quer trabalhar.
          Já produzimos autopeças, componentes químicos, softwares, roupas de grifes e calçados esportivos. Se formos olhar também para outros estados como Sergipe, Alagoas e Piauí veremos distritos industriais em pontos estratégicos. Muitas indústrias não olham somente para o Sul/ Sudeste, mais perto do MERCOSUL de fato, apostam também nas distâncias menores do Nordeste para a África, Estados Unidos e Europa na vez de exportar para esses destinos. Estamos despontando como segundo maior polo brasileiro na fabricação de têxteis e confecções e ainda o segundo produtor de calçados. Não vendemos apenas buchadas de carneiros e chocalhos, como antigamente. Chegou a hora da lapada com chapéu de couro em cara de onça. Agora sim, dos coqueirais aos mandacarus, das jangadas aos cavalos pés-duros, das marés perigosas aos serrotes do Sertão, correu a liberdade, finalmente chega à ordem triunfante: O nosso bode pai de chiqueiro já pode BERRAR EM PAZ.

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domingo, 14 de agosto de 2011

OS CHOCALHOS DE AGRESTINA


OS CHOCALHOS DE AGRESTINA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 d agosto de 2011

         Somos sertanejos apaixonados pelas coisas do Nordeste. Gostamos de andar nas feiras semanais do interior, vendo, examinando, perguntando sobre tudo. É a vara de ferrão, a canga bem feita, o caçuá de cipó, o abano de palha, bonecos e animais de barro, folhetos de cordel e muitos outros objetos que caracterizam a nossa região, o nosso mundo particular nordestino com tantas e tantas histórias contadas. Entre esses objetos interessantes feito com arte, rudes ou bem polidos, vamos encontrando as bancas de arreios confeccionados pelos mais exímios artesãos. Está ali pertinho à banca de chocalhos, instrumento milenar usado na criação extensiva nordestina, muitas vezes associados à valentia de rixas de família entre brigas de coronéis de terras e cangaceiros. Lampião mesmo inicia sua vida atribulada amassando chocalho em desafio ao futuro inimigo José Saturnino.
        Antigamente no Nordeste inteiro ─ e atualmente ainda em algumas regiões ─ não havia cercas entre extensas fazendas de diferentes donos, heranças das sesmarias. O gado bovino, muar, equino e o chamado gado miúdo, criavam-se pela caatinga vasta, localizados pelos diferentes sons de chocalhos que levavam ao pescoço, cingidos por uma correia de sola. O mais interessante de tudo é que os sons desses instrumentos são diferentes, mesmo sendo fabricados com o mesmo material e do mesmo jeito. É por isso que cada proprietário identificava longe o seu animal, mesmo que vários chocalhos tocassem ao mesmo tempo. Geralmente o chocalho era colocado no líder do rebanho ou nas fêmeas amojadas (estas por causa de possíveis problemas nas parições, inclusive por ataques de predadores, como onças e carcarás).
         Agrestina, cidade pernambucana, localizada na Grande Caruaru, é a capital brasileira do chocalho. Cerca de 400 habitantes que vivem na área rural da vila Santa Tereza, trabalham nesse ofício cuja tradição vai passando as sucessivas gerações. Em toda a extensão da vila, ouve-se o som das batidas nos fabricos dos chocalhos, instrumentos de metal com badalo, semelhantes à campainha. Essas famílias tiram o sustento desse tipo de trabalho, exportando para todo o país, o que impulsiona a economia local. Agrestina também é região de brejo, tem suas cachoeiras, além de mexer com vaquejadas, repentes e aboios que atraem turistas que se deslocam para Caruaru, centro bem maior. Em um dos combates dos cangaceiros na caatinga, eles se aproximam do inimigo portando chocalhos, o que faz confundir os adversários com os animais da fazenda. Esse instrumento tão simples e tão útil, também serviu muito aos tropeiros ou almocreves com suas tropas de burros levando e trazendo mercadorias por todos os sertões dos nossos avós. Benditos os CHOCALHOS DE AGRESTINA.




















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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CADÊ AS TOUCAS?


CADÊ AS TOUCAS?
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2011.

