S.O.S. CANAPI
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de agosto de 2011
Mais uma vez o Sertão alagoano teve um excelente inverno. Bastante tempero nas chuvas que chegaram lembrando os tempos dos nossos pais: boa distribuição de chuvas e um frio que ressuscita a velha frase sertaneja: “Tá caindo gelo”. Isso faz lembrar a moda dos antigos bons invernos de Santana do Ipanema e região com o clímax na festa da padroeira. Surgiu a moda da “japona”, um bonito casaco, baseado nas japonas da Marinha que, tanto era elegante quanto matava a frieza pertinente desde os meados de maio aos meados de agosto. Os homens desfilavam entre o meio mundo de brinquedos que abrilhantavam o novenário da santa, muito bem protegidos, sim senhor. Era mais ou menos no tempo da camisa “Volta ao Mundo” que tanto sucesso masculino causou no Brasil e, particularmente, por aqui. Ah! E haja música no parque com Waldick Soriano, Silvinho, Ângela Maria e tantos outros cantores, interrompida pela moça que anunciava: (“Para o rapaz da japona azul” ou “Para a moça da flor no cabelo”, assina, você já sabe).
Pois bem, esse ano, além do bom inverno, houve muita “folia” em Santana do Ipanema, meu amigo. Desde a “Festa da Juventude”, emendando com a de Senhora Santa Ana, com tantos eventos e bandas musicais famosas nas ruas que foi preciso ser bom maratonista para ser testemunha de tudo. O dinheiro que foi gasto não sabemos dizer, não senhor. Mais foi tanta nota de real correndo pela diversificação do comércio que muita gente ficou rica. O movimento pelas praças, avenidas, ruas centrais e periféricas, tinha carro igualmente a Avenida Fernandes Lima, em Maceió. Julho passa para agosto com um dia inteiro de chuva em Santana, dando adeus a grande época marcante dessa terra. Água, pasto, gado gordo, visita da presidenta a Alagoas; incentivo à cultura da mandioca e outras, liberação de verba para esticar o Canal do Sertão e, finalmente a possibilidade de espetar a bola de sopro da dívida alagoana. Você quer mais, ou está bom?
Mesmo assim, nem tudo é alegria no semiárido. Com tantos festejos do céu e da terra, as reinvindicações do povo canapiense vão se aproximando da velhice. O Alto Sertão, rouco de gritar por décadas a fio, parte para novas ações que não sejam somente da velha garganta. Enquanto outras cidades daquela área ganharam asfalto estadual (que de certo modo desviou o movimento para o polo Santana) Canapi ficou de fora. Cortada pela BR-316, em matéria de estrada o trecho é somente buraco e lama. Sua economia fica comprometida em tudo enquanto contempla o progresso chegando a municípios circunvizinhos. O trecho entroncamento Carié ─ Inajá, é uma vergonha alagoana e nacional. Tem razão os nossos conterrâneos sertanejos em cobrar com várias ações continuadas. Estamos solidários à luta daquele simpático e bravo município para integrar a última cidade sertaneja aos benefícios do asfalto. E se a garganta não dá mais, reivindiquemos agora com foguetes. S.O.S. CANAPI.
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