CARROSSEL NO TÊNIS
(Clerisvaldo. B. Chagas. 23. 6.2010)
Enjoado das notícias internacionais de sempre, resolvi distrair-me no São João da “Escola Carrossel”. A Carrossel está situada à Rua Prefeito Joaquim Ferreira, aqui mesmo em Santana do Ipanema, bem pertinho do Hospital Arsênio Moreira. E assim fui deixando para trás a empáfia do chato Maradona e o rolar da jabulani pelos gramados africanos. No cair da tarde, estavam ali ao longo do meio-fio, mais de vinte carroças perfiladas esperando as ordens dos carroceiros. A meninada tomava conta da passagem, feliz e ansiosa vestida em trajes juninos. As carroças traziam enfeites de palhas de coqueiro ouricuri e atraíam os mais levados que pulavam sobre as tábuas. Cada burra da fileira estava enfeitada com uma belíssima flor, perto da cabeça, combinando assim com as roupas e os ornamentos dos alunos. O tempo ia passando, mas para as crianças parecia não passar nunca. Os retardatários iam chegando, trazendo as ferinhas protagonistas do espetáculo que logo seria visto. E assim, mais um pouco e foi dada a ordem de embarque. Distribuídos pelas “diligências”, professores e alunos recebem a boa notícia da partida. Quem foi que disse que esqueceram o som? Lá vai a música eletrônica à frente, animando a festa, abrindo caminhos, glorificando o santo. O destino é o Tênis Clube Santanense prédio edificado no outro extremo da cidade, no Bairro Monumento. Prédio de tantas e tantas glórias que marcaram o povo de Santana. Os enfeites das ruas, os buracos provocados pela Sucesso ─ firma que faz o saneamento básico ─ o balanço das carroças, as burras guiadas pelos seus donos, trazem a felicidade de criaturinhas, pais e avós. Fazendo nuances pelas praças e avenidas, chega à eufórica caravana ao seu destino.
Quem não estava no Tênis pode imaginar, entretanto, o forró animado por um trio composto de sanfona, zabumba e triângulo, que espetava o couro dos meninos. Ninguém ficava quieto, apesar dos insistentes pedidos para diversas apresentações. Quem ia ficar quieto, compadre, com um negócio tão bom daquele jeito! Foi tanto chumbinho no salão, tanta música, tanta dança, que até os acompanhantes sonhavam também em pular naquela brincadeira. E no meio de crianças bonitas e felizes, estava o Guilherme Chagas (o Gui), filho do conhecido casal Ângelo Santos e Clerise Chagas, com a parceira de apresentação Marília Silva, filhinha do casal Mário Silva e Renalda Silva. Muitas pessoas que eu conhecia e inúmeras novatas na memória. E a sanfona velha de guerra não parava de tocar. O futuro do Brasil rodopiava na inocência da bondade divina. Tranças e vestidos faziam o especial feminino que encantam salões e passarelas. Bigodinhos de lápis, chapéus de palhas, vão flertando de brincadeira as fitas coloridas da feminilidade. E finalmente, quando chega o momento da parada, parece haver um muxoxo no ar. Um quase “não acredito” dos lápis e dos batons. Pais, avós, professores, saem satisfeitos com o largo sorriso de alívio, mas o Guilherme Chagas (o Gui) não acha muito bom esse negócio de encerramento, não: “Ah, eu quero mais!”. Quando haverá de novo CARROSSEL NO TÊNIS?
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