         Estão lembrados da nossa denúncia e apelo sobre os mototaxistas? Aqui nessa terra da Mãe de Deus, as boas ideias são esquecidas facilmente ou são aplicadas com maquiação para esquecerem os donos das ideias. É como disse um cabra de fora radicado na ribeira: “É um ciúme da besta-fera!” Mas, deixando isso de lado, pois muitas coisas dessa cidade ainda estão para ser escancaradas, falávamos sobre a imundície da maioria dos capacetes dos mototaxistas. Vamos à palavra correta, fedor mesmo, com muito suor e agentes transmissores de doenças que proliferam em seu interior. Certa feita, quase colocamos os bofes para fora ao tentar só em pegar num peste daquele para levar à cabeça. Uma dermatose infeliz que deu trabalho curar! São várias as doenças que o passageiro pode contrair ao usar um capacete coletivo. Nós denunciamos essa situação, porém, tivemos o bom senso de alertar a Associação e os órgãos da Saúde responsáveis, usando ainda este mesmo espaço. A sugestão foi o uso de touca descartável para sanar de vez esse problemão da saúde pública. A associação dos moto taxistas, ou não consulta a Internet ou faz ouvidos moucos. A Área de saúde calada estava e calada continuou, seguindo seu exemplo a representante do povo, distinta Câmara de Vereadores. Os passageiros das motos continuam pegando piolho, lêndea, caspa e coceiras.
        Pois bem, o estado do Mato Grosso do Sul, acaba de publicar lei obrigando os mototaxistas a oferecer toucas descartáveis aos seus passageiros. A lei foi publicada no último dia dez e prevê multa de R$ 158,90, em caso de descumprimento. Na certa o estado do Mato Grosso do Sul leu a nossa crônica que Santana faz questão de não enxergar. O projeto é da autoria da deputada estadual Dione Hashioka do PSDB, mulher preocupada com a higiene e preservação da saúde de sua gente. Ali em Campo Grande, atuam cerca de 450 mototaxistas e em Dourados, cerca de duzentos profissionais. Ainda tem ganho sobre tudo isso, segundo a diretora do sindicato Idelúcia Boaventura, que acha que a exigência legal trará mais clientes para o segmento.
        Enquanto essa cidade da cabeça dura, Santana do Ipanema, parece ignorar a regra de melhor padrão de vida, vamos orientar também em outra coisa do mesmo assunto. Apresentar-se limpo aos clientes é fundamental para qualquer tipo de pessoa, cujo ramo é lidar diretamente com gente e não com bichos. Alguns profissionais baniram o costume do asseio e, ao odor e aspectos, somam-se ao já comentado interior dos capacetes. Estendam-se as observações a outros profissionais como vários dos transportes de linhas para cidades da vizinhança. Não sabemos o que a água e o sabão fizeram com certos motoristas profissionais que ficaram completamente marginalizados por esses condutores. Homens amem a si mesmo e respeitem a clientela! Meu Deus, como Santana é difícil! CADÊ AS TOUCAS?










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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

NENHUM ANALISTA SABE


NENHUM ANALISTA SABE
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2011



Toda a região onde se localiza a Síria é chamada pelos geógrafos, Oriente Médio, Oriente Próximo ou Ásia Seca. Na realidade, aquele mundo faz parte do grande deserto do Saara com seus vários nomes regionais. Não é somente entender as milenárias histórias da região ou a espinha dorsal de todas, para entender a complexidade do assunto. Muitas nações fracassam nos apaziguamentos entre os homens do deserto, justamente porque não levam em conta as particularidades das populações com todas suas características diferentes das ocidentais. Geografia, História, Sociologia e Religiosidade, são coisas básicas para um razoável entendimento de uma área tipo “barril de pólvora”. A inteligência da península já foi regiamente apresentada nos bancos escolares, mas a estrutura peculiar do Oriente parece ser o âmago de perguntas e respostas. A onda pela democracia já explodiu, mas não é somente a busca por ela que permeia hoje as convulsões sociais. Existem muitos interesses em jogo, tanto dentro como fora das áreas de conflitos.
        Foi muito boa à presença do Brasil juntamente com Índia e África do Sul no diálogo encenado com o ditador sírio Bashar Assad, que promete acabar com a repressão nos próximos sete dias. Nessa brincadeira danada no país, já morreram em torno de duas mil pessoas na agitação revoltosa que vem acontecendo desde o mês de março. A presença do Brasil foi boa, juntamente com África do Sul e Índia, pelo menos para um ato de novos interlocutores no lugar dos tão babados Estados Unidos. O desgaste sucessivo do país americano de cima, chega a irritar de tantas e inúteis diligências. A Síria é ponto nevrálgico na geopolítica das nações, principalmente as desenvolvidas da Europa. Com o continente europeu sofrendo as agruras da crise financeira e Estados Unidos também, o vácuo é invadido, então, pelas três nações que fazem parte dos BRICS. No caso particular do Brasil, é mais uma oportunidade de firmar-se no cenário global em procura de influência e respeito cada vez maiores.
        Como os problemas da região são complexos, vamos entender depois o que é a “democracia pluripartidária” que o ditador Assad pretende implantar. O subsecretário-geral para Oriente Médio, embaixador Paulo Cordeiro, do Itamaraty, foi o representante brasileiro do encontro e mantém algumas dúvidas sobre o assunto. Cordeiro é muito claro quando fala que não se deve esperar muito de Assad. O homem herdou o trono do pai, quer ficar a vida toda no poder e ainda reclama da oposição. Isso faz lembrar a quem na sua terra, caro leitor? Ninguém quer largar o osso, mesmo que um mar de sangue forme-se em derredor. A cegueira aos anseios populares e o mar de sangue quase sempre fazem sucumbir o próprio cego afogado no borbulhar do vermelhão. O futuro da Síria também está em jogo, mas certinho, certinho mesmo como será o resultado, NENHUM ANALISTA SABE.







