quarta-feira, 30 de junho de 2010

LUXO NO LIXO

LUXO NO LIXO
(Clerisvaldo B. Chagas. 1.7.2010)
Para Ana Helena, pelo que o nosso pai nos ensinou

O homem sempre gostou de dinheiro e foi aperfeiçoando os métodos de ganhá-lo e guardá-lo. Muitas histórias de piratas em livros e filmes vão mostrando como os assaltantes dos mares faziam para esconder as arcas valiosas em ilhas desertas. Desde os tempos mais remotos os bandos interessavam-se pelos ataques, pilhagens e divisões dos botins. Na Idade Média, contemplamos pessoas do povo escondendo moedas em ocos de árvores, restos de cinzas, pilhas de lenha e em buracos no chão. Os cuidados normais com parcos recursos ou com os lucros de ambições desmedidas, sempre preocuparam o homem no sentido de proteger eficazmente os seus bens. Até bem pouco tempo passado, não havia bancos no Sertão. Cada indivíduo usava o cérebro para se livrar dos predadores de moedas e cédulas. Um rico fazendeiro em Monteirópolis, por exemplo, logo ao vender uma boiada, jogou os pacotes embrulhados em papel jornal, sobre o guarda-roupa. A esposa o advertiu alegando que o melhor lugar para esconder dinheiro era sob o colchão. O homem disse que sabia o que estava fazendo. Durante a noite, os bandidos vieram buscar o dinheiro da boiada, mas o fazendeiro falou que foi vendendo os bois e pagando a quem devia, nada restava. Os cabras mexeram debaixo dos colchões e em outros prováveis lugares, desistiram e foram embora. Segundo Silvio Bulhões, o filho de Corisco, o povo falava que sob o tamarindeiro da casa do Padre Bulhões, em Santana do Ipanema, havia uma botija. A casa desapareceu, o pé de tamarindo continua lá, mas ninguém soube se algum sortudo conseguiu a façanha de encontrar essa botija.
No período dos grandes boiadeiros em Santana, Lucas, Pompeu, Arnóbio, Enéas e outros, Pompeu era mestre em transportar os cobres. Dizia ele que, quando recebia os maços de dinheiro, jogava-os dentro de uma bolsa velha de palha, tipo “perdoe”, soltava uma gargalhada bem gostosa e desaparecia no meio do mundo. Quem iria suspeitar de um quase esmoler! Certa feita o comerciante Lourival juntou o apurado e o jogou à lixeira. Qual o assaltante que espiaria uma lata de lixo? Acontece que, momentaneamente, esquecera o ato. Os garis passaram recolhendo o lixo do comércio e foram embora. Ao lembrar a lixeira, o comerciante correu a indagar aos funcionários da prefeitura, e nada. Já diziam, comadre, que dinheiro não fala. Naquela noite alguém deve não ter dormido de tanta felicidade.
É muito difícil separar o Ter do Ser. Como ficavam admirados os índios das Américas quando os brancos europeus falavam em acúmulo de riquezas. Eles não entendiam esse procedimento inútil dos civilizados. Mas existe religião que se baseia nos metais como sinal certo de vida eterna. E quando se pensa demasiadamente no Ter, caem verticalmente às boas qualidades do homem. A ganância leva o indivíduo a praticar os mais repugnantes atos sociais, muitos deles amplamente divulgados pela mídia. Mas, misturando Moral e Economia, continuam as jornadas humanas no fio de dois mundos inseparáveis. Enquanto uns, apostando nos juros fáceis, aplicam em bancos os desatinos, outros jogam as riquíssimas virtudes na lata, esvaziando o coração, provocando o que não serve para ninguém: um LUXO NO LIXO.


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terça-feira, 29 de junho de 2010

MANÉ-GOSTOSO

MANÉ-GOSTOSO
(Clerisvaldo B. Chagas. 30.6.2010)
O talento para as artes está espalhado por todos os quadrantes do mundo. Atualmente os produtos estão sendo valorizados, desde os mais simples aos mais complexos. Graças às escolas, organizações comunitárias e as orientações de algumas entidades, o artesanato vai sendo aceito e proporcionando renda extra para grande número de famílias. Lembramos dos produtos artesanais da área de brinquedos que circulavam nas feiras e ruas do interior na segunda metade do século XX. Para as meninas, as bonecas de pano sempre fizeram sucesso, mesmo sem os pés. Talvez fosse somente falta de orientação nesse detalhe, mas não havia quem pudesse exercer esse papel. Entre tantas peças do artesanato de brinquedos, destacavam-se também o carro-de-ladeira, o aviãozinho de vara e o Mané-gostoso. O carro-de-ladeira tinha apenas o lugar do motorista e geralmente imitava o caminhão. A meninada empurrava o carro até o topo do declive e, dali em diante era com o condutor. O aviãozinho tinha o formato de uma aeronave e era empurrado por uma vara fixa. Quando as duas rodas se moviam, as hélices entravam em ação. Tudo de madeira pintada. O Mané-gostoso, por sua vez, era formado por duas hastes também de madeira pintada, um barbante ligando as duas na parte superior e um boneco pendurado no barbante, com as mãos. A criança apertava com os dedos a parte inferior das hastes e comandava o boneco. Mané-gostoso obedecia imediatamente o seu comando. “Fique em pé, Mané-gostoso!” “Bote as pernas para cima, Mané!” “Rode no barbante, Mané-gostoso!” E o Mané-gostoso virava escravo das ordens imperativas.
Tempos depois, fomos vendo os mesmos brinquedos, frutos dos artesãos desconhecidos do interior, transformados em produtos industrializados. Pobre tempo em que o artista não registrava o invento, fruto exclusivo da sua imaginação. Assim as grandes fábricas vão faturando em cima dos brinquedos rudes e atrativos da nossa juventude. E a sociedade vai sendo guiada conforme diziam os antigos: “o mundo é dos mais espertos”.
A vida da gente é uma guerra constante contra as adversidades. E nessas batalhas sem quartel, vão se acumulando experiências e também observações que nos encantam ou decepcionam no decorrer da caminhada. É bom saber que existem pessoas competentes, sérias e servidoras. Pessoas que trabalham respeitando seus semelhantes, dignificando seus atos, honrando a profissão e a família. Não precisamos citar nomes de personagens famosas porque estamos cercados de gente simples que possui essas qualidades. Mas também cruzam em nossos caminhos figuras que apenas nos ajudam a purgar os pecados de vidas passadas. Entre os vários tipos diferentes de indivíduos, existem os que não querem mudar, não procuram melhora interior, não possuem autocríticas. As luzes dos seus espelhos só refletem imagens distorcidas do equilíbrio, da honra, da dignidade. Ninguém é perfeito, mas que decepção, escárnio e dó em torno dos que insistem em imitar MANÉ-GOSTOSO.




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segunda-feira, 28 de junho de 2010

DUELO DE GIGANTES

DUELO DE GIGANTES
(Clerisvaldo B. Chagas. 29.6.2010)
Mais uma vez coincide uma festa de junho com a vitória do Brasil. Claro que o brasileiro já sabia do êxito sobre o Chile, mas ninguém pode segurar a emoção. Mesmo sendo um adversário relativamente fácil, a eliminação do perdedor acrescenta molho no explodir dos sentimentos. 3x0 é um placar de respeito que aconteceu sem acelerar demais a máquina que Dunga possui. E os foguetes voltam a espocar no espaço sertanejo botando cachorro para correr. Cabulosas vuvuzelas também já chegaram por aqui e complementam a felicidade de garotos e adultos. As ruas, totalmente vazias, enchem-se, de súbito, com variados torcedores. Haja bombas em série, gritos de gols e foguetórios. A pausa é mínima entre o final do jogo e o início das comemorações a São Pedro. Pleno dia da fogueira. Logo são acesos os feixes de lenha e, o coco-de-roda ecoa na periferia, praças e avenidas. O padre vai à igreja com a camisa da seleção. Automóveis percorrem trechos com bandeirolas verdes e amarelas. Parece que a vitória do Brasil mexeu com a torcida de São Pedro. O céu afasta as nuvens de chuva, fica limpinho, limpinho, permitindo o sorriso da lua a comemorar com os brasileiros.
Pulamos alguns fogos, é verdade, mas agora vem a caieira holandesa. Como irão se comportar os nossos jogadores nesse desafio novo? A África do Sul irá torcer por quem? É bom saber que esse país foi colonizado primeiro pelos holandeses (boêres) nos meados do século XVII. Ninguém duvide de que o adversário vai sentir-se em casa com uma imensa torcida a seu favor. E por falar em Holanda, esse não é o verdadeiro nome do país. O nome oficial dessa nação é Reino dos Países Baixos e, fica localizada na Europa, banhada pelo mar do Norte. Os Países Baixos são industrializados, ricos, e possuem o maior porto do mundo que é o de Roterdã. A Holanda é apenas uma pequena região dos Países Baixos, todavia possui uma concentração de cidades importantes. É por isso que se costuma chamar o país de Holanda e aos seus filhos de holandeses.
Voltando, novamente, para o sentido da copa, a Holanda não veio como da vez passada e esse time não mete medo. É só o Brasil jogar oitenta por cento do que sabe e jamais desfocar um lance sequer, pois os holandeses são renitentes, mesmo em desvantagem. Por outro ângulo, não é possível que não tenhamos pelo menos a metade do estádio torcendo pelo Brasil. Afinal, foi muito importante o trabalho de Parreira no extremo do continente. Passada a euforia, assim como passamos para a fase seguinte, é reunir energias positivas e enviá-las aos nossos representantes. Se uma boa corrente não fizer bem, mal não faz. Nessas alturas, ninguém sabe quem sofrerá de verdade, se os privilegiados que estarão nas arquibancadas africanas ou nós, os mortais grudados na telinha. Sexta-feira não tem mais festa junina para novamente coincidir com o espetáculo que vai acontecer. Mesmo assim, prepare a cervejinha ou o cafezinho quente, acomode-se na poltrona por que iremos assistir um verdadeiro DUELO DE GIGANTES.


