PRINCESA JABULANI
(Clerisvaldo B. Chagas. 22.6.2010)
Essa primeira fase da copa do mundo eclipsou as ações políticas gerais. Não somente as ações políticas, mas notícias importantes do Globo. Tudo vai ficando em segundo ou terceiro plano, face os atraentes espetáculos da copa. Os fatores que giram em torno dos estádios, vão assumindo os lugares dos astros que não correspondem na hora da onça beber água. Cantos e danças que os africanos apresentam sem cansaço, realçam em primeiro lugar nessas atrações que nos encantam. A moda capilar apresentada pelos jogadores provoca risos e comentários entre torcedores, povo e setores específicos de modelos. Não são poucos os marmanjos que aparecem em trajes de herois infantis nas arquibancadas; voltam a ser crianças nas realizações das suas fantasias. Caras pintadas, perucas brilhantes, roupas de palhaço, afirmam as cores da alegria, da satisfação, das felicidades contagiantes. Até mesmo o vestuário dos técnicos, foi motivo de comentários especiais de quem entende do ramo. Chamaram atenção as camisas apertadas de duas seleções africanas. É de se contar perfeitamente com os desenhos modernos, belíssimos, desafiadores dos estádios que estão deslumbrando o continente negro, o mundo da Arquitetura e os olhos de todos.
Quem liga mais para o maior desastre ecológico dos Estados Unidos? Qual é o resultado da eleição colombiana? O que foi mesmo que o Irã disse aos inspetores da ONU? Ah, mesmo cantores, modelos, artistas de cinema, foram sufocados pelas vibrações populares da copa, das vuvuzelas, das transmissões bem montadas que captam detalhes da grande festa redonda. Até mesmo os festejos de junho do Nordeste, somem no anunciar dos jogos e retornam fortes mesclando resultados. Entre um intervalo e outro de cada partida, bombas explodem nas ruas, entre generosos goles da geladinha, das discussões apimentadas.
Chega ao fim mais uma rodada em campos africanos. Entram as estatísticas, as contabilidades, profetas, dons adivinhatórios. O entusiasmo contagiante deixa gente sem dormir, incentiva à bebida, às discussões que entram pelas madrugadas. Procura-se um paladino, investiga-se um culpado. Baixa o frio, esquentam as torcidas, avulta-se a música e os gritos de vaias estufam nos corpos magros das vuvuzelas. Até agora todos procuraram os brilhos das atuações; as disputas aguerridas pelas câmeras internacionais. Modos autoritários, choros de emoções, beijos masculinos, ocuparam a mídia na sublime intenção de bem informar. E quem aprecia tanta agitação bonita, vai ao delírio diante da pujança da Copa do Mundo. Nada, porém, mais estrela de que ela. É chamada de bruxa, redonda, coruja, pacote de supermercado, gorducha, bola, pelota e outras denominações. Mas ninguém, ninguém nem coisa alguma, foram mais faladas na mídia de que a majestosa, a oferecida, a desafiadora PRINCESA JABULANI.
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