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terça-feira, 9 de agosto de 2011

LONDRES SOB CHAMAS


LONDRES SOB CHAMAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2011

 Cercado de multicores astros que adornam as divinais galáxias, surge o ponto azul da Via-Láctea que indica a Terra. Apresenta-se um belo planeta no capricho do Criador com um punhado de criaturas que se vivem a digladiarem. Foi permitido privilégio inicial a um dos compartimentos, de comando sobre outras regiões desse mapa-múndi. E a riqueza europeia, construída sob o negro chicote do Velho Continente, foi vergando a coluna da América do Sul e Central, fazendo escorrer o sangue de pretos, ameríndios e moralmente brancos. Mas, apesar de séculos de história, esse território repisados de lutas, parece ainda não ter encontrado a supremacia que tanto buscou. O tempo foi maleável, mas nada garantiu. Nem mesmo a riqueza levada das entranhas tropicais, de formas mais abjetas, sugada sofregamente a seiva inicial. Como se não bastasse o tumulto pela democracia no perímetro árabe, ali vizinho, todos se voltam para o antigo centro do mundo, a capital da Inglaterra. Vão saindo às provas de que os gêneros de duas pernas do capitalismo de luxo também possuem os mesmo defeitos das ex-colônias de além-mar. Chá e Café revoltam-se com a mesmo intensidade, independente de cuia cabaça e cuia queijo do reino.
        Um homem morto por policiais originou conflitos de rua no bairro londrino de Tottenham. Dessa vez foi diferente da morte do brasileiro inocente, cuja Justiça da Inglaterra abaixou-se perante o seu nacionalismo. Ao ceifar a vida de um homem pacato, a polícia teve que enfrentar uma série de tumulto, confrontos com jovens que pediam justiça praticando inúmeros atos de vandalismo. Tanto a mídia internacional quanto a mídia inglesa classificava os tumultos como os “maiores distúrbios dos últimos anos na capital britânica”. A revolta londrina parece ser um acúmulo de inúmeros problemas sociais que de vez em quando explodem nas mais presentes capitais da Europa. Quem viu as imagens na mídia internacional, ficou chocado com a força da violência. Quebra de vidraças, incêndios, saques e confrontos bem que pareciam cenas da Segunda Guerra Mundial tal as chamas que subiam na capital do rio Tâmisa.
        O vandalismo londrino espalhou-se por outras cidades inglesas como Birmingham e Cameron. Em Liverpool a polícia enfrentou os manifestantes que queimaram vários automóveis. Foram colocados nas ruas, cerca de 16 mil policiais como protetores contra a onda de revolta. Patética foi a ação do prefeito de Londres que, ao sair com uma vassoura pelas ruas da cidade, recebia vaias e mais vaias que cortavam qualquer um dos seus pronunciamentos. É de se notar que alguns dos bairros atingidos inicialmente por essa onda violenta, são de minorias étnicas, com alto índice de criminalidade e desemprego, mas outros bairros de classe média também foram atingidos. E se em nossa expressão sertaneja dizíamos que o pau estar comendo, em algum lugar da América do Sul, voltamos nosso linguajar para a capital do mundo. Quem diria! Impossível, mas é verdade. A harpa do imperador Nero foi levada para os céus da Inglaterra a festejar com o depravado: LONDRES SOB CHAMAS.






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