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domingo, 27 de junho de 2010

ANJOS DA MATA

 ANJOS DA MATA
(Clerisvaldo B. Chagas. 28.6.2010)
Se você não o conhece, pelo menos já ouviu falar. O imbuzeiro (Spondias tuberosas Arruda) é árvore nativa sertaneja que prolifera de Sergipe ao norte de Minas Gerais. O imbuzeiro recebeu o apelido de “árvore sagrada”, por causa das suas raízes conhecidas como xilopódios, batatas, cuncas ou cafofas. Muito se poderia falar sobre essa árvore, hoje devidamente estudada, famosa ─ como os juazeiros ─ em muitos romances nordestinos, inclusive os nossos. Do imbuzeiro tudo se aproveita, até mesmo na medicina natural contra vermes e diarréias. As túberas contribuem com o doce, água durante as secas, remédios e farinha. Lembro muito bem da minha infância na feira de Santana do Ipanema comprando o que mais gostava: broa, quebra-queixo de amendoim, tijolos de jaca e de raiz de imbuzeiro. Pouca gente sabe que o fruto dessa árvore amiga tem origem no Tupi-guarani “y-mb-u”, imbu, cujo significado é “água-que-dá-de-beber”.
Falamos sobre o imbuzeiro apenas para compará-lo a jaqueira que aparece muito na Zona da Mata. Embora plantada também no Sertão e Agreste, é a jaqueira (Artocarpus heterofhyllus) originária da península do Sião. Pode crescer até vinte metros de altura e dela tudo se aproveita, à semelhança do imbuzeiro. Como não oxida o ferro, é muito usada na indústria naval e pelos artesãos.
O miolo, porém, dessa conversa, é porque o imbuzeiro, apesar de atender tanta gente com fome, principalmente nas grandes secas, não proporcionou um drama como o que viveu pessoas da comunidade Moquém, município de União dos Palmares, Alagoas. Ali, quando a cheia destruía a cidade e carregava tudo, famílias de quilombolas galgaram uma jaqueira enquanto a fúria das águas destroçava os arredores. Distribuídas pelos galhos, essas criaturas (num total de trinta) adultos, velhos, crianças, inclusive bebê e mulher grávida, viram a morte de perto. Elas experimentaram a angústia, o medo, o terror da escuridão e das águas violentas que rugiam sem parar, querendo os corpos do Moquém. Havia a perspectiva infernal da queda da árvore que teimava em proteger os descendentes de escravos. Inúmeros outros dramas aconteceram na Zona da Mata, contudo, nada que se compare ao horror da jaqueira. Dadas como desaparecidas, as pessoas do Moquém foram encontradas e relataram o fantástico e incrível milagre acontecido a superfície do rio violento.
Quando baixamos a cabeça, à semelhança de médiuns experimentados, parece que estamos vendo as águas forçando em turbilhão; a jaqueira providencial resistindo, assegurando a vida dos que a ela confiaram à salvaguarda. Em torno da árvore uma porção de anjos esvoaçava como abelhas na colméia, protegendo as trinta almas do Moquém. Bendita jaqueira que devolveu sãs e salvas, as pessoas do purgatório. Sem dúvida, a comunidade jamais mostrará o machado a sua protetora que merece festas e aposentadoria até virar o tronco, de velhice. Na parte espiritual, orar, agradecer e aplaudir os ANJOS DA MATA.


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quinta-feira, 24 de junho de 2010

QUEBRANGULO

QUEBRANGULO
(Clerisvaldo B. Chagas. 25.6.2010)
O Nome Quebrangulo parece estranho junto a centenas e centenas de outras denominações de cidades amazônicas, principalmente. Na realidade, Quebrangulo (sem circunflexo nenhum) é município alagoano, antigo, situado, geograficamente, no patamar dos 500 metros, cuja cidade, Palmeira dos Índios, no sopé da escarpa, é ponto de referência. Famoso uma vez por ter nascido ali o escritor Graciliano Ramos, o núcleo volta à fama, agora pela tragédia das águas que também castigaram outros municípios alagoanos e de Pernambuco. Ocupada há muito pelos índios chucurus e por quilombolas, a região era pródiga em peixes e caças, como os queixadas que viviam por ali. Um dos chefes quilombolas, habilidoso e de coragem, era chamado pelos companheiros, Quebrangulo, significando para eles, “matador de porcos”. Assim, o lugar ficou com a denominação, mudando, depois, para Vitória e voltando mais tarde ao antigo nome Quebrangulo. A cidade foi formada às margens do rio Paraíba do Meio e do riacho Quebrangulinho, por isso mesmo, cheia de pontes.
No primeiro quarto do Século XX, os sertanejos que viajavam a Maceió, deslocavam-se a cavalo até Viçosa onde embarcavam no trem até a capital. Depois a via férrea chegou a Quebrangulo, encurtando um pouco essa viagem de sacrifícios. Em seguida o trem chegou a Palmeira dos Índios, muito mais perto do Sertão, facilitando essas idas e vindas. Mas, na metade do século, o asfalto Maceió ─ Palmeira também foi construído, mudando radicalmente tudo. Os viajantes do Sertão usariam, a partir daí, uma viagem direta e rodoviária Santana ─ Palmeira ─ Maceió. Quebrangulo virou contramão para o oeste do estado.
Passei em Quebrangulo apenas duas vezes na ida e na volta à vila São Francisco. Fiquei impressionado com as casas tão perto do rio, o pequeno patamar do comércio e a posição estratégica da igreja. Tive vontade de retornar e fazer pesquisa sobre a cidade que tem uma presença diferente. Nunca me foi possível. Da sua Quebrangulo, falava, entusiasticamente, o seresteiro José de Souza Pinto (o Juca Alfaiate). O nome de origem da terra, as pescarias no Rio Paraíba do Meio e distribuição de peixes à pobreza, através de Belo, seu pai, enchiam o Juca de saudades. Viera de Quebrangulo passear em Santana e daqui somente saiu para o cemitério, levado pelo mal contraído em criança, no rio dos quilombolas.
Agora, infelizmente, a terra de Graciliano, do chefe matador de porcos, das tradições folclóricas, de um pedaço grande da história de Alagoas, cai na malha fina dos dramas das chuvas, das cheias descomunais, da irresponsabilidade de muitos. E nesse momento tão desesperador que queremos dizer tudo (nada que ninguém ainda ignore) apenas transferimos da boca para o coração os sentimentos de pena, solidariedade e revolta. Vamos agora ajudando nos donativos e em tudo que estiver ao alcance, para os nossos irmãos de Branquinha, Rio Largo, Atalaia e outros bravos municípios como QUEBRANGULO.


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quarta-feira, 23 de junho de 2010

É DIA DE FOGUEIRA

É DIA DE FOGUEIRA

(Clerisvaldo B. Chagas. 24.6.2010)

Diz o povo que “ninguém é de ferro”. E como o guerreiro também é gente, vai armando a sua barraca na porta de casa, checando acendedores, moldando o feixe, consultando os vasilhames. É preciso ressuscitar o velho Luiz Gonzaga, lustrar o móvel, empurrar o som. Não sair de casa no São João e em pleno Natal, virou preceito e tradição que acompanha o homem. Vão chegando às primeiras sombras da noite e bombas estouram em toda a periferia santanense. Chega o combustível, os fósforos, o cavaco cheiroso que vai ajudar as chamas. E surgem os primeiros foguinhos tímidos que se robustecem na base do abano de palha. Quando a tradição funciona, funciona tudo. O panelaço de milho cozido começa a soltar o cheiro gostoso que preenche os cômodos da casa, a calçada em festa, as narinas sensíveis. E o som eletrônico expulsa os forrós das mais expressivas correntes. Vai queimando o cavaco, vão tilintando as garrafas. A fumaceira da cidade polui o ar na sinfonia de rojões, foguetes e bombas. Passa um grupo de bêbados na rua, discutindo sobre resultado de jogo. O que parece mais sóbrio resmunga: “Deixe essa peste de jogo para lá, Dezinho! Quero saber de gota serena de jogo! Vamos logo beber um tubão no bar de Zé de Pedro, lavar a cara com outra na Toca do Monumento e dançar no Cachimbo Eterno até a mãe do cão chegar! Surgem informações do comércio que por ali “está um desembesto triste”, mas o guerreiro nem quer saber. Sua festa é na calçada, sozinho ou acompanhado. Maria diz que é hora de forrar o estômago porque bebida quente não alisa. Está certo ela. É, então, que alguém vai adiantando a canjica, pamonha, enquanto carnes nos espetos aguardam sal grosso e as primeiras brasas. O amigo não vai se aborrecer, mas hoje à noite não existe mais lugar para times, vuvuzelas ou jabulanis como disse o ébrio da rua.
Sanfonas e bandas de forró vão animando tudo: as fogueiras clareiam à noite desafiando o IBAMA e, entre um trago e outro, sai o churrasco, de presença obrigatória. Ruas com asfalto vão perdendo o brilho da madeira, pela proibição municipal. Mas ruas de calçamento ainda podem abrilhantar o evento junino. Balões estão sob ordens severas e viram apenas papel colorido com energia limpa. Mas, para quem gosta, restam palhoções, barracas de fogos, bancas da culinária típica e as brincadeiras de comadres que terminam de vera.
Parece até que lá no céu, o santo homenageado também se diverte, pelo menos olhando do alto as cachaçadas da Terra. Sei não. Sei apenas que João é muito querido aqui no Nordeste e dizem que no alto também. Deve ser mesmo, pois até agora nenhuma pessoa teve a petulância de falar mal do homem do carneirinho. Amanhã, quinta-feira, voltaremos à realidade universal. Hoje, hoje mesmo (quarta) é só forró até umas horas e uma animação sem fim. Em casa, o guerreiro, reservadamente vai participando. Jogue esse computador fora, compadre! Hoje É DIA DE FOGUEIRA.


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terça-feira, 22 de junho de 2010

CARROSSEL NO TÊNIS

CARROSSEL NO TÊNIS
(Clerisvaldo. B. Chagas. 23. 6.2010)
Enjoado das notícias internacionais de sempre, resolvi distrair-me no São João da “Escola Carrossel”. A Carrossel está situada à Rua Prefeito Joaquim Ferreira, aqui mesmo em Santana do Ipanema, bem pertinho do Hospital Arsênio Moreira. E assim fui deixando para trás a empáfia do chato Maradona e o rolar da jabulani pelos gramados africanos. No cair da tarde, estavam ali ao longo do meio-fio, mais de vinte carroças perfiladas esperando as ordens dos carroceiros. A meninada tomava conta da passagem, feliz e ansiosa vestida em trajes juninos. As carroças traziam enfeites de palhas de coqueiro ouricuri e atraíam os mais levados que pulavam sobre as tábuas. Cada burra da fileira estava enfeitada com uma belíssima flor, perto da cabeça, combinando assim com as roupas e os ornamentos dos alunos. O tempo ia passando, mas para as crianças parecia não passar nunca. Os retardatários iam chegando, trazendo as ferinhas protagonistas do espetáculo que logo seria visto. E assim, mais um pouco e foi dada a ordem de embarque. Distribuídos pelas “diligências”, professores e alunos recebem a boa notícia da partida. Quem foi que disse que esqueceram o som? Lá vai a música eletrônica à frente, animando a festa, abrindo caminhos, glorificando o santo. O destino é o Tênis Clube Santanense prédio edificado no outro extremo da cidade, no Bairro Monumento. Prédio de tantas e tantas glórias que marcaram o povo de Santana. Os enfeites das ruas, os buracos provocados pela Sucesso ─ firma que faz o saneamento básico ─ o balanço das carroças, as burras guiadas pelos seus donos, trazem a felicidade de criaturinhas, pais e avós. Fazendo nuances pelas praças e avenidas, chega à eufórica caravana ao seu destino.
Quem não estava no Tênis pode imaginar, entretanto, o forró animado por um trio composto de sanfona, zabumba e triângulo, que espetava o couro dos meninos. Ninguém ficava quieto, apesar dos insistentes pedidos para diversas apresentações. Quem ia ficar quieto, compadre, com um negócio tão bom daquele jeito! Foi tanto chumbinho no salão, tanta música, tanta dança, que até os acompanhantes sonhavam também em pular naquela brincadeira. E no meio de crianças bonitas e felizes, estava o Guilherme Chagas (o Gui), filho do conhecido casal Ângelo Santos e Clerise Chagas, com a parceira de apresentação Marília Silva, filhinha do casal Mário Silva e Renalda Silva. Muitas pessoas que eu conhecia e inúmeras novatas na memória. E a sanfona velha de guerra não parava de tocar. O futuro do Brasil rodopiava na inocência da bondade divina. Tranças e vestidos faziam o especial feminino que encantam salões e passarelas. Bigodinhos de lápis, chapéus de palhas, vão flertando de brincadeira as fitas coloridas da feminilidade. E finalmente, quando chega o momento da parada, parece haver um muxoxo no ar. Um quase “não acredito” dos lápis e dos batons. Pais, avós, professores, saem satisfeitos com o largo sorriso de alívio, mas o Guilherme Chagas (o Gui) não acha muito bom esse negócio de encerramento, não: “Ah, eu quero mais!”. Quando haverá de novo CARROSSEL NO TÊNIS?


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segunda-feira, 21 de junho de 2010

PRINCESA JABULANI

PRINCESA JABULANI

(Clerisvaldo B. Chagas. 22.6.2010)

Essa primeira fase da copa do mundo eclipsou as ações políticas gerais. Não somente as ações políticas, mas notícias importantes do Globo. Tudo vai ficando em segundo ou terceiro plano, face os atraentes espetáculos da copa. Os fatores que giram em torno dos estádios, vão assumindo os lugares dos astros que não correspondem na hora da onça beber água. Cantos e danças que os africanos apresentam sem cansaço, realçam em primeiro lugar nessas atrações que nos encantam. A moda capilar apresentada pelos jogadores provoca risos e comentários entre torcedores, povo e setores específicos de modelos. Não são poucos os marmanjos que aparecem em trajes de herois infantis nas arquibancadas; voltam a ser crianças nas realizações das suas fantasias. Caras pintadas, perucas brilhantes, roupas de palhaço, afirmam as cores da alegria, da satisfação, das felicidades contagiantes. Até mesmo o vestuário dos técnicos, foi motivo de comentários especiais de quem entende do ramo. Chamaram atenção as camisas apertadas de duas seleções africanas. É de se contar perfeitamente com os desenhos modernos, belíssimos, desafiadores dos estádios que estão deslumbrando o continente negro, o mundo da Arquitetura e os olhos de todos.
Quem liga mais para o maior desastre ecológico dos Estados Unidos? Qual é o resultado da eleição colombiana? O que foi mesmo que o Irã disse aos inspetores da ONU? Ah, mesmo cantores, modelos, artistas de cinema, foram sufocados pelas vibrações populares da copa, das vuvuzelas, das transmissões bem montadas que captam detalhes da grande festa redonda. Até mesmo os festejos de junho do Nordeste, somem no anunciar dos jogos e retornam fortes mesclando resultados. Entre um intervalo e outro de cada partida, bombas explodem nas ruas, entre generosos goles da geladinha, das discussões apimentadas.
Chega ao fim mais uma rodada em campos africanos. Entram as estatísticas, as contabilidades, profetas, dons adivinhatórios. O entusiasmo contagiante deixa gente sem dormir, incentiva à bebida, às discussões que entram pelas madrugadas. Procura-se um paladino, investiga-se um culpado. Baixa o frio, esquentam as torcidas, avulta-se a música e os gritos de vaias estufam nos corpos magros das vuvuzelas. Até agora todos procuraram os brilhos das atuações; as disputas aguerridas pelas câmeras internacionais. Modos autoritários, choros de emoções, beijos masculinos, ocuparam a mídia na sublime intenção de bem informar. E quem aprecia tanta agitação bonita, vai ao delírio diante da pujança da Copa do Mundo. Nada, porém, mais estrela de que ela. É chamada de bruxa, redonda, coruja, pacote de supermercado, gorducha, bola, pelota e outras denominações. Mas ninguém, ninguém nem coisa alguma, foram mais faladas na mídia de que a majestosa, a oferecida, a desafiadora PRINCESA JABULANI.







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domingo, 20 de junho de 2010

DESENHO DO VIAJOR

DESENHO DO VIAJOR

(Clerisvaldo B. Chagas. 21.6.2010)
Crônica: marco nº 300

É sexta-feira. Chove copiosamente em Maceió. As notícias dão conta de que as chuvas estão acontecendo no estado todo. Logo, rádios, sites, jornais, comentam, mostram as enchentes dos rios oriundos de Pernambuco. Repetem-se os dramas de anos anteriores. É como se houvesse intenso alarme durante os acontecimentos e, depois, o longo silêncio de sempre. As vítimas se acomodam, vão tocando a vida e o restante fica por conta do esquecimento brasileiro. É aguardar para o próximo ano ou para mais algumas dezenas de anos, a repetência dos dramas insolúveis.
Vem o sábado, melhora o tempo. Queremos partir para o Sertão. Os rios da Zona da Mata aumentam o volume. As águas vem ameaçando, destruindo as coisas das suas margens. Chega à notícia de que parte de Atalaia está debaixo d’água. Vergonha estadual! As mesmas de quando éramos crianças. Estamos prontos para viajar. Os sites anunciam, entretanto, que a Polícia Rodoviária Federal acaba de interditar as pontes caducas de Atalaia e Satuba. Ninguém vai; ninguém vem. Resta à opção de viagem via Arapiraca. Como estará o rio São Miguel que há pouco invadiu a cidade. Haja telefonemas. Felizmente a região encontra-se normal. O São Miguel está mansinho. Já passa das 15 horas, mas é decidida a jornada. E vamos cruzando a “Cidade Sorriso” com as chuvas suspensas. Parte do dique-estrada não oferece passagem. Um bêbado, imitando guarda de trânsito, tenta avisar sobre a interrupção das águas. Quem acredita? Primeiro rodeio de uma longa viagem. E, entre uma maçada e outra, vamos deixando a capital às 16 horas. Trânsito intenso no trecho até Marechal. Enfim, pegamos a BR, quando sai um avião, bruscamente, do verde canavial. Desengonçado, amedrontando os terrestres, a aeronave ameaça desabar; apruma-se, pega o rumo e dana-se no oco velho do mundo. A estrada fica perigosa, repleta de caminhões e carretas que vem de longe.
Ladeira do Varrela, lugar de perigo dobrado. Campo Alegre anoitece com suas estradas sinuosas, felizmente no estio. E quem passa pelo distrito Pé Leve tem obrigação de parar no ponto da Galega. É ali o melhor pé-de-moleque da região. Os bolos de macaxeira, milho, não negam a época junina aos transeuntes. Finalmente, a passagem irritante das lombadas eletrônicas arapiraquenses e a longa travessia noturna até Batalha. À hora convida para o café no Bacurau, porém, o atraso não mais permite. Perdemos o melhor café do trecho. E assim o destino vai chegando à obrigação do rodeio; imposição das pontes de Satuba e Atalaia, que ameaçam ruir. Mas logo, logo, o assunto ficará esquecido até que aconteça uma tragédia insistentemente anunciada. Uma vez na “Rainha do Sertão”, sinais de chuvas recentes. Ipanema e Camoxinga cheios, nem uma notícia negativa. O mês de festas continua animado no município sertanejo. Enquanto as nuvens vão maltratando a Zona da Mata, o Sertão vai criando alma nova, mesmo prevendo a safra com prejuízo e atraso. E um dia assim atípico em Alagoas, não escapa ao DESENHO DO VIAJOR.


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quinta-feira, 17 de junho de 2010

NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS

NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 18.6.2010)
Conheci a Biblioteca Pública de Santana do Ipanema, funcionando em vários lugares. Já falei muito sobre isso. A minha fase maior de leitura, porém, foi quando esse órgão do povo atuava a Rua do Comércio, Praça Senador Enéas Araújo. Ali, no primeiro pavimento da “Loja Esperança”, de Benedito V. Nepomuceno, subi e desci muitíssimas vezes os degraus de fora, corrimão de ferro desenhado. Janelas verticais de vidros coloridos, piso de madeira, o prédio sempre foi imponente visto de longe e confortável usado por dentro. No telhado, no cimo da cornija, a estátua do deus Mercúrio, dava prestígio aos descendentes do antigo dono do casarão. A biblioteca era limpa e agradável, sob o comando da intelectual bibliotecária Nilza Nepomuceno Marques. Falavam que no prédio aconteciam coisas, porém, nunca vi ou ouvi algo que pudesse nos afastar dali. Bastava olhar para a rua pelas janelas sempre abertas, para se sentir bem. A leitura era feita em silêncio sob o auxílio, delicadeza e orientação de Nilza Marques. Podíamos levar livros para casa por um prazo de quinze dias, mediante fichas cadastrais. Li tudo que me interessava e com grande velocidade. Às vezes, lia um livro médio em um dia, dia e meio, renovando constantemente a leitura. Se Nilza Marques não tivesse sido uma excelente bibliotecária em seu relacionamento com usuários e adolescentes, por certo, eu e outros teríamos sumidos das bibliotecas.
Lembro ainda a biblioteca pública funcionando depois, no primeiro andar da CARSIL, a Rua Coronel Lucena, bem defronte a Prefeitura. Naquele local já funcionara a sede de “A Voz do Município”, serviço radiofônico de divulgação de atos municipais. Mas aí a biblioteca já não funcionava com Nilza Marques. Quanta diferença! Colocaram a pessoa errada no lugar errado. Em seguida a biblioteca passou a existir no primeiro andar do casarão a esquerda da Matriz de Senhora Santa Ana. Mesmo lugar onde prestou serviços por décadas, o “Hotel Central” de Maria Sabão.
Daqui de Maceió, soube pelos sites santanenses, do passamento de Nilza Nepomuceno Marques, na quarta-feira, próxima passada. Doi na gente quando pessoas da estirpe de Nilza desaparecem. Partiram, em curto espaço de tempo de um para o outro, Dr. Hélio Cabral de Vasconcelos (ex-prefeito de Santana); Homero Malta (professor e desportista) e Nilza Marques (funcionária pública estadual aposentada e intelectual, como o Dr. Hélio). Nesse mundo ninguém é eterno, muito embora alguns ricos ainda pensem diferente. Santana do Ipanema vai absorvendo como pode as notícias desagradáveis sobre seus filhos ilustres. Mas dizem que viver para os outros, sempre fazendo o bem e construindo uma sociedade melhor, conta muito na avaliação divina. Nunca irei esquecer os incentivos de quem tanto fez pela juventude estudiosa de Santana. Enquanto tiver letras em Santana do Ipanema, estarão associadas às palavras: NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS.

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

DOCE PARA AS ELITES

DOCE PARA AS ELITES
(Clerisvaldo B. Chagas. 17.6.2010)

A Rua Tertuliano Nepomuceno, em Santana do Ipanema, Alagoas, tem início no Largo da Feira e se estende até o lugar chamado Aterro. O aterro representa um elevado de terra feito para continuidade à velha rodagem BR-316. Designa uma das mais antigas vias de Santana, prolongamento do quadro comercial dos tempos de vila. Ainda não perdeu totalmente o nome de Rua da Matança, porque ali, ao ar livre, era abatido o gado durante as sextas. Muitos casos acontecidos no lugar são contados de avôs para os netos. Os cabarés que ocupavam o início foram empurrados continuadamente para o final, para o Aterro, para ambos os lados do Aterro. Rua de bares, de casas de jogos, de bailes noturnos, de ébrios e boêmios. Nos dias de feira transforma-se na Rua dos Porcos, das Panelas, da Palha... Das Toldas. Por ali já residiram pessoas como o “Fonfom” (figura típica, homem de confiança do Coronel Lucena); o campeão de xadrez, Brás (antigo funcionário da casa Ideal, sapataria de luxo de Santana) e mesmo o primeiro intendente interventor, Frederico Rocha.
Perto do final da rua, do lado esquerdo, morava e trabalhava um barbeiro alto, moreno, simpático, de nome Manoel Mariano. Mariano era um dos inúmeros compadres de meu pai e gostava de visitar a nossa loja de tecidos. Sempre bem-humorado Mariano contou que certa vez, ele e a esposa, foram visitar um compadre, num sítio distante. Chegaram cedo e conversaram muito. Mas na hora do almoça ninguém falava em comida. À hora ia passando, a barriga pedindo socorro até que, desenganado, o casal visitante resolveu ir embora. Foi aí que o compadre disse: “Vá agora não, Mariano. A mulher estar fazendo um docinho ali na cozinha, sai logo!” Manoel ainda quis se animar, porém, a mulher do visitado pegou a deixa lá na cozinha e falou em voz alta: “E compadre é besta para comer doce quente e morrer, hem compadre!” E com essa, Manoel Mariano e sua esposa desocuparam rapidamente a casa e se fizeram na poeira de volta a Santana.
Muito tempo depois do caso de Manoel, estando eu na ante-sala do governador, enquanto aguardava, vieram lembranças da Rua Tertuliano Nepomuceno. Com elas, surgiu na mente a saga do barbeiro faminto. E naquele lugar de protocolos, seguranças, boas palestras, os ventos que traziam aromas adocicados sopravam pelos corredores, passavam nas janelas de vidros, rapavam as tintas das paredes austeras e brancas. Comparei o governador à mulher do sítio mexendo as iguarias em fogo de lenha. Um mexido sem fim que varava a manhã, à tarde, à noite, indefinidamente. Levantei-me e fui espiar a rua pelos vidros multicores. Talvez estivesse enjoado com o cheiro lá de dentro. Ou era um cheiro virtual? Meus olhos procuravam outros seres das multidões que hipoteticamente, acompanham o barbeiro Manoel Mariano. E lá na praça grande vejo mendigos, grevistas, viciados, batalhadores, como se estivessem aguardando, não o almoço, mas pelos menos a esperança de um "lanche" muito magro. Mas eu tinha a consciência de que eles só podiam contar com a fome do barbeiro. O mortal comum apenas pode observar de longe quando passa o “DOCE” PARA AS ELITES.


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terça-feira, 15 de junho de 2010

O PERISCÓPIO DE ALBERTO AGRA

O PERISCÓPIO DE ALBERTO AGRA
(Clerisvaldo B. Chagas. 16.6.2010)

Intelectual e dono de farmácia em Santana do Ipanema, Alberto Nepomuceno Agra, foi tema algumas vezes das nossas crônicas. Apesar da respeitável idade, Alberto continua trabalhando normalmente em seu ponto comercial, um dos mais antigos de Santana. Respeitado por seus alunos no Ginásio Santana, onde foi diretor e professor, também impunha medo aos bagunceiros por sua austeridade a toda prova. Alberto foi ainda herói de guerra nos campos da Itália e possui atualmente museu particular onde pode com segurança expor seus objetos. Além disso, o ex-professor, após virar fazendeiro no serrote Pintado, fez da sua propriedade uma reserva não oficial de proteção a flora e a fauna. Mas, voltando aos tempos ginasianos, era para nós, inconcebível, imaginar Alberto Agra, “Seu Alberto”, como o chamávamos, presente na diversão obrigatória de Santana: o banho na corrente ou nos poços do rio Ipanema.
Situado bem pertinho da ponte General Batista Tubino, logo após os longos quintais das casas de comércio, o poço dos Homens recebia adultos e adolescentes. No apogeu das suas glórias, não havia ainda as casas próximas da margem direita do rio. Apenas mato, estradas carroçáveis e veredas cortavam os terrenos que se transformaram em Bairro Domingos Acácio. Dezenas de outras brincadeiras eram praticadas sobre as pedras lisas do poço, além da principal que era simplesmente gozar os prazeres dos mergulhos e da natação. Em uma dessas brincadeiras estava o companheiro Zé Lima (citado várias vezes neste espaço) que nadava muito bem e de forma estranha. Apenas a cabeça aflorava e saía cortando as águas como se não possuísse corpo algum. Em uma dessas descontraídas diversões, outro colega nosso iria mergulhar com um canudo. A intenção era deixar parte da peça fora d’água, simulando um submarino. Ouvimos o grito: “Zé Lima, olhecomo se usa um microscópio!” Após a sua demonstração, eis que, para surpresa nossa, estava o professor Alberto Agra em cima das pedras, em pé, braços cruzados. E mesmo naquele improvável lugar, o velho mestre dava lições: “Microscópio não, fulano, periscópio”. Fazer o quê? Ficar envergonhado era o mínimo.
Hoje em dia, após décadas e décadas que passaram rapidamente, ainda nos deparamos com a velha fórmula das administrações públicas. Aquela em que a gestora só olha para os brincos dourados que balançam no espelho; aquela em o gestor só espia a barriga proeminente da prosperidade particular. Homens e mulheres ainda não compreenderam o sentido do cargo público, nem pelos encarnados, nem pelos desencarnados. O livro da sabedoria não é lido, nem nos templos nem nos lares. E quando é consultado em minúsculos trechos, é em lugares onde o terno, o vestido, os sapatos, a presença física, falam mais alto do que as letras que vociferam em vão. Essa insensibilidade aos reclamos do povo, não é privilégio de nenhum município, de nenhum estado, de nenhuma região brasileira. Parece uma surdez generalizada que Deus colocou nos maus para que eles cumpram a sina de angustiar bem muito, assim como foi enviado Nabucodonosor. Ah, se eles soubessem o que os esperam do outro lado! É muito difícil retirar a taioca do açúcar. Eles preferem usar o microscópio individual que foca nos cifrões, ao aparelho que mostra o clamor dos desesperados, assim como O PERISCÓPIO DE ALBERTO AGRA.





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segunda-feira, 14 de junho de 2010

TAPAGEM DE CASA

TAPAGEM DE CASA
(Clerisvaldo B. Chagas. 15.6.2010)
A casa de taipa é amplamente conhecida no Brasil inteiro, de norte a sul, de leste a oeste. Encontram-se casas desse tipo nos sertões, nos agrestes, no litoral. É de taipa a casa do vaqueiro, do pescador, do tirador de coco e de muitos outros profissionais. O barro ou argila das mais variadas cores, é material fácil, farto e barato que permitiu aos índios construções de suas malocas. Mas também existe cidade no Brasil quase toda construída com barro e varas retiradas do próprio ambiente. Nas cinco regiões brasileiras deve haver algum tipo de ritual ao se construir uma dessas moradias. No romance “Curral Novo”, do escritor palmeirense Adalberon Cavalcante Lins, acontece uma famosa tapagem de casa, motivo de imensa satisfação de um dos seus personagens, “sargento Anacleto”. Geralmente o futuro dono da casa constroi em mutirão, pagando bebida e tira-gosto para a vizinhança e até mesmo para convidados vindos de muito distante. No caso do sargento Anacleto, este dizia que andava léguas para brincar num ato de tapagem. O ponto mais interessante é quando os homens, ao ritmo de samba ou pagode, vão mexendo e pilando o barro com os pés, seguindo a voz de um tirador de coco, pandeiro e ganzá. A cachaça parece não ter fim.
Como eu e o amigo Zé Lima, tínhamos “Curral Novo” decorado, frase por frase, palavra por palavra, vírgula por vírgula, vez em quando comentávamos o romance, desatando belas gargalhadas. E foi, então, que surgiu um boato de que iria haver uma tapagem de casa, durante a noite, lá no Rabo da Gata (toda cidade tem o rabo da gata) bem pertinho da casa de Sulino Preto, o homem que corria bicho, segundo o povo. Combinamos olhar de perto como seria aquele negócio que tanto entusiasmara o sargento. Com as primeiras sombras da noite, vadeamos o rio Ipanema, subimos pelo corredor de aveloz de Marinho Rodrigues e fomos sair no alto do Cachimbo Eterno. Da estrada que leva até Olho d’Água das Flores, em diante, fomos guiados pelo clarão de uma fogueira e pelos sons de pandeiro que furavam a noite. Chegamos até o lugar da brincadeira e já vimos à casa toda levantada com varas, aguardando a argila entre os quadrados vazios da madeira. No terreiro, cinco a seis homens pisavam o barro ao som de um pandeiro tocado por uma mulher alta, morena, cigarro na boca, completamente desinibida. Tratava-se da conhecidíssima Expedita Biu, de família desmantelada de tudo, em Santana do Ipanema. Povo que comia gatos desentupia fossas, limpava vísceras no matadouro, banalizava incestos. Calculamos que naquela goela já havia descido mais de uma garrafa da branquinha. Em comparação com o romance, o ambiente era diferente, pois até namorada apareceu para o sargento Anacleto. Contemplamos o que foi possível e retornamos à “Esquina do Pecado”, o nosso QG. Foi a primeira e a última tapagem de casa que vi de verdade. Agora o governo está combatendo casa de taipa, construindo tudo em alvenaria. Parte do folclore nordestino vai sumindo pela chaminé do progresso. E, como diria talvez, o saudoso mestre folclorista Pedro Teixeira, de Alagoas: “É um trupé da peste, essa tal TAPAGEM DE CASA”.


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domingo, 13 de junho de 2010

SANTO ANTONIO

SANTO ANTONIO
(Clerisvaldo B. Chagas. 14.6.2010)
Entre os constantes foguetórios que espocam sob o céu noturno de Santana do Ipanema, os sons dos forrós que descem do Alto dos Negros e a fina chuva que tapia o inverno, vou lembrando Santo Antonio; o santo preferido da minha mãe Helena Braga das Chagas, a quem ela tanto recorria. A amizade era tão grande entre a minha mãe e Santo Antonio, que ele veio levá-la no seu exato dia quando Helena completava seus 63 anos de idade.
Santo Antonio é considerado o protetor dos pobres, aquele que auxilia nos objetos e pessoas perdidas. Se bem que as pessoas tenham mais conhecimentos dos milagres a ele atribuídos em questões de namoros e casamentos, nenhum outro santo mostra-se mais amigo a quem firma com ele seus compromissos de fé. O seu nome de batismo era Fernando e pertencia a tradicional família do seu país, tendo nascido em Lisboa. Resolveu entrar na Ordem de Santo Agostinho e desde cedo mostrou ser uma pessoa muito culta e dedicada aos estudos. Entretanto, Fernando, admirado pelo entusiasmo de outros jovens religiosos da Ordem Franciscana ─ e depois pelos seus martírios em Marrocos (norte da África) ─ resolveu seguir o mesmo caminho daqueles jovens. Foi assim que ingressou na Ordem Franciscana, adotando o nome de Antonio, em homenagem ao santo que ele admirava chamado Santo Antão. Também chegou a embarcar para o Marrocos, mesmo sabendo que os rapazes religiosos não retornavam vivos daquele lugar. Mas, pelos desígnios de Deus, Antonio terminou sendo desviado para outras missões e, em uma delas, conheceu aquele que seria chamado de São Francisco, o homem que protegia e falava com os animais. Santo Antonio, além de sua sabedoria excelsa nas coisas sagradas, ficou também conhecido como grande orador. Foi um homem chamado por Deus ainda muito cedo, em plena juventude dos seus 36 anos de idade, no dia 13 de junho de 1231. Faleceu por questão de hidropisia a caminho de Pádua. Sobre o seu túmulo foi construída uma basílica em sua homenagem. Santo Antonio tornou-se santo universal, sendo o mais popular do Brasil.
Inúmeras brincadeiras são feitas com Santo Antonio, notadamente no Nordeste brasileiro, onde, sem dúvida nenhuma, Antonio arrebanha multidões de seguidores espalhados no cotidiano e na alegria dos festejos juninos. Conhecido como “santo casamenteiro”, tem provado milhões de vezes à eficácia dos apelos ao seu nome quando o assunto é amor. Santo Antonio está ricamente ilustrado no histórico das moças casadoiras e nas infinitas simpatias folclóricas do assunto. Além das fogueiras e todos os outros aparatos e tradições do seu dia, ainda existe o “pãozinho de Santo Antonio”, quando os padres distribuem entre os fiéis da missa do seu dia. O pãozinho deve ser guardado na vasilha da farinha, em casa, para que nunca faltem alimentos naquela residência. Muitíssimo ainda se pode falar sobre esse santo amigo que dizem ser o único a falar diretamente com Deus. Essa é a homenagem que faço ao grande santo de Helena Braga, heroína educacional de Santana, no dia da passagem de ambos. Experimente ser devoto de SANTO ANTONIO.




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quinta-feira, 10 de junho de 2010

BAFANA BAFANA

BAFANA BAFANA
(Clerisvaldo B. Chagas. 11.6.2010)
Nas décadas de 1950-60, sobressaía em Santana do Ipanema, a moda dos cabarés e das farras habituais nos antros da cidade. Violões plangentes ecoavam dos bares para a Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, Ponte General Batista Tubino e Rua Tertuliano Nepomuceno. Em voga as choradeiras de Lupicínio Rodrigues, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e outros românticos nacionais. Violões como os de Zequinha Bulhões, José Panta, Miguel Chagas, aliavam-se desde o acordeom meloso de José Francisco ao intrépido pandeiro de Pedro “Aleijado”. Os boêmios varavam o negrume das noites quentes ou invernosas, sem tempo determinado para o término. Regadas a aguardente, cerveja, conhaque, rabo-de-galo, as brincadeiras iam recebendo os mais estranhos tira-gostos. Tripa torrada, cágado, teiú, galinha, torreiro, tudo era motivo para mais uma canção, para mais um aperitivo. E assim, as farras com José Yoiô, Moreninho, Tenente Guedes, Manoel “Toinho”... Iam encontrando mais adeptos amantes da luz artificial.
Certa feita, um matuto do Município bateu sessenta sacos de feijão. Quando perguntaram pela pequena fortuna oriunda da venda, o homem riu. Disse que todo o sonho acalentado durante sua vida era um dia poder fazer uma farra. É que ele ouvia falar tanto na danada que chegava a sentir inveja dos farristas. E foi assim que gastara todo o dinheiro apurado da roça com uma bruta brincadeira que havia durado três dias e três noites. Estava felicíssimo de bolso liso e sonho realizado. Nunca mais invejaria ninguém.
Quando vemos tudo que está se passando na África do Sul, é difícil não fazer uma comparação com o desejo matuto de uma farra descomunal; um desabafo homérico que lava com água mineral, sabão cristalino e detergente multicheiroso a alma desacorrentada do nosso irmão africano. Quantos séculos de sofrimento, dores, gemidos que dominaram os pontos cardeais do continente mãe! E os testemunhos impávidos e congelados do mundo! Os tumbeiros cruzando os mares; baques surdos de corpos inertes nas águas profundas; moendas, canaviais, senzalas, garimpos... Chicotes de feitores, cortes de navalha apartheid, a maior dor.
No intenso colorido que toma conta da África do Sul, brilha o amarelo da alegria, da liberdade, da conquista, da vaidade ímpar em receber o mundo inteiro para uma farra nunca vista e mais de cabeças erguidas. O grande evento histórico que está acontecendo no continente africano é uma conquista humana, social de dimensões planetárias que chama atenção definitivamente dos povos indiferentes. É a mão de Deus agindo através do futebol, continuando a justiça iniciada com homens iluminados como Mandela e o bispo Desmond Tuto. Temos absoluta certeza de que a alegria e a felicidade do povo africano tornar-se-ão perpétuas após o magnífico espetáculo de recepção, esperança e fé trazido pelo esporte mais querido do mundo. Depois do Brasil, não temos outra saída, iremos torcer pela seleção BAFANA BAFANA.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

RUA DE SOFRIMENTO

RUA DE SOFRIMENTO
(Clerisvaldo B. Chagas. 10.6.2010)
Para jovens pesquisadores
Já foi dito neste espaço que a Rua Professor Enéas teve início ao lado do curral de gado do senhor José Quirino. Hoje a rua é plana, calçada, comprida e estreita, inda do antigo curral até a ponte General Batista Tubino. A parte de baixo do casario tinha ao fundo, amplo terreno do mesmo proprietário e se estendia até o rio Ipanema. A parte de cima, da rua, a ele não pertencia. Eram os fundos de quintais compridos das casas da Rua Antonio Tavares, como os quintais de Júlio “Pisunha”, soldado Joaquim Manoel, Alfredo Forte, José Urbano, Seu Né Lecor, “Manezinho” Chagas e outros. Quintais que não atingiam a nova rua, eram formados de mato e monturo. Esses matos e monturos na parte de cima, iam dos fundos da casa vizinha a “Manezinho” Chagas, até a segunda travessa em direção ao comércio. Depois iniciava por ali novos fundos de muros das casas do comércio, como até hoje.
José Quirino construiu logo algumas pequenas casas, inclusive, a primeira, encostada ao mourão da cerca de arame farpado do curral. Depois ele construiu mais outras casas um pouco maiores, tudo para alugar aos pobres. Havia um longo vazio após as casas, tanto na parte de baixo quanto na de cima. Na descida do primeiro beco, acesso para o Ipanema, bem na esquina, tinha duas casas particulares, rústicas, pertencentes aos familiares do senhor Cirilo, velho tropeiro do lugar. Após o beco, ainda na parte de baixo, um terreno do senhor Marinho Rodrigues e o curral de gado do senhor Doroteu Chagas que depois passou a ser de “Manezinho” Chagas (ambos desciam até o rio). Algumas casas de lavadeiras mais adiante, por trás dos quintais do comércio, outras casas independentes onde morava o casal “Zé Cambão” e Regina “Cambão”, resistiam na pobreza. O “Gorila” (figura típica) e a “Nicinha” (garota que nadava muito bem ali no poço dos Homens) também faziam parte do local. A Rua José Quirino levou décadas e décadas para ser preenchida em ambos os lados.
O que chamava atenção eram as brigas diárias, com discussões permanentes de várias mulheres que, às vezes, incluíam os maridos nas desordens. Nessa época, moravam ali figuras bastante conhecidas como o “Toinho das Máquinas”, Genésio “Sapateiro”, “Caçador”, Otávio “Marchante” e sua esposa Carmelita que todo dia entrava em discussão com a vizinhança. À tarde, chegava Otávio, do trabalho, com uma faca grande pendurada no coldre e era insuflado para tomar partido nas arengas da mulher. Mas Otávio sempre saía pela tangente. Lembro que certa vez houve uma discussão feroz na rua. Enquanto isso, um camarada tocava uma rabequinha dentro de casa, e não colocou a cabeça para fora uma única vez. Aquele sabia viver! Estava no meio errado.
A rua sem calçamento, entregue a imundície de inverno e verão, certa feita foi visitada por um homem do Paraguai ou do Uruguai (falavam que ele era um sábio) chamado professor Cabajal. Esse cidadão iria ministrar palestra à noite para a sociedade, sob o entusiasmo do doutor Adelson Isaac de Miranda. Chegando mais cedo, percorreu alguns pontos de Santana, inclusive a citada rua. Dizem que durante a sua palestra ele falou encontrar-se estarrecido com o nome de professor dado a uma rua tão imunda e sem expressão como aquela. E que na terra dele, professor era valorizado. Como Cabajal era um homem nervoso e sem papas na língua, deixou a sociedade santanense envergonhada com essa e naturalmente outras observações. Esse constrangimento, o povo da Rua José Quirino, teve que engolir, por conta da má administração dos seus dirigentes. É bom salientar que, mesmo assim, a via continuou sendo chamada oficialmente Professor Enéas (o primeiro professor de Santana) chefe político e senador por inúmeras vezes, no tempo Santana /vila. Enéas já tem o seu nome em um dos três largos comerciais.
Ainda hoje, como já foi dito acima, os quintais das casas do comércio não deixam o trecho, entre a travessa Antonio Tavares e a ponte, ser preenchido por novas residências, pois eles chegam até a linha d’água da rua de baixo; Rua José Quirino, Rua Professor Enéas... RUA DE SOFRIMENTO.




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terça-feira, 8 de junho de 2010

TEMA SOBRE A SELEÇÃO

TEMA SOBRE A SELEÇÃO
(Clerisvaldo B. Chagas. 9.6.2010)
Tema: A raça imposta por Dunga/Credencia à seleção

Se Júlio César pegar
Bola em cima, bola em baixo
Se Juan mostrar que é macho
Se o Lúcio não falhar
Se Maicon desenrolar
Passando pra Luisão
Grafite dando um chutão
De falta o goleiro funga
A raça imposta por Dunga
Credencia à seleção

Se Kaká jogar valente
O Gilberto atrás não fique
Se Ramires der um pique
Nilmar jogar bem na frente
Se Elano entrar mais quente
Conquistando a posição
Robinho sente emoção
Dá dribles que voa a sunga
A raça imposta de Dunga
Credencia à seleção

Se Júlio virar gigante
Fabiano virar mil
Thiago honrando o Brasil
Felipe ficar vibrante
Josué mais triunfante
Kleb cresce em atenção
Bola por cima ou no chão
Goleiro vira calunga
A raça imposta por Dunga
Credencia à seleção

Se Felipe Melo é
Um volante atarracado
Gilberto Silva ao seu lado
Combina com Josué
Michel Bastos mete o pé
Para Doni é diversão
Daniel parece o cão
É a cara de Seu Lunga
A raça imposta por Dunga
Credencia à seleção

Se depender da torcida
Essa copa já é nossa
Torce o tabaréu na roça
Torce o ébrio na bebida
Torce o padre na guarida
Pula alegre o sacristão
No meio da multidão
Ou nos coqueirais do Gunga
A raça imposta por Dunga
Credencia à seleção

FIM
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segunda-feira, 7 de junho de 2010

NILO PEÇANHA

NILO PEÇANHA
(Clerisvaldo B. Chagas. 8.6.2010)
Para jovens pesquisadores
Sempre me intrigou o pedaço em que foi dividida a Rua Antonio Tavares. Iniciando no comércio até as duas primeiras travessas, o trecho é denominado Nilo Peçanha. Dali até o início do Bairro São Pedro, leva o nome de Antonio Tavares. Antonio Tavares foi comerciante, panificador, morava em um pequeno quarto perto da primeira travessa que divide as duas ruas, lugar onde faleceu. Foi pai do deputado Siloé Tavares, que se destacou na invasão ao Palácio dos Martírios, durante o processo de impeachment ao governador Muniz Falcão. Quanto ao trecho tão pequeno que leva o nome Nilo Peçanha, pouquíssimas pessoas sabem quem foi esse cidadão. Ali existiu a Cadeia Velha que funcionou também como ponto de venda de escravos e de sede do batalhão para combate ao cangaceirismo de Virgulino Ferreira. Funcionou também a Caixa Econômica Federal e a mais importante joalheria do interior alagoano, pertencente ao senhor Gumercindo Brandão (tio do professor Aloísio Ernande Brandão). Muitos episódios da história de Santana aconteceram nesse trecho tão pequeno de rua.
E, para desvendar o mistério dos que nada procuram saber, vamos deixar uma pitada de história do Brasil para os que fazem parte da rua pequena. Nilo Procópio Peçanha foi um menino pobre nascido no Rio de Janeiro, discriminado pela elite por ter nascido mulato. O seu pai era padeiro, sua mãe, pessoa ligada à política. Por causa da discriminação, Nilo teve uma vida inteira contra si; entretanto, estudou e formou-se em Advocacia. Ingressou na política e mostrou muita habilidade nesse caminho, chegando a ser presidente do Rio de Janeiro. Ele mesmo diz, mais tarde, que havia sido criado com pão dormido e paçoca. Tornou-se abolicionista e, até mesmo seu casamento foi um escândalo, por causa da sua condição de filho de pessoas de cores diferentes. Nilo foi constituinte, senador e eleito vice-presidente de Afonso Pena. Nilo Procópio Peçanha também foi maçom, sendo Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil, gestão 1917-1919. Mas voltando ao passado, com a morte de Afonso Pena em 1909, Nilo Peçanha assumiu a presidência do Brasil até Novembro de 1910. Como presidente da República, Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria. Criou ainda o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e inaugurou o Ensino Técnico no Brasil. Esse grande brasileiro faleceu em 1924 no mesmo estado em que nascera. Nesse ano em Santana do Ipanema, deixava a intendência, Sebastião de Medeiros Wanderley e assumia o 9º intendente do Município, o senhor Manoel de Aquino Melo.
O santanense ignora o nome do trecho, chamando-o, simplesmente Antonio Tavares. Não sabemos o porquê desse vício administrativo geral que corta e denomina pedaços de ruas. Por falta de pesquisa, também não temos a data em que esse diminuto casario recebeu o nome do presidente do Brasil, nem procuramos saber em qual gestão municipal batizaram aquela porção. Mas sempre pensei que se eu fosse artista plástico, faria um belo quadro desse lugar, sem movimento, captando a saudade, a melancolia e as histórias invisíveis que se escondem na Rua da Cadeia Velha, na Rua NILO PEÇANHA.




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domingo, 6 de junho de 2010

NO TEMPO DOS ENGRAXATES

NO TEMPO DOS ENGRAXATES
(Clerisvaldo B, Chagas. 7.6.2010)
Para João Neto de Dirce e jovens pesquisadores
O espaço que hoje forma a praça defronte a igreja principal de Santana, vem assim funcionando desde a fundação da cidade. A evolução física da igrejinha dedicada à avó do Cristo (1787) e o casario que se delineava formando o comércio central foram deixando sempre do mesmo jeito o terreno comprido que servia as feiras semanais. Somente em 1931, no governo do primeiro intendente interventor, Frederico Rodrigues da Rocha, 1930-31, o espaço batido virou praça de verdade, recebendo a denominação de “Praça João Pessoa”. Nessa época já existia a casa que pertenceu ao maestro “Seu Queirós” (hoje Museu Darras Noya) e o terreno vazio entre a casa e a Igreja Matriz de Senhora Santana (atualmente salão paroquial). Também existia o grande prédio de primeiro andar, no lado esquerdo da Matriz, bem como os chamados “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua” (estes dois, demolidos no governo Ulisses Silva (1961-65).
Durante a década de 60, já com o nome de Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha ─ totalmente moderna para a época ─ esse logradouro abrigava pequeno número de profissionais a quem denominávamos engraxates. (Certo que o professor de Português, bancário Antonio Dias, nos falava que a palavra engraxate, não existia. Mas era diferente, charmosa, regional, melhor de que engraxador). Depois muitos engraxadores surgiram e, a praça passou a concentrar cerca de quinze ou mais desses limpadores de sapatos. Alguns foram ficando famosos, porém, um começou lentamente a se destacar, passado a ser o mais procurado de todos. Então, só se enxergava outro engraxate, quando Zequinha estava lotado de serviços. Queremos dizer com isso que, além dos clientes que sentavam à sua cadeira diferenciada, havia ainda os vários pares de calçados enviados para ele, espalhados em torno da cadeira. Bem, o segredo é que todos achavam que Zequinha era o melhor, punha mais brilho, fazia um trabalho mais perfeito. Dessa turma de engraxates da praça, só lembro os nomes Zequinha e “Cololô”, filho do Sérgio que foi nosso gerente da Fazenda Timbaúba. Depois, a moda dos engraxadores foi passando, escasseou a praça e virou número zero.
No sobrado do meio da rua, entre as casas comerciais de autopeças (Arquimedes) e o armarinho “A Triunfante” (Manoel Constantino), lado da frente, tinha cativo lugar em cadeira alta, o profissional isolado “João Engraxate”, que muito servia aos caixeiros-viajantes. Era o mais antigo. João, baixo, forte, calvo, idade avançada, era pai do mais famoso cantor santanense de nome Cícero, conhecido por Cícero de Mariquinha, nome da sua mãe. Não me lembro de outros, da época, especificamente.
No Governo Genival Tenório (1978-82), alguns engraxadores surgiram e ficaram abrigados sob uma frondosa algarobeira no centro da praça. Alguém colocou alguns saguins na árvore e os próprios engraxates alimentavam esses pequenos macacos calitriquídeos. Depois, tudo acabou. Era uma época divertida, NO TEMPO DOS ENGRAXATES.






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quinta-feira, 3 de junho de 2010

PREFEITO DO FUTURO

PREFEITO DO FUTURO
(Clerisvaldo B. Chagas. 4.6.2010)

Muitos políticos aproveitam esse ano eleitoral para lançarem aos quatro ventos suas futuras e legítimas aspirações à prefeitura. Mesmo com essa grande antecedência, os pretendentes vão, direta ou indiretamente, informando ao povo. Às vezes, o próprio, ainda receoso em anúncio direto, vai passando a informação, como se fosse segredo, para sentir a reação popular. Usando essa estratégia ─ a que o povo chama de “dá uma de João-sem-braço” ou “uma de Migué” ─ o político poderá simplesmente desmentir a notícia quando esta soar negativamente. Alguns procuram ser vistos com políticos de esferas mais altas como forma de aviso disfarçado para outros pretendentes. Neste espaço, não existe autorização nenhuma para divulgação de nomes. Entretanto, as especulações que surgem nas praças, nas esquinas, nos bares e em insinuações de sites noticiosos, dão conta de que são vários pretendentes ao cargo de gestor municipal. Entre os nomes comentados estão os dos senhores Paulo Ferreira, Marcos Davi, Mário Silva, José Lucas e Afonso Gaia.
Paulo Ferreira (empresário) já foi prefeito de Santana em duas gestões, a saber: 1989-1992 e 1997-2000. Não conseguiu mais se reeleger. Na última eleição saiu como vice de Marcos Davi. Marcos Davi (advogado) governou Santana na gestão 2001-2004, chegando como candidato surpresa. Tentou outras vezes, mas também não conseguiu voltar à prefeitura. No último pleito, teve Paulo Ferreira como vice, sem lograr êxito. Mário Silva (professor municipal) edil em mais de uma gestão (agora ex-vereador) tentou chegar ao cargo de chefe do município, obteve expressiva votação, mas não conseguiu seu objetivo. José Lucas (fazendeiro) ex-vereador, representando o sítio Gravatá, também pretende ser candidato. Afonso Gaia (ex-vereador) está entre os pretendentes a gestor. E ainda, de acordo com as conversas correntes, a situação não lançará candidato.
Os mais antigos, Marcos Davi, Paulo Ferreira e Mário Silva, movem o pensamento da seguinte maneira: quem tem muitos eleitores certos (comprovados nas urnas) não pode abandonar a pretensão de se tornar prefeito ou se tornar novamente prefeito. Pesaria também a favor, caso seja confirmado, o não lançamento de candidato pela parte dos Bulhões (difícil, mas não impossível). No caso do novato José Lucas (confirmada à pretensão a este colunista por um dos familiares do ex-vereador) é a boa aceitação do seu nome e a novidade por nunca ter sido candidato ao cargo pretendido). Quanto ao ex-vereador Afonso Gaia, também aposta no candidato novidade e no desgaste sofrido pelos mais antigos. Fonte bem informada dá conta de apoio de vereadores atuais, vários suplentes e grupos políticos de peso. Gaia tem ainda o apoio irrestrito de Tomás Nonô, homem que articula a campanha de Serra no Nordeste.
De qualquer maneira ainda falta muito tempo para eleições de prefeitos. Acordos, composições, articulações, conchavos, surgirão com fequencia a partir de janeiro próximo. Inúmeras coisas novas irão acontecer, porém, a base já está feita como foi apresentada para o PREFEITO DO FUTURO.


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

LUGAR E TIPOS SANTANENSES

LUGAR E TIPOS SANTANENSES
(Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010)
Para jovens pesquisadores

Em Santana do Ipanema, entre o prédio da perfuratriz (rodeado de janelas, quase sempre fechadas) a atual Rua São Paulo (pela metade) e o curral de gado do senhor José Quirino, nasceu um núcleo habitacional. Com cerca de l00 m2, casas, em maioria, feitas de taipa, rebocadas ou não, resistiam a verões e invernos sobre a imundície do barro de louça. Cachorros, papagaios, porcos, conviviam com a extremada pobreza do lugar. Esse conjunto chegava perto da cerca de arame farpado que prendia vacas leiteiras e via as ordenhas de todas as manhãs. Mais acima, na porteira de entrada do cercado, teve início uma rua transversal, construída pelo senhor José Quirino, comerciante e fazendeiro. Essa Rua ainda hoje é chamada popularmente de Rua José Quirino ─ por causa do seu fundador particular ─, entretanto, possui nome oficial de Prof. Enéas (que também é nome de praça). Até hoje não entendemos por que a Rua José Quirino não leva oficialmente o nome do seu fundador. Como esse trabalho está voltado para o núcleo vizinho, fica a Rua Prof. Enéas para outra ocasião.
Ali, nos 100 m2 falados acima, moravam tipos populares que se sobressaíam no aglomerado. São personagens romanescos do lugar mais pobre de Santana nos anos 50. Esse local somente veio a sair da lama, com o calçamento em uma das administrações do prefeito Paulo Ferreira, morador nas proximidades.
Entre aqueles habitantes, registramos a Maria Lula, galega alta, solteira, sempre solicitada para vasculhar casas e fornecer água do Panema em pote de barro à cabeça. Bebia cachaça e ficava vermelha como fogo; Alípio, sapateiro e ex-jogador do time Ipanema (tornou-se alcoólatra inveterado) “Zefinha”, sua esposa (engomadeira) Dona Antonia (lavadeira) e os filhos de Alípio, Abelardo e Arnaldo, todos viviam na mesma residência; Tributino e suas tarrafas de pesca; Jesus, um dos filhos de Tributino, carregador, que a gente o chamava “Jisus”; Mário “Nambu” (assim conhecido por ser caçador e atirar bem no voo de nambus e codornizes) dono de uma das mais belas vozes de Santana e único a cantar as difíceis melodias de Augusto Calheiros. Algumas dessas pessoas ainda vivem.
Já em torno do núcleo, destacavam-se: “Tô” (famoso em retelhamento de residências e que usava um chapéu semelhante aos da Polícia Montada do Canadá); Joaquim “Mangaeiro”, branco e alto; Zé Preto (também mangaieiro) e seus filhos Dionísio (carregador de sacos) e Paulo Preto (jogador de futebol); Manoel Bololô (título de crônica aqui apresentada) entre outros da Rua São Paulo, ainda em formação.
“Caçador” (que ingressou na polícia e também cantava); Genésio “Sapateiro”; “Toinho das Máquinas” (ex-baterista, pescador de anzol dos poços do Ipanema e depois consertador de fogões e máquinas de costuras); Marcionilo (vaqueiro) e Otávio “Marchante” (torcedor fanático do Ipanema) com sua esposa Carmelita, foram moradores da Rua Prof. Enéas.
Pouco acima, morava um sapateiro, cujo nome fugiu à lembrança, com seus filhos José “Alma” (por ser branco e magro) e “Dadinho” (o garotão que tinha coragem de entrar num bueiro comprido que iniciava à Rua Nova e chegava até a sua casa); a velha Xana (com problema de cegueira) Edite e Preta com seus filhos Milton e Cícero “de Preta” (este, companheiro do autor nos filmes de bang-bang e nas brincadeiras de artista da Rua Antonio Tavares, me chamava ‘Quelo’); além disso, residia ali vizinho, a “Tina”, bela morena, prostituta, segundo o povo. Havia uma venda na esquina, perto do curral de gado, pertencente à família do atual Secretário de Agricultura do município.
Não incluímos outras pessoas que viveram nas proximidades. Atualmente, no lugar onde era o curral de gado e imediações surgiram residências e outras ruas. É bom dizer que esse núcleo já existia muito antes do surgimento da Rua da Praia que somente apareceu nas últimas duas décadas do século XX. Talvez falemos depois especificamente sobre a Rua de José Quirino. Pesquise à vontade esse LUGAR E TIPOS SANTANENSES.


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terça-feira, 1 de junho de 2010

OS CABELOS DE OBAMA

OS CABELOS DE OBAMA
(Clerisvaldo B. Chagas. 2.6.2010)
O mundo velho sem porteiras está desmantelado mesmo. Parece até o poço de petróleo do golfo, quanto mais tentam um tapume mais ele jorra. País pequeno, simpático e desenvolvido, Israel sempre foi aliado dos americanos. Trata-se de uma antiga fórmula de simbiose. Por seu lado, para se proteger contra todas as nações árabes da região; pela banda americana, um apoio geográfico, político, estratégico, militar e de espionagem eficiente. Os sucessivos erros israelenses, sempre arrebanharam os afagos americanos para os cabelos de Davi. Vai ficando claro que o país judeu, imaginando ser invencível, fala em paz, porém, reluta em devolver as três anexações de territórios, feitas durante a guerra com a vizinhança. Tem o seu padrinho forte que bate nos outros, mas beija a face nefasta das suas ações. Israel tem ido longe demais e irrita o mundo com suas paranoias defensivas. O ataque inconsequente aos barcos de ajuda humanitária aos palestinos iguala a nação israelense a qualquer outra que não segue as leis internacionais. Para se considerar povo escolhido de Deus, como fala a Bíblia do Antigo Testamento, falta muito para seguir os ensinamentos sagrados. E Israel vai ficando como seu povo de antes, nos quarenta anos de travessia pelo deserto, coração endurecido. E se essa nação deu tanto trabalho ao Senhor e recebeu a mesma quantidade de castigos, imaginemos, então, suas ações contra outros pobres mortais. “Povo de cerviz dura!”, dizia o próprio Deus. E como fala uma das parábolas de Jesus, com outras frases, na prisão você pede misericórdia, mas ao sair, não se mostra misericordioso com os seus devedores.
Do ato israelense, desastrado, desproporcional e covarde, gerou veementes protestos no mundo inteiro. Mesmo assim, os Estados Unidos, padrastos dos outros, colocaram panos quentes no predileto do Oriente Próximo. E Obama que tem a boca grande para o Iraque, Irã, Coreia do Norte, tapa os ouvidos ao clamor mundial e acha que o melhor a fazer, é nada fazer. O nariz de Pinóquio de Israel não deixa Barack lhe puxar as orelhas. Num curto espaço de tempo para fortes decisões contra o Irã e Coreia, os Estados Unidos recebem um presente bombástico do amigo. O mundo está muito perigoso. É que as ilusões das armas continuam prevalecendo sobre o direito, a diplomacia e a capacidade de reconhecer povos de outras nações como irmãos de um mesmo criador. A Terra não aguenta mais tantas agressões insistentes dos terráqueos que não atentam para a destruição total.
Enquanto isso vamos vivendo entre os espíritos belicistas mal dirigidos dos Bush, das Hillary, da besta careta e dos filmes fantasmagóricos de Irã, Afeganistão, Coreia... Iraque. E como os Estados Unidos estão em todas as encrencas do planeta Terra, ganham em dobro responsabilidades como essa do seu parceiro do mar Mediterrâneo. Juntam-se problemas externos e internos no chapéu do Tio Sam e vão ficando cada vez mais brancos OS CABELOS DE OBAMA.


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