MANUTENÇÃO POR ALGUNS DIAS
quarta-feira, 14 de julho de 2021
terça-feira, 13 de julho de 2021
GAIOLAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 14 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.574
Você concorda que uma
gaiola de passarinho é pura arte? Conheci muitas, bem feitas, bem acabadas,
partes envernizadas, retangulares, redondas, quadradas, cheias de detalhes e
até com belíssimo primeiro andar. Como são criativos os nossos artesãos das
talas. O problema é que ninguém quer imaginar uma gaiola sem um pássaro dentro;
um pássaro de verdade porque ainda não consegue enxergar com a mente, uma
gaiola em casa como ornamento com um pássaro de plástico, de madeira... Ou de
outro material. Conheci pessoas com criatórios de aves canoras da área externa
de casa à cozinha. Quem pode negar que aqueles inúmeros cantos de uma vez só
não parece um paraíso? Apesar de bem cuidados e até com assistência
veterinária, lembramos que estão presos. O crime? Cantar bonito.
Talvez o maior criador
de passarinhos de Santana do Ipanema, tenha sido o saudoso Sebastião Amaral,
esposo que foi da simpática senhora Iolanda. Nunca me interessei (adolescente) em
saber o que era que movia o cidadão a criar tantos pássaros assim. Sei \penas,
do valor de cada ave, pois um criador de Arapiraca me falava do lucro que tinha
com o galo de campina, o papa-capim, o canário, o azulão e outros mais.
Falou-me que havia um criador, cujo pássaro já fora trocado por automóvel.
Todavia, não vamos entrar no mérito das paixões dos criadores, compradores e
vendedores. A nossa formalidade de hoje, foi apenas apresentar a gaiola como
fruto de arte do artesão e que deve ser apreciada como tal, independente de ave
de carne e osso.
Da mesma maneira uma
bainha de faca sob encomenda de um bom artesão é coisa chique. O problema é que
a polícia obriga ao indivíduo que for flagrado com bainha sem faca, a dá conta
da arma, mesmo que ela não exista. Assim, com estamos vendo agora a apreensão
de inúmeras gaiolas na feira. Somente as gaiolas vazias. O artesanato belo e
puro, previamente acusado de um futuro crime. Caso houvesse questão, seriam advogados
de um lado e de outro. Um embate sem fim
na opinião pública.
Coisas simples e
complicadas
Haja arte!
Haja pássaros... Na
Natureza.
ARTE NOS QUINTAIS ZERO
PRISÃO. (FOTO: B. CHAGAS).
segunda-feira, 12 de julho de 2021
VINDOS DE FORA
Clerisvaldo B. Chagas, 12/13 de julho de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.573
Durante a fase de vila
e primeira metade do século XX, tivemos um sem fim de dirigentes de Santana do
Ipanema, vindos de fora, caracterizando assim as profecias saídas da boca do
Padre Francisco José Correia de Albuquerque. Profecias essa que parecem terem
sido vencidas em torno do início dos anos 70, para todas as cidades
profetizadas como Pão de Açúcar, Batalha, Capim (Olivença) e Santana do
Ipanema. Porém Santana do Ipanema, não se limitou apenas aos seus dirigentes de
outras cidades. Muitas e muitas outras pessoas de fora chegaram aqui para o
trabalho comum nos mais diversos setores da economia, fazendo a cidade
prosperar com essas causas abraçadas. O próprio padre Francisco Correia era
penedense, foi o nosso primeiro pároco e um dos fundadores da cidade, além de
proporcionar outros futuros benefícios.
Tivemos o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, a
maior liderança da sua época, proveniente de Águas Belas. Padre Bulhões,
originário de Belo Monte. O coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão que liderou
o Sertão de Alagoas justamente com o padre Bulhões, caracterizando a bota e a
batina. O maestro Queirós que fundou a primeira banda de música de Santana Vila
e o primeiro teatro e que era de Água Belas. Firmino Falcão Filho (Seu Nozinho)
de origem viçosense, que foi prefeito e construtor da Ponte Cônego Bulhões que
liga o Comercio ao Bairro Camoxinga e introduziu o gado Gir no município. Dr.
Arsênio Moreira, primeiro médico a clinicar em Santana, vindo da Bahia.
Tipos populares como
Hermínio Tenório (Moreninho) vindo de Viçosa que se tornou o “médico do povo”.
Antônio Alves Costa, (Costinha), veterinário prático que prestava serviços na
redondeza, no campo e na cidade. A maioria dos padres que atuaram por aqui. Dr.
Adelson Isaac de Miranda, dentista e diretor do Ginásio Santana, proveniente de
Bom Conselho e muitas e muitas outras pessoas que aqui chegaram constituíram
família, dedicaram-se a terra como se fossem filhas do nosso torrão.
Temos muito mais a
agradecer aos filhos adotivos de Santana do Ipanema, do que simplesmente
criticar. Haja visto o meu compadre professor Marques Aguiar (Belém), o
dentista Paulo Moraes, o professor Ely (Capela), dona Joaninha (Pernambuco)
líder comunitária e guardiã do rio Ipanema, Manezinho Forrozeiro (Boca da Mata)
cantor e guardião do rio. Todos contribuíram enormemente pelo progresso do
nosso município e tornaram-se pessoas inesquecíveis aos nossos olhares.
DONA JOANINHA E
MANEZINHO “IMPERADOR DO FORRÓ” (FOTO: B. CHAGAS).
quinta-feira, 8 de julho de 2021
O
CACHIMBAR DO SERROTE
Clerisvaldo
B. Chagas, 9 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.572
Já falamos aqui os
segredos da Natureza que são revelados pelos sertanejos experientes. Aprender
sobre o meio em que se vive não é nenhum privilégio de região específica, mas
de todos os habitantes de mundo. Consequentemente, quando vamos aprendendo
sobre a região em que nascemos e vivemos o amor vai cada vez mais se
expandindo. Muitas vezes compreendemos muito o que os outros não compreendem,
outras vezes admiramos os abnegados de fáceis explicações. São bonitos os
conhecimentos adquiridos nos bancos escolares, porém, mais bonitos ainda nos
parecem os que aprendemos na prática, no experimento. Em se tratando de Sertão
a Natura é uma verdadeira universidade para quem quer enxergar.
Para quem não sabe,
serrote no sertão é uma pequena serra, um pequeno monte, um morro. Já foi
explicado aqui sobre o cachimbar nos montes. Em tempo chuvoso, quando a serra,
o serrote, o morro, está coberto de neblina, dissemos que ele está cachimbando.
Caso a neblina esteja tomando todo o serrote, as chuvas continuarão. Mas se a
neblina estiver apenas da metade do monte para cima, será iminente o estio.
Ultimamente percorremos boa parte da região que circunda Santana do Ipanema,
Poço das Trincheiras e Olho d’Água da das Flores. Paraíso verde por todos os
lugares. Pasto, roça, frio, chuva e o cachimbar topado nas serras de maiores
altitudes. Assim vamos confirmando o bom inverno já no mês de julho, afirmado
pelos profetas das chuvas.
Não podíamos deixar de
apresentar uma foto do serrote do Cruzeiro, baseada nas lentes de Jeane Chagas
que juntamente com Gremilda Freitas, estão se tornando especialistas em fotos
daquela região. O serrote do Cruzeiro é a primeira amostra dos arredores, quando
bate a seca, quando vem a chuva. A transformação da sua flora, reflete bem o
momento sertanejo, termômetro de grande sensibilidade regional. Sua ocupação urbana
demonstra a expansão da cidade e muitos benefícios reconhecidos chegaram até os
seus limites.
Vejamos ao entardecer
chuvoso, as luzes artificiais agindo nas faldas do serrote do Cruzeiro. Um belo
anoitecer.
Bom fim de semana.
SERROTE DO CRUZEIRO
CACHIMBANDO AO ENTARDECER. (FOTO: JEANE CHAGAS)
quarta-feira, 7 de julho de 2021
FOZ
DO IPANEMA
Clerisvaldo
B. Chagas, 8 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.571
O final de um rio, isto
é, o lugar onde o rio despeja suas águas chama-se foz, barra, desembocadura,
desaguadouro. Um rio pode despejar suas águas numa lagoa, no mar, em outro rio.
O tipo de foz pode ser classificado basicamente em duas formas: Delta, Estuário. Quando o rio despeja suas águas em só um
canal, sem nenhum obstáculo, temos uma foz de estuário. Quando surgem vários
braços ou ilhas na desembocadura, chamamos de foz tipo delta. Muitas vezes nem
se diz a palavra foz, mas se vai direto ao seu tipo: “Vou viajar para o delta
do rio A”. “Cheguei ontem do estuário do
rio B”. É como se alguém dissesse: “Vou tomar uma Pitú”. Ao invés de dizer: “Vou
tomar uma cachaça marca Pitú”.
Assim, quem chega ao
povoado Barra do Ipanema, percorre com a vista a parte lateral esquerda da sua
chegada com uma pequena planície de aluvião. Ali o rio Ipanema represa quase
sempre nas águas do rio São Francisco aonde desemboca. Uma ilha rasa, pequena e
redonda forma-se na sua foz dividindo as águas em dois braços. Poderíamos nesse
momento chamar a foz do rio Ipanema de delta, porém, cremos que em situação de
cheia forte, as águas façam desaparecer a ilha de aluvião, deixando apenas o
estuário. Entretanto, logo na foz do Ipanema, mas já pertencente ao rio São
Francisco, surge o morro do Prazeres com a igreja antiga no topo, também com o
título de Nossa Senhora dos Prazeres. Lugar de muito significado para os
habitantes de Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, Batalha e zona rural de
Olivença e Major Izidoro.
O povoado Barra do
Ipanema com cerca de 600 anos de existência, já foi entreposto do São
Francisco. Era ponto de encontro importante de aventureiros, expedicionários e
sertanistas. Está situado no atual município de Belo Monte que recentemente
ganhou asfalto de Batalha até à sede. Da bifurcação à barra a distância gira em
torno de três quilômetros de estrada larga, boa e de terra. Muitos
empreendimentos que acontecem em foz de rio no mundo inteiro, levam em conta os
tipos delta ou estuário. Temos um livro ainda inédito que descreve o lugar, sua
geografia, história, sociologia, economia e turismo, a quem dei o título de “Barra
do Ipanema, um Povoado Alagoano”.
Louvemos a nossa
história!...
FOZ DO RIO IPANEMA (FOTO:
CLERINE CHAGAS).
terça-feira, 6 de julho de 2021
FINALMENTE
O BOI VAI BERRAR
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sert]ao Alagoano
Crônica: 2.570
Por falta de condições,
inúmeros abatedouros de bovinos foram fechados em cidades alagoanas. Isso já
faz bastante tempo. Estamos mandando abater as nossas reses em Arapiraca com o
nosso antigo e obsoleto matadouro localizado às margens do Ipanema sem
atividade. O governo estadual elaborou um plano de construir matadouros
regionais para atender com presteza cada uma das regiões de forma mais moderna
possível. Pois bem, tudo indica que chegou a vez de Santana do Ipanema que tem
mais de 200 homens na atividade de marchante. Foi divulgado que o governo
estadual e municipal, estão entrando em parceria e que logo o novo terreno do
matadouro será visitado pelo IMA e ADEAL para avaliação do projeto.
Santana do Ipanema
ganhará assim um presente dos céus. Além da companhia que irá administrar o
órgão, a sociedade terá um lucro extraordinário em relação a Saúde, deixando de
consumir carne desclassificada. Pensem quando tudo tiver pronto (essas coisas
são demoradas) os milhões e milhões que circularão todas as semanas em nossa
cidade! Criadores, boiadeiros, marchantes, transporte de gado e tantos e tantos
empregos que serão assistidos no entorno da atividade. Dizem que a capacidade é
para se abater até 200 reses/dia. É o comércio da carne, do couro, dos ossos...
Até porque “do boi não se perde nem o berro”. O seu regionalismo abrange as
cidades do Médio Sertão e a Bacia Leiteira, o que se vislumbra como “negócio da
China”.
Valeu o período de
sacrifício para os que vivem do gado e para a população que procura consumir
produtos frescos e seguros para a firmeza da saúde do município. Enquanto o
território de Dois Riachos continuará dando seus espetáculos de feiras de
bovinos, nós trilharemos pela senda do abatedouro, do frigorífico, do movimento
sertanejo que não para nunca. Outra oportunidade dessa para alavancar mais
ainda o município, somente quando a prefeita resolver trazer uma faculdade de
Medicina para Santana, pública ou particular.
Estamos atentos às
coisas que dão futuro à “Terra de Senhora Santana”.
E o melhor é que todos
nos acompanharão nesse futuro.
UM DOS ASPECTOS DO
CENTRO COMERCIAL DE SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS).
NOSTALGIA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.569
Além da frieza do mês
de julho, a pandemia vai deixando tudo diferente em algumas ruas. Enquanto na
Pedro Brandão, o trânsito virou uma loucura, a nossa Rua José Soares Campos,
parece nem existir no mapa do mundo, ou existir sozinha, tal a sua quietude. Madrugada
ainda, pássaros cortam os ares fazendo alarido, a exemplos de espanta-boiadas e
marrecas. Vão em busca de açudes, lagoas e riachos louvando a escuridão que
precede o amanhecer. As quatro e quinze, ainda no escuro, as lideranças dos
pardais vão acordando seus companheiros num chilrear compassado e irritante. As
luzes diurnas ainda não saíram quando se ouve o canto da rolinha branca. Nem sabemos
se a ave é de cativeiro! Mas esse canto mais saudoso que se conhece chama a
atenção.
Uuuu.Uuuu... Arrulha a
rola branca em algum lugar dos arredores. Ainda não apareceu por aqui, a
rolinha fogo-pagou, a rolinha azul e caldo de feijão. Mas a rolinha branca
estará na fiação da rua mais tarde, visitando as pedras do calçamento. E quando
a luz diurna chega à rua, trata de dissipar a neblina que botam os gatos para
correr. Fon-fon-fon, a buzina do pãozeiro vai cortando a manhã. Sim, ainda
temos pãozeiro itinerante, vida inteligente tentando assegurar o café. As sete
e meia passa o que virou tradição de um ano para cá, o carro do ovo, gritando
30 ovos por 15 reais e, às oito e meia, buzina a moto do leiteiro com o som
estridente de Mercedes Benz. Após a obrigação cotidiana da rua, tudo vira
silêncio e raro ruído se ouve como o longínquo martelar em alguma coisa.
É a rua do Posto São
José, cujo movimento acontece dentro da unidade, talvez pela frieza do tempo
complicado com a COVIDID. Passa das dez horas e, ao se abrir o portão, nem um
pé de pessoa na via, nem um sapo na sarjeta, nem um gato no calçamento, nas
árvores, nas portas. O parecer por essas bandas, é um convite às orações de que
tem fé, para tentar uma melhoria no mundo. Às vezes, nem sempre, um nosso amigo
professor e cantor ensaia em casa deixando as melodias engancharem-se nas
árvores da rua. Isso faz a Natureza caprichar mais ainda no saudosismo que não
perde tempo.
Melancolia!
Fim de mundo, gente!
RUA JOSÉ SOARES CAMPOS
(FOTO B. CHAGAS).
domingo, 4 de julho de 2021
O
QUE É UMA OBRA DE ARTE?
Clerisvaldo
B. Chagas, 5 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.568
A Rua Antônio Tavares,
em Santana do Ipanema, sendo a primeira rua após o quadro comercial da cidade,
já passou por várias fazes e transformações. E quando se falava que a terra de
Senhora Santana poderia chegar às dimensões de Garanhuns e de uma Campina
Grande, dava até para se duvidar. Mas o então, prefeito, Joel Marques, afirmava
isso naquele tempo. Campina progrediu muito, mas chegar a Garanhuns pode ser
possível em inúmeros aspectos. Estamos falando da Educação, da Economia, da
Saúde e mesmo do estiramento urbano. Mas aqui, acolá, podemos imitar a sua
Natureza, nem que seja por um certo período. Estamos rodeando para chegar à
obra-de-arte, proporcionada pela sensibilidade de Jeane Chagas, que mais uma
vez nos envia uma foto da Rua Antônio Tavares em plena neblina.
Qual é o pintor que
você conhece capaz de pintar um quadro em tela com todo o esplendor como este
acima? Obra-de-arte é aquela que me seduz. Por mais que os “revolucionários”
botem um pedaço de lata na praça e queiram convencer que aquilo é arte, ficamos
com pena dele e passamos ao largo. Pois Santana do Ipanema virou Garanhuns, com
a neblina que chegou à Rua Antônio Tavares. Claro que chegou também em outras
vias, mas o registro partiu dali. E se houvesse um prêmio fotográfico?
As pessoas estão assim
tão preocupadas com as coisas mais superficiais da vida e deixam escaparem aa
belezas na simplicidade cotidiana. Hoje em dia, todos podem registrar uma cena
diária que de repente entra para a história daquela comunidade. Apenas um
celular com boa resolução, pode ajudar para uma obra-de-arte, mas também para
um elo histórico que aquela pessoa teve o privilégio de registrar e que vai
refletir, repercutir, ser lembrado, muitos e muitos anos à frente. Temos como
exemplos fotos antigas que publicamos representando Santana. Reproduzimos desde
as fotos dos anos 40 em diante, inclusive fotografia de 1787, 1900, 1915 e
1920/30.
Como é bom amar a terra
em que a gente nasceu.
É até um grande tributo
ao nosso Criador.
Bom mesmo é fazer dos
nossos corações verdadeiras obras naturais de artes.
RUA ANTONIO TAVARES EM
JULHO DE 2021 (JEANE CHAGAS).
sexta-feira, 2 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.567
Barragem é palavra
comum para a maioria das pessoas, entretanto, para aqueles que nasceram e
cresceram perto de uma delas, o significado e a amor são profundos. Estar na barragem em Santana do Ipanema
durante as cheias do rio, é assistir mais uma vez a ópera das águas que atrai a
metade da população para o espetáculo. Cada cheia, uma corrida para apreciação
como se fosse a primeira vez. Barragem com rio seco, é assoreada. Jardim
formado pela Natureza nas areias grossas, na parte de cima. Na parte de baixo, pedregulho
ligado às sete passagens das águas as quais os santanenses a identificam com as
“sete bocas” da barragem. Mesmo com o rio seco, o lugar reflete nostalgia sem
fim para os que a conhecem de perto.
Muitos ali fazem
convescotes. Outros sentam solitário nas suas bocas a meditar e beber. Lugar
bom de pesquisar sobre a fauna e a flora, de acampar, de caminhar e de entender
o que se procura da vida. Quando a barragem foi construída no início da década
de 50, também formou uma casinha do outro lado do rio que originou o bairro do
mesmo nome e que progrediu bastante e hoje está irreconhecível. O bairro dos
cassacos (construtores de estradas) faz parte da BR-316, nela está enraizado e
conta a epopeia da construção da rodagem antiga e da barragem que seria a
grande fornecedora d’água para Santana. A barragem seca ou cheia sempre foi um
ponto atrativo da cidade. A sua ponte continua sem nenhum retoque desde a
construção. Coisa bem feita no tempo que os homens tinham vergonha.
Mas, para a exigência
moderna, a ponte ficou estreita e as passarelas laterais amedrontam os
pedestres, pois, além de estreitíssimas, têm baixa altura. Muitos transeuntes
preferem esperar o trânsito momentâneo de automóveis, caminhões e carretas,
para atravessarem correndo antes do próximo bicho de motor. Não é fácil porque
a ponte é comprida igual a uma semana de fome.
Contudo, a velha
barragem continua romântica e nostálgica como um idílio. Naturalmente algumas
pessoas não conseguem enxergar doçura num monte de concreto. Mas, bem dizem os
que entendem, “os poetas enxergam diferente”.
Fazer o quê?
(BOCAS DA BARRAGEM -
DIVULGAÇÃO)