ENTREGANDO JULHO
Clerisvaldo B, Chagas, 31 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.357
MONTES E CAMPOS VERDES NO SERTÃO ALAGOANO ( FOTO: B. CHAGAS
Julho
entrega o comando ao mês de agosto, bem molhado. Choveu quase todos os dias de
julho em Santana do Ipanema e região. É verdade que foram chuvas moderadas e
contínuas, um mês atípico, pois, julho sempre foi o mês de chuvas encorpadas
que chegam ao topo da escala. Os ventos também foram moderados e a temperatura
não desceu tanto aos 13 graus como em anos anteriores. Mas o que o sertanejo
quer mesmo é chuva e esse tema nunca deixou de ser a conversa de rotina. É ela
quem traz a riqueza para os rebanhos, para hegara lavoura, para o homem. A
preocupação dos proprietários rurais é sempre se essas chuvas vão juntar água
nos barreiros, nos açudes, o suficiente para atravessar a primavera e boa parte
do verão. Os órgãos noticiosos, porém, não publicam essas informações, deixando
a desejar os detalhes do inverno na região, trazendo de volta os
esclarecimentos de boca a boca, entre os moradores do semiárido alagoano.
Vem aí o mês de agosto, para muitos o mês do
desgosto, dos cães raivosos, da pesca ruim, das grandes tragédias. Mas, para
outros, um mês igual a aos demais, todos abençoados pelo Grande Arquiteto do
Universo. No Sertão sempre teve na sua primeira quinzena uma concorrência forte
com a frieza de julho. Um mês em que os que atrasaram no plantio, correm o
risco de perder lavoras de feijão com frio e com a lagarta. Mesmo assim o
Sertão está verde formando um paraíso na terra. Ainda tem gente colhendo milho
maduro e fazendo aqueles pratos irresistíveis que os meses juninos
proporcionam.
Boa parte do Alto Sertão de Alagoas já usufrui
das águas do Canal do Sertão, o que assegura a sobrevivência o rebanho nos
meses mais difíceis. Pelo que se sabe, o Canal que está em São José da Tapera,
estará deixando o alto sertão para atravessar alguns municípios do médio sertão
pelo núcleo da Bacia Leiteira e logo adentrará à região Agrestina das
Arapiracas. Não se vê mais gado morrendo de sede como acontecia no passado.
Chegamos de fato a um Nordeste novo e cheio de esperanças e sem regresso.
Deus há de nos abençoar também no mês de
agosto. Joelho no solo e Jesus no coração. Sarava! Amém, amém.