AS DUAS FACES
DE ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2015
Crônica
nº 1.356
Foto: (impressãodigital.126.com.br). |
Com tantas notícias que nos envergonham lá fora e
aqui, sobre o nosso estado, temos que ressaltar, quase como desabafo, o brilho
de alvíssaras.
O anúncio concreto de instalação da 1º fábrica de
equipamentos para energia solar do Brasil, em Marechal Deodoro é motivo de comemoração
sim. É preciso industrializar o estado diversificando seu parque fabril, escapar
da monocultura canavieira e destacar-se no cenário brasileiro.
“As obras de construção da fábrica já foram iniciadas em uma área de 80
mil m² no Polo Industrial José Aprígio Vilela, em Marechal
Deodoro. A fábrica vai gerar 100 empregos diretos. Após o início da
produção e dos processos de instalação dos equipamentos, segundo o executivo da
Pure Energy, Gelson Cerutti, a perspectiva é que até cinco mil empregos
indiretos sejam gerados”.
Infelizmente nosso sertão vai
contando nos dedos as fábricas instaladas em Murici, Maceió e Arapiraca e fica
apenas conformado com galinhas e carneiros. Conformado porque não se vê um único
movimento entre os prefeitos do semiárido que olham unicamente para o umbigo e
o seus feudos calados como defuntos. Prefeito nenhum lança uma bandeira de
industrializar o sertão, numa campanha séria e forte entre seus colegas e a
bancada nula de deputados. Não trazem para seus respectivos municípios nem
sequer uma fabriqueta de quebra-queixo. Se não são coronéis a quem só interessa
o atraso, mas são filhotes da inércia, da acomodação, da vidinha corriqueira
das bajulações, buchadas de bode e lapadas de aguardente nas chácaras dos
compadres.
Sertão desgraçado, abandonado,
acomodado, pessimamente dirigido, com o dedo indicador enroscado na reata da
calça de cada gestor municipal. Sertão que ainda vive de esmola, onde a população
é apenas massa, massa marroque, pão dormido de três dias, pisada e desprezada
por lideranças dúbias, frágeis, enganosas, descompromissada com tudo que cheira
a progresso, com raríssimas exceções.
As únicas indústrias que chegam
ao sertão são as indústrias das drogas, da insegurança, dos crimes, da miséria,
tudo gemendo debaixo da riqueza crescente dos espertos. A culpa não é dos governadores,
mas dos próprios maus prefeitos que não gritam por sua gente, mas bocejam de
tédio e roncam de destempero.
A sociedade civil organizada não
reage e o legislativo só pensa em aumento de salário, mordomia e se exploda
quem quiser.
Como pode apenas uma voz
solitária como a nossa fazer alguma coisa? Onde estão os outros. Por certo em
lugares alagadiços só com a cabeça de fora como cágado jabuti